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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Disciplina: Língua Portuguesa Goiânia, 15/05/2023.

Professora: Camila Alves dos Santos

Aluno: Osmar Elias Lopes Martins

Respostas para o questionário referente ao livro: Preconceito Linguístico, do autor Marcos Bagno.

“1.“A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”. Este é o
maior e mais sério dos mitos que compõem a mitologia do preconceito linguístico no Brasil.
Ele está tão firmado em nossa cultura que até mesmo intelectuais de renome, críticos e
geralmente bons observadores dos fenômenos sociais brasileiros, se deixam enganar por ele.
Em que aspecto isso é prejudicial à educação?”

É prejudicial, se não observarmos as diferenças e necessidades de cada região. O que inclui


idade e nível de escolarização das pessoas. O Brasil tem diferentes necessidades educacionais; pois
devido à grande miscigenação de culturas existente em nosso país, apesar de falarmos o mesmo
idioma oficial; são muitas as variações existentes, devidamente influenciadas pela carga cultural e
linguística dos imigrantes e dos nativos de cada região. Devido ao tamanho, temos também
diferenças geográficas, de fauna e de flora. Isso também vem colaborar para enriquecimento das
variações linguísticas de nosso idioma.

“2.Muitos estudos empreendidos por diversos pesquisadores têm mostrado que os falantes
das variedades linguísticas desprestigiadas têm sérias dificuldades em compreender as
mensagens enviadas para eles pelo poder público, que se serve apenas da língua-padrão.
Como isso tem afetado às pessoas que desconhecem a norma-padrão da língua?”

Muito pode afetar as pessoas que por isolamento geográfico, ou indisponibilidade de


instrução escolar adequada, não tenham conhecimento da norma culta da nossa língua. Agravado
pelo fato de que, normalmente tais publicações utilizam uma linguagem técnica própria do ambiente
jurídico. Apresentando dificuldades até mesmo para pessoas que possuem razoável instrução formal.
É necessário democratizar o acesso à educação formal e reforçar as matérias básicas desse
currículo, incentivando a leitura e a ortografia, a fim de dar a todos um vocabulário amplo.

“3.Qual é essa história de dizer que brasileiro não sabe português e que só em Portugal se fala
bem o português? Trata-se de um grande deslize, infelizmente de geração a geração pelo
ensino tradicional da gramática na escola. O brasileiro sabe português, sim. Acontece que o
nosso português é diferente do português falado em Portugal. Por que há tanta insistência
neste termo? Há alguma semelhança?”

Estamos geograficamente, muito distante de Portugal; e também distantes das outras nações
cujos cidadãos imigraram para o Brasil. Somado ao fato de que, nossa terra tem muitas diferenças
geográficas, de fauna e de flora; o que nos dá uma tarefa à mais na criação de novos vocábulos, e
expressões que sejam suficientes para fazer entender as características de nossa nação. Na falta de
uma palavra em português de Portugal, foram se integrando os sons dos idiomas indígenas, e aos
poucos os mesmos sons foram sendo transcritos em português. Realmente somos diferentes,
somado ao português original, temos uma riqueza de novos vocábulos. Mas a estrutura ortográfica da
escrita ainda se mantêm próxima ao original.

“4.O mito de que brasileiro não sabe português, também afeta o ensino de línguas
estrangeiras. Professores que lecionam disciplinas de línguas estrangeiras têm um grande
desânimo na questão de ensinar as mesmas. É muito comum ouvi-los dizer: Os alunos já não
sabem português, imagine se vão conseguir aprender outra língua, fazendo confusão entre a
língua e a gramática normativa. De onde vem essa culpa que causa tanta confusão?”

Talvez ocorra um comodismo, e um desânimo por parte da comunidade acadêmica, em se


ensinar outros idiomas. Mas é certo que, a tamanha disparidade social e educacional que vivemos no
momento, tem que ser suprida com a atenção redobrada à nossa língua oficial, e nossa língua real
(falada nas ruas), somado ao reforço na leitura, literatura e ortografia. De forma a darmos aos nossos
cidadãos, ferramentas que possam ser usadas no dia a dia, na sua rotina, na sua vida (das capitais e
repartições públicas, até à instrução e a leitura do homem do campo). Ainda temos muitos
analfabetos, e um sem número de semianalfabetos que precisam ser “abraçados” pelo trabalho de
nossos educadores.

“5.O nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, as regras
que aprendemos na escola em boa parte não correspondem à língua que realmente falamos e
escrevemos no Brasil. Por isso achamos que a língua portuguesa é uma língua difícil. Será
realmente que a língua portuguesa é tão complexa assim, ao ponto da população criar tanto
preconceito em relação à mesma? Por que esse preconceito?”

Temos aí dois assuntos distintos, um é a forma como as pessoas preferem se comunicar


verbalmente, a forma que dá à elas mais liberdade, comodidade e velocidade para entregar a
mensagem. Outro assunto é a necessidade de seguir o mínimo de regras básicas para a
comunicação escrita, para que a mensagem seja clara.
Na comunicação verbal, mesmo com sentenças incompletas, a comunicação é perfeita por
causa da leitura visual do ambiente, expressões faciais, e porque o interlocutor já está mergulhado no
contexto do dialogo. Já na comunicação escrita é necessário o mínimo de estrutura e ordem, para
que todas essas impressões da comunicação verbal, possa ser transmitida na íntegra.
Não, o português formal não é assim tão complexo, principalmente de abstermos de alguns
pronomes não usuais e tempos verbais também não muito usuais. É necessário nossos educadores
“abraçarem” a causa, e ajudarmos as novas gerações encontrarem o merecido valor da estrutura
formal da nossa língua. E adapta-la de acordo com as necessidades crescentes, e os novos
vocabulários em mutação.

“6.Tantas pessoas continuam a repetir que português é difícil é porque o ensino tradicional da
língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. Pessoas que terminam seus
estudos, depois de onze anos de ensino fundamental e médio, sentindo-se incompetentes para
redigir o que quer que seja. O que contribui ou contribuiu para tal insistência destas
pessoas?”

Estamos vivendo tempos em que as pessoas não tem paciência para a leitura. Vimemos uma
época onde somos satisfeitos à um só clique em aparelhos, sem o investimento da leitura, estudo,
análise, seleção, entendimento, e aprendizado. Não temos mais a relação romântica e amorosa com
nossos livros preferidos.
Sendo assim, necessitamos incentivar a leitura, a interpretação, e incentivar a escrita (nem
que seja pequenas composições de cada vez). E no momento oportuno, entrarmos com as regras, e
a gramática.

“7.Qualquer manifestação linguística que escape do triângulo escola-gramática-dicionário é


considerada sob a ótica do preconceito linguístico como “errada”, “feia”, “rudimentar”,
“deficiente”, e não é raro a gente ouvir que isso não é português. Em que se baseia o
preconceito linguístico?”

O preconceito existente é manifestado pelas pessoas que, à distância se julgam pertencer a


ambientes mais seletos ou exclusivos. A verdade é que o cidadão comum precisa de eficiência, e a
língua falada no momento, será aquela que der maior eficiência de comunicação, dependendo do
contexto ao qual a pessoa está inserida.
É certo que precisamos conhecer a norma culta da língua, e ter sólido conhecimento da
estrutura formal da nossa comunicação escrita. Que também sofre a influencia do contexto e do
ambiente (coloquial ou técnico).

"8.O mito N°5 fala que o lugar onde melhor se fala o português no Brasil é o Maranhão.
Segundo o autor como se explica esta afirmação?”
Não somente o Maranhão, mas várias regiões do país, vem conservar algumas expressões
mais antigas da norma culta portuguesa; algumas regiões mais, outras regiões menos. Isso não é
suficiente para afirmar que se fala melhor ou não, o português, já que o mesmo sempre esteve em
mutação.
Somado à isso temos também vocabulários distintos para os mesmos objetos, uma variação
que tem origem na miscigenação das línguas estrangeiras e indígenas. Tudo isso enfeitado com o
sotaque característico de cada região. Impossível dizer quem fala melhor ou pior.

“9.Diante de uma tabuleta escrita COLÉGIO é provável que um pernambucano diga còlégio,
que um carioca diga culégio, e que um paulistano diga côlégio. Como podemos definir estas
diferenças?”

Como informada na resposta da 08. Cada cidadão aprendeu a língua falada por repetição,
usando o sotaque característico de cada região. Essas variações são naturais em todos os idiomas.

“10.Toda variedade linguística é também o resultado de um processo histórico próprio, com


suas vicissitudes e peripécias particulares. Por que o Português de São Luís do Maranhão e de
Belém do Pará conservou o pronome tu?”

Conforme a página 45 do livro. Isso se deve à influência de imigrantes dos Açores que
possuíam um dialeto específico.

“11.Durante mais de dois mil anos de estudos gramaticais se dedicaram exclusivamente à


língua escrita literária, formal. Foi somente no começo do século XX, com o nascimento da
ciência linguística, que a língua falada passou a ser considerada como o verdadeiro objeto de
estudo científico. Como podemos definir “a língua falada”?”

Como respondemos na questão 07, a língua falada em um local ou momento específico, será
aquela que der maior eficiência de comunicação, dependendo do contexto ao qual a pessoa está
inserida. Portanto ela sofre variações importantes, que merecem estudo e registro. Já que a língua
falada sempre precede a língua escrita (conforme pág. 52 do livro).

“12.Há cientistas que se dedicam especificamente a estudar as diferenças, semelhanças, inter-


relações e interações que existem entre as duas modalidades, O que se espera do ensino
tradicional da língua?”

Conforme pag.52 do livro, o ensino tradicional quer que as pessoas falem (língua oral)
sempre do mesmo modo, e em igualdade com a norma culta da ortografia e gramática utilizada por
escritores das grandes obras.

“13.Na Gramática de Cipro e Infante o autor afirma: “A Gramática normativa estabelece a


norma culta, ou seja, o padrão linguístico que socialmente é considerado modelar […] As
línguas que têm forma escrita, como é o caso do português, necessitam da Gramática
normativa para que se garanta a existência de um padrão linguístico uniforme […]”. Qual é o
posicionamento de Marcos Bagno em relação a isso?”

Segundo o autor do livro na pagina 60, a gramática normativa não estabelece a norma culta,
ela (norma culta) simplesmente existe como tal. Mas que a tarefa de qualquer gramática teria de ser o
definir, o identificar e o localizar os falantes cultos, coletando a língua usada por eles, descrevendo
essa língua claramente, objetivamente, com critérios e métodos coerentes.

“14.De acordo com Sírio Possenti, as primeiras gramáticas do Ocidente, as gregas, só foram
elaboradas no século II a.C., mas muito antes disso já existia na Grécia uma literatura ampla e
diversificada. Dessa forma, por que a gramática normativa, hoje, é o poder e o controle da
língua?”
A gramática normativa, hoje, é o poder e o controle da língua pois, foram escritas após
surgirem as primeiras obras literárias dignas de admiração. Sendo assim, as gramáticas copiaram
como norma culta, a forma de escrever das primeiras obras consideradas importantes. Se tornando
assim, instrumento de poder e de controle da língua.

“15.A gramática normativa não irá garantir a existência de um padrão linguístico. Os seres
humanos nunca serão físico, psicológicos e socialmente idênticos e essa afirmação também é
válida para o padrão linguístico, que pode até chegar a certo grau de uniformidade, mas nunca
totalmente. Segundo Luiz Carlos Cagliari em Alfabetização e linguística, qual é o destino das
gramáticas?”

“A gramática normativa foi num primeiro momento uma gramática descrita de um dialeto de
uma língua. Depois a sociedade fez dela um corpo de leis para reger o uso da linguagem. Por sua
própria natureza, uma gramática normativa está condenada ao fracasso, já que a linguagem é um
fenômeno dinâmico e as línguas mudam o tempo todo; e, para continuar sendo a expressão social
demonstrado por um dialeto, a gramática deveria mudar”.
Fonte: Luiz Carlos Cagliari - Wikiquote, acesso: 15/05/2023.

“16.É de conhecimento de todos que a norma culta – por diversas razões de ordem política,
econômica, social e cultural – é algo reservado a poucas pessoas. Baseado nisso, é correto
afirmar que o domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social?”

Conforme página 64 do livro, o domínio da norma culta sozinha não é instrumento de


ascensão social. Já que os gramáticos e professores de português não são providos de tal destaque
social. E reforça que o domínio da norma culta, não iria de forma alguma se por mais importantes que
as necessidades básicas do cidadão (alimento, saúde, moradia, etc)

“17.O autor afirma que não basta ensinar a norma culta a uma criança pobre para que ela
“suba na vida”. Quais premissas ele usa para justificar essa afirmação?”

Na página 65, o autor faz um paralelo com o assunto “violência urbana”, justificando que não
se adianta aumentar o número de policiais e de presídios, que o problema é desigualdade social. E
mostra que no caso da criança, é a falta de acesso à educação no sentido mais amplo, saúde,
habitação e transporte; o fator que as impede que “subam na vida”.

“18.Marcos Bagno afirma que “falar da língua é falar de política” e que esta reflexão política
deve ser constante nas nossas posturas teóricas e de nossas atitudes práticas de cidadão, de
professor e de cientista. Que argumentos o autor utiliza?”

O autor diz que, o domínio da norma culta não é a solução, de todos os problemas para o
cidadão brasileiro, suas carências, suas mazelas. E na página 65 e 66 do livro, ele cita: “É preciso
favorecer esse reconhecimento, mas também garantir o acesso à educação em seu sentido mais
amplo, aos bens culturais, à saúde e à habitação, ao transporte de boa qualidade, à vida digna de
cidadão merecedor de todo respeito.”
Cita que a norma culta, é uma ferramenta utilizada por aqueles que detêm o poder.

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