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Coordenador da Disciplina
8ª Edição
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Realização
Autor
Colaborador
MULTIMÍDIA
Ligue o som do seu computador!
VERSÃO TEXTUAL
1
entrar em contato inclusive por mensagem eletrônica ou por telefone.
Até.
Travemos (no bom sentido), neste tópico, portanto, uma longa conversa.
Não é propriamente um monólogo, como você pode descobrir pesquisando
sobre o dialogismo, termo de Mikhail Bakhtin.
Fonte [2]
Não vamos dizer que as visões que se tem dos idiomas dependem dos
pontos de vista. Por um lado, a língua é um dos bens em nossa cultura (ou
nos grupos culturais nos quais estamos). Aí, junta-se à maneira como nos
vestimos, à religiosidade, às manifestações artísticas, à alimentação, aos
hábitos e exigências interativos com as outras pessoas, os outros seres
vivos e o mundo em geral, nossas atitudes com relação à diversão e ao
prazer, à doença e à saúde, à vida e à morte, ao trabalho, ao estudo (não
ligue para esta ordem).
2
saiba mais o que é mangará, bredo, maturi, alguedar, trempe ou as
diferenças entre terreiro, oitão, quintal, jardim e canteiro.
PARADA OBRIGATÓRIA
Você tem ideia da quantidade de linguagens e meios que combina, ao
longo do dia?
Tudo isso seria invisível e sem ação, se não houvesse na língua também
um conjunto de “instruções” inconscientes que permite codificar tudo em
formas perceptíveis. No tipo de código que chamamos linguagem verbal, há
um componente chamado FONOLOGIA, que relaciona todo o sistema que
descrevemos acima a sons. O material da fonologia é constituído por sons
capazes de ser produzidos no aparelho fonador, de ser captados pelo
ouvidos, interpretados por programas apropriados, perpassarem todos os
outros componentes ou níveis, modificarem nossa atividade mental. Disso
trata a disciplina Língua Portuguesa: Fonologia.
4
Na fala, as unidades dessa linguagem estudada mínima são os fonemas
segmentais e suprassegmentais (ou prosódicos: acento lexical, entoação,
pausa). Na escrita mínima, são, para o português, 26 letras maiúsculas e 26
(esquecendo o c-cedilha) e os sinais de pontuação. Isso é o que gostamos de
repetir numa escola tradicional.
OLHANDO DE PERTO
Disso trata nossa disciplina. Veremos como funciona o que é
fonológico, regularmente codificado no português para a modalidade
falada. Como é a fonética, a percepção dos sons realizados, concretamente,
na fala.
5
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 01: DO MUNDO À LÍNGUA E AOS MEIOS DE EXPRESSÃO
O estudo de fonologia não pode ser feito com perguntas simples que se
respondem rapidamente, e que perdem a validade no fim de uma disciplina.
Nosso objeto de estudo está bem no meio de mil (linguagem figurada: são
muitos mais) fenômenos que nos atingem no dia a dia.
MULTIMÍDIA
Você vai ver que, nos exercícios propostos e nas atividades avaliadas,
será exigida a observação da fala comum, a audição de gravações, a
audiovisão de diversos tipos de mídia. Por isso, precisa verificar seus
recursos no computador ou em outros aparelhos e descobrir como se
consegue o acesso a arquivos de áudio e vídeo.
Note que, pelo menos no final de duas das aulas, concluído o fórum
obrigatório, o tutor e o coordenador vão chamar você para aprofundar e
revisar, no fórum livre e no chat, conteúdos das aulas anteriores.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Observe, no vídeo indicado abaixo, a expressão facial e o que é
possível ver nos mímicos que apresentam a canção de Adriana Calcanhoto
[1].
Depois, peça ao amigo não participante do curso para ler pelo menos
um verso da canção e lhe pergunte o que é possível perceber sobre como
os sons correspondentes às palavras do verso são pronunciados: em que
partes do aparelho fonador são produzidos, como acontece a pronúncia, o
que pode ser facilmente observado e o que não pode. Seu trabalho vai ser o
relato disso tudo."
6
Seu trabalho deve ter cabeçalho (indicando pelo menos a disciplina, a
data e seu nome completo) e trazer no início a instrução acima
("Observando... da gravação"). O arquivo deve ter título, por exemplo:
LPFonologia_port1_Maria_Ester.
1. Uma boa resposta é sempre bem compreendida por quem não leu o
enunciado que a motivou. Ao responder, retome as ideias centrais da
pergunta. Assim evitará, por exemplo, que a pergunta comece com “Por
que...”, e você inicie a resposta com “Quando...”
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comparamos a forma dos lábios nas pronúncias de [i] e [u], nas palavras
vive e luxo.
OBSERVE:
◾ A resposta poderia ser compreendida por quem não leu a pergunta, porque
foram retomados elementos-chave.
◾ A pergunta exigia duas unidades significativas (o que se quer dizer...,
exemplifique...), que foram atendidas.
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LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 01: DO MUNDO À LÍNGUA E AOS MEIOS DE EXPRESSÃO
http://www.youtube.com/watch?v=A7SHfUXLK28 [1]
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Sinta toques e movimentos dos órgãos do aparelho fonador.
FÓRUM 1
O que lhe ocorre ao assistir ao vídeo, espontaneamente no início
(anote suas impressões) e depois, quando tenta dividir o que observa?
FÓRUM 2
Quando nos concentramos exclusivamente no que diz a canção ouvida
e em sua letra escrita, que itens diferentes podem ser considerados, da
língua, como isso é representados nos livros sobre a língua, em uma
gramática escolar e Internet, por exemplo?
Quando você observa este vídeo livremente pela primeira vez, também
tem expectativas e descobertas abertas. Dependendo de suas experiências,
interesses, atitudes, vê coisas mais ou menos diferentes das que são vistas
por outras pessoas, inclusive por seus colegas.
10
4. Uma canção completa, com acompanhamento de instrumentos.
Mas você pode ouvir separadamente, abstraindo, certa percussão, certo
instrumento ou apenas a canção na voz de Adriana Calcanhoto.
REFERÊNCIAS
MAIA, Eleonora M. No reino da fala: a linguagem e seus sons. São
Paulo: Ática, 1985.
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LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 02: A ARTICULAÇÃO DOS SONS
Alexander Graham Bell É possível descobrir muito sobre o aparelho fonador, pelos toques
sentidos quando se repete sons, ora da forma mais natural, ora cuidadosa e
lentamente. Pelo exame do rosto externamente enquanto alguém fala, pouco
se pode perceber.
Observe, em:
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Avião sem asa,
POSIÇÃO DA LÍNGUA
• [a] a vogal mais baixa, a língua apertada contra o chão da boca e com
a maior proximidade possível dos dentes inferiores.
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FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.denso-wave.com/en/
14
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 02: A ARTICULAÇÃO DOS SONS
Violão [2]
Bandolim [3]
Balalaica [4]
15
Banjo [5]
Talvez você tenha ouvido Tic tac do meu coração, samba escrito por
Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva. Não, não é exatamente um
lançamento recente, Carmen Miranda cantou em 1942, ninguém que tenha
trabalhado neste texto era nascido, mas vai continuar sendo um clássico no
mundo.
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para que surja um som, é preciso que haja também um parâmetro II,
referente ao PONTO ou zona de articulação, ONDE e COM QUE ACONTECE
a articulação.
PARADA OBRIGATÓRIA
Ah, você pode pegar a letra toda em:
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4. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/70/TenorBalalaika
1.jpg
5. http://musicalmart.net/shop/images/Banjo_Large(1).jpg
6. http://letras.mus.br/carmen-miranda/o-tic-tac-do-meu-coracao/
7. http://www.denso-wave.com/en/
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LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 02: A ARTICULAÇÃO DOS SONS
TÓPICO 03: CESSE A MÚSICA E O RUÍDO, REPOUSE SUA VOZ, POR UM INSTANTE
VERSÃO TEXTUAL
Seu aparelho fonador vai se mexendo de forma tão rápida, que teríamos
dificuldade em compreender sentidos de cada signo se nos concentrássemos
conscientemente nas mudanças. Inconscientemente, entretanto, você ouve e
re-produz sons, combinando muitos traços, e considerando um fonema
completamente diferente de outro, embora só um traço varie.
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CONCLUSÃO:
O que fizemos durante essa aula foi pensar sobre quatro parâmetros,
quatro itens que podem variar para diferençar sons. No texto "Os sons da
fala”(clique aqui para abrir) (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.), você pode verificar os traços, as classificações para esses
itens. Vai ver O QUE se verifica, COMO e ONDE os sons são pronunciados; se
há nessa pronúncia ressonância nasal, se há ou não vozeamento, isto é,
vibração das cordas vocais.
EXERCITANDO
Converse com músico(s) sobre o que ele(s) sabe(m) das semelhanças
entre como uma pessoa fala e como vem a existir música em seu(s)
instrumento(s): violão, acordeom, gaita, flauta, violino, tambor, pandeiro
e outros. Algumas sugestões do que deve discutir com ele(s):
DICA
No texto desta aula, falamos mais ou menos que um ponto
privilegiado na fonologia da língua é a vogal da sílaba tônica.
Uma vogal assim, além de mais FORTE, é mais longa, quer dizer, tem
maior DURAÇÃO.
FÓRUM
Com base no que você experiencia ao ouvir e ao sentir o que acontece
quando pronuncia sons de expressões (grupos de palavras) ouvidos na
canção informada a cima, classifique-os conforme modo e zona de
articulação, e o que acontece nas cordas vocais. Conte neste fórum as
20
experiências anotadas e colabore com seus colegas, ajudando-os a
compreender. Por exemplo, como é o som consonantal na sílaba inicial de
"relógio” pronunciado por um(a) cearense? Como podemos classificar esse
som?). Ele tem a mesma classificação de outros sons correspondentes à
letra 'r' na pronúncia cearense?".
• Foi excluída, depois da coluna das uvulares, uma das faringais. Depois
das fricativas, a linha das laterais fricativas. A linha das aproximantes
(semivogais) desceu, ficando mais próxima das vogais altas. A mudança
se justifica também para conferir maior coerência à iconicidade quanto à
abertura, pois nas laterais ainda há contato entre os articuladores.
• Quanto aos termos, no IPA original, ao lado do termo
“tap” (“batidinha”, “vibrante simples”) há o termo “flap”. Preservamos o
termo “plosivo”, que é substituído em português por oclusivo, porque
também as nasais são oclusivas (na boca, embora o ar fique livre em sua
passagem para as fossas nasais).
MULTIMÍDIA
21
“Transcreva foneticamente a palavra “Cachorro””:
22
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 03: OS FONEMAS DO PORTUGUÊS E SUAS REALIZAÇÕES
Fonte [1]
Николай Сергеевич Трубецкой
Nikolai Sergeievich Trubetzkoy (Moscou, 1890 – Viena, 1938)
Esta aula é mais teórica que as anteriores e que as próximas. Mas não
pode ser só de tentativa de compreensão de afirmações nossas, deve ser bem
acolhida para seu raciocínio, tem que fundamentar-se também no que você
vai observar em tarefas. Deve ser complementada pela leitura do texto
recomendado, mas avaliaremos a partir dessa aula, não do texto.
CHAT
O “chat”, sobre as convenções do Alfabeto Fonético Internacional,
deve ser combinado entre grupos de alunos e o professor. Importam na
discussão as dúvidas sobre as convenções na tabela do Alfabeto Fonético
Internacional, a compreensão dos termos que estão lá, para fins práticos.
Em uma direção, você deve ser capaz de, ouvindo um som, escolher um
símbolo. Na outra direção, precisa ser capaz de, vendo um símbolo,
pronunciar o som correspondente.
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Note que este bate-papo não é obrigatório, não vale nota diretamente
nem conta para as presenças.
FÓRUM
Veja a terminologia da classificação dos sons, baseada em traços
fonéticos (modo e ponto de articulação, uso das cordas vocais,
nasalização...) e aproveite para esclarecer ou pedir esclarecimento a seus
colegas, experimentando a pronúncia normal de palavras do português.
Por exemplo, pode-se dizer que o som consonantal na sílaba inicial de
“ritual” é “vibrante”?
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LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 03: OS FONEMAS DO PORTUGUÊS E SUAS REALIZAÇÕES
VERSÃO TEXTUAL
Ouça uma frase, dita num contexto em que três amigos estão famintos
em uma praia, sem dinheiro suficiente para pagar almoço em restaurante ou
barraca. Ouvir
EXERCITANDO
1.Copie, melhor dizendo, desenhe os símbolos da transcrição,
traçando-os com base em duas linhas, como nos cadernos de ortografia.
Observe como os símbolos podem ter (1) corpo central apenas, contido
entre as duas linhas; (2) também corpo superior, acima da linha I, (3)
corpo central e inferior, abaixo da linha II; (4) corpo superior começando
acima da linha I, corpo central, e corpo inferior para baixo da linha II:
25
3. Observe, a representação fonêmica correspondente à transcrição
fonética já vista. Compare-as. Registre o que lhe parece notável ou
estranho.
Talvez você esteja entre as pessoas que, cada vez mais, procuram evitar
“caprichar” no manuscrito. O problema já existia e deve ter-se intensificado
com o domínio, para muitos, completo, da escrita de teclado.
26
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 03: OS FONEMAS DO PORTUGUÊS E SUAS REALIZAÇÕES
27
de alguns segmentos. E, se temos consciência dos segmentos, é porque os
vemos como feixes, sem visibilidade dos traços que os compõem.
PARADA OBRIGATÓRIA
De fato, traços, essas menores entidades, fones, fonemas e
arquifonemas (descubra o que é isso) são abstrações, conceitos
estabelecidos pelos linguistas, que os postularam na tentativa de decifrar
esse mistério que é a linguagem verbal.
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termos usados para “não vozeado” e “vozeado” são surdo e sonoro, mas
tais termos podem não ser adequados, pois tudo que tem som é sonoro.
Por exemplo, em dois sons não-vozeados fricativos pronunciados
demoradamente, um pós-alveolar e outro labiodental, o primeiro tem mais
sonoridade, chama mais a atenção: experimente pronunciar
cuidadosamente “enxada” e “enfado”.
A palavra pabo, acima, nos faz pensar em “pata”, “bata”, “tapa”, “taba”,
“Fado”, “pato”. Também em inglês, a oposição simbolizável por /p/ e /b/
existe. Entretanto, em português é importante na distinção o traço de
vozeamento (nas outras coisas, nos outros traços /p/ e /b/ são iguais), em
inglês é importante a aspiração. Daí o repetido exemplo do brasileiro que,
ouvindo “Go to the gate B” (pronunciado [geit pij], foi para o portão P... que
seria pronunciado [phij], ou seja com um sopro mais forte na explosão
bilabial.
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as frases significariam respectivamente 'Esta noite te vemos' e 'Esta
noite nos vemos'. Em português, entretanto, em 'Bom, nós te vemos lá' será
compreendido quer pronunciemos [ti], quer [tši]. Os sons são semelhantes
nas expressões dos falantes das duas línguas, mas cada sistema se organiza
diferentemente: ser um som alveolar ou dental simples ou africado,
começando com oclusivo e sendo liberado como fricativo, acontece nas duas
línguas. Em português, entretanto, é apenas fenômeno fonético, sem
distinguir significados. Empregamos acima o símbolo [š], para o som
correspondente a “chá”, e que surge também depois de “t”, em “tipo”. Veja a
que corresponde na tabela do AFI.
REFERÊNCIAS
SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e fonologia do português. 5. ed.
São Paulo: Contexto, 2001.
http://inter-lingua-gem.blogspot.com [2].
30
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 04: FONEMAS, SONS E LETRAS
TÓPICO 01: RELAÇÕES ENTRE AS UNIDADES DOS MEIOS DE EXPRESSÃO DA FALA E DA ESCRITA
Ouça a música cantada nos anos de 1960 pelo então imaturo Chico
Buarque. Compare-a, se quiser, com a mesma canção na voz (esta, madura)
de Nara Leão, no mesmo vídeo. Você pode pegar cópia com seu tutor ou
entrar em:
FÓRUM
Nos trechos de A Banda, observe os símbolos da representação
ortográfica, os da transcrição fonética e os da representação fonêmica
apresentados abaixo, comparando-os atentamente e anotando o que você
vai pensando. Discuta com seus colegas no fórum, contando com as
indicações do professor, sobre os fatores de variação dos sons na produção
das frases em discursos (quer dizer, quando o conhecimento da língua
arquivado em sua memória é atualizado, por exemplo, ao cantar uma
canção ou conversar, em frases).
TRECHO
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Relate suas observações sobre a correspondência e a falta de
correspondência entre os fonemas do português e as unidades (letras e
sinais) que utilizamos em nossa escrita. Você deve discutir com professor
31
de sua cidade que não participa do Curso de Letras, relatar e comentar o
que ela ou ele diz.
MULTIMÍDIA
Algumas sugestões para completar sua formação nessa área:
REFERÊNCIAS
Citamos no tópico as gramáticas:
32
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da
língua portuguesa. 29. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972,
1988.
RECOMENDAMOS:
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LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 04: FONEMAS, SONS E LETRAS
DICA
Nela, ficaram em uma só célula os fones que se agrupam e são
sentidos como um só fonema. Cada fonema deve ser representado por um
símbolo, mas a escolha é de ordem prática: prefere-se tomar o mais
comum ou mais fácil de traçar, digitar.
OBSERVAÇÃO
Observe que não há uma ligação obrigatória entre a realidade fonética
e a percepção dos fonemas pelo falante-ouvinte, que é programado para
perceber os traços relevantes em sua língua. O fato de a aspiração de sons
34
oclusivos ou o alongamento de vogais não serem percebidos por um
brasileiro para distinguir significados não significa que os dois fenômenos
não aconteçam em português, que sejam difíceis de produzir. Podem
existir, e serem completamente irrelevantes, ou terem outras funções que
não a fonêmica, para mostrar atitudes e sentimentos, por exemplo. Você
pode ver mais sobre isto no texto distribuído.
Dois exemplos, para você conferir na tabela são os fonemas /a/ e /r/
EXERCITANDO
Transcreva as duas frases, localizando os símbolos do AFI, lembrando
que /r/ passa por forte assimilação: pode ser tepe (vibrante simples) ou
retroflexo, ou fricativo. Se for fricativo, tem forma vozeada antes de
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segmentos vozeados, não vozeada antes de som produzido sem vibração
das cordas vocais. Talvez precise ler o texto.
E entre “mapa” e “maba”? Você não conhece nada que se diga “maba”,
mas se ouvisse algo assim acharia que não é o mesmo que “mama”, nem
“mapa”, certo? Ou seja, intuitivamente você sabe que:
c. Isto aconteceria apesar de, entre [p] e [b] haver um único traço
diferente, a vibração das cordas vocais; entre [b] e [m] também haver um
único traço diferente, a abertura do véu palatino que permite a nasalidade.
Vamos pensar nas vogais. Já deve ter notado que em “ele” (pronome) e
“ele”, nome da letra, há mudança na pronúncia que corresponde a
mudança no significado. Então, estão aí mais dois fonemas, que vamos
simbolizar com /e/ e /ε/.
36
Continuando, concluirá o inventário dos fonemas de sua língua. E seu
trabalho pode estar bem melhor que o exposto em muitas gramáticas.
37
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 04: FONEMAS, SONS E LETRAS
38
fonêmico acrescentado a cinco (correspondentes a [a], [ê], [i], [ô], [u]). Esse
traço pode ser grafado [~] ou [N]. `Para:
ficaria:
ficaria:
REFERÊNCIA
GLEASON JR, H.A. An Introduction to descriptive linguistics.
Revised edition. New York: Holt, Rinehart and Winston, Inc., 1955,
1961. Em português: Introdução à Linguística descritiva. 2. ed.
Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian, 1985. Vem saindo por outra
editora. Pronuncie, em português brasileiro, “glíssan”.
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LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 05: APLICAÇÕES DO CONHECIMENTO DE FONOLOGIA
FÓRUM
Anote e discuta as variações na pronúncia, às vezes alterando até a
quantidade das sílabas das palavras, ouvidas na conversa comum no
município onde você mora.
Você pode se perguntar mais. Por que a nasalização em (1) é “erro”, que
critério deve ser usado para o julgamento? Por que a nasalização em (2) é
“boa”? Se é mau nasalizar uma vogal que vem imediatamente antes de uma
consoante nasal, porque é bom nasalizar a vogal que vem duas casas antes da
consoante nasal, separadas a vogal e a consoante por uma semivogal? Por
que não é o contrário, a pronúncia (1) do Nordeste “boa”, a pronúncia (2) de
parte do Sudeste “errada”?
EXERCITANDO
Interaja com seus coletas no fórum livre, no chat, ao telefone, em
encontros reais.
40
Dissemos acima que, em português, distinguem-se os fonemas /ε/
e /e/, /r/ e /R/, /š/ e /ž/, /s/ e /z/, /f/ e /v/. /v/ e /b/. Em algumas dessas
oposições, temos fonologia mais rica que o espanhol, o italiano, o francês,
o alemão e o inglês, o que explica as dificuldades que eles sentem, tratadas
acima. Pense, anote, discuta o seguinte.
banana
Sempre que houver uma consoante nasal após uma vogal, esta é
fechada. Note que estamos falando em PREFERÊNCIA de pronúncia, e não
em erro. Fazemos questão de fazer a ressalva, porque sempre há uns e
outros que, ansiosos pela crítica, desejosos do nosso sangue, querem logo ir
à veia, à jugular.
Para o autor, “sempre que houver uma consoante nasal, esta [a vogal
antecedente] é fechada”, ou seja, não pode acontecer a variação que é apenas
fonética, não prejudica a língua. Não há, nesta posição, no Brasil, oposição,
mudança de sentido, se alguém pronuncia .
Com certeza, estamos entrando para o rol dos “uns e outros” que estão
“ansiosos pela crítica”. Talvez, em nova edição, Sacconi pelo menos explique
41
por que, havendo duas vezes “an”, na palavra, na primeira sílaba deve haver
nasalização, mas, na segunda, apenas fechamento.
Nossa opinião sobre o erro não é muito diferente da dos linguistas, bem
vista por John Lyons (1987). Façamos uma brincadeira, aliás, repetida por aí.
Vjea que mtouis dos nssoos aolnus qsuae cmoem os lorvis egodixis
plea eclosa, mas nao tem pezarr na luierta. Itso rudez a cecadidapae de
ednteer as cisaos.
Não sabemos se foi fácil, mas acreditamos que tenha sido possível.
Depois você, se ainda não conhecia o jogo, descobre o que é mantido nas
palavras, como se pode aumentar ou diminuir a dificuldade da decodificação.
O que queremos é perguntar se ocorre erro na grafia das palavras, no jogo
acima. Sim ou não?
SIM:
NÃO:
42
PARADA OBRIGATÓRIA
Atenção, não estamos endossando (nem adoçando!) a afirmação de
que “o que importa é comunicar”. Não é preciso apenas “passar a
mensagem”. O aluno comum precisa esmerar-se no uso da língua,
conhecendo-a e ao seu uso sempre mais. O profissional de Letras precisa
saber mais que de linguagem.
43
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 05: APLICAÇÕES DO CONHECIMENTO DE FONOLOGIA
VERSÃO TEXTUAL
44
Disseram a você que nós falamos nasalizando? Lembra-se da questão
da pronúncia nasalizada em andaime em certos lugares do Brasil? Pois
saiba que, misteriosamente, ao contrário do que dizem as gramáticas,
evitamos a nasalidade quando a consoante nasal vem, depois da vogal, em
outra palavra lexical ou morfema, como em calmamente, e distinguimos
expressões pela falta de nasalização. Note os dois verbos:
Se você/ã/masse...
me
PARADA OBRIGATÓRIA
Professor de língua que não sabe fonologia, linguística, é como
médico que achou desnecessário aprender anatomia (se deixassem
estudantes de Medicina escapar sem ler, sem estudar ciências). Não se
invente desculpas como “só gosto de literatura” ou “meu negócio é
inglês”, pois professores de inglês ignorantes são maus profissionais
também ensinando a língua estrangeira. Até por que, para lutarmos para
termos melhores salários, nós, profissionais do ensino e de linguagem,
vamos ter que ser bem formados.
OLHANDO DE PERTO
45
Há pessoas e lugares no Ceará que dizem “a[i]s coisa[i]s bonita[i]s”.
Ditongam vogais átonas finais precedidas de “s”.
Fonte [1]
REFERÊNCIAS
LYONS, John. Lingua(gem) e lingüística. Uma introdução. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.
46
FONTES DAS IMAGENS
1. http://flickr.com/photos/edgley_cesar/292574402/
2. http://www.denso-wave.com/en/
47
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 05: APLICAÇÕES DO CONHECIMENTO DE FONOLOGIA
VELHA IGREJA
no alto da colina.
Leia todo o poema em voz alta, ouvindo sua voz, prestando atenção a
seus sons.
Começa com o golpe surdo do som [t], oclusivo, não vozeado, mas os
sons seguintes são todos duradouros (experimente prolongar oclusivas,
fricativas, a lateral) e, com exceção do último, vozeados. Note que a “líquida”
é soante, como as vogais. A fricativa vozeada, embora consoante, é muito
48
sonora (sonoridade e vozeamento são coisas diferentes, embora as vozeadas
sejam mais sonoras que as não vozeadas).
DICA
Note o ritmo como badalada e eco, com ritmo binário: FORTE...
fraco... FORTE... fraco, desaparecendo. A sensação de ritmo é reforçada
pela repetição do som fricativo [ž], que se alterna.
OBSERVAÇÃO
Por falar nisso, olhe no haicai o que acontece com “l”: só ou
combinado com “h” (dígrafo representando fonema específico
simbolizável com [λ], em velha); aparecendo em início de sílaba (longe,
colina), combinado com outra consoante antes de um núcleo silábico
(templo), encerrando sílaba, onde se confunde com “u” em nossa
pronúncia (alto).
MULTIMÍDIA
Os vídeos abaixo, relembramos, podem ser úteis em seus exercícios de
fonologia:
49
Entrevista - Amarante - Será que incomoda!? [2]
50
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 06: QUESTÕES SEGMENTAIS E PROSÓDICAS NA FALA E NA ESCRITA
De fato, et coetera em latim significa "e outras coisas" (por isso, muitos
recomendam não escrever “e etc.”). As outras coisas às quais nos referimos
são como os peixinhos impedidos de viver no mar, para serem jogados fora
da água e do cesto do pescador. Ficam no fim das gramáticas, em apêndices,
entre capítulos, ou não ficam em lugar nenhum.
51
mesmo, é de praxe que muitos gramáticos ainda deem sempre como
modelo de verbo da primeira conjugação louvar, tradução do latim
laudare.
Tal qual Dionísio (veja o texto retrátil), José Alexandre cuidou primeiro
da “lettra”, mas age coerentemente, sem misturar conceitos fonológicos e
gráficos, como vieram a fazer gramáticos brasileiros “modernos”.
É sutil e adequado falar de som “puro”, oral, vendo o som nasal como
tendo esse traço de ressonância acrescentado ao que têm todas as vogais,
referente à ressonância oral. Elogiável também é a percepção dos timbres
aberto, fechado e “brevíssimo”, que são determinados “ou pela posição da
vogal, ou pelos accentos”. E nem escapou ao gramático o fato de serem esses
sons, além de fortes, também “longos”.
Finalmente, diz-nos Passos, com clareza que falta nas atuais gramáticas,
que, ao escolher acento gráfico, conta, em primeiro lugar o acento, distintivo
e mais importante que em outras línguas conhecidas. Só depois de tomada a
decisão quanto a acentuar ou não graficamente uma palavra, deve o usuário
optar por agudo ou circunflexo, com base no timbre da vogal, ficando a
chamada vogal “reduzida” impedida de receber acento, como você observa
nas vogais destacadas do exemplo abaixo:
52
distinção ainda entre o fonológico (fonêmico) e o fonético. Em geral, podem
ser classificados conforme essas características:
Bechara e Cunha são ótimos em outras áreas, mas não tentaram fazer
muito na fonologia. Trazem algumas informações de cunho linguístico, mas,
por mais incrível que pareça, além de classificar os fonemas com base em
fonética, adotando termos da NGB como se o problema não existisse,
conseguem discordar um do outro. Rocha Lima (1972), outro respeitado
gramático, não difere muito dos supracitados, quanto, por exemplo, à
classificação dos fonemas, mas tem melhor introdução a conceitos teóricos,
citando para o de fonema Tomás Navarro (1946).
53
Esses autores, por exemplo, para a classificação de consoantes, tal qual
Bechara e Cunha, tentam seguir a NGB (Nomenclatura Gramatical
Brasileira). Entretanto, usam implicitamente o conceito de par mínimo
(“solitário” vs. “solidário”), como técnica para a descoberta de que “cada
letra representa no caso um fonema (Ou seja, uma unidade sonora capaz de
estabelecer diferenças de significado” (Cipro Neto e Infante, 1998:. 18-19)) , e
caracterizam os fonemas também como “sons CARACTERÍSTICOS DE UMA
DETERMINADA LÍNGUA” (Op. cit., p. 19). Semelhantemente, Cipro Neto e
Infante (1998: 18-19) definem fonema como "uma unidade sonora capaz de
estabelecer diferenças de significado”. Valem-se, portanto, de parte do que a
linguística considera ser atributo do fonema, evitando a difícil distinção
entre fonema (sistema) e sons (uso), difícil para o público leigo.
ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Vamos aplicar o que aprendemos até aqui à observação da variação
entre: (a) a pronúncia costumeira sua ou de outras pessoas de sua geração
(melhor não mais que cinco anos menos ou mais que você), (b) a
pronúncia de pessoas de gerações anteriores (pelo menos 20, 40, 60 anos
menos) e (c) pessoas mais jovens (todos com mais de 10 anos de idade e
menos de 20).
FÓRUM
Debate sobre as unidades gráficas e sua relação (ou falta de relação)
com as unidades da modalidade falada. Além das letras, o que mais se
percebe? O que se observa numa revista, em um cartaz, numa página
comum da Internet, além das "26 letras do alfabeto"?".
MULTIMÍDIA
Algumas sugestões para completar sua formação nessa área:
54
Veja mais sobre as dificuldades da língua, assistindo a vídeo com o
professor Cláudio Moreno:
55
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 06: QUESTÕES SEGMENTAIS E PROSÓDICAS NA FALA E NA ESCRITA
Fonte [1]
56
diferente do aramaico que falavam com Jesus, aprendido sob os caldeus.
(Você estudou história, não é?) O hebraico, nessa língua ivrit, veio a ser
falado, reaprendido, somente no Israel instalado a partir de 1948.
Vamos nos deslocar das pequenas unidades que são os fonemas, vistos
na aula passada, em direção a outras camadas da língua e ao que há em torno
do código linguístico. Nossa finalidade é conseguir que, quando a última aula
da disciplina terminar, você se sinta pronto para ingressar em outra “região”
da língua portuguesa.
No próprio texto que você vem lendo, está o que queremos observar. São
elementos gráficos: espaços, vírgulas e pontos (imprescindíveis, hoje),
parênteses, “bolinha” chamando a atenção para início de tópico, itálico e
hífen. São todos sinais de pontuação lato sensu.
57
admiração” (exclamativo). Um escrito simples pode ficar bem claro com dois
apenas: vírgula e ponto.
OBSERVAÇÃO
Se você já precisou consultar gramáticas sobre regras de uso da
vírgula, e as considerou pouco úteis, o que pensa, agora, considerando o
que dissemos?
58
● Em primeiro lugar, podem os elementos prosódicos ser estudados quanto
à produção. Interessam, na fala, questões articulatórias, acústicas e
auditivas. Na escrita, questões gráfico-visuais.
● Depois, podem ser estudados quanto à correspondência, nem sempre
existente, entre fonologia e grafia (sinais de pontuação).
● Mais importante, ainda, é saber quais são os valores dos elementos
prosódicos, suas funções, significações.
É bem variável a extensão das partes das palavras, frases e textos atingidas
pelos elementos prosódicos e pelos sinais de pontuação lato sensu.
● O acento lexical, resultado, em português, da maior força relativa, que
toma uma sílaba mais longa, contribui para a distinção dos significados de
itens lexicais, “palavras”.
● Um tom ascendente sobre a última vogal acentuada de uma palavra,
correspondente a uma vírgula, na escrita, pode indicar ruptura. Assim,
uma expressão explicativa que é posta logo depois do sujeito, separando-o
do verbo, fica entre vírgulas. Ponto e vírgula e dois pontos também
marcam fenômenos dentro da frase. Procure exemplos neste e em outros
textos.
● Um tom ascendente, parte da entoação que caracteriza o contorno, que
vem com pausa, pode marcar toda uma sequência de palavras como frase
interrogativa. Da mesma forma, o tom descendente com pausa caracteriza
a frase declarativa.
MULTIMÍDIA
“Amarante, Ana Júlia incomoda vocês?”
REFERÊNCIA
PEREIRA, Isidro. Dicionário grego-português e português-grego.
6. ed. Porto: Apostolado da Imprensa, 1984.
59
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.portalbrasil.net/images/mapamundi.gif
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1cron
3. http://www.denso-wave.com/en/
60
LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA
AULA 06: QUESTÕES SEGMENTAIS E PROSÓDICAS NA FALA E NA ESCRITA
A LINGUAGEM VERBAL
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Você está-se dando conta (no Brasil, vem-se preferindo “está se dando”,
sem hífen, sente-se que o “se” junta-se ao “dando”, não ao “está”) das razões
de dois fenômenos.
DICAS
Se você quiser ver mais exemplo da riqueza da linguagem falada,
assista a vídeo onde político brasileiro apresente criatividade. Tente
Eduardo Suplicy, procurando em:
Youtube. [1]
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“editora” ou semelhantes, ano de publicação (mais uma letra, se o autor
publicou mais de uma vez no ano).
EXPRESSÕES LATINAS
Por falar nisso, lembra-se de stricto sensu e lato sensu, “em sentido
estrito” e “em sentido amplo”? Quando dizemos “pontuação lato sensu”,
podemos incluir no sentido do termo pontuação muitas coisas, como
parênteses e travessões, até formatos como o itálico. Tenha cuidado com
essas expressões, porque elas seguem regras latinas, inclusive a declinação.
Bom para quem quer entender expressões latinas é Não perca o seu
latim, de Paulo Rónai (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980). Você
encontra na Rede até jornais em latim.
REFERÊNCIAS
LYONS, John. Lingua(gem) e linguística. Uma introdução. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1987.
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