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Processo de ensino e aprendizagem
leitura e escrita
Sumário
Predicado verbal................................................................................................. 52
Predicado verbo-nominal................................................................................... 53
Predicativo .......................................................................................................... 53
Aposto ................................................................................................................. 53
Vocativo .............................................................................................................. 54
CONCORDÂNCIA ................................................................................................ 56
Tradução ............................................................................................................. 73
ESTUDOS LITERÁRIOS...................................................................................... 80
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silábico, quando já usa as letras empregando uma letra para cada sílaba e
fundamentalmente chega ao entendimento da fala com a escrita.
As etapas do conhecimento são o primeiro passo para produzir avanços na
escola. 7
Para trabalhar a leitura da escrita em sua formação social, com conceitos
estruturados, é essencial utilizar os sons das palavras (ler para escrever), ouvir
músicas, ver TV, enfim, perceber desenhos, formular a palavra. Acredita-se
efetivamente no que é decifrado e escrito. O significado real desse método ajuda o
aprendiz a entender para que serve aquilo que está aprendendo. A fala constrói
conhecimentos no processo da escrita, trabalhando a prática em função social.
As histórias infantis são utilizadas geralmente pelos adultos interlocutores
(sejam professores ou terapeutas) como forma de entretenimento ou distração, já que,
pelo senso comum, frequentemente a criança sempre demonstra um interesse
especial por elas, seja qual for a classe a que pertença. Quanto mais o aluno observa
os desenhos narrados nas estórias lidas mais ele aprende a usar a escrita e alcançar
a eficácia na atuação social e o alargamento da integração social na praxe social.
Imbuída nessa ideia é mister refletir-mos – como educadores que somos – que
a forma da linguagem escrita lança tentativas que descrevem as etapas do processo
evolutivo gradativamente, sobre um processo de ensino-aprendizagem da escrita, na
perspectiva de formar escritores no sistema educacional segmentando palavras
alinhadas e escritas corretas, contribuindo no sistema cognitivo na estruturação do
conceito de que a escrita é uma representação de fala.
Na pré-história o homem passou a se comunicar através de desenhos feitos
nas paredes das cavernas. Através deste tipo de representação (pintura rupestre)
trocavam mensagens, passavam ideias e transmitiam desejos e necessidades.
Porém, ainda não era um tipo de escrita, pois não havia organização nem mesmo
padronização das representações gráficas. Foi somente na antiga Mesopotâmia que
a escrita foi elaborada e criada.
Por volta de 4.000 a.C., os Sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme.
Usavam placas de barro, onde cunhavam esta escrita. A maior parte dos documentos
registrados encontrados na Mesopotâmia refere-se a registros contábeis: números de
cabeça de gado, sacas de grãos, livros de registros receitas e despesas. Criaram-se,
também, cartas de crédito, por meio das quais se tornou possível expandir o comércio
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Assim, para que realmente uma história prenda a atenção da criança, deve
entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas, para enriquecer sua vida, deve estimular
sua imaginação, ajudando em seu desenvolvimento intelectual, propiciando-lhe mais
clareza em seu universo afetivo, auxiliando a reconhecer, mesmo de forma
inconsciente, alguns de seus problemas e oferecendo-lhe perspectiva de soluções,
mesmo provisórias.
A prática pedagógica tem demonstrado que quando se pretende trabalhar com
a diversidade textual nas classes de alfabetização, nas situações em que se ler para
os alunos praticamente todo gênero é adequado, desde que o conteúdo possa
interessar, o professor atua como mediador entre eles no texto. Mas se o texto se
destinar a leitura pelos próprios alunos é preciso considerar suas reais possibilidades
de realizar a tarefa, para que o desafio não seja muito difícil.
Se a situação for produzir um texto oralmente há que se considerar que em
princípio os alunos não alfabetizados podem criar quaisquer gêneros, desde que
tenham bastante familiaridade com eles, seja por meio da leitura feita pelo professor
ou por outros leitores. E quando se trata de produzir texto por escrito as possibilidades
se restringem, pois a tarefa requer a coordenação de vários procedimentos complexos
relacionados tanto com o planejamento do que se pretende expressar quanto com a
própria escrita. É preciso, portanto, saber o que se pode propor aos alunos em cada
caso; quando o professor lê para eles, quando eles próprios é que tem de ler, quando
produzem o texto sem precisar escrever e quando precisam escrever eles próprios.
As possibilidades relacionadas aos objetivos característicos das atividades
indicam a metodologia aplicada, tornando útil e adequada aos alunos. Uma atividade
se torna outra, feita com ajuda de rascunho, cadernos, lápis, papel especial para expor
em um mural, letras móveis, cartões na lousa, no computador ou escrito a lápis.
Esclarece as diferentes funções, certifica-se das atividades, garantindo a circulação
de informação, promovendo a socialização de produzir e ver o texto pronto.
Escrever não depende de dom, mas de empenho, dedicação, compromisso,
seriedade, desejo e crença na possibilidade de ter algo a dizer que vale a pena
escrever. Escrever é um procedimento e, como tal, depende de exercitação: o talento
da escrita nasce da frequência com que ela é experimentada. A descoberta de que a
escrita representa a fala leva a criança a formular hipóteses, ao mesmo tempo falsas
e necessárias à hipótese silábica.
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Trabalhar com jornal é muito importante, pois ele é uma espécie de janela para
o mundo, integrando a sala de aula e o mundo real. O professor que compreende a
utilidade desse tipo de leitura saberá encontrar formas agradáveis e produtivas de
trabalhar com o texto em classe, sendo um instrumento para o desenvolvimento das
habilidades de clareza e prontidão na escrita.
Quanto às revistas, elas propiciam o trabalho com propagandas. Os alunos
podem ler textos (escritos e visuais), perceber os mecanismos de persuasão e os
recursos gráficos utilizados. Podem criar produtos e propagandas ou transformá-los
nos que ele já conhecem.
Criação de poesias é uma oportunidade para trabalhar com as características
estruturais e temáticas desse tipo de texto. As atividades com poesias propiciam tarefa
como elaborar rimas, aproximar o poema da música, observar seu ritmo e sua
musicalidade, além de desenvolver o senso estético e a criatividade do aluno.
O cordel também é muito importante para aprimorar a linguagem falada e rica,
mas a escrita deve seguir a norma culta. Aprimorando a escrita – ao permitir reflexões
sobre a diferença entre língua falada e escrita – aproxima-se os alunos da cultura
popular, incentiva-se o gosto pela leitura e escrita. Os alunos vão se adaptando à
leitura de cordel e, conhecendo as características do gênero, incluindo as rimas e
métricas: os versos são escritos em forma de sextilha, estrofe de seis linhas, cada
uma com sete sílabas poéticas, e rimas iguais nos versos pares.
A criança passa então a conviver com estes tipos de correspondência entre a
grafia e o som, adentrando assim no nível silábico alfabético. E começa também a
experimentar um conflito, já que é capaz agora de perceber que existe uma
representação gráfica correspondente a cada som (percebe a relação entre grafema
e fonema). As dramatizações de textos são excelentes atividades para promover, além
da leitura e produção escrita, a expressão plástica e corporal. Elas priorizam situações
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criatividade do professor. Quando o aluno sabe que está sendo valorizado ele mesmo
procura se integrar cada vez mais na perfeição em tudo que faz.
Sabemos que o processo de ensinar e escrever formula estranhas hipóteses,
muito curiosas e muito lógicas. Progridem de ideias bastante primitivas que
desvendam o mistério do funcionamento que a escrita representa. Vejamos outras
situações em que as representações interferem nas relações educativas. Uma escola
orientada para trabalhar a resolução do problema do aluno deve realizar atividades
propostas, errar, justificar, interagir, circular pelo espaço e expressar suas opiniões.
Isso, no entanto, não significa que não deva esforçar-se para dar o melhor de
si, tratar por igual, impor suas vontades e trazer o aluno para encarar a necessidade
com esforço. Acredita-se firmemente que o professor devolve sua metodologia
centrado na qualidade do aprender a ensinar. Agindo dessa forma o aluno tornar-se-
á mais capaz. A compreensão da natureza da relação que se conquista, que pode
levar o professor a desenvolver sensibilidade e capacidade de analisar a própria
conduta, identificar quando ela incida na dos alunos, assim como quando as atividades
dos alunos são determinantes da sua.
É preciso, portanto, trabalhar com elementos verbais plenos de significado para
o aluno na concepção da leitura e da escrita. A ideia subjacente a esse modo de
relacionar é ainda muito defendido. O processo de aprendizagem controla e cria
expectativas que despertam interesse no aluno. A instituição social criada para
controlar o processo de aprendizagem é a escola. Logo, a aprendizagem deve
realizar-se na escola. A construção de um objeto de conhecimento e as maneiras
pelas quais fragmentos de informações fornecidas ao sujeito são 2incorporados ou
não como conhecimentos, embora estreitamente relacionados, trata-se de processos
diferentes.
A construção de um objeto de conhecimento implica muito mais que mera
coleção de informações. Provoca a construção de um esquema conceitual que
permite interpretar dados prévios e novos (isto é, que possa receber informações e
transformá-las em conhecimento): um esquema conceitual que permita processos de
interferência acerca de propriedades não observadas de um determinado objeto e a
construção de novos observáveis, na base do que se antecipar e do que foi verificado.
Frequentemente se aceita que o desenvolvimento da lectoescritura comece
antes da escola. Todavia, considera-se apenas como a aprendizagem de diferentes
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informações não relacionadas entre si, que logo serão reunidas por algum tipo de
mecanismo não especificado. Porém, a aprendizagem de leitura e escrita é muito mais
que aprender a conduzir-se de modo apropriado com este tipo de objeto cultural. E,
muito mais do que isto, exatamente porque envolve a construção de um novo
conhecimento que, como tal, não pode ser diretamente observado de fora.
No caso do desenvolvimento da escrita, a dificuldade para adotar o ponto de
vista do aluno foi tão grande que ignoramos completamente as manifestações mais
evidentes das tentativas de compreender o sistema de produção escrita do aluno.
Analisando todas as dificuldades e falta de interesse do aluno, percebi que precisa ser
resgatado seu interesse em se tornar escritor e isso me fez trabalhar mais o interesse
centrado nesses estudantes que sempre tiveram possibilidades limitadas, filhos de
pais analfabetos ou semianalfabetos, já que suas oportunidades são mínimas.
O professor deverá oportunizar situações de ensino-aprendizagem que
envolvam a escrita como objeto social do conhecimento. Deverá ser aproveitada toda
rica bagagem que a criança já tenha adquirido anteriormente como: experiências
folclóricas, conceitos matemáticos, a linguagem e vivências do seu cotidiano.
A criança, desde que entra na escola, deverá participar de atos de ler e
escrever na produção de textos coletivos e individuais, vivenciar momentos de leitura
realizados pelo professor, poder perguntar, explorar e confrontar suas hipóteses com
os outros, tendo oportunidade de registrar sua própria escrita. O professor deverá
sempre colocar na sala de aula 23
tudo que possa motivar a criança a ler e escrever: os nomes dos alunos, o
nome do professor, atividades do primeiro nome, nome dos colegas, nomes
significativos para a criança (mamãe, papai, vovó, vovô, titio, casa, carro), painéis,
cartazes, murais com mensagens, aniversariantes, horário das atividades, calendário,
comemorações de acontecimentos reais, desenhar ou pintar cenas e escrever sobre
elas. Enfim, aumentar na criança sua autoestima, valorizando tudo o que faz de sua
vida. Seus gostos, suas brincadeiras, suas características, sua família, etc.
PRÁTICA DA ESCRITA
professora da 4ª série, que assim revelou: “Trabalho a leitura que incentiva meus
alunos a produzirem textos e escreverem a interpretação do que foi lido”. Sabemos
que a produção de textos é uma atividade que envolve o aluno em uma série de
desafios, como o conhecimento sobre o que vai produzir, organização de ideias, senso
crítico individual, uso da coerência e, ainda, a leitura convencional, considerada um
saber indispensável para essa realização.
Por outro lado, a leitura citada empobrece a vasta dimensão que ela abrange
dentro da aprendizagem escrita do aluno. Nesse caso, a professora em resumo deixou
transparecer a preocupação com o fator teórico da leitura, muito mais do que com sua
importância para a vida cotidiana do aluno, já que a mesma pode e deve ser
considerada uma busca de informação para o indivíduo se tornar escritor.
A leitura em sala faz com que os alunos conheçam um mundo diferente, que
expressa através da escrita os significativos que favorecem o aprendizado. A
necessidade que o aluno tem em saber ler e escrever atua de diversas formas, todas
elas representam a relação de deficiência na educação. Contudo, as professoras
procuram superá-la utilizando várias metodologias que despertem o interesse e
facilitem a aprendizagem da clientela.
A seleção de materiais acessíveis aos alunos, para que os mesmos não se
intimidem a fazer uso deles ou, ainda, possam produzir com a ajuda do professor o
seu próprio material. Isso favorece o trabalho da autoestima, colocando-os mais
próximos da escrita, já que esse é o maior desafio. Saber como os textos se
organizam, as características do desenvolvimento que admitem compreender uma
mensagem escrita, importante para a leitura como conteúdo tratado e entendido. É ter
como subsídio uma existência ideal na flexibilidade que favoreceu a criança ou o
adulto a aprender a ler e compreender o texto exposto.
escola – ao pretender ensinar – deve levar em conta o que o aluno traz consigo, a sua
experiência pessoal adquirida no seu grupo social. A experiência do saber procura
retratar objetos trabalhados dentro dos textos comunicativos para uma expressão de
ideias claras e inovadoras.
A conversa, no entanto, não basta para o educador determinar a relação entre
a leitura e a escrita, mas para informar. Os textos específicos precisam seguir alguns
critérios como:
• Trabalhar dentro da realidade dos seus alunos, com as perspectivas de
informação do mundo em que ele está inserido;
• Despertar no aluno o interesse pelo raciocínio lógico a partir do que se lê;
• Criar hábitos de comunicar-se e expressar-se;
• Formar a criticidade e confiança;
• Conhecer as possibilidades do grupo;
• Buscar para o meio dos letrados a qualificação pelo conhecimento
compreendido pela leitura dos textos escritos.
O professor precisa analisar com sinceridade as causas pelas quais seus
alunos não aprendem. Efetivamente, cada um de nós sempre busca conhecer com
maior ou menor profundidade o mundo que nos cerca e normalmente de forma oral
os nossos conhecimentos e experiências; contudo, muitas vezes, o fazemos por
escrito ou por meio dos mais variados sinais e códigos que temos a nossa disposição.
De uma maneira ou de outra o conhecimento e a riqueza histórica constroem
fundamental comunicação e expressão da língua portuguesa.
Assim, surge uma questão fundamental que devemos considerar: se escola é
transmissora do saber sistematizado e cumulado historicamente e ela deve ser fonte
de apropriação da herança social por àqueles que estão em seu interior. Entretanto,
o que constatamos na escola é que de um lado grande parte da população está
excluída do processo educativo formal e, de outro, que a maioria que frequenta a
escola não tem oferecido condições para aquela apropriação. A relação escola-
sociedade deve ser analisada com cuidado, pois está se falando de experiências
vividas.
Constata-se que existe uma distância infinita entre a comunicação e a
expressão. Encontramos uma clientela muita alheia ao compromisso vinculado nas
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encontradas, visto que hoje nossa realidade precisa ser trabalhada de fora para
dentro.
Conhecendo suas histórias, seus limites e seus critérios cria-se um trabalho
mais sólido, com perspectivas de engrandecer a formação dos seus alunos. Pensando
em uma suposição mais extrema, uma criança normal que cresce num ambiente
formado por surdos- mudos não desenvolveria a linguagem oral, mesmo que tivesse
todos os requisitos inatos necessários para isso. Fenômenos semelhantes ocorrem
com vários casos em que crianças isoladas, sem contato com outro grupo,
normalmente têm sua comunicação e seu desenvolvimento impedido de ocorrer em
situações propícias ao aprendizado.
A escola tem uma responsabilidade a mais diante do quadro apresentado, em
trabalhar a comunicação e expressão fazendo a socialização desses alunos. Quando
em contato com a comunidade escolar, esses são inseridos para uma convivência que
busque superar sua timidez, trabalhando a inclusão, trazendo-os para conviver e
fazendo-os crescer diante das perspectivas que o grupo oferece.
O quadro apresenta comportamentos que dificultam a comunicação e a
aprendizagem. A preferência nesses casos é trabalhar a conduta em comunicação de
fora para dentro, para depois do conhecimento do quadro se repensar no andamento
dos processos intencionais e situações particulares. Geralmente esse quadro, nos
primeiros estudos da função da escola, pode ser resumido nos seguintes termos:
espera-se que o aluno aprenda e que o professor oriente a aprendizagem na
comunicação da expressão da Língua Portuguesa.
A comunicação e expressão é uma central na atividade do professor. Pode-se
dizer que todo trabalho do professor se resume na questão da comunicação. Segundo
Dewey: “se o aluno não aprendeu o professor não ensinou; se o aluno não aprendeu
o esforço do professor foi uma tentativa de ensinar, mas não ensinou”. Não é que
qualquer mudança comportamental será considerada uma aprendizagem. É
importante observar os seguintes casos:
sozinhos.
Papagaio loiro do bico dourado, Mande essa cartinha para o meu namorado.
Se estiver dormindo bata na porta,
Se estiver acordado deixa recado.
Se estiver dormindo bata na porta, Se estiver acordado deixa recado.
PESQUISA
1) Faça uma pesquisa entre três (ou mais) professores, com o objetivo de
saber os problemas de comunicação e expressão dos alunos.
Eles:
• Valem-se dos estudos trabalhados em grupo?
• Preferem adaptar-se no que der certo?
• Procuram educar como foram educados? 35
• Observam as mudanças dos alunos e não comentam?
• O que valorizam mais: seus estudos ou sua prática?
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QUANDO EU COMECEI A CRESCER
Ruth Rocha
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• Identificar informações;
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• Relacionar dados;
• Interferir, identificando a partir do que está sendo escrito;
• Estabelecer relações entre o texto de seu conhecimento;
• Avaliar um texto.
Procure, portanto, textos que chamem a atenção dos alunos. Frases que eles
possam interrogar e criticar. Quando o aluno passa a criar e refletir diante do que viu,
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O poeta é um fingido Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sentir
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PRODUÇÃO TEXTUAL
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AS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
descrevem, outros, porém, nada dizem. Já quando se trabalha a escrita com esses
mesmos temas o aluno se solta para escrever com mais desenvoltura. O texto elimina
as perguntas e distribui as respostas em parágrafos.
A oralidade é um trabalho mais específico e, ao mesmo tempo, mais amplo a
respeito de como se estabelecem as relações entre o oral e escrito, além do
conhecimento das características estruturais e linguísticas do texto falado, sendo
exercício principal do procedimento de retextualização.
É necessário lembrar que a leitura oral do texto escrito não constitui uma
expressão da modalidade oral. Essa forma de comunicação tem as suas
especificidades que as diferenciam do texto escrito. A análise da expressão é diferente
da que se faz da escrita, que permite a rescrita utilizando outros recursos linguísticos.
A oportunidade de realizar o estudo da língua oral por meio de diferentes gêneros de
textos e conhecimento das modalidades e suas características.
A construção dos conceitos se dá na interação professor-aluno, por meio de
atividades e procedimentos que priorizam a reflexão da língua e pretendem levar o
aluno a:
Analisar as condições sociais de produção e recepção de textos orais em
diferentes contextos;
• Apropriar-se dos elementos da leitura e da produção de textos, levando
em conta as características dos diferentes gêneros orais e escritos;
• Reconhecer a distinção e conjugação de aspectos da oralidade e da
escrita sem concebê-los em oposição;
• Identificar textos escritos que acomodam e os que não acomodam
marcas de oralidade; 54
• Evitar a concepção da inerência entre oralidade-discurso informal e
escrita-discurso formal;
• Identificar, analisar e produzir textos orais que têm elaboração próxima à
da modalidade escrita e textos escritos que apresentam marcas de oralidade;
• Identificar marcas dialetais nas falas dos personagens, compreendendo-
as como representação parcial do falar de um dado local.
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São reflexões que procuram levar o aluno a fazer sua leitura oral, trabalhar a
escrita e envolver o planejamento de pesquisa nas orientações que questionam,
sugerindo o caminho que possibilite o aluno a refletir sobre o texto. Para analisar um
texto produzido em sala, é importante conhecer acima de tudo as condições de sua
produção. A oralidade não é a escrita, ou seja, o som falado difere da escrita das
palavras. No entanto, ouvir uma narrativa oral e produzir um texto escrito a parir dela
não é uma tarefa fácil. Precisa dedicar-se a intensos e longos trabalhos de revisão
para conseguir que o texto chegue à forma da linguagem correta.
Revisar um texto é uma análise cuidadosa dos seus problemas, utilizando
estratégias, deixando-o claro e de forma coerente. É isso que as organizações textuais
devem conectar para encandear e dar coesão a ele. A adequação dos textos vem
mostrar um indicador do avanço da capacidade narrativa e escrita.
A semântica preocupa-se com o significado. É ela que dirá, por exemplo, que
a palavra manga é ambígua quando tomada isoladamente, mas que, inserida em uma
frase real, em um contexto linguístico verdadeiro, tem chances mínimas de ser
interpretada como ambígua, ficando claro que se trata da fruta ou estuário. A
semântica mostra, por exemplo, que o modo como se dizem certas coisas faz
pressupor outras, a partir do conhecimento possuído de antemão pelo interlocutor.
Assim, quando digo “Marcos saiu do hotel bêbado”, eu entendo que meu
interlocutor saiba ou aceite que Marcos estava no hotel. Posso subentender mais, que
Marcos entrou no hotel sóbrio. A linguagem é constituída de sons e significados. A
semântica é a parte da linguística que se interessa pela natureza, função só desse
significado. A semântica não estuda os significados como um dicionário, mas da
maneira como os significados ocorrem integrados nos textos falados e escritos.
A SINTAXE
A frase pode conter uma ou mais orações: contém uma oração quando
apresenta uma só forma verbal, clara ou oculta. Ex: “O senhor é um lunático!” (clara)
ou “Na casa, só choro e gritaria” (oculta).
Duas ou mais formas verbais, que compõem uma locução verbal. Ex: “A menina
vinha chorando”. “A chuva começava a cair”. Contém mais de uma oração quando
apresenta mais de um verbo ou locução verbal clara ou oculta. Ex: “A menina vinha
chorando porque a chuva começava a cair”. “Os trovões eram assustadores e o céu
ficou escuro como a noite”.
Período é a frase organizada em uma ou mais orações. O período termina
sempre com pausa bem definida, marcada por ponto, ponto de exclamação, ponto de
interrogação, reticência e, às vezes, dois pontos. Pode ser: por ela”.
Simples - quando é formada por uma só oração, chamada absoluta. Ex: “Eu
era louco
Composto - quando é formado por duas ou mais orações. Ex: “Mestre Januário
Gereba prometera vir buscá-la para lhe mostrar o porto, a barcaça Ventania e
o começo do mar mais além da cidade.”
Sujeitos e Predicados
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Predicado nominal
Predicado verbo-nominal
Aquele que possui dois núcleos: um verbo significativo e um predicativo do
sujeito ou do objeto. Ex.: Mário ligou a TV, ansioso (verbo ligou, predicativo ansioso).
Adjunto adnominal
É o termo que se liga a um nome ou palavra substantivada para qualificá-lo ou
determiná-lo. É expresso geralmente por um adjetivo, locução adjetiva, artigo,
pronome ou numeral. Ex.: Neste domingo, estimule a criatividade de seus filhos.
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Complemento nominal
Predicativo
É o termo da oração que qualifica, classifica ou expressa um estado do núcleo
do sujeito ou do núcleo do objeto.
Aposto
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Vocativo
Adjunto adverbial
É o termo da oração que se liga ao verbo, adjetivo ou advérbio para indicar uma
circunstância (tempo, lugar, modo, intensidade, negação, finalidade...).
Agente da passiva 61
É o termo da oração que se liga ao verbo para indicar o agente da ação verbal.
Sempre vem precedido de preposição. Ex.: O presidente foi saudado pelos quarenta
presentes.
Período Composto
Conjunto de orações constituído por mais de uma oração O período composto
pode ser:
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leitura e escrita
A oração principal está incompleta, falta objeto indireto para o verbo gostar. A
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leitura e escrita
CONCORDÂNCIA
Paulo, 31/03/1998).
“Não era pecado... devia ficar alegre, sempre alegre e esse era um gosto
inocente, que ajudava a gente a se alegrar”. (João Guimarães Rosa). 64
Os alunos, extasiados com sua fala, aplaudiram. O verbo (aplaudiram)
concorda com a ideia da palavra alunos (plural) e não com sua forma (singular).
Existem dois tipos de concordância: verbal / nominal.
REGÊNCIA
CRASE
É o fenômeno sintático, consistindo na fusão de duas vogais iguais, a saber: da
preposição a com o artigo a(s) ou com os pronomes demonstrativos aquela(s),
aquele(s) ou aquilo.
66Uso da Crase - antes de numerais, locuções adverbiais, palavras da moda. Não se
usa: Passeio a cavalo, Ficou a ver navios, Retirou-se a cronista da moda, Saíram uma a uma.
De hoje a 5 de maio.
Crase Facultativa - diante de nomes próprios, depois da preposição, antes de
pronomes possessivos femininos.
Casos Especiais - Casa: indeterminada; Terra: Não craseamos quando estiver
em oposição a “estar a bordo”; Distância: Se indeterminada, não craseamos
(contemplar a distancia), se determinada, craseamos (Vejo o navio à distancia de 3
km).
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
a) Próclise 67
b) Mesóclise
c) Ênclise
que estimulam a escrita, mas falta o acompanhamento dos pais, que por falta de
conhecimento e instrução não favorecem essa relação. Esse desencontro familiar
influencia a vida da criança, que leva para sala de aula um problema bem maior e que
precisa ser resolvido. A escola nos últimos tempos vem com uma responsabilidade
bem maior em formar pessoas para serem inseridas em uma sociedade letrada de
concorrência, onde o mais preparado assume o melhor lugar.
Para a escola alcançar seus objetivos ela caminha em direção à escrita com
conhecimento letrado, um mundo escrito que circula socialmente. Na comunidade que
usa esses inscritos circulam ideias que contém seus próprios sucessos. Os momentos
diferenciados dentro do ensino exigem um trabalho em dois significativos capítulos.
No primeiro, a importância da escrita apresenta como redigir em linhas gerais uma
proposta do ensino e como produzir. No segundo capítulo trabalha as propostas
possíveis para formação dos letrados. Por isso, trabalhar Aquisição da Leitura e
Escrita é saber que a sua importância leva a uma compreensão crítica da aceitação,
seja em que seguimento for, relatando experiências de políticas educacionais,
pensando e repensando sua própria prática e sua vivência.
Entretanto, a leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo.
Aprender a ler e escrever, antes de tudo, é compreender o seu contexto em uma
relação dinâmica vinculada à linguagem de sua realidade. Outros aspectos
importantes na organização da Aquisição da Leitura e Escrita são a maneira como ela
está sendo trabalhada. Os seguimentos consonantais e vocálicos afetam também o
seguimento que precedem ou que os seguem. Portanto, o estímulo vem cada vez
mais criar interesse na criança para que seu aprendizado não se perca no tempo. A
criança aprende se desenvolvendo e se desenvolve aprendendo.
A proposta de redação constitui, provavelmente, o aspecto mais importante do
desenvolvimento da escrita, dado que pode refletir a presença ou a ausência de uma
metodologia redacional. Pode-se falar em presença de uma metodologia redacional
quando, em uma proposta de redação, os objetivos a serem alcançados são claros e
ao mesmo tempo estão relacionados a outros objetivos de etapas anteriores e
posteriores.
Existem três modos básicos de redação: descrever, narrar, dissertar.
A descrição é uma caracterização: o redator apresenta características de
alguma coisa
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leitura e escrita
Reescritura do texto Aluno consulta Roteiro de Aluno avalia, apaga, Texto passado
releitura Leitura crítica acrescenta, altera, a limpo
reescreve
Muitas são as dificuldades que surgem para se redigir alguma coisa, mormente
quando constitui tarefa escolar. Há vários caminhos que o professor pode utilizar para
preparar adequadamente o aluno para um processo de produção de texto:
dramatização, debate, desenho, sensibilização. A escolha de uma dessas estratégias
depende em princípio da proposta de redação. Além da capacidade de expressão
escrita, a prova de redação pretende identificar aquele aluno que sabe ler criticamente,
que é capaz de interpretar dados e fatos e de construir, a partir deles, um texto claro,
coeso e coerente.
Desse modo, é essencial o manuseio do conteúdo dos textos constantes das
coletâneas, desprezá-los significa anulação de sua redação.
Os critérios de avaliação não apresentam novidade, mas nem por isso devem
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leitura e escrita
ser desprezados. Parta do princípio de que seu texto é resposta a uma questão
específica, essa questão é a proposta temática apresentada. Assim, na produção de
seu trabalho, para que ele atinja o máximo de correção possível, escreva à luz dos
critérios pelos quais a avaliação será encaminhada.
A dramatização permite ao aluno vivenciar aquilo que está sendo relatado no
texto e despertar a observação: início, desenvolvimento e conclusão.
A Redação contém: invenção (meditar o assunto, procurar a ideia central,
descobrir ideias acessórias, descobrir imagens).
Plano (seleção das imagens, unidade do trabalho, fazer um esquema,
orientação lógica ou cronológica, escolha das frases e palavras).
Redação (naturalidade e espontaneidade, clareza, forma literária, harmonia,
originalidade, simplicidade).
Escrever sem dúvida é uma arte. Mas ainda que não pretenda ser um Camões
pode (e deve!) exercitar sua redação. Basicamente existem três estilos de redação
que são trabalhadas:
• Narração
• Descrição
• Dissertação
Cada um desses tipos de redação possui suas próprias características de
construção.
Narrar significa contar, relatar. É o ato de contar uma história. A literatura, em
geral, utiliza a narração para descrever suas histórias, mais não é o único gênero que
se serve desse estilo de escrita. As reportagens jornalísticas contêm muitos elementos
de narração. Ex: Fulano da Silva, engenheiro, 54 anos, estava andando na rua quando
uma bala perdida o atingiu...
A estruturação da notícia nos apresenta um ato que é transformado, ou, em
outras palavras, o sujeito estava primeiramente em uma situação que depois passou
a ser outra. O texto narrativo apresenta uma progressão de ações representada pelos
verbos de ação.
Ex: Maria subiu até a casa, tocou a campainha, chamou por Claudia e
esperou.
TIPOS DE DISCURSO
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leitura e escrita
Descrição
Apesar de ser pouco mais de duas horas, o crepúsculo reinava nas profundas
e sóbrias abóbadas de verdura: a luz, coando entre a espessa folhagem, se
decompunha inteiramente; nem uma réstia de sol penetrava nesse templo da criação,
ao qual servia de colunas os troncos seculares dos acaris araribás. O silêncio da noite,
com os seus rumores vagos e indecisos e os ecos amortecidos, dormia no fundo
dessa solidão e era apenas interrompido um momento pelo passo dos animais que
faziam estalar as folhas secas. Parecia que eram seis horas da tarde e que o dia
caindo envolvia a terra nas sombras pardacentas do caso. (O Guarani, José de
Alencar, 1977, p. 35).
Dissertação
Recursos de Argumentação
satisfaz em contemplar.
O marco divisório entre os dois mundos, o que avança destemido e o que marca
passo no círculo de giz e suas estruturas arcaicas, e tradicionais e sem dúvida
nenhuma a educação. É que ao produzir tecnologia encaminha as soluções
permanentes concebidas em nível de magnitude, por isso mesmo é a matéria-prima
prioritária é o elemento deflagrador do processo rápido.
Muitas nações subdesenvolvidas já despertaram para a ampla semeadura
educacional. O fato de pensar-se na educação como meio de desenvolvimento já
constitui um sistema de desenvolvimento, uma atitude para o desenvolvimento. Nem
todas, porém, lograram ainda preencher o hiato entre o desejo e a vontade de se
desenvolverem.
O hiato persiste sob a forma e uma mentalidade rançosa, impermeável às
mudanças. E, quando o influxo reformista vence barreiras e busca implantar-se,
defronta quase sempre com a falta de organização e os condicionamentos superados.
Só a esperança não basta; é preciso a consciência. (Manual de Redação & Gramática
Aplicada, Luis Fernando Mazzarotto, 1999, 120).
A subjetividade na avaliação de uma redação advém, em grande parte, da
multiplicidade e critérios, nem sempre explícitos, que o professor utiliza para avaliar o
texto. O leitor crítico se baseia em critérios, conscientes ou não, que foram abstraídos
a partir de leituras que compõem o seu universo cultural.
Um bom artigo científico deve ser escrito com clareza, precisão e fluência, de
tal forma que o leitor se sinta interessado em sua leitura e seja capaz de entender o
seu conteúdo facilmente. O artigo deve apresentar adequadamente os objetivos, a
metodologia utilizada e os resultados encontrados. Infelizmente, um grande número
de artigos científicos e técnicos é recusado para publicação devido à má qualidade da
apresentação. 80
Por vezes, eles possuem um excesso de páginas, informações irrelevantes,
ausência de conclusões precisas, tabelas e gráficos mal feitos e carência de
comparação dos resultados com trabalhos anteriores. Ao contrário do que muitas
pessoas acreditam, equações claras não são suficientes para uma comunicação
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leitura e escrita
efetiva em um artigo científico, elas deverão ser acompanhadas por um bom texto
explicativo que conduza o leitor através do trabalho. Além de manter uma boa
organização na apresentação dos objetivos, fatos e conclusões, você também deve
tomar cuidado com a ortografia e a gramática para que o leitor não tenha problemas
para entender o que você está tentando dizer.
Aqui você encontrará algumas sugestões práticas e pontos a serem
considerados durante a redação de um artigo científico ou técnico, como:
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leitura e escrita
Trabalho Futuro: Comente sobre os seus planos para um trabalho futuro com
relação ao mesmo problema, ou modificações a serem feitas e/ou limitações do método
utilizado que poderão ou não ser superadas.
DICAS DE REDAÇÃO
Revisão e Edição
Peça a uma ou duas pessoas para revisarem o seu artigo. Forneça uma cópia
a alguém que, de preferência, esteja familiarizado com o tópico específico de seu
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leitura e escrita
artigo, e outra cópia a quem esteja familiarizado com a sua área geral de trabalho.
Desta forma podem-se identificar enganos e pontos a ser esclarecidos.
Tradução
Redação Oficial
Ex:
Ofício
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
estruturalista e seguia uma metodologia documental, motivo pelo qual adotava uma
abordagem cuja cientificidade dependia 87
de as hipóteses serem comprovadas em textos escritos por literatos
considerados exemplares. O pressuposto de que toda língua viva evolui ao longo do
tempo também fazia parte dos pressupostos adotados.
Alguns trechos do prefácio “Fatos de Língua Portuguesa” evidenciam os
paradigmas de cientificidade então vigentes: (...) a razão de ser de trabalhos desta
natureza [...] é que ninguém agora acredita que se adquira o conhecimento de uma
língua apenas com o folhear de algumas gramáticas [...] Donde se originou tal
desvalia? Primeiramente, de que a verdadeira dificuldade da língua não as resolve a
teoria. E mais, de se conservarem os gramáticos duplamente segregados, por uma
parte, da língua viva, da língua do tráfego diário [. ], por outra parte, da ciência da
linguagem, cujas leis afetam desconhecer, cujos princípios se comprazem em
desdenhar; donde resulta que, em contradição com uma e outra, desatam as dúvidas
que lhes caem na alçada, segundo o modo de ver de cada um, o que faz desses
manuais um corpo de doutrina inconsistente, sem base sólida na natureza, incapaz,
por consequência, de se impor. [...] (. ) no terreno da ciência, o estudo do fenômeno
linguístico abrange o fato positivo da exteriorização do pensamento, de larga
documentação, nas obras dos grandes escritores, e as operações intelectuais e
orgânicas que o determinaram, susceptíveis de verificação (. ) (RAMOS, 1982, 80).
O ensino da Língua Portuguesa, pelo que se pode observar em suas práticas
habituais, tende a tratar essa fala sobre a linguagem como se fosse um conteúdo em
si, não como um meio para melhorar a qualidade da produção linguística. É o caso,
por exemplo, da gramática como forma descontextualizada, que se tornou
emblemática de um conteúdo estritamente escolar, o tipo que só serve para ir bem à
prova e passar de ano, uma prática pedagógica que vai da metalíngua para língua
como meio de exemplificação, exercícios de desconhecimento e memorização de
nomenclatura. Em função disso, tem-se discutido se há ou não necessidade de
ensinar a gramática. Mas essa é uma questão: a questão verdadeira é para que e
como ensiná-la.
Se o objetivo principal do trabalho de análise e reflexão linguística é imprimir
maior qualidade ao uso da linguagem, as situações didáticas devem, principalmente
nos primeiros ciclos, centrar-se na atividade epilinguística, no reflexo sobre a língua
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leitura e escrita
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leitura e escrita
de línguas estrangeiras não são entendidos da forma como deveriam, isso não impede
sua utilização, ainda que foneticamente alterada ou adaptada pela pronunciação.
Como esses vocábulos são utilizados por muitas pessoas, acabam sendo
incorporados com as eventuais modificações provocadas pelo princípio do menor
esforço ou da economia de energia ou pela analogia.
A gíria é, portanto, derivada de contribuições variadas da língua comum,
incorporando arcaísmos, neologismos, aspectos estilísticos, mudanças sintáticas e
outros recursos que, a princípio, teriam o objetivo de tornar uma linguagem
irreconhecível. No entanto, como pode ter também uma conotação negativa, a gíria
que concretiza a maneira de falar específica de um grupo profissional pode receber a
denominação de “linguagem especial” ou “tecnoleto” ou “microlíngua”, conforme suas
características intrínsecas. O uso de “se” como sujeito recebe a qualificação de função
francesa: (...) Sempre se o vê, Louva-se os juízes [...] Essas construções constituem
puros francesismos: nelas se está exercendo a função do on francês (palavra que
nessa língua exerce função de sujeito), em desobediência à tradição do português e
ao étimo do nosso se.(MENDES, 1961, p. 196).
Alhures, Napoleão faz outras referências a construções com “se”, consideradas
erradas por não obedecerem às regras de concordância:
Na oração: “Alugam-se casas” [...] O verbo é passivo e essa passividade é
indicada pelo pronome se. A oração “Alugam-se casas” é idêntica à oração “Casas
são alugadas”; em ambas o sujeito é casas, que, pelo fato de estar no plural deverá
levar também para o plural o verbo; dizer “Aluga-se casas” é erro igual a dizer “Casas
é alugada”. Constituem, conseguintemente, erros inomináveis, construções como:
“Vende-se livros usados” ou “Conserta-se relógios” ou “Reforma-se chapéus”.
(MENDES, 1961, p. 200)
Haja vista que Napoleão faz referência aos argumentos utilizados por Barreto,
sem, contudo, fazer uso integral das explicações fornecidas pelo filólogo, é possível
concluir que a Gramática Metódica da Língua Portuguesa apresenta uma síntese do
conhecimento produzido por seus antecessores. Em todas as gramáticas ora
analisadas, há referência à língua francesa e à sua influência no vernáculo. No período
em que as obras foram publicadas, o estudo da língua francesa fazia parte da grade
curricular de ensino no Brasil, haja vista ser a mais utilizada no comércio e na
diplomacia.
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leitura e escrita
ESTUDOS LITERÁRIOS
REFERÊNCIAS HISTÓRICAS
CARACTERÍSTICAS
Podem-se apontar, no amplo e diversificado movimento romântico, algumas
tendências básicas:
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leitura e escrita
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leitura e escrita
ARCADISMO
Enquanto pasta alegre o manso gado, minha bela Marília, nos sentemos
à sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos na regular beleza,
Que em tudo quanto vive nos descobre
A sábia natureza. (Tomás Antônio Gonzaga)
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leitura e escrita
a) direto: neste caso, o narrador, após introduzir as personagens, faz com que
elas reproduzam a fala e o pensamento por si mesmas, de modo direto, utilizando o
diálogo.
Exemplo: “Baiano velho perguntou para o rapaz: O jornal não dá nada sobre a
sucessão presidencial”.
com história que faz mudar, reciclar, conhecer e ganhar a experiência segura dentro
de uma didática que possa ser trabalhada de maneira íntegra.
A preocupação em entender as mudanças de comportamento leva todos a uma
preocupação. Surge a interrogação: onde nós educadores estamos errando? Onde
está a maior falha? Na família ou na escola? As dificuldades e tendências sociais de
cada indivíduo são analisadas e observadas sob vários aspectos. Os conflitos e os
desafios procuram determinar formas de vida e limites obedecidos. Isso significa que
na questão da indisciplina e violência na escola, ou fora dela, não se está observando
comportamentos como se fossem fatos em si, mas formulando simultaneamente
valores percebidos nos comportamentos conforme o grau de risco que esses
comportamentos representam.
Segundo Vânia Lúcia Quintão Carneiro, há uma cultura audiovisual eletrônica
que proporciona aos jovens informações, valores, saberes, outros modos de ler e
perceber. Para Martin-Barbero (1999), os complexos processos de comunicação da
sociedade difundem linguagens e conhecimentos que descentralizam a relação
escola-livro, âmago do sistema escolar vigente.
Contemporaneamente, a TV é o meio de comunicação predominante,
instrumental de socialização, entretenimento, informação, publicidade, composto em
função dos interesses dos mercados. Por ela gerações aprendem a consumir e a
conhecer a si e ao mundo. Reuniões públicas, antes nas ruas, têm como cenário e
como mediadora a TV: campanhas políticas e pronunciamentos oficiais substituem
interações coletivas.
O diálogo ficção-realidade perpassa fronteiras e mostra a telenovela – o
programa mais visto por crianças e adultos – superar o entretenimento meramente
alienatório e discutir temas sérios, oportunos, que antes eram ignorados ou não
admitidos, devido aos preconceitos. Analisando a postura de crianças e jovens diante
dos meios de comunicação, eles utilizam uma postura que foge da sua própria
realidade. É a maneira como eles passam a fazer parte dos sonhos imaginários.
Como preparar o jovem para analisar a televisão, ler um mundo recortado por
ela, compreender-lhe os recortes (essa edição da realidade)? Como analisar sua
presença cotidiana em nossa cultura? Como usá-la criticamente a serviço da
educação? Como integrar TV/vídeo à escola? Educa-se pela televisão? Que postura
tem os consumidores? Quais os papéis de produtores e proprietários de TV na
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leitura e escrita
Nos estudos sobre televisão, durante anos sobressaiu o modelo mecânico, que
considerava a iniciativa da comunicação toda do emissor, ficando o receptor restrito a
reagir aos estímulos enviados. Martín-Barbero (1995) afirma que a concepção
condutista fundia-se à iluminista: “O processo de educação, desde o século XIX, era
concebido como um processo de transmissão do conhecimento para quem não
conhece. O receptor era tabula rasa, recipiente vazio para se depositar conhecimentos
originados ou produzidos em outro lugar”.
Não mais se negam os efeitos da TV e já se sabe que pais, professores,
colegas influem na recepção de mensagens. Nesse processo ocorrem mediações
cognitivas, culturais, situacionais, estruturais e as ligadas ao meio televisivo, à
intencionalidade do emissor. O receptor é sujeito ativo e pertence ao contexto
sociocultural específico. Interpreta mensagens seguindo sua visão de mundo,
experiências, valores, a cultura de seu grupo. Recepção não é só o momento do
assistir ao programa; prolonga-se nos cotidianos e em comunicações habituais,
constitui-se um espaço de produção de sentidos, conhecimentos.
A relação juvenil com a TV e as outras mídias tornou mais complexa a
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leitura e escrita
Quer que seus filhos assistam a algo educativo na televisão? Então coloque o
despertador para tocar por volta das 5h de sábado e domingo. É nesse horário que é
exibido o que consta da programação das emissoras de TV aberta como 'programa
educativo'. Mas a não ser que seus filhos sejam professores do Ensino Médio ou se
interessem por discussões pedagógicas, você terá uma decepção. Mesmo assim,
tecnicamente, nenhum dos canais está descumprindo a Constituição, que no artigo
221 determina que emissoras de TV deem 'preferência a finalidades educativas'. De
fato, não há lei que determine o que é um programa educativo nem que regulamente
a inclusão dessas atrações na programação das emissoras. (CROITOR, 2001, p. 23)
Por programa educativo entende-se aquele produzido com a intencionalidade
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leitura e escrita
pais e os educadores.
Eis o valor da mediação. Na escola, em programas televisivos não
originariamente produzidos para ensinar, introduzir-lhes intenções pedagógicas
depende do professor. Regra geral, o educador determina as funções dos programas
de TV/vídeo nas atividades escolares. Pode-se usá-los para ilustrar, motivar, informar,
suscitar debates. Delineia-se aqui, outra estratégia complementar: tomá-los como
objeto de estudo. Dessa perspectiva, TV, filmes, vídeos são objetos de estudo das
condições de produção e de recepção de gêneros.
A educação de alguma forma sempre esteve orientada pela inspiração
iluminista: emancipar o homem da ignorância, apelar para sua consciência e, se
possível, salvá-lo em uma perspectiva de encaminhá-lo para a construção de uma
cidadania plena, livre, ética e moralmente responsável. O desenvolvimento da Ciência
e especialmente a presença das novas tecnologias despedaçaram esta utopia.
Descobrimos que as intenções salvacionistas da educação não têm sustentação
prática. Por mais organizados que possamos ser não temos controle da situação e
não podemos garantir quase nada. Não é possível afirmar que todo ser humano com
experiência escolar se torne efetivamente um cidadão. Portanto, sonhos e projetos
pedagógicos precisam ser revistos.
Necessário se faz alterar os processos de formação dos professores, o que
implica mudanças estruturais nos cursos e na própria formação dos formadores. Não
serão as leis que garantirão as mudanças, mas uma efetiva mobilização dos
interessados nesta questão. Afora isto, temos ainda que reconhecer o quanto é corpo
estranho a questão das novas tecnologias na formação dos professores. Isto significa
dizer o quanto é ausente a discussão em torno dos processos de comunicação e sua
interferência nos processos pedagógicos.
A geração que hoje habita a escola praticamente já nasceu grudada nestes
dois ambientes de aprendizagem: o da comunicação e o das tecnologias. A escola
ainda não admite isto. Não se trata apenas de ter estes equipamentos dentro de casa,
mas de estar convivendo com uma cultura onde a tecnologia e a comunicação são
pontos de referência da organização civil. Os consumidores se movimentam em
circuito fechado pelos corredores. No seu interior o indivíduo perde os referenciais de
tempo e espaço – não sabe se é dia ou noite, onde deixou o carro estacionado, em
que piso se encontra, tornando-se presa fácil para o bombardeio ininterrupto de
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leitura e escrita
receber a nota; a direção não quer problemas e os pais querem que o filho seja
aprovado objetivando a ascensão social.
Quantos professores há que não estão preocupados com o futuro do educando,
mas sim em sobreviver como educador. Não encaram o aluno-problema como desafio
pedagógico. O professor que apenas quer obter o silêncio tem visão estreita. Os
repressores conseguem uma disciplina que se esvai quando os alunos não estão na
sua presença. O ideal é mostrar os limites, mas também as possibilidades, geralmente
esquecidas. A educação por coação produz uma personalidade dependente, imatura
e pouco criativa. O professor não entra sozinho na sala de aula. Vão com ele os
colegas, os funcionários, as regras, as vivências, toda a instituição está representada.
Que imagem os alunos fazem da escola?
O professor precisa refletir a sua prática, fazer uma autocrítica. Sem uma
definição clara do seu papel, não estará em condições de educar, dado que o aluno
capta isso com muita facilidade e explora essa fragilidade. A falta de convicção da
proposta do professor gera um acúmulo de dificuldades, podendo chegar a uma
confusão generalizada na sala de aula. Há um consenso de que sem disciplina não
se pode fazer nenhum trabalho pedagógico significativo.
Trata-se de redimensionar o problema. A questão central não está na disputa
entre professor e aluno, mas na organização do trabalho coletivo em sala de aula para
se realizar a construção do conhecimento, quando o professor é o articulador da
proposta, o coordenador do processo de aprendizagem e deve assumir seu papel de
agente histórico de transformação da realidade, por meio de um ensino exigente e
inteligente.
Estar inteiro na sala de aula, manter a tensão entre a ternura e o vigor, o porto
seguro e o “mar aberto”, entre direção e participação. Cabe a ele resgatar valores do
passado, mas estar aberto aos novos valores emergentes, em função das
necessidades colocadas pelas contradições sociais, políticas, econômicas, culturais,
num processo de continuidade-ruptura, numa visão dialética. O ideal seria uma
disciplina consciente e interativa, marcada por participação, respeito,
responsabilidade, construção do conhecimento, formação do caráter e da cidadania.
A disciplina deve formar o aluno “como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir
ou de controlar quem dirige” (GRAMSCI, 1982, p. 36). Não queremos mais a educação
tradicional autoritária, mas não desejamos a educação moderna, de cunho
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leitura e escrita
familiares;
C) A mulher mãe e trabalhadora;
D) Influências dos meios de comunicação sobre crianças e adolescentes;
E) Estabelecimento de limites na escola e na família. Participação de todos;
F) Conflitos familiares e escolares;
G) A difícil tarefa de relacionar escola e comunidade. Caminhos possíveis;
H) Disciplina, ponto fundamental do bom relacionamento.
Outros temas poderão ser propostos. Vale a pena. Só assim Estado e família
serão competentes para o cumprimento integral do artigo 205 da Constituição Federal.
ao professor não mais pode advir do medo da punição – assim como nos quartéis –
mas da autoridade inerente ao papel do “profissional” docente. Trata-se, assim, de
uma transformação histórica radical do lugar social das práticas escolares.
Hoje, o professor não é mais um encarregado de distribuir e fazer cumprir
ordens disciplinares, mas um profissional cujas tarefas nem sequer se aproximam
dessa função disciplinadora, apassivadora, silenciadora, de antes. Em contraposição,
boa parte dos profissionais da educação ainda parece guardar ideais pedagógicos
que preservam, de certa forma, a imagem dessa escola de antigamente e desse
professor repressor, castrador. Muitas vezes, para esses profissionais o bom aluno do
dia a dia é aquele calado, imóvel, obediente. Será este um bom aluno, de fato?
É muito estranho tomar uma descrição do cotidiano escolar do século passado
ou do meio desse século e perceber que as escolas atuais têm um funcionamento
ainda parecido, em termos das normas disciplinares, com aquelas escolas do
passado. A punição, a represália, a submissão e o medo ainda parecem habitar
silenciosamente as salas de aula, só que agora, por exemplo, por meio da avaliação.
Não é verdade que muitas vezes alguns professores chegam a ameaçar seus alunos
com a promessa de provas difíceis, notas baixas, etc? Não será isso também outra
estratégia dissimulada de exclusão? O que dizer, então, das expulsões ou das
“transferências”?
Sob esse ponto de vista, talvez a indisciplina escolar esteja nos indicando que
se trata de uma recusa desse novo sujeito histórico a práticas fortemente arraigadas
no cotidiano escolar, assim como uma tentativa de apropriação da escola de outra
maneira, mais aberta, mais fluida, mais democrática. Trata-se do clamor de um novo
tipo de relação civil, confrontativa na maioria das vezes, pedindo passagem a qualquer
custo. Nesse sentido, a indisciplina estaria indicando também uma necessidade
legítima de transformações no interior das relações escolares e, em particular, na
relação professor-aluno.
Assim, resta uma questão: afinal de contas, escola para quê? Sabemos hoje
que, por meio da exclusão de grande maioria da população, aquela escola do passado
não visava, em absoluto, o preparo para o exercício da cidadania. E a escola e o
professor de hoje? O que eles visam, a bem da verdade? Qual é o seu papel e função?
São diferentes daqueles da escola de antes? Se assim o forem, quais resultados
temos obtido concretamente? Enfim, estamos a serviço ainda da exclusão ditatorial
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leitura e escrita
ou da inclusão democrática?
Quando uma criança diz, por exemplo, “eu fazi” em vez de “eu fiz”, ou “eu trazi”
em vez de “eu trouxe”, ela está demonstrando o quanto está apegada a uma norma
invariante já dada e que descarta possíveis alterações, desvios. Ela está sendo,
portanto, rigorosa ao extremo. Dito de outra maneira, os seus “limites”, inclusive
intelectuais, são extensivos, implacáveis – ao contrário do que possa parecer à
primeira vista. Desse modo, não se pode sustentar, nem na teoria nem na prática, que
as crianças padeçam de falta generalizada de regra e de limite, embora esta ideia
esteja muito disseminada no meio escolar. Ao contrário, a inquietação e a curiosidade
infantis ou do jovem, que antes eram simplesmente reprimidas, apagadas do cotidiano
escolar, podem hoje ser encaradas como excelentes ingredientes para o trabalho de
sala de aula. Só depende do manejo delas...
Não é evidente que quanto mais engajado o aluno estiver nas atividades
propostas, maior será o rendimento do trabalho do professor? E que quanto maior for
a reapropriação das regras da matemática, da língua ou das ciências, maiores serão
o aproveitamento e o prazer em aprendê-las? Uma vez de posse da “mecânica” de
determinado campo de conhecimento (as operações matemáticas, da gramática, das
ciências, das artes, dos esportes, etc), o pensamento do aluno parece fluir com maior
rapidez e plasticidade.
Pois bem, um segundo reparo a essa ideia da falta de limites da criança e do
jovem refere-se à suposta permissividade dos pais que, por sua vez, estariam criando
obstáculos para o professor em sala de aula. Segundo boa parte dos professores, a
família, em certa medida, não estaria ajudando o trabalho do professor, pois as
crianças seriam frutos da “desestruturação”, do “despreparo” e do “abandono” dos
pais (vale lembrar, oriundos também das décadas de 60/70). E, mais ainda, os
professores teriam se tornado quase “reféns” de crianças tirânicas, deixados à mercê
de crianças “sem educação”. Será isso verdade?
É muito comum imaginarmos que “criança mal-educada em casa” converte-se
automaticamente em “aluno indisciplinado na escola”. Pois alertemos que isso nem
sempre é necessariamente verdadeiro. Não é possível generalizar esse diagnóstico
para justificar os diferentes casos de indisciplina com os quais deparamos. Além disso,
há uma evidência irrefutável de que os mesmos alunos indisciplinados com alguns
professores podem ser bastante colaboradores com outros.
Ora, precisamos recuperar alguns consensos quanto às funções da família e
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leitura e escrita
de sala de aula (caso isso fosse possível...), esse argumento admitiria a seguinte
réplica: trata-se de um complicador, jamais um impeditivo para o trabalho em torno do
objeto do conhecimento, porque a docência sequer implica um trabalho semelhante
àquele realizado pela família. Entretanto, muitos professores, diante das dificuldades
do dia a dia, acabam se colocando como tarefa para que, só a partir daí, ele possa
desencadear o trabalho do pensamento.
Um bom exemplo disso é outro tipo de máxima muito frequente no meio
pedagógico que reza, a nosso ver, equivocadamente: “para ser professor, é preciso
antes ser um pouco pai, amigo, conselheiro etc”. Esse tipo de enfrentamento do
trabalho pedagógico é desaconselhável por três razões, pelo menos:
* Em primeiro lugar, trata-se de um desperdício da qualificação e do
talento específico do professor, porque ele não se profissionalizou para ser uma
espécie de pai “postiço”. Para uma ocupação como a paternidade não se exige uma
preparação profissional – cada um é pai ou mãe de um jeito peculiar e assistemático.
No caso do professor, exige-se uma preparação lenta e especializada, devendo ele
atuar de maneira semelhante aos seus colegas de profissão e de modo diverso dos
profissionais de outras áreas;
* Em segundo lugar, trata-se de um desvio de função, porque ele não foi
contratado para exercer tarefas parentais, e dele não se espera isso. Por mais que o
trabalho em sala de aula demande muitas vezes exigências adicionais ao âmbito
estritamente pedagógico, não se podem delegar ao professor funções para as quais
ele não esteja explicitamente habilitado. É preciso, então, que o trabalho docente
restrinja-se a um alvo específico: o conhecimento sistematizado, por meio da recriação
de um campo lógico-conceitual particular. Não confundir seu papel com o de outros
profissionais e outras ocupações: eis uma tarefa de fôlego para o professor de hoje
em dia!;
* Em terceiro, trata-se de uma quebra do “contrato” pedagógico, porque o
seu trabalho deixa de ser realizado. Se o professor abandona seu posto, se ele não
cumpre suas funções específicas, quem fará isso por ele? Se o professor não se
responsabilizar imediatamente pelo conhecimento, quem o fará? Como em todas as
outras relações sociais/institucionais (médico- paciente, patrão-empregado, marido-
mulher, etc), na relação pedagógica existe um contrato implícito – um conjunto de
regras funcionais – que precisa ser conhecido e respeitado para que a ação possa se
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leitura e escrita
concretizar a contento. E é curioso constatar que os próprios alunos têm uma clareza
impressionante quanto a essas balizas contratuais do encontro pedagógico. Sem
dúvida nenhuma, eles sabem reconhecer quando o professor está exercendo suas
funções, cumprindo seu papel.
O professor competente e cioso de seus deveres não é, em absoluto, um
desconhecido para os alunos; muito ao contrário. Estes sabem reconhecer e respeitar
as regras do jogo quando ele é bem jogado, da mesma forma que eles também sabem
reconhecer quando o professor abandona seu posto. Nesse sentido, a indisciplina
parece ser uma resposta clara ao abandono ou à habilidade das funções docentes em
sala de aula, porque é só a partir de seu papel evidenciado concretamente na ação
em sala de aula que eles podem ter clareza quanto ao seu próprio papel de aluno,
complementar ao de professor.
Afinal, as atitudes de nossos alunos são um pouco da imagem de nossas
próprias atitudes. Não é verdade que, de certa forma, nossos alunos espelham, pelo
menos em parte, um pouco de nós mesmos? Por essa razão, talvez se possa entender
a indisciplina como energia desperdiçada, sem um alvo preciso ao qual se fixar, e
como uma resposta, portanto, ao que se oferta ao aluno. Enfim, a indisciplina do aluno
pode ser compreendida como uma espécie de termômetro da própria relação do
professor com seu campo de trabalho, seu papel e suas funções.
Sob esse aspecto, valeria indagar: qual tem sido o teor de nosso envolvimento
com essa profissão? Temos nos posicionado mais como agentes moralizadores ou
como professores em sala de aula? Temos nos queixado das famílias mais do que
deveríamos ou, ao contrário, temos nos dedicado com mais afinco ainda ao nosso
campo de trabalho? Temos encarado os alunos, nossos parceiros de trabalho, como
filhos desregrados, frutos de famílias desagregadas, ou como alunos inquietos, frutos
de uma escola pouco desafiadora intelectualmente? Enfim, indisciplina é uma
resposta ao fora ou ao dentro da sala de aula?
O ALUNO “DESINTERESSADO”
isso, a falta de interesse e a apatia em relação à escola. A saída, então, seria ela se
modernizar com o uso, por exemplo, de recursos didáticos mais atraentes e assuntos
mais atuais.
Esse tipo de raciocínio, mais de cunho metodológico, também merece alguns
reparos. O principal deles refere-se ao fato mais do que evidente de que escola não é
um meio de comunicação. Da mesma forma que distinguimos anteriormente as
instituições família e escola, aqui se faz importante a distinção escola e mídia.
Enquanto a mídia (os diversos meios de comunicação como a televisão, o rádio, o
jornal, o próprio computador atualmente, etc.) tem como função primordial a difusão
da informação, a escola deve ter como objetivo principal a reapropriação do
conhecimento acumulado em certos campos do saber – aquilo que constitui as
diversas disciplinas de um currículo. Ainda, os meios de comunicação podem ter como
objetivo o entretenimento, o lazer.
Escola, ao contrário, é lugar de trabalho árduo e complexo, mas nem por isso
menos prazeroso... Por essa razão, assim como afirmamos anteriormente que
professor não é pai e aluno não é filho, é preciso acrescentar: o professor não é um
difusor de informações, e muito menos um animador de plateia, da mesma forma que
o aluno não é um espectador ou ouvinte. Ele é um sujeito atuante, corresponsável
pela cena educativa, parceiro imprescindível do contrato pedagógico.
Na escola, portanto, não se “repassam” informações simplesmente: ensina-se
o que elas querem dizer, para muito além do que elas dizem... O trabalho pedagógico-
escolar é mais da ordem da desconstrução, da desmontagem das informações, e isso
se faz com o raciocínio lógico-conceitual propiciado pelos diferentes campos de
conhecimento, representados nas disciplinas escolares. Claro está, pois, que o
objetivo da ação docente não é “transmitir” ou difundir determinados produtos, tais
como dados, fórmulas ou fatos, mas fundamentalmente reconstruir o caminho
percorrido antes que se chegasse a tais produtos. É isso, e tão-somente, o que se faz
em uma sala de aula! Por exemplo, não se apregoa apenas que a fórmula da água é
H2O, ou que a ordem de sucessão sintática é “sujeito/verbo/objeto”, ou ainda que “- x
- = +”. Toma-se uma construção linguística, a estrutura molecular da água ou os
números negativos como questões concretas da vida, pinçando-as do cotidiano, e
propõe-se, sob a forma de problematização, o que já é sabido sobre esses temas.
Mas, para tanto, refaz-se o caminho já percorrido por aqueles que nos precederam,
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a moralização deficitária por parte dos pais, além da ideia do conhecimento escolar
como algo ultrapassado e desestimulante);
* A segunda razão é que, de uma forma ou de outra, elas acabam isolando a
indisciplina como um problema individual e anterior do aluno, quando, ao contrário, a
ato indisciplinado revela algo sobre as relações institucionais-escolares nos dias
atuais;
* A terceira razão deve-se ao fato de que as três hipóteses esquivam-se de
levar em consideração a sala de aula, a relação professor-aluno e as questões
estritamente pedagógicas. Elas esboçam razões para a indisciplina, mas não apontam
caminhos concretos para sua superação ou administração. Essas três hipóteses
explicativas cometem um engano, já de largada, que é o de tomar a disciplina como
um pré-requisito para a ação pedagógica, quando, na verdade, a disciplina escolar é
um dos produtos ou efeitos do trabalho cotidiano de sala de aula.
E todos sabem disso de alguma maneira, por mais que evitemos o peso dessa
constatação... É sempre bom lembrar que um mesmo aluno indisciplinado com um
professor nem sempre é indisciplinado com os outros. Sua indisciplina, portanto,
parece ser algo que desponta ou se acentua dependendo das circunstâncias. Por isso,
talvez devêssemos nos indagar mais sobre essas circunstâncias e, por extensão,
despersonalizar o nosso enfrentamento dos dilemas disciplinares.
Quase sempre se imagina que é necessário aos alunos apresentarem
previamente um conjunto de ações disciplinadas (como: ser “obediente”, permanecer
“em silêncio”, etc) para, então, o professor poder iniciar seu trabalho. E esse é um
equívoco sério, porque, em nome dele, perde-se um tempo precioso tentando-se
disciplinar os hábitos discentes. Qual uma possível saída, então? Qual outra visão
alternativa que não se paute em nenhuma das três comentadas até agora ou, mais
ainda, que evite a tentação de incorrer em um pot-pourri de todas elas?
Gostaríamos de propor outra hipótese diagnóstica, agora de cunho
explicitamente escolar, para que pudéssemos olhar com outros olhos a indisciplina
“nossa de cada dia”, um dos “ossos de nosso ofício”... Tomando a indisciplina como
uma temática fundamentalmente pedagógica, talvez possamos compreendê-la
inicialmente como um sinal, um indício de que a intervenção docente não está se
processando a contento, que seus resultados não se aproximam do esperado. Desse
ponto de vista, a indisciplina passa, então, a ser algo salutar e legítimo para o
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REFERÊNCIAS
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