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Respostas para o questionário referente ao livro: Preconceito Linguístico, do autor Marcos Bagno.
“1.“A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”. Este é o
maior e mais sério dos mitos que compõem a mitologia do preconceito linguístico no Brasil.
Ele está tão firmado em nossa cultura que até mesmo intelectuais de renome, críticos e
geralmente bons observadores dos fenômenos sociais brasileiros, se deixam enganar por ele.
Em que aspecto isso é prejudicial à educação?”
“2.Muitos estudos empreendidos por diversos pesquisadores têm mostrado que os falantes
das variedades linguísticas desprestigiadas têm sérias dificuldades em compreender as
mensagens enviadas para eles pelo poder público, que se serve apenas da língua-padrão.
Como isso tem afetado às pessoas que desconhecem a norma-padrão da língua?”
“3.Qual é essa história de dizer que brasileiro não sabe português e que só em Portugal se fala
bem o português? Trata-se de um grande deslize, infelizmente de geração a geração pelo
ensino tradicional da gramática na escola. O brasileiro sabe português, sim. Acontece que o
nosso português é diferente do português falado em Portugal. Por que há tanta insistência
neste termo? Há alguma semelhança?”
Estamos geograficamente, muito distante de Portugal; e também distantes das outras nações
cujos cidadãos imigraram para o Brasil. Somado ao fato de que, nossa terra tem muitas diferenças
geográficas, de fauna e de flora; o que nos dá uma tarefa à mais na criação de novos vocábulos, e
expressões que sejam suficientes para fazer entender as características de nossa nação. Na falta de
uma palavra em português de Portugal, foram se integrando os sons dos idiomas indígenas, e aos
poucos os mesmos sons foram sendo transcritos em português. Realmente somos diferentes,
somado ao português original, temos uma riqueza de novos vocábulos. Mas a estrutura ortográfica da
escrita ainda se mantêm próxima ao original.
“4.O mito de que brasileiro não sabe português, também afeta o ensino de línguas
estrangeiras. Professores que lecionam disciplinas de línguas estrangeiras têm um grande
desânimo na questão de ensinar as mesmas. É muito comum ouvi-los dizer: Os alunos já não
sabem português, imagine se vão conseguir aprender outra língua, fazendo confusão entre a
língua e a gramática normativa. De onde vem essa culpa que causa tanta confusão?”
“5.O nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, as regras
que aprendemos na escola em boa parte não correspondem à língua que realmente falamos e
escrevemos no Brasil. Por isso achamos que a língua portuguesa é uma língua difícil. Será
realmente que a língua portuguesa é tão complexa assim, ao ponto da população criar tanto
preconceito em relação à mesma? Por que esse preconceito?”
“6.Tantas pessoas continuam a repetir que português é difícil é porque o ensino tradicional da
língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. Pessoas que terminam seus
estudos, depois de onze anos de ensino fundamental e médio, sentindo-se incompetentes para
redigir o que quer que seja. O que contribui ou contribuiu para tal insistência destas
pessoas?”
Estamos vivendo tempos em que as pessoas não tem paciência para a leitura. Vimemos uma
época onde somos satisfeitos à um só clique em aparelhos, sem o investimento da leitura, estudo,
análise, seleção, entendimento, e aprendizado. Não temos mais a relação romântica e amorosa com
nossos livros preferidos.
Sendo assim, necessitamos incentivar a leitura, a interpretação, e incentivar a escrita (nem
que seja pequenas composições de cada vez). E no momento oportuno, entrarmos com as regras, e
a gramática.
"8.O mito N°5 fala que o lugar onde melhor se fala o português no Brasil é o Maranhão.
Segundo o autor como se explica esta afirmação?”
Não somente o Maranhão, mas várias regiões do país, vem conservar algumas expressões
mais antigas da norma culta portuguesa; algumas regiões mais, outras regiões menos. Isso não é
suficiente para afirmar que se fala melhor ou não, o português, já que o mesmo sempre esteve em
mutação.
Somado à isso temos também vocabulários distintos para os mesmos objetos, uma variação
que tem origem na miscigenação das línguas estrangeiras e indígenas. Tudo isso enfeitado com o
sotaque característico de cada região. Impossível dizer quem fala melhor ou pior.
“9.Diante de uma tabuleta escrita COLÉGIO é provável que um pernambucano diga còlégio,
que um carioca diga culégio, e que um paulistano diga côlégio. Como podemos definir estas
diferenças?”
Como informada na resposta da 08. Cada cidadão aprendeu a língua falada por repetição,
usando o sotaque característico de cada região. Essas variações são naturais em todos os idiomas.
Conforme a página 45 do livro. Isso se deve à influência de imigrantes dos Açores que
possuíam um dialeto específico.
Como respondemos na questão 07, a língua falada em um local ou momento específico, será
aquela que der maior eficiência de comunicação, dependendo do contexto ao qual a pessoa está
inserida. Portanto ela sofre variações importantes, que merecem estudo e registro. Já que a língua
falada sempre precede a língua escrita (conforme pág. 52 do livro).
Conforme pag.52 do livro, o ensino tradicional quer que as pessoas falem (língua oral)
sempre do mesmo modo, e em igualdade com a norma culta da ortografia e gramática utilizada por
escritores das grandes obras.
Segundo o autor do livro na pagina 60, a gramática normativa não estabelece a norma culta,
ela (norma culta) simplesmente existe como tal. Mas que a tarefa de qualquer gramática teria de ser o
definir, o identificar e o localizar os falantes cultos, coletando a língua usada por eles, descrevendo
essa língua claramente, objetivamente, com critérios e métodos coerentes.
“14.De acordo com Sírio Possenti, as primeiras gramáticas do Ocidente, as gregas, só foram
elaboradas no século II a.C., mas muito antes disso já existia na Grécia uma literatura ampla e
diversificada. Dessa forma, por que a gramática normativa, hoje, é o poder e o controle da
língua?”
A gramática normativa, hoje, é o poder e o controle da língua pois, foram escritas após
surgirem as primeiras obras literárias dignas de admiração. Sendo assim, as gramáticas copiaram
como norma culta, a forma de escrever das primeiras obras consideradas importantes. Se tornando
assim, instrumento de poder e de controle da língua.
“15.A gramática normativa não irá garantir a existência de um padrão linguístico. Os seres
humanos nunca serão físico, psicológicos e socialmente idênticos e essa afirmação também é
válida para o padrão linguístico, que pode até chegar a certo grau de uniformidade, mas nunca
totalmente. Segundo Luiz Carlos Cagliari em Alfabetização e linguística, qual é o destino das
gramáticas?”
“A gramática normativa foi num primeiro momento uma gramática descrita de um dialeto de
uma língua. Depois a sociedade fez dela um corpo de leis para reger o uso da linguagem. Por sua
própria natureza, uma gramática normativa está condenada ao fracasso, já que a linguagem é um
fenômeno dinâmico e as línguas mudam o tempo todo; e, para continuar sendo a expressão social
demonstrado por um dialeto, a gramática deveria mudar”.
Fonte: Luiz Carlos Cagliari - Wikiquote, acesso: 15/05/2023.
“16.É de conhecimento de todos que a norma culta – por diversas razões de ordem política,
econômica, social e cultural – é algo reservado a poucas pessoas. Baseado nisso, é correto
afirmar que o domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social?”
“17.O autor afirma que não basta ensinar a norma culta a uma criança pobre para que ela
“suba na vida”. Quais premissas ele usa para justificar essa afirmação?”
Na página 65, o autor faz um paralelo com o assunto “violência urbana”, justificando que não
se adianta aumentar o número de policiais e de presídios, que o problema é desigualdade social. E
mostra que no caso da criança, é a falta de acesso à educação no sentido mais amplo, saúde,
habitação e transporte; o fator que as impede que “subam na vida”.
“18.Marcos Bagno afirma que “falar da língua é falar de política” e que esta reflexão política
deve ser constante nas nossas posturas teóricas e de nossas atitudes práticas de cidadão, de
professor e de cientista. Que argumentos o autor utiliza?”
O autor diz que, o domínio da norma culta não é a solução, de todos os problemas para o
cidadão brasileiro, suas carências, suas mazelas. E na página 65 e 66 do livro, ele cita: “É preciso
favorecer esse reconhecimento, mas também garantir o acesso à educação em seu sentido mais
amplo, aos bens culturais, à saúde e à habitação, ao transporte de boa qualidade, à vida digna de
cidadão merecedor de todo respeito.”
Cita que a norma culta, é uma ferramenta utilizada por aqueles que detêm o poder.