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Lingua Portuguesa Sintaxe

e Semântica

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Bem vindo(a)!

Seja muito bem-vindo(a)!

Caro(a) aluno(a), é um prazer poder contribuir com a sua formação, no que tange a
língua portuguesa. A partir de agora vamos percorrer, juntos, um caminho repleto
de curiosidades, entenderemos mecanismos e compreenderemos estruturas da
Língua Portuguesa para que seja possível ampliar as possibilidades que as
interações sociais nos apresentam no nosso cotidiano. A nal, a linguagem deve
estar no centro de nossas preocupações, já que é ela a responsável por todas as
interações que estabelecemos.

Desse modo, convido você a caminhar comigo rumo ao conhecimento, para tanto,
discorreremos sobre conceitos fundamentais da nossa gramática e, a partir desses
conceitos, aplicaremos regras formais e fundamentais para o bom desenvolvimento,
escrito e falado, da língua materna.

Para isso, na unidade I, compreenderemos o funcionamento da gramática, quando


o assunto é morfologia e sintaxe, além disso, discutiremos sobre a importância
dessas na formação e também as di culdades relacionadas a elas. Ainda nesta
unidade, entenderemos como se estabelecem as estruturas sintagmáticas do
português.

Posteriormente, na unidade II, iremos compreender quais são as unidades mínimas


da língua portuguesa, como elas se estabelecem na estruturação das palavras e na
sua formação. Além disso, vamos entender um pouquinho sobre a história da língua
portuguesa, mas não só da língua portuguesa, falaremos da língua portuguesa
brasileira. A nal de contas, não é possível falar da origem da nossa língua, sem
entender o que aconteceu aqui no nosso país.

Já, na unidade III, vamos nos debruçar um pouco mais sobre a sintaxe, visto que ela
é uma das partes essenciais da gramática da língua portuguesa, responsável por
entender a função das palavras dentro de uma frase, a relação que essas palavras
estabelecem entre si e também a relação que existe entre as orações dentro de um
período.

Por m, na unidade IV, faremos uma caminhada pela gramática, em que teremos a
oportunidade de entender os diferentes sentidos que podemos alcançar com as
locuções, conforme a sua colocação, além de compreender que os termos
acessórios da oração, assim como os integrantes, são tão importantes quanto os
termos essenciais.

Desse modo, estimado(a) aluno(a), é importante entendermos que a linguagem,


manifestada tanto na fala quanto na escrita, constitui a nossa única fonte de acesso
à realidade imaterial da nossa língua. O nosso conhecimento sobre a estrutura
linguística deve estar em constante adaptação e trabalho, visto que, a língua é uma
realidade mental que, em seus limites, se confunde com o próprio pensamento. Por
isso convido você, mais uma vez, a embarcar comigo, para desbravar esse mar
imenso, que é a língua portuguesa.

Desejo bons estudos!

Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações nais.

Unidade 1 Unidade 2 Unidade 3 Unidade 4


Conceitos e Estrutura e Estruturação Estruturação
aplicabilidade formação sintática I sintática II
morfológica
Unidade 1
Conceitos e aplicabilidade

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Olá, estimado aluno(a)!

Seja muito bem-vindo(a).

Sabemos que a linguagem deve estar no centro de nossas preocupações, a nal ela
é a responsável por todas as interações que estabelecemos. Nesse sentido, a
gramática pode ser entendida como uma grande aliada para o bom entendimento
e bom uso da linguagem, visto ser o mecanismo que regula uma determinada
língua, em um determinado tempo.

Assim, entender esses mecanismos e compreender as estruturas da Língua


Portuguesa signi ca ampliar as possibilidades que as interações sociais nos
apresentam no nosso cotidiano.

Desse modo, nesta unidade, você poderá compreender melhor como a gramática
funciona quando o assunto é morfologia e sintaxe, além de entender a importância
dessas na formação e também as di culdades relacionadas a elas. Ainda nesta
unidade, apresentaremos os conceitos de frase, oração e período e entenderemos
como se estabelecem as estruturas sintagmáticas do português.

Para alcançar os objetivos, será necessário debruçarmos sobre vários conceitos


importantes para o entendimento do que chamamos de morfossintaxe.

Desejo bons estudos!

Plano de Estudo
Introdução à Morfo(sintaxe);

O papel da sintaxe e da morfologia na


formação e suas di culdades no
processo de aprendizagem;

Os aspectos da morfologia e da sintaxe;

O funcionamento da análise sintática.


Objetivos de
Aprendizagem
Conceituar e contextualizar a
morfossintaxe;

Compreender a Morfologia e a
Sintaxe;

Estabelecer a importância da
compreensão da morfossintaxe;

Apresentar os principais aspectos


da morfologia e da Sintaxe.
Introdução à morfo(sintaxe)

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Nos últimos tempos as pesquisas referentes à Língua Portuguesa avançaram de
forma signi cativa quando pensamos na gramática tradicional, o que tem re etido,
cada dia mais, na atuação de estudantes da Língua Portuguesa. Visto isso, a
preocupação na formação desse pro ssional deve ir além do simples entendimento
da língua materna – o Português – e em se tornar pro cientes da mesma. É
necessário estar atento para que seja possível alcançar um saber quali cado e
consolidado, a respeito da estrutura dessa língua e também do seu uso real, do seu
funcionamento no cotidiano. Só assim - ao obter um entendimento mais consolidado
da língua materna, de forma consciente e inserida em seu uso real - será possível
avançar na aprendizagem das competências linguísticas.

Diante disso, a morfossintaxe se apresenta de maneira imponente, no que se refere


aos avanços gramaticais da Língua Portuguesa, o que demanda entender o que é
exatamente a morfossintaxe. Antes de chegar na morfossintaxe, é importante
entender que há dois aspectos fundamentais na unidade linguística: a forma e o
sentido.

Nessa direção, a palavra pode ser estudada em seu aspecto formal, considerando a
sua forma, ou seja, a sua pronúncia, a sua composição morfológica e seu
comportamento sintático; e pode ser estudada, também, do ponto de vista
semântico, isto é, do seu signi cado básico. Para melhor compreensão, observe o
diagrama 1.1, da divisão da palavra “quadrinhos”, abaixo:

Diagrama 1.1 – Forma e sentido da palavra

Pronúncia
kwadr’i uj
(fonologia)

Radical: quadr
Composição
Forma Sufixo: -inho
morfológica Sufixo: -s

Admite o uso do artigo


Comportamento “os”, mas naõ do artigo
Quadrinhos sintático “as”; pode ser núcleo de
um sintagma nominal

Objeto pequeno de
Sentido cunho decorativo

Fonte: a autora.

Conforme o infográ co acima, é possível perceber que tanto o aspecto formal quanto
o aspecto semântico estão presentes na palavra “quadrinhos”, contudo, esses
aspectos devem ser separados quando há uma descrição, o que é de fundamental
importância quando se estuda a gramática da língua, visto a complexidade que se
tem ao questionar a relação existente entre as formas gramaticais e os signi cados.
A complexidade, como podemos perceber pelo mesmo infográ co, não é menor
quando o olhar se volta apenas para o aspecto formal da língua, dessa maneira, houve
a necessidade de uma subdivisão desse aspecto em três, que corresponde ao que
chamamos de fonologia, morfologia e sintaxe.

Dessa maneira, de acordo com as gramáticas modernas, podemos compreender que


a palavra, o léxico, perpassa por uma unidade de som constituída por vogais,
semivogais, consoantes, sílabas e acento, que vão constituir enunciados, pertencentes
a uma determinada classe morfológica. A frase, no que lhe concerne, pode ser
formulada a partir de uma palavra ou mais, desde que tenha a capacidade de suscitar
a comunicação, ou seja, é o próprio enunciado, sendo que este enunciado pode ser
analisado sintaticamente.

De acordo com Perini (2005, p. 42) “A fonologia, a morfologia e a sintaxe são


igualmente compostas por regras [...] as regras fonológicas, morfológicas e sintáticas
de nem quais são as construções possíveis da língua”. Nessa etapa do livro vamos
nos deter em apenas duas: na morfologia e na sintaxe. Contudo, é importante
relembrarmos, de maneira breve, o que é a fonologia.

A saber, a fonologia é a parte da gramática que estuda a parte mínima do léxico, o


que é chamado de fonemas, e também as sílabas que tais fonemas constroem. Tem-
se, então, na fonologia, o estudo das vogais, semivogais, consoantes, dígrafos,
encontros vocálicos e consonantais, classi cação das sílabas quanto à tonicidade,
quanto ao número apresentado mediante a divisão silábica, o emprego das letras,
considerando as diferentes situações de uso etc.

A morfologia, da qual discutiremos com mais a nco nos próximos tópicos, é a


responsável, dentro da linguística, pelo estudo da estrutura, formação e classi cação
das palavras. Ela se particulariza por olhar para o vocábulo de forma isolada, ou seja, a
morfologia não considera o funcionamento da palavra dentro de uma frase ou
período, mas sim de forma encerrada em si.

REFLITA
“A linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua encerada em si
mesma e por si mesma.”

Fonte: Ferdinand de Saussure (1978).


Por sua vez, a sintaxe é a parte da gramática que se ocupa em estudar as disposições
das palavras dentro da frase e de períodos; ocupa-se, também, por entender a relação
lógica que se estabelece entre tais palavras. Discutiremos, ainda neste capítulo, mais
profundamente sobre essa importante categoria da gramática.

Ao considerar o que colocamos nas linhas anteriores, podemos concluir que a palavra
pode ser analisada de duas formas:

Isoladamente: apenas pela sua classe gramatical - morfologia;

A partir da sua função dentro da oração: sintaxe.

Entretanto, é preciso esclarecer, que uma análise pode acontecer também no âmbito
da palavra e da frase, isto é, quando o estudo envolve a junção tanto da classe
gramatical da palavra quanto da sua função dentro de uma determinada frase, e é aí
que surge o que intitulamos morfossintaxe.

É interessante observar que, ainda que a Língua Portuguesa não pertença a área das
ciências exatas, quando se fala em morfossintaxe é possível chegar a uma certa
objetividade. Isto porque, as funções sintáticas podem ser de nidas previamente,
como, por exemplo, os adjetivos que, ao estar vinculado a um nome, caracterizando-o,
vai assumir, necessariamente, a função sintática de adjunto adnominal. Desse modo,
a análise morfológica deve sempre vir antes da sintática. Assim temos a seguinte
relação:
Diagrama 1.2 – Engrenagem linguística

Morfologia

Sintaxe

Morfossintaxe

Fonte: a autora.

Pode-se a rmar, então, que, na perspectiva da gramática, a engrenagem da


linguagem, quando movida pela morfologia e pela sintaxe, move algo maior que é a
morfossintaxe. Assim, ainda que haja uma divisão menor entre essas duas categorias
– morfologia e sintaxe – forma e função são inseparáveis, justi cando, desse modo, a
importância da morfossintaxe.

Diante do apresentado, é importante o aprofundamento, em especial, da sintaxe,


para que possamos atingir os objetivos propostos nesta unidade, sendo assim, no
próximo tópico apresentamos uma introdução à sintaxe.

Introdução à Sintaxe
Discutimos no título anterior sobre as divisões da gramática da Língua Portuguesa e
percebemos que há duas ciências, quando falamos em forma, que são de extrema
importância: a morfologia e a sintaxe.

A primeira é capaz de determinar a classe que pertence cada uma das palavras de
uma frase e a segunda, por seu turno, capaz de estabelecer a função da palavra na
frase. É importante salientar que juntas, morfologia e sintaxe, ao promoverem uma
análise da função sintática e das classes gramaticais, alcançam conexões e
signi cados importantes no texto, por isso poderíamos pensar, ainda, na ligação entre
morfossintaxe e a semântica.

Nessa direção, de acordo com a gramática gerativista, o falante de uma língua


natural, independente de qual seja, já nasce sabendo como os vocábulos se
organizam para que se estabeleça estruturas cada vez mais complexas até que se
chegue nas sentenças, ou seja, qualquer falante tem um conhecimento inato sobre a
sua língua. Assim, compreender a maneira como as palavras de uma língua se
estabelecem em uma sentença é a principal competência linguística dos seres
humanos.

Negrão, Scher e Violli (2004, p. 81) exempli cam isso da seguinte forma:

Imaginemos o léxico de nossa língua como uma espécie de dicionário


mental composto pelo conjunto de itens lexicais (palavras) que
utilizamos para construir nossas sentenças. Nossa competência nos
permite ter intuições a respeito de como podemos dividir esse
dicionário, agrupando itens lexicais de acordo com algumas
propriedades gramaticais que eles compartilham. Essas propriedades
nos levam a distinguir um grupo em oposição a outro.

De tal modo, no processo em que adquirimos a nossa linguagem, a linguagem


materna, desde muito pequenos sabemos que um vocábulo como, por exemplo,
“cadeira” é diferente de um vocábulo como “cair”. É bem possível ouvirmos de uma
criança a palavra “caiu”, mas não ouviremos a palavra “cadeiriu” ou “cadiu”. Isso nos
mostra que a criança, ainda que muito nova, sabe que a palavra “cair” pertence a um
grupo de léxicos, como mamar, papar, chorar, sorrir, os quais se estruturam com
singulares su xos, como -ou, -eu, -iu. Concomitantemente, essa mesma criança sabe
que a palavra cadeira pertence a um outro grupo de léxicos, ou seja, pertence a outro
conjunto de palavras, como mesa, brinquedo, cama e assim por diante, que vão se
estruturar com um su xo diferente.

A mesma competência linguística que temos para organizar as palavras em grupos


também nos indica que os enunciados que formamos, não são apenas uma
ordenação sequencial e fechada de léxicos. Isso é perceptível quando nos damos
conta que sabemos, ainda se não tivéssemos uma educação formal da língua, que a
sequência: menina patinete a do caiu não pertence a nossa língua, da mesma
maneira, sabemos que para termos enunciados da língua portuguesa, considerando
as mesmas palavras, é necessário fazermos combinações, tais como: combinar a mais
menina, do mais patinete, caiu mais do patinete, para, só então, combinar a menina
mais caiu do patinete. O que mostra uma hierarquia, no que se refere a estrutura de
uma frase, e a sua não linearidade.

Igualmente a nossa competência linguística nos mostra que uma frase pode se
formar a partir de espécies distintas de léxicos. Temos aqueles que demandam
elementos particulares que devem atendê-los e, por outro lado, temos aqueles que se
bastam ao atender aqueles que os demandam.

Pensemos, para exempli car na seguinte sentença: A Maria construiu uma maquete.
Espontaneamente, sabemos que o verbo construiu é um léxico da espécie que
demanda – ele exige a presença de outros. Para que o verbo “construir” se estabeleça
em uma frase, ele precisa de dois léxicos: um que responda qual foi o objeto
construído e outro que mostre quem é que o construiu. Poderíamos comprovar isso
se alguém estabelecesse um diálogo, começando apenas com a palavra “construiu”,
as perguntas: quem construiu? Construiu o que, apareceriam de forma automática.
Essas perguntas pedem, de forma indireta, que o nosso interlocutor reconstrua a
frase, dando, ao verbo “construir”, as demandas necessárias para se estabelecer.

Já, considerando a mesma sentença, as construções A Maria e uma maquete


pertencem àquelas espécies de léxicos que existem para servir, ou sejam, para
responderem as demandas de outras expressões ou léxicos.

Considerando todas as colocações deste subtópico, entendemos que a nossa


competência linguística é uma grande aliada quando o assunto é sintaxe, pois ela é
capaz de nos orientar no trabalho de análise da estrutura das frases de nossa língua.
De acordo com Negrão, Scher e Violli (2004, p. 106), todo falante tem um
conhecimento linguístico, baseado no tripé:

I - Sabermos organizar os itens lexicais em categorias gramaticais,


estabelecidas de acordo com as características morfológicas,
distribucionais e semânticas por eles exibidas;
II - Sabermos que a sentença resulta da projeção dessas categorias em
constituintes hierarquicamente estruturados, fazendo com que ela não
seja apenas uma seqüencia linear de itens lexicais;
III - Sabermos que esses constituintes se organizam a partir de um
núcleo cujas exigências sintáticas e semânticas devem ser satisfeitas
pelos elementos que vão compor com ele. (NEGRÃO; SCHER; VIOLLI,
2004, p. 106).

Desse modo, para entender a estrutura de uma frase, como as palavras se organizam
dentro de uma sentença, requer, em um primeiro momento, considerar esse
conhecimento linguístico de qualquer falante da língua, ou seja, para iniciarmos os
estudos sintáticos não podemos desconsiderar as competências inatas do falante da
língua em questão.
O papel da sintaxe e da
morfologia na formação e
suas di culdades no
processo de aprendizagem

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Não é de hoje que os estudiosos da língua aceitam como verdade a premissa de que
a linguagem é articulada. Haja vista que a palavra “articulada” deriva, de acordo
com Martelotta (2008, online, grifos do autor), “[...] do diminutivo articulus do latim
artus (que signi ca ‘articulações dos ossos’, ‘membros do corpo’) Assim, ‘articulado’
signi ca ‘constituído de membros ou partes’”. E essa é uma das características
essenciais da linguagem humana, considerada um aspecto fundamental para a
diferenciação entre ela e a comunicação animal.

Nesse sentido, podemos dizer que os enunciados produzidos em uma determinada


língua não se apresentam como uma totalidade. Longe disso, a língua é divisível e
pode ser separada em unidades menores, visto que, constitui-se da união de
elementos, os quais podem ser encontrados em outros enunciados.

Observe abaixo uma possível sentença em Língua Portuguesa:

Os estudantes ouvem músicas clássicas.

A sentença apresentada, como em qualquer outra língua, é passível de divisão.


Pensando em unidades menores, podemos dividi-la, por exemplo, em cinco partes:

Os/ estudantes/ ouvem/ músicas/ clássicas.

Com isso podemos a rmar que, para formularmos sentenças, precisamos recorrer,
em um primeiro momento, à nossa memória para selecionar, entre os vocábulos
retidos, durante toda a nossa vivência, aqueles que melhor expressará, no contexto
em que nos encontramos, o efeito de sentido desejável, isto é, é necessário que
consideremos os signi cados de cada palavra e também devemos, em um segundo
momento, articular esses vocábulos de acordo com as regras de formação da língua.
Isso signi ca que cada um desses vocábulos funciona de forma autônoma, sendo
possível ser inserido em sentenças diferentes, conforme as escolhas que fazemos.

Contudo, é preciso dizer que cada um desses vocábulos é formado por unidades
menores, unidades morfológicas. Vamos visualizar isso a partir da mesma sentença
utilizada anteriormente:

O/s estudante/s ouvem/ música/s clássica/s.

Nas quatro palavras da sentença acima podemos notar uma oposição quando
separamos o morfema “s” da palavra estudantes, por exemplo. Essa retirada traz
consequências no valor do vocábulo, que, ao perder a marcação do plural – s – passa
a ser singular.

Parece óbvio esse processo da língua, contudo muitas vezes não nos damos conta
que esse e muitos outros morfemas – unidades menores da palavra – ao serem
acrescentados ou suprimidos dão informações essenciais para que possamos
alcançar o sentido nal da palavra ou ainda da sua estrutura gramatical.
Entendemos por morfemas os radicais, os pre xos, os su xos, as vogais temáticas e
todas as outras unidades menores constituídas de um signi cado que podem
formar uma palavra.

Agora conseguimos voltar no início do nosso tópico e entender que realmente a


linguagem é articulada, pois constatamos que ela é formada a partir da união de
unidades menores. E essa articulação, que existe em todas as línguas do mundo,
não foi inventada, há um motivo de ser assim: segundo Martellota (2008, online), “é
aquela que melhor se adapta às necessidades comunicativas humanas, permitindo
que se transmita mais informação com menos esforço”.

Nesse sentido, podemos compreender que o papel da sintaxe e da morfologia é de


extrema importância na nossa formação, pois, ao entendermos as articulações da
língua, os signi cados que a palavra assume ao ser colocada em um período e o
signi cado que é dado à palavra ao construí-la, a partir dos morfemas, estaremos
fazendo o bom uso da língua portuguesa, de forma consciente, além de sermos
capazes de atribuir o signi cado esperado, sem erros, em cada momento de
comunicação.
Problemas relacionados à aprendizagem
É necessário termos consciência de que, a língua escrita não deve ser arquétipo para
a língua falada, o que pode ser veri cado no meio em que vivemos, trabalhamos,
estudamos, en m, em qualquer esfera de comunicação é perceptível que não é
possível utilizar o texto escrito em uma comunicação oral de maneira natural.

Isso porquê, historicamente, a língua falada vem e sempre virá antes da língua
escrita, independente da sociedade, o que pode ser veri cado, como dito
anteriormente, desde o seu uso efetivo – social – até a sua organização. Desse modo,
ao abordar a Língua Portuguesa unicamente sob o ponto de vista da gramática
normativa, pode-se provocar uma gama de conceitos falsos, além de preconceitos
que estão sempre em discussão na área de estudo em discussão.

Sabemos também que as línguas naturais, sem exceção, possuem todos os aspectos
necessários para oferecer aos seus usuários uma comunicação completa e sem
nenhum problema. Consequentemente, podemos a rmar que não existe uma
língua melhor que a outra, uma mais objetiva ou, ainda, uma mais rica e uma mais
pobre, dado que, se tem uma língua que possui menos vocabulário, isso quer dizer
que seus falantes não precisam de mais palavras que as existentes para ter uma boa
comunicação, pois, se precisassem, sem sombra de dúvidas, seus falantes seriam
levados a criá-las.

O fato é que, indiferente da perspectiva que seja olhada a língua, seja a partir da
fonologia, da sintaxe ou da morfologia, o estudioso da linguagem sempre constatará
que não há entre as línguas uma comparação entre a melhor ou a pior, elas são,
apenas, diferentes. Muito menos se chegará ao consenso de que elas não evoluem,
ou seja, que são “atrasadas”.

De acordo com Fiorin (2004, p.7),

Todas as línguas até hoje estudadas constituem um sistema de


comunicação estruturado, complexo e altamente desenvolvido.
Nenhum traço da estrutura linguística pode ser atribuído a um re exo
da estrutura diferenciada de uma sociedade agrícola ou de uma
sociedade moderna industrializada.

E isso levou os pesquisadores a diferenciar, sempre mais e mais, o conhecimento


cientí co da linguagem e a determinação de sua norma, pois a linguística, ao se
aprofundar nas modi cações da língua, percebeu que essas eram decorrentes da
fala popular, dessa maneira, o que em um dado momento era considerado errado,
em um tempo futuro era considerado correto.

Nessa perspectiva é imprescindível a sensibilidade quando voltamos o nosso olhar


para a aprendizagem que decorre da morfossintaxe, visto que não se pode entender
em uma determinada análise apenas os enunciados tidos como “corretos”. É
necessário observar atentamente as constante transformação e adaptação da
língua, e lembrarmos que esta é um organismo vivo em constante transformação.

Nessa perspectiva, um estudioso da linguagem deve estar sempre atento para as


manifestações linguísticas, pois, como colocado em momento anterior, uma
expressão observada hoje como incorreta, amanhã pode vir a ser aceita, desde que
utilizada pelos falantes daquela língua, o que não impede que a descrição desse
organismo vivo seja feita de forma a compreender seu funcionamento no que tange
a estrutura frásica, os morfemas, os fonemas e, ainda, as regras que admitem a
combinação desses vocábulos.
Os aspectos da morfologia
e da sintaxe

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Morfologia
Entre os assuntos mais polêmicos da área da linguística está a morfologia. Os
estudiosos da língua, ao discutirem o assunto, se agitam ao se posicionarem quanto
a essa ciência. Muitos veem na morfologia o principal aspecto da gramática, outros
descartam, sem nenhuma ponderação, a morfologia na constituição de uma teoria
gramatical.

De qualquer maneira, é necessário entendermos onde a morfologia se encaixa no


engendramento da língua, assim, neste tópico objetivamos fazer uma discussão
introdutória dos aspectos morfológicos.

Em outros pontos desta unidade, vimos que a morfologia é de nida como o artefato
da gramática responsável pela estrutura interna das palavras.

Mas... o que é palavra?

Bom, é um consenso entre todos, seja linguista ou não, que a palavra existe,
contudo, é bem complicado de nir o que é palavra. Podemos partir da necessidade
que a linguística, assim como qualquer outra ciência, tinha de de nir suas unidades
de estudo. Contudo temos outros pontos que devem ser considerados, veja só: nós
temos no mundo desde línguas isoladas até línguas polissintéticas, a primeira
carrega apenas um signi cado, já, a segunda, certas sequências de sons, entendidas
por seus falantes como palavras, carregam signi cados traduzidos por frases, ou
seja, a palavra é formada por um número tão grande de morfemas que a
complexidade pode ser comparada a de frases completas.

Devemos ainda ponderar que critérios semânticos também não são su cientes para
de nir uma palavra em língua portuguesa, como podemos ter certeza que
construtor e aquele que constrói são palavra do português? As duas expressões tem
o mesmo valor semântico, isto é, o mesmo signi cado. Diante disso, se o nosso
critério fosse o sentido, teríamos que colocar as duas expressões na mesma classe
de palavras. Porém, como visto anteriormente, a nossa competência linguística, de
falantes do português, nos indica que a primeira expressão – construtor – é uma
palavra e a segunda – aquele que constrói – é uma frase.

Desse modo, os pesquisadores da língua preferem de nir a palavra a partir de


aspectos sintáticos, pois estes funcionam independente da língua. Assim, nas
palavras de Sandalo (2006, p. 182), “Uma sequência de sons somente pode ser
de nida como uma palavra se (i) puder ser usada como resposta mínima a uma
pergunta e se (ii) puder ser usada em várias posições sintáticas”.

Vejamos um exemplo para compreender o que se propõe, considere:

a) O que Joana comprou no mercado ontem? Laranjas.

b) Joana comprou laranjas no mercado ontem.


c) Laranjas foi o que Joana comprou no mercado ontem.

Perceba que em (a) a palavra laranjas cabe como o objeto da frase e em (c) cabe
como sujeito. Dessa maneira, a sequência de sons laranjas pode aparecer em várias
posições sintáticas, portanto, é uma palavra.

Assim, entendido o que é palavra, temos a unidade máxima da morfologia. E os


elementos mínimos? Os elementos mínimos da morfologia se inscrevem no
signi cado, são eles que nos permite ter o sentido de palavras que nunca ouvimos.
Podemos citar como exemplo a palavra nacionalização; Se nos encontrássemos
diante dessa palavra pela primeira vez, poderíamos compreender o seu signi cado a
partir do entendimento do signi cado da palavra nação e dos elementos que
derivam novas palavras em português: al, como elemento que transforma um
substantivo em adjetivo, izar como transformador de um adjetivo em verbo, e ção
como transformador de verbo em substantivo.

De tal modo, ao acrescentarmos à palavra nação a expressão al temos a palavra


nacional - um adjetivo -, ao acrescentarmos o su xo -izar à palavra nacional temos a
palavra nacionalizar -um verbo - e, por m, ao acrescentarmos à palavra
nacionalizar o su xo -ção temos a palavra nacionalização, um substantivo.

Nessa perspectiva, entendemos a palavra nacionalização como o ato de


nacionalizar e, como pudemos perceber, seu signi cado é derivado de outros
signi cados, é derivado dos signi cados das partes que compõe a palavra, sendo
que essas partes, responsáveis por trazer signi cados e compor a palavra são
conhecidos como morfemas, as unidades mínimas da Morfologia.

Com isso, concluímos que a parte da gramática que estuda a palavra, a Morfologia,
tem, sim, a unidade máxima, que é a palavra, mas também tem a unidade mínima,
e isso muitas vezes é esquecido pelos estudiosos, é necessário entendermos que há
dentro dessa perspectiva os morfemas, que muito dizem quanto à construção das
palavras.

Nesse sentido, a Morfologia não estuda apenas a palavra, mas sim a estrutura da
palavra, seu estudo se volta para a sua formação e seus mecanismos de exão,
sendo o objeto de estudo as classes gramaticais, as quais estudaremos mais
detalhadamente nos próximos capítulos.

Sintaxe
Compreender a sintaxe não é uma tarefa muito fácil, visto ser uma das partes mais
objetivas e lógicas da língua portuguesa. Como observado em outros momentos
deste capítulo, a sintaxe não se ocupará dos sons das palavras, ou dos pedacinhos
das palavras (morfemas), menos ainda dos sentidos das palavras. A sintaxe é a
responsável por entender a ordenação e a organização das palavras dentro das
frases, ou seja, ela é quem vai nos ajudar a entender as regras que utilizamos
(conscientemente ou não) para formar uma sentença quando falamos ou
escrevemos.

É interessante observarmos que, apesar de alguns estudiosos separarem as partes


da gramática tradicional, tantas vezes é necessário à sintaxe recorrer aos aspectos
fonológicos e morfológicos da língua para tentar explicar alguns fenômenos dentro
da sintaxe, desse modo, é importante termos consciência de que esses aspectos
podem estar relacionados entre si. A título de curiosidade, isso fez com que alguns
estudiosos propusessem um estudo que contemplasse o todo da gramática, ou seja,
que olhasse para tudo de uma só vez, um estudo conhecido como “estudos
interfaciais”.

De qualquer modo, as sentenças que utilizamos para nos comunicar seguem regras,
como colocado anteriormente, e essas regras precisam ser bem de nidas e, para
tanto, utilizamos de critérios. Critério é entendido aqui como um padrão, uma
referência, uma forma xa de ver as coisas, de analisar uma frase, por exemplo. Na
mesma direção, Ferrarezi Junior (2012, online) defende que “Usar um critério para
analisar uma parte da língua é escolher uma forma de ver essa parte e, então, usar
sempre essa mesma forma de ver para as mesmas coisas que se analisa”.

Nessa direção, para compreendermos a sintaxe é necessário termos bem de nidos


os critérios morfológicos, é preciso saber o que é substantivo, advérbio, adjetivo,
verbo, preposição, entre outros, para então compreendermos o que é sujeito,
adjunto adnominal, predicado, objeto direto, objeto indireto e assim por diante.

Observemos, no quadro abaixo, como os critérios são estabelecidos em uma frase


na ordem da morfologia e na ordem da sintaxe:
Quadro 3.1 – Morfologia & Sintaxe

A GAROTA OBEDECE À MÃE.

ANÁLISE MORFOLÓGICA ANÁLISE SINTÁTICA

A – Artigo de nido feminino A – Adjunto adnominal

GAROTA – Substantivo comum, simples, A GAROTA – Sujeito


concreto, feminino, singular. simples

OBEDECE – Verbo obedecer, segunda GAROTA - núcleo do


conjugação. sujeito simples.

À - Combinação entre “a” artigo feminino + “a” OBEDECE À MÃE -


preposição. predicado verbal

À MÃE - predicado
MÃE – Substantivo simples, comum, singular
verbal

Fonte: a autora.

Assim, sem conhecer as interfaces da morfologia é praticamente impossível


entender as relações que elas estabelecem dentro de uma frase e a sua
funcionalidade, ou seja, seu papel dentro da sintaxe.

Como dito anteriormente, todas as línguas possuem um amplo vocabulário, além de


regras responsáveis por determinar o modo como esses vocabulários podem se
combinar para construir enunciados, objeto de estudo da sintaxe. Assim, a sintaxe
ordena os elementos linguísticos, que um usuário de uma língua utiliza, para que se
estabeleça sentenças plenas de sentido.

Sabe-se que não existe apenas uma forma de organização das palavras em uma
sentença, porém, o fato de cada língua ter uma sintaxe própria impede que
construamos sentenças com vocabulários aleatórios. Observe:

Próxima semana, Ana irá para o exterior.

Ana irá para o exterior próxima semana.

Ana irá, próxima semana, para o exterior.

Para o exterior, Ana irá próxima semana.


Podemos perceber, com os exemplos acima, que, ainda que tenhamos combinado
de formas diferentes as palavras, o sentido foi preservado e continua compreensível,
o que nos permite veri car como a sintaxe organiza as estruturas da língua,
determinando as possibilidades de combinação de modo a preservar o sentido. Para
que essas possibilidades possam acontecer, a sintaxe classi ca todos os elementos
presentes em uma sentença e os divide em grupos maiores.

Os grupos se dividem em: grupo de termos essenciais, grupo de termos integrantes,


e o grupo dos termos acessórios, aqueles que não são essenciais para uma oração.
Se encaixam neste grupo o aposto, o vocativo, os adjuntos adverbial e adnominal; já,
no grupo de termos integrantes temos o complemento verbal, complemento
nominal e o agente da passiva; e temos como termos essenciais o sujeito e o
predicado.

Além dessa classi cação dos termos em grupos diferentes, é preciso lembrarmos
que há um lugar em que esses termos precisam estar para serem analisados, é aí
que entram os elementos da sintaxe, que pode ser uma frase, uma oração ou um
período. Dessa maneira, a sintaxe se organiza de tal forma que é capaz de oferecer
uma análise sintática completa.

Cada um desses termos será explorado posteriormente para uma completa


compreensão, o objetivo aqui é mostrar que apenas a nomenclatura
correspondente – morfologia & sintaxe, não é su ciente para explorar esse campo da
linguística. É necessário, sim, compreender uma para compreender a outra, mas a
relação que a sintaxe estabelece com a linguagem vai muito além do simples
nomear, há uma funcionalidade necessária para que ela se estabeleça em sua
completude.
O funcionamento da
análise sintática

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
No tópico anterior discutimos alguns aspectos importantes da sintaxe, vimos que,
para que trabalhe, ela separa os termos, que se encontram dentro de um
determinado elemento, em grupos, sendo que esses elementos, os quais
correspondem ao lugar onde as palavras se encontram, podem estar no nível da
frase, da oração ou de um período. Desse modo, é importante termos bem de nido
o que são esses três níveis, ou seja, entenderemos, agora, as especi cidades da frase,
da oração e do período.

Período, oração e frase


De acordo com Bechara (2010), a frase pode ser classi cada como a estrutura mais
abrangente, visto que ela se encaixa em vários segmentos, ela pode representar
uma parcela de um enunciado, uma expressão, uma fração da fala e assim por
diante. Porém, é preciso ter cuidado, pois, ainda que a frase se encaixe em porções
menores da linguagem, para que se constitua, a frase precisa ter sentido completo.
Assim, podemos dizer que a frase é a unidade mínima do discurso, contudo plena
de sentido.

É importante salientar que na construção de uma frase, seja na linguagem oral seja
na linguagem escrita, o signi cado de sua estrutura pode depender de outros
fatores. Dessa maneira, pode depender de algo já dito em outro momento, pode
depender do contexto, das informações anteriores a que ela se refere etc.

Dito isso, é possível a rmar que a frase pode ser constituída por apenas uma
palavra, como por exemplo:

Socorro!

Perceba que a frase acima é plena de sentido e não precisa de um verbo para
alcançar um signi cado. Poderíamos de nir a frase a partir de alguns aspectos,
como, por exemplo, a letra maiúscula no início e os sinais de pontuação no nal, mas
isso limitaria os aspectos, recusando pontos importantes para o seu sentido, como,
por exemplo, o contexto.
A frase utilizada acima poderia, por exemplo, ter sido inserida em vários contextos:
chamar alguém que atende pelo nome Socorro, pedir ajuda por algum motivo, ser
usada em algum momento para expressar ironia e assim por diante. Isso re etirá de
forma única no seu sentido.

Nesse sentido, temos a unidade da fala representada por uma única palavra, mas a
frase também poderia ser formada por mais termos. Vejamos:

A viagem durou 3 semanas.

No exemplo anterior temos a presença de um verbo para formar a frase, mas isso
não é obrigatório. Observe:

Que calor!

Diante desses exemplos, então, compreendemos que uma frase pode conter um
verbo, esta se classi ca como frase oracional ou verbal, ou pode não conter um
verbo, esta se classi ca como frase nominal. Reiteramos que as marcas grá cas de
uma frase não são as únicas que as de ne, e, é preciso dizer ainda, que a frase é
marcada, também, pela entonação, ou seja, pela melodia que marca o m da
enunciação.

Para melhor compreensão, observe o diagrama abaixo:


Diagrama 4.1 - Frases

Frase

Nominal Original

Sem verbo Com verbo

Fonte: a autora.

A oração, por sua vez, é marcada sempre pela presença de um verbo e, assim como
a frase, pelo seu sentido completo. A presença do verbo, em especial, é uma
característica importante, que nos ajuda a marcar a diferença entre frase e oração. O
objetivo dessa unidade linguística, da oração, é de expressar algo sobre um
determinado sujeito. Desse modo, frequentemente apresenta um substantivo
(nome) a que se refere e com o qual o verbo deve concordar, assim, temos uma
estrutura binária constituída por: sujeito + predicado. Vejamos:

Maria terminou a carta.

Sujeito Predicado

Podemos ainda dizer que em um período pode haver diferentes orações, desde que
tenha sentido completo, mas atenção: nem todas as frases são oracionais. Essas
orações são denominadas orações independentes. Exemplo:
Cheguei, vi e venci.

Temos no exemplo acima três orações independentes, visto que cada verbo tem por
si só um sentido completo.

Portanto, uma oração tem por objetivo expressar um conceito sobre um sujeito.

O período, por sua vez, é constituído por mais de uma oração, assim, é uma
estrutura sintática composta por uma oração basilar aumentada por outras
formações oracionais. Portanto, um período é um enunciado de sentido completo,
composto por uma ou mais orações e marcado por uma pausa de nida pela
entonação na fala e por pontos na escrita.

Nessa direção temos dois tipos de períodos o simples e o composto, o primeiro é


estruturado apenas com uma oração, denominada absoluta. Observe:

A revista chegou tarde.

No período acima temos apenas um verbo, que marca a presença de apenas uma
oração. Desse modo temos neste exemplo um período simples.

Agora, observe:
Cheguei, vi e venci.

No exemplo anterior temos um período composto, visto que há a presença de mais


de uma oração.

Percebemos, ao chegar neste ponto, que frase, oração e período estão ligados entre
si, assim como tudo na língua. Assim, observe o esquema abaixo para compreender
a hierarquia e onde cada conceito desses se encaixa:

Diagrama 4.2 – Hierarquia de uma sentença

Período

Frase oracional

Simples Composta

Mista:
Oração
Coordenação Subordinação coordenação e
absoluta
subordinação

Fonte: a autora.

A estrutura sintagmática do português


Desde o início desta unidade discutimos sobre o objeto de estudo da sintaxe ser a
sentença. Porém não discutimos ainda sobre essas sentenças, as quais são
constituídas por unidades menores, conhecidas na sintaxe como sintagmas. E é
exatamente as estruturas sintagmáticas que vamos abordar agora.

O sintagma é demarcado por elementos que constituem uma unidade signi cativa,
dentro de uma oração. Esses elementos mantêm relações de dependência entre si e
uma determinada ordenação, organizados em torno de um elemento fundamental,
que chamamos de núcleo. Isto é, o eixo sintagmático abrange as combinações
possíveis das palavras, as quais têm suas funções determinadas, de acordo com o
que é estabelecido entre eles. Desse modo, a análise sintática considera a percepção
e a classi cação dos sintagmas através de sua composição. Observe:

a) O cachorro mordeu o gato.

b) O gato comeu o passarinho.

c) Mary é um gato.

Se pensarmos nas palavras gato, passarinho, mulher, mesa e assim por diante, no
eixo da morfossintaxe, teremos uma só de nição, a nal são todos nomes, ou seja,
substantivos. Agora, ao virarmos para a análise sintática, percebemos que quando
selecionamos uma dessas palavras, como por exemplo passarinho, é que temos
estabelecida a função da palavra. Desse modo, podemos inferir que é na relação
com outros sintagmas de uma determinada frase, na cadeia sintagmática, que
vamos conseguir de nir a função de cada palavra.

Se olharmos para a palavra gato nos exemplos anteriores, perceberemos que cada
um tem uma função quando pensamos no eixo sintático. Na primeira sentença (a) o
termo gato está funcionando como objeto, já que se encontra depois do verbo. No
segundo exemplo (b) o mesmo sintagma passa a cumprir outra função: a de sujeito,
antecedendo o verbo e ao se associar com o artigo o. Já, na terceira sentença (c), o
sintagma gato em conjunto com o artigo um, desempenha a função de predicativo.

O que isso quer dizer? Isso quer dizer que quando a palavra gato aparece sozinho,
de forma isolada, ele pode exercer diferentes funções. Porém, na relação
sintagmática, ao olharmos a posição que cada termo ocupa dentro da sentença
teremos a função exata de cada um.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito dos sintagmas, considere a
leitura do arquivo Tipos de sintagmas e representações arbóreas, que
apresenta, de maneira resumida e didática, os tipos de sintagmas e as
suas respectivas construções em esquemas arbóreos, facilitando a
leitura da composição de cada um dos tipos de sintagmas.

Fonte: SANTOS, Saulo. Tipos De Sintagmas e Representações


Arbóreas. 2018.UFMG: Belo Horizonte.

ACESSAR

Nessa perspectiva, os sintagmas apresentam uma certa composição: dois


elementos sucessivos, sendo que um desses elementos é o principal e o outro; e o
subordinado, aquele que depende do principal para funcionar. Esses elementos,
respectivamente, também aparecem na literatura com as nomenclaturas
determinadas e determinantes. Continuemos com os exemplos dados
anteriormente: na constituição do sintagma o gato, o elemento principal, isto é, o
determinado, é gato e o elemento subordinado, ou seja, o determinante é o o.

Diante disso, no sintagma básico temos o sujeito e o predicado, sendo que o termo
determinado é o verbo e o que vai determinar é o sujeito, assim, sintagma é a
combinação das partes mínimas da unidade linguística, a qual é perceptível pela
linearidade das palavras.

Segundo Saussure (2006), há diferentes tipos de construções, porém com uma certa
hierarquia entre elas. Temos, então:

Sintagma morfossintático: que é a combinação dos morfemas em uma


palavra. Exemplos: re-tra-tar, chá-l-eira.
Sintagma suboracional: que é a combinação das palavras que formam um
membro oracional. Exemplos: Boa tarde, leite azedo.
Sintagma oracional: composto por uma oração. Exemplo: A menina é esperta.
Sintagma superoracional: composto por duas ou mais orações. Exemplo: Se
zer bom tempo, vou sair.

Portanto, chamamos de sintagmas a combinação dos elementos que se


estabelecem um após o outro, criando uma linearidade, tanto na oralidade como na
escrita. Assim, podemos concluir que o sintagma só é capaz de exercer sua
funcionalidade se houver uma composição entre os termos que antecedem ou
seguem um termo principal.
Conclusão - Unidade 1

Caro aluno(a),

Percebemos, no decorrer desta unidade, que os estudos da morfossintaxe vão além


da compreensão do processo de formação das palavras, ela nos traz as
funcionalidades das palavras dentro de uma sentença, ou seja, a funcionalidade da
língua, seja ela estabelecida na oralidade ou na escrita. E isso pode nos auxiliar nas
relações que criamos com o outro, a nal só assim alcançaremos um saber quali cado
e consolidado, a respeito da estrutura da língua e também do seu uso real, do seu
funcionamento no cotidiano.

Assim, pudemos observar que para compreendermos a sintaxe é necessário termos


bem de nidos os critérios morfológicos, ou seja, esses dois aspectos da gramática
estão relacionados, assim como tudo na língua.

Tivemos, ainda, a oportunidade de re etir sobre o modo como um estudioso da


linguagem deve estar sempre atento para as manifestações linguísticas, pois uma
expressão observada hoje como incorreta, amanhã pode vir a ser aceita, desde que
utilizada pelos falantes daquela língua, o que demandará dos seus estudiosos
esforços para entendê-la e encaixá-la dentro dos aspectos morfológicos e sintáticos,
isto é, no funcionamento da língua.

Leitura complementar
Caro aluno,

Sugerimos a leitura do artigo O DESENVOLVIMENTO DA LINGÜÍSTICA TEXTUAL NO


BRASIL, de Ingedore Villaça Koch, uma autora muito reconhecida na área da
linguagem, que, com esse artigo, nos ajuda a entender melhor o processo histórico
de constituição da linguística como ciência no contexto em que vivemos.
Tenha uma ótima leitura!

O artigo está disponível em:

ACESSAR

Livro
Filme
FERRAREZI JUNIOR, Celso. Sintaxe para a educação básica. São Paulo: Contexto,
2012. ISBN 978-85-7244-717-l.

FIORIN, José Luiz (Org). Introdução à linguística li: Princípios de análise. 3. Ed. São
Paulo: Contexto, 2004.

MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org). Manual De Linguística. São Paulo: Contexto,


2008.

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; SCHER, Ana Paula; VIOTTI, Evani de Carvalho. Sintaxe:
explorando a estrutura das sentenças. ln: FIORIN, José Luiz (Org). Introdução à
linguística li: Princípios de análise. 3. Ed. São Paulo: Contexto, 2004, p. 81-100.

PERINI, Mário A. Gramática descritiva do português. 4. ed. São Paulo: Ática, 2005.

SANDALO, Filomena. Morfologia. ln: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina.


Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 6. Ed. São Paulo: Cortez, 2006, p. 181 -
2006.

SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.


Unidade 2
Estrutura e formação
morfológica

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Olá, prezado(a) aluno(a)!

Seja muito bem-vindo(a) a mais esta etapa.

Na nossa língua o cial - na língua portuguesa - há incontáveis palavras que têm


características muito parecidas, essas, muitas vezes, pertencem inclusive ao mesmo
campo semântico, ou seja, carregam o mesmo sentido. Ainda assim, com todas
essas características, devemos nos atentar as suas formas, pois tais vocábulos, com
pequenas mutações, acréscimos, substituições ou reduções, podem transitar de
uma classe gramatical a outra, sem muita alteração em sua forma.

Nesse sentido, a morfologia nos auxilia a entender todas essas transformações da


palavra, a nal, a morfologia é a responsável por entender como a palavra se
estrutura e se forma, além de olhar de maneira particular para a palavra, de modo
isolado, suprimindo o seu funcionamento dentro de uma frase ou período.

Devido a essa necessidade de entender o funcionamento da nossa língua, partindo


de unidades mínimas, nesta unidade, juntos, iremos compreender quais são
efetivamente essas unidades mínimas, como elas funcionam na estruturação das
palavras e na sua formação.

Além disso, vamos discutir um pouquinho sobre a história da língua portuguesa,


mas não só da língua portuguesa, falaremos da língua portuguesa brasileira. A nal
de contas, não é possível falar da origem da nossa língua, sem entender o que
aconteceu aqui no nosso país.

Veremos que, ainda que a língua portuguesa tenha chegado às nossas terras em
nome dos portugueses, os agentes que realmente zeram a língua portuguesa
disparar no território brasileiro foram os índios, crioulos e mestiços, ou seja, falantes
de português, contudo não do português de Portugal, mas sim um português
entranhado de in uências indígenas e africanas, por isso temos uma herança
linguística tão rica e bonita.

Abordaremos ainda o resultado do acordo que tivemos entre os países que tem a
língua portuguesa como o cial, veremos que houve uma reforma nas regras de
escrita da nossa língua, com as quais devemos saber fazer uso, diante disso,
passaremos pelas principais mudanças que ocorreram com a reforma ortográ ca da
língua brasileira.

Esta será uma etapa de muito aprendizado e, principalmente, de muitas re exões.


Dessa maneira, convido você a encarar junto comigo a aventura que é desvendar a
língua portuguesa a partir da sua estrutura mínima e da sua formação, além de
entender como ela nasceu e se difundiu no nosso país.

Desejo bons e produtivos estudos!


Plano de Estudo
A estrutura da palavra;

A formação das palavras;

Origem do português
brasileiro;

A nova ortogra a da língua


portuguesa.

Objetivos de
Aprendizagem
Entender como as palavras se
estruturam;

Compreender como ocorre a


formação das palavras;

Conhecer a construção histórica


da língua portuguesa;

Decifrar o novo acordo


ortográ co.
A estrutura da palavra

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
A parte da gramática responsável por estudar a estrutura das palavras é a
morfologia, e, como já sabemos, ela se individualiza ao olhar para o vocábulo de
forma isolada, desconsiderando o seu funcionamento dentro de uma frase ou
período.

Nessa mesma direção, sabemos também que há, na língua portuguesa, inúmeras
palavras que têm suas formas parecidas, as quais, muitas vezes, concernem no
mesmo campo semântico; contudo, é preciso destacar que, dependendo da forma
em que variam, podem receber classi cações morfológicas bem diferentes. Neste
tópico iremos entender como são determinadas a estrutura das palavras e os
principais procedimentos que dão origem ao vocábulo.

Para iniciarmos devemos lembrar que uma palavra é formada por unidades
mínimas, as quais possuem signi cado. Chamamos essas unidades mínimas de
morfemas. Observe, no quadro 1.1, abaixo, as semelhanças e diferenças na formação
das palavras, devido aos morfemas.

Quadro 1.1 – Semelhanças e Diferenças

estudar canto válido terras

estudo cantiga validez terreiro

estudante canção validade terrenos

estudantil cantoria validação térreo

estudável cantor valeu subterrâneo

estudioso encantado validar enterrássemos

reestudar desencanto invalido aterravas

estudado cantadas invalidade desterrarei

Fonte: a autora.

Ao analisarmos o quadro acima, percebemos, com certa facilidade, os morfemas, os


quais, como colocado anteriormente, trazem signi cados para a palavra. Outro
exemplo é quando a rmamos que a palavra queridas é um adjetivo feminino e que
está no plural, ou ainda quando falamos que a palavra cantássemos é um verbo da
primeira conjugação, que está conjugado na primeira pessoa do plural, do
imperfeito do subjuntivo. Essas declarações só são possíveis devido à presença dos
morfemas.

De acordo com Bechara (2010), a palavra se constitui a partir de dois morfemas, são
eles: o radical - que expressa o signi cado dos elementos do mundo em que
estamos inseridos, conhecido como signi cado lexical ou externo – e os a xos, que
são representados pelos morfemas de exão e os morfemas de derivação – este
expressa o sentido gramatical ou interno das palavras.

Desse modo, podemos entender o radical como o núcleo em que centra o


signi cado relacionado aos elementos do mundo em que vivemos: ações,
qualidades, seres, ofícios etc.; a partir do qual constitui-se às famílias morfológicas. É
possível entender o radical, ainda, como uma base que liga todas as palavras de uma
mesma família - uma base comum de signi cação. Para melhor compreensão
observe as palavras que seguem e a base que as compõem: terra, terreiro, terreno,
térreo e assim por diante.

Os a xos, por sua vez, são morfemas que podem ser acrescentados no início ou no
nal do radical, agregando um sentido à palavra, sendo possível restringir esse
sentido ou especi car. OS a xos são subdivididos dependendo da posição em que
aparecem. Veja:

Prefixos: quando aparecem antes do radical

Afixos

Sufixos: quando aparecem depois do radical

Para exempli car, podemos considerar:

Radical

Vidraria Envidraçar Vidrinho

Prefixo
Sufixo Sufixo Sufixo

Nessa direção, os su xos, ao se vincularem ao radical, formam novas palavras, pois


emprestam ao radical uma ideia acessória, além de marcar a categoria da palavra:
substantivo, adjetivo, verbo entre outras. Segundo Bechara (2010, p. 502), “O su xo se
relaciona a palavra a que se agrega aos nomes aumentativos ou diminutivos, aos
nomes de agente, de ação, de instrumentos, aos coletivos, aos pátrios, etc.”.
Podemos citar como exemplo: cadernão (aumentativo), canequinha (diminutivo),
professor, agricultor, pedreiro (agentes e ofícios), mercadejar (repetição de ação),
ensino, punição, noivado (ações) etc.

Já os pre xos, ao se agregarem a uma base, dão uma signi cação e se relacionam
semanticamente com as preposições. “Os pre xos em geral, se agregam a verbos [...]
ou a adjetivos: in-feliz, des-leal, sub-terrâneo. São menos frequentes os derivados
em que os pre xos se agregam a substantivos; os que mais ocorrem são, na
realidade, deverbais, como em des-empate.”

Ao analisar os pre xos constatamos que eles podem aparecer como formas livres,
além de ter mais força signi cativa, diferente dos su xos que adquirem valor
morfológico. Os pre xos também não podem delimitar a categoria gramatical de
uma palavra, assim como os su xos.

Importante destacar que entre o radical e os a xos pode haver o que denominamos
de vogal temática, a qual, de acordo com Bechara (2010, p. 498) “[...] tem uma missão
classi catória, pois distingue os nomes e os verbos em grupos ou classes conhecidos
por grupos nominais (casa/livro/ponte) e grupos verbais, também chamados
conjugações”. Desse modo, quando analisamos palavras como: cant-á-ssemos, diss-
é-ssemos, part-í-ssemos, sabemos que elas pertencem, respectivamente, à 1ª, 2ª e 3ª
conjugação.

Esse enlace entre o radical e a vogal temática é conhecido como tema: parte da
palavra pronta para funcionar no enunciado e receber os a xos, como em casa + s,
caderno + s, pote + s. Porém, muitas vezes, ao receber o a xo, a vogal temática
desaparece, como é o caso de cas(a)inha. As vogais temáticas, nos nomes, são
marcadas pelos morfemas a, o e e (porta, copo, pente); já nos verbos os morfemas
são a, e, e i (cantar, correr, dormir).

Concluímos, dessa maneira, que as palavras são estruturadas a partir dos elementos
que compõem os vocábulos, os quais são conhecidos como morfemas – unidades
mínimas, plenas de signi cados, tais como a raiz, o radical, os a xos (pre xos e
su xos), vogal temática e assim por diante.
A formação das palavras

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
As línguas foram criadas para suprir uma das necessidades do ser humano – se
comunicar. E para que isso seja possível, os falantes de uma língua identi cam,
classi cam e nomeiam coisas, objetos e elementos, sobre os quais se deseja falar,
sejam eles abstratos ou concretos, ctícios ou reais, naturais ou não. Desse modo, de
acordo com Basílio (2004, p. 9), “a língua é ao mesmo tempo um sistema de
classi cação e um sistema de comunicação”.

Nessa direção, a língua apresenta estratégias linguísticas que proporcionam a


formação de novas palavras, e o léxico esta diretamente relacionado a essa
estratégia, esse que, de acordo com a mesma autora, é um banco de dados
previamente classi cados, em que são depositados unidades básicas, ou seja, as
palavras, as quais utilizamos para construir sentenças.

Contudo, esse banco de dados é um sistema fechado, que não é su ciente para a
construção de enunciados completos em Língua Portuguesa. Isto porque, estamos
sempre construindo e reconstruindo, conhecendo e reconhecendo, produzindo e
reproduzindo novos objetos, elementos e seres, desse modo, temos a necessidade
de um sistema e caz, capaz de oferecer dinamismo e expansão, conforme as
necessidades de novas palavras vão surgindo.

REFLITA
“O princípio fundamental da arbitrariedade do signo não impede
distinguir, em cada língua, o que é radicalmente arbitrário, vale dizer,
imotivado, daquilo que só́ o é relativamente. Apenas uma parte dos
signos é absolutamente arbitrária; em outras, intervém um fenômeno
que permite reconhecer graus no arbitrário sem suprimi-lo: o signo
pode ser relativamente motivado.”

Fonte: SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. Trad. bras.


Antônio Chelini et al. 20 ed. São Paulo: Cultrix, 1995, p. 152.

Ao pensar nesse sistema e caz, podemos entender esse processo da seguinte


maneira: o léxico primeiro oferece uma designação para novos objetos e,
posteriormente, a partir dessas designações, surgem novas construções, podemos
citar como exemplo a designação global, da qual houve desdobramentos e
obtivemos termos tais como globalização e globalizar. É interessante ainda,
pensarmos que as palavras vão surgindo conforme as nossas necessidades, um
exemplo disso foi os desdobramentos que surgiram com a chegada de tecnologias
mais avançadas, antes falávamos em xerocar, palavra derivada do xerox; hoje
falamos em imprimir, impressão, impressora e assim por diante.
Nessa direção, segundo Basílio (2004, p. 9),

O léxico, portanto, não é apenas de um conjunto de palavras. Como


sistema dinâmico, apresenta estruturas a serem utilizadas em sua
expansão. Essas estruturas, os processos de formação de palavras,
permitem a formação de novas unidades no léxico como um todo e
também a aquisição de palavras novas por parte de cada falante.

Todavia, o nosso sistema de comunicação – a língua – não pode ser sintetizada


apenas no que se refere ao aumento do número de símbolos, pois, se assim o fosse,
nós precisaríamos decorar uma in nidade de novos símbolos, o que tornaria o
sistema inapto, além de dependente da nossa memória. O que temos,
efetivamente, é a ampliação do léxico por meio de estratégias de formação de
palavras.

Nesse sentido, de acordo com Bechara (2010), o artefato lexical de uma gramática é
distribuído em três partes: derivação e composição, por meio das quais temos
estratégias linguísticas que permitem a formação de novas palavras.

Comecemos pela composição. A composição equivale a junção de dois ou mais


elementos signi cativos em uma língua, sendo que essa junção resulta em uma
nova palavra, com signi cado único. São exemplos de palavras compostas: ponta +
pé = pontapé; plano + alto = planalto.

Quando analisamos os exemplos colocados anteriormente notamos uma paridade –


as duas palavras são formadas por outras palavras – e uma disparidade – a palavra
pontapé, ao ser formada, não sofreu nenhuma alteração, denominamos esse
processo composição por justaposição. Já, a palavra planalto sofreu uma alteração
no processo de composição, uma das palavras – plano – perdeu uma letra – o –, isso
acontece para facilitar a pronúncia da palavra. Esse processo é intitulado
composição por aglutinação. Observe o esquema abaixo:
Diagrama 2.1 – Composição

Composição

Justaposição Aglutinação
(não sofre alteração) (sofre alteração)

Ponta + aguda =
Peixe + espada = pontiaguda
peixe-espada outra + hora =
outrora

Fonte: a autora.

A derivação, por sua vez, é o processo que dá origem a outra, por meio de uma única
palavra já existente na língua, por meio de a xos. Assim, a palavra também pode ser
composta por meio da derivação pre xal, derivação su xal ou ainda por meio da
derivação parassintética.

A derivação pre xal acontece quando o a xo é anexado antes da palavra de origem


(primitiva), por exemplo: reter, conter, desligar. Por outro lado, a derivação su xal
acontece quando o a xo é anexado depois da palavra de origem, por exemplo:
ruazinha, jardinagem, capitalista. No que se refere a derivação parassintética, ela
ocorre quando temos, simultaneamente, a junção dos a xos pre xal e su xal no
radical (palavra primitiva), por exemplo: esfriar (es + frio + ar), apaixonar (a + paixão +
ar), emudecer (e + mud(o) + ecer).

Esquematizando temos:
Diagrama 2.2 – Composição

Derivação
(Composição por afixos)

Prefixal Sufixal
(antes do radical (depois do radical
prefixo + radical ) radical + sufixo )

Parassintética
(amtes e depois do radical
prefixo + radical + sufixo )

Fonte: a autora.

Em suma, como vimos a língua apresenta estratégias linguísticas que proporcionam


a formação de novas palavras, além disso, temos um banco de dados previamente
classi cado, em que vamos depositando palavras, as quais selecionamos,
reorganizamos e reestruturamos para nos comunicar. Ademais, vimos que um
sistema fechado não é su ciente para que as necessidades linguísticas sejam
sanadas, a nal a língua está em constante transformação, exigindo que as palavras
sejam revistas e reestruturadas e, para isso, temos aliados gramaticais, como a
derivação e a composição.
Origem do português
brasileiro

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Não é novidade que o português não surgiu no Brasil, embora o nosso país seja o
maior do mundo que fala a língua. O português foi implantado no Brasil, devido a
colonização portuguesa, há mais de 500 anos. Neste tópico, iremos falar um pouco
sobre a origem da nossa língua.

A primeira pergunta que poderíamos colocar é: quando surgiu a língua portuguesa?


E poderíamos respondê-la com certa exatidão, se a olhássemos, assim como os
pesquisadores do século XIX, como um organismo que nasce, se desenvolve e
morre, assim como seus falantes.

Contudo, como colocado em momentos anteriores, hoje sabemos que a língua é um


organismo vivo em constante transformação, mas que não morrem, com exceção, é
claro das línguas minoritárias, como as línguas indígenas, que, ao perderem todos os
seus falantes em um curto período de tempo, além da imposição de outra língua, no
caso o português, morrem.

Nessa direção, de acordo com Ilari e Basso (2009, p. 13-14),

Não há ruptura entre a língua que os brasileiros falam hoje e a língua


falada em Portugal antes dos descobrimentos, assim como não há
ruptura entre o português do tempo dos descobrimentos e o romance
português, ou seja, a língua românica falada no norte de Portugal no
nal do primeiro milênio. O mesmo vale para o conjunto das línguas
românicas em relação ao latim.

Dessa forma, não é possível contar uma história da língua portuguesa brasileira, sem
considerar os 500 e tantos anos de história de desenvolvimento, adaptações e
interpretações que permeiam a constituição da nossa língua.

Quando falamos em origem da língua portuguesa, lembramos logo do latim, a nal


todos sabemos que é esta língua romana, mais especi camente dos falantes da
Roma antiga, que deu origem à nossa. Porém, não é difícil, ainda, quando ouvimos
essa palavra, nos remetermos àquela disciplina que antigamente era ensinada na
escola média ou a língua em que era usada para a celebração das missas, da igreja
católica. Nessas duas conjunturas, a língua estudada era, respectivamente o latim
literário e o latim eclesiástico, contudo, havia uma terceira variação do latim, a qual
deu origem à língua portuguesa e à todas as outras línguas românicas – o latim
vulgar, sendo ele vernáculo.

A palavra vernáculo indica um modo de aprender uma língua, sendo que esse
método impugna todo o aprendizado que é ofertado pela escola e considera apenas
o que é adquirido de maneira natural, por assimilação espontânea e inconsciente,
no ambiente sociocultural em que o sujeito está inserido.

Para exempli car podemos pensar em construções verbais, tais como: fá-lo-ei, dir-
lhe-ia, eu dormira, expressões as quais um falante de língua portuguesa brasileiro
não as conheceram, com todo certeza, de maneira espontânea, mas sim por meio
do aprendizado formal, na escola, visto que, a probabilidade de um brasileiro
pronunciar tais construções é praticamente zero, diferente de construções como: eu
vou fazer isso, eu diria isso para ele, eu vou dormir, as quais uma criança assimilaria
de maneira espontânea, sem a necessária interferência do ensino formal. Em suma,
diante dos exemplos, podemos a rmar que estas são vernáculas, enquanto que
aquelas não são.

Nessa perspectiva, após conquistas militares, o império Romano manteve-se estável


por um longo período, sendo que o latim vulgar foi a língua que predominou nesse
período, isso aconteceu de tal forma que o latim vulgar foi ganhando espaço e se
uniformizando cada vez mais, e isso abrangeu uma grande parte da Europa
ocidental.

Porém, esse período estável teve um rompimento, devido às invasões bárbaras, que
zeram que a unidade linguística começasse a se desfazer. Assim, no nal do século
X, o território linguístico românico começou a sofrer in uências externas e cada
território local, pouco a pouco, foi conquistando um linguajar local. Segundo Ilari e
Basso (2009, p. 15) “Essa fragmentação do latim vulgar contrasta não só com a
relativa uniformidade do próprio latim vulgar durante o período imperial, mas ainda
com a uniformidade do latim literário e do latim eclesiástico, que continuaram
sendo usados para outros ns, ao lado da fala popular”.

Após algum tempo, essas linguagens locais, derivadas do latim vulgar, foram
ganhando prestígio até que se transformaram no que conhecemos hoje como
línguas românicas: o romeno, o italiano, o sardo, o reto-românico (falado na Suíça e
em algumas regiões do norte da Itália), o occitano, o francês, o catalão, o espanhol, o
galego e o português.

De acordo com Ilari e Basso (2009, p. 17)

O latim vulgar e o latim literário eram parcialmente diferentes tanto em


sua estrutura gramatical quanto em seu léxico; é por isso que certas
características marcantes da frase latina, tais como as declinações, a
voz passiva sintética, a construção de acusativo com in nitivo ou o
ablativo absoluto não aparecem em todas as línguas românicas; pelo
mesmo motivo encontramos no português palavras como casa, boca
ou espada em vez de domus, os ou gladius.

Nessa mesma direção, podemos a rmar que, ainda que o português seja derivado
do latim, não temos domínio para compreender a literatura latina. O latim sempre
foi uma referência cultural e objeto de pesquisa de grandes pesquisadores, os quais
buscavam a partir do latim resgatar culturas e a ns. Além do mais, o latim foi a
língua mundial até o século XVIII, quando perdeu seu lugar para a língua francesa,
que, por sua vez, no século XX, foi substituída pelo inglês.
Não é possível falar da origem da língua portuguesa, sem entender o que aconteceu
no Brasil, desde que Pedro Alvares Cabral, em 22 de abril de 1500, pôs os pés nas
terras brasileiras. No processo de colonização, os portugueses espalharam pelo
nosso território inúmeras aldeias e vilas, das quais os nomes remetiam a Coroa
portuguesa.

Ainda que esse processo tenha sido realizado em nome dos portugueses, os agentes
não foram os portugueses. Nas grandes expansões territoriais, processos
econômicos quem protagonizava eram os índios, crioulos e mestiços, ou seja,
falantes de português, mas não do português de Portugal, um português
entranhado de in uências indígenas e africanas, devido aos escravos que foram
trazidos pelos portugueses.

Para Ilari e Basso (2009, p. 55), “para entender a difusão da língua portuguesa no
território brasileiro, não basta pensar em tratados, conquistas e fronteiras, é
necessário também considerar a forma (ou antes, as formas) como se deu a
ocupação efetiva do espaço”.

A língua indígena que mais in uenciou o português brasileiro foi a língua dos
indígenas que moravam no litoral: Tupinambá ou Tupi-guarani. Ao lado do
português essa língua foi usada como língua geral na colônia, já que os jesuítas,
vindos para a catequização dos indígenas, estudaram e acabaram difundindo a
língua.

Mas isso não durou muito, em 1757, a Coroa portuguesa proibiu o uso da Língua
Tupi, assim, como o português já superava o Tupi, o português se tornou a língua
o cial do Brasil. E assim o português foi tomando conta do território, se espalhando
cada vez mais e esmagando as línguas indígenas que tínhamos, hoje podemos dizer
que perdemos muito com isso, tanto no que se refere a nossa identidade linguística
quanto cultural.

De qualquer maneira, ainda assim, herdamos muitas palavras das línguas indígenas,
como macaxeira, capivara, catapora, mingau etc. e também africanas como,
moleque, quitanda, fubá, entre outras, e essas culturas foram agregando na então
língua o cial, afastando o português do brasil do português de Portugal, o qual
tinha, por sua vez, a in uência do francês.

Entre 1808 e 1821, a família real veio para o Brasil e nesse momento da história o
português do Brasil e o de Portugal voltaram a se aproximar, visto a grande
quantidade de portugueses presentes nas capitais. Contudo, com a independência,
em 1822, houve uma grande onda de imigração, vieram holandeses, espanhóis,
entre outros, que também começaram a in uenciar a nossa língua, e isso explica o
porquê de tantos sotaques e diferenças regionais no nosso país.

Mas foi com o movimento modernista que se consagrou a normatização da nossa


língua. Esse movimento criticava a valoração excessiva que ainda se destinava à
cultura europeia e incentivou os brasileiros a valorizar o que pertencia a eles: a
língua brasileira.
Tivemos, há uma década, a reforma ortográ ca, resultado de um acordo entre os
países que têm a língua portuguesa como o cial. Com essa reforma algumas regras
de escrita, que diferenciavam as normas, foram revistas, contudo, no que se refere à
oralidade, podemos ter certeza de uma coisa: temos estimáveis distinções.
A nova ortogra a da língua
portuguesa

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
O novo acordo ortográ co da língua portuguesa não visa a modi cação no nosso
modo de falar, nem poderia. O seu objetivo é uniformizar e facilitar a escrita, para que,
segundo estudiosos que defendem esse tipo de acordo, livros publicados não
precisariam mais ser revistos antes de chegar em nossas mãos e vice-versa. Isso
também facilitaria o acesso, além de Portugal, de países como Angola e Moçambique,
às publicações de livros e revistas publicadas no Brasil, o que valorizaria o mercado.

Nessa perspectiva, o novo acordo ortográ co visa, como dito anteriormente, a


uni cação das regras da língua portuguesa por todos os países que a tenha como
língua o cial. Desse modo, visto a importância de estar alinhado às mudanças da
nossa língua, veremos neste tópico as principais mudanças que ocorreram na escrita
do português, propostas pelo novo acordo.

As mudanças começam no alfabeto, isso mesmo, o alfabeto que era composto por 23
letras, das quais cinco são vogais, agora é composto por 26 letras. Antes do acordo as
letras k, y e w só eram utilizadas (ou deveriam ser) em casos de estrangeirismo e
abreviaturas. Agora, essas letras pertencem o cialmente ao nosso alfabeto.

Houve também modi cações nas regras quanto às letras maiúsculas e minúsculas.
Agora, nomes de estação de ano, meses e dias de semanas devem ser grafados com
letra minúscula, desse modo temos: verão, inverno, janeiro, março, domingo, sábado e
assim por diante. Antes essas eram grafadas com letra maiúscula. O mesmo se aplica
aos pontos cardeais: norte, sul, leste, oeste, sudeste, nordeste etc. Estes também
eram grafados com letras maiúsculas antes do acordo.

Em contrapartida, agora é facultativo, ou seja, não é obrigatório, pode ser acatado ou


não, o uso de letra minúscula em termos que compõem citação bibliográ ca, com
exceção do primeiro e daqueles que são, obrigatoriamente, marcados com maiúscula.
Por exemplo, antes do acordo, ao citar o nome de um livro, fazíamos da seguinte
forma:

Memórias Póstumas de Brás Cubas;


A Montanha Mágica;
A Volta ao Mundo em 80 Dias.

Agora podemos grafar da seguinte maneira:

Memórias Póstumas de Brás Cubas ou Memórias póstumas de Brás Cubas;


A Montanha Mágica ou A montanha mágica;
A Volta ao Mundo em 80 Dias ou A volta ao mundo em 80 dias;

É facultativo, ainda, o emprego de letras minúsculas nos termos de tratamento ou


referência e em termos que designam crenças religiosas. Assim, temos:

Santa Clara 🡪 santa Clara


Doutor José de Alencar 🡪 doutor José de Alencar
Papa João Paulo II 🡪 papa João Paulo II
Governador João Carlos 🡪 governador João Carlos
Excelentíssimo Senhor Juiz 🡪 excelentíssimo senhor juiz

Da mesma forma, vocábulos que indicam domínios de saber e a ns, podem ser
grafados com letra minúscula: português, letras, literatura, linguística, física quântica,
química, geogra a humana, artes plásticas, e assim por diante.

Uma das regras que sofreu mais mudanças, de acordo com Silva (2009), foi a
acentuação, devemos considerar que:

Houve a eliminação do trema na letra u, que segue as letras g ou q e


antecipa as letras e ou i. Assim: lingüiça passou a ser grafada
linguiça; liqüidaçao passou à liquidação; lingüistica passou à
linguística; agüentar passou a aguentar, conseqüência à
consequência etc.

Houve a eliminação também do acento agudo nos ditongos abertos,


das palavras paroxítonas, -ei e -oi. Como em: jiboia, anteriormente
jibóia; epopeia, anteriormente epopéia; ideia, anteriormente idéia;
paranoico, anteriormente paranoico; geleia, anteriormente geléia. É
importante ressaltar que essa queda na acentuação ocorreu apenas
nas paroxítonas, nas oxítonas, como anéis, papéis, corrói, remói, entre
outras, a acentuação é necessária.

Houve a eliminação do acento agudo nas paroxítonas com as letras i


ou u tônicos antecedidos de ditongos, como em: feiura,
anteriormente feiúra; boiuna, anteriormente boiúna, cauila,
anteriormente cauíla. Da mesma forma que na regra anterior, essa
regra se aplica apenas às paroxítonas, pois as proparoxítonas devem
continuar sendo acentuadas, como, por exemplo em: maiúsculo,
feiíssimo, cheiíssimo e assim por diante, e ainda os que possuem i ou
u, mas não são pospostos por ditongos, como em: cafeína, saúde,
saída, país etc.
Houve a eliminação do acento circun exo nos encontros vocálicos -
oo e -ee, como em: enjoo, anteriormente enjôo; perdoo,
anteriormente perdôo; abençoo, anteriormente abençôo; voo,
anteriormente vôo; creem, anteriormente crêem; reveem,
anteriormente revêem; leem, anteriormente lêem.

Houve a eliminação dos acentos agudo e circun exo em algumas


palavras cuja diferença era representada, justamente, pelo acento, ou
seja, em palavras homógrafas, vejamos abaixo a lista das palavras em
que o acento caiu:

Quadro 4.1 – Comparativo de palavras homógrafas que perderam a acentuação

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

para 🡪 gra a para as duas


pára (verbo parar) e para (preposição).
classes gramaticais.

péla (verbo pelar), péla (substantivo) e pela pela 🡪 gra a para as três
(preposição). classes gramaticais.

pólo (substantivo), pôlo (substantivo) e polo 🡪 gra a para as três


polo (preposição arcaica). classes gramaticais.

pélo (verbo pelar), pêlo (substantivo) e pelo pelo 🡪 gra a para as três
(preposição). classes gramaticais.

pêra (substantivo), péra (substantivo) e pelo 🡪 gra a para as três


pera (preposição arcaica). classes gramaticais.

Fonte: elaborado pela autora.

Porém, nas palavras homográ cas pôr (verbo) o acento continua obrigatório, para
que não se confunda com a preposição por. A mesma regra se aplica a palavra pôde
(verbo no passado), para diferenciá-lo da palavra pode (verbo no presente). Já, na
palavra fôrma/ forma, o acento é facultativo.

Outra alteração signi cativa que tivemos, com o novo acordo ortográ co, foi com
relação a utilização do hífen. Vejamos:
Quadro 4.2 – A utilização, a manutenção e a eliminação do hífen

REGRA EXEMPLOS EXCEÇÃO

Palavras A palavra
derivadas Sempre utilizaremos Super-herói; anti- composta por
por o hífen quando a herói; anti- sub + humano
pre xação, segunda palavra higiênico; co- perde o h, ao
em que o iniciar com h e tiver herdeiro; sobre- se juntar,
segundo como antecessor um humano; mini- assim,
termo inicia pre xo. hotel; etc. teremos:
com h subumano.

O pre xo co,
pre, re, entre
outros, se
Palavras Coautor; juntará ao seu
Quando as vogais do
derivadas extraescolar; radical, ainda
pre xo e da palavra
por infraestrutura; que ele seja
que o procede forem
pre xação autoaprendizado; iniciado com
diferentes, não se
com vogais agroindústria; vagal igual.
utiliza hífen.
diferentes aeroespacial; etc. Como em:
coordenador,
preestabelecer;
reerguer.

Qualquer
consoante,
Palavras
Autocorretor; com exceção
derivadas
Quando o pre xo contrarregra, do h. Perceba
por
terminar por vogal e minissaia; que para uma
pre xação,
o segundo iniciar por seminovo; melhor
sendo o
qualquer consoante microcirurgia; pronúncia,
segundo
não utilizaremos semicírculo; quando o
termo
hífen ultrassonogra a segundo
iniciado por
etc. termo se inicia
consoante.
com s e r, estas
letras dobram.

Palavras Usa-se hífen em Amor-perfeito; Esta regra é a


compostas palavras compostas quebra-pedra; que mais
por por justaposição em tenente-coronel; causou debate,
justaposição que os termos ano-luz; arco-íris; visto que não
constroem uma bem-te-vi, conta- especi ca,
unidade semântica, gotas; erva-doce; exatamente,
porém, com uma guarda-chuva; em que casos
tonicidade própria, e etc. deve haver o
ainda os que uso do hífen.
compõe espécies
botânicas e
zoológicas.

Mantem-se o hífen
em termos derivados
por pre xação, em
que o pre xo
termine por r e o Super-resistente;
segundo termo inter-relacionado;
inicia-se por r; ou pan-americano;
Manutenção
com os pre xos pan-mágico; pré-
em palavras
circum e pan com o escola; além-mar;
derivadas –
segundo termo ex-diretor; pré-
por
iniciando por vogal, natal; pró-
pre xação
m ou n; ou em africano; grã-
qualquer condição na; grão-
para alguns pre xos mestre.
(além-, ex-, sota-,
soto-, vice-, vizo-,
pós-, pré-, pró-, grã-,
grão).

Fonte: a autora.

O novo acordo ortográ co também trouxe regras quanto às letras mudas, agora as
letras mudas que não são pronunciadas devem ser eliminadas, como, por exemplo,
em ação, anteriormente grafada acção; batizar, anteriormente baptizar; direto,
anteriormente directo; objeção, anteriormente objecção; Egito, anteriormente Egipto;
entre outros.

Por m, foi estabelecido, ainda, uma regra quanto a separação silábica. Ficou
determinado que: se, ao escrever, a linha nalizar com a separação de uma palavra
que leva consigo a gra a do hífen, este deve ser repetido na linha seguinte. Desse
modo, se estivermos escrevendo um texto a mão, por exemplo, na hora em que
formos separar as sílabas, porque ela não coube inteira naquela linha, e a palavra
coincidir com o hífen, este deve ser repetido no começo da linha seguinte. Isso tanto
para os casos de ênclise (pronome colocado após o verbo: fala-se, diz-se, come-se
etc.), como para palavras que, de acordo com a nova ortogra a, devem ser grafadas
com o hífen.

Podemos exempli car da seguinte forma:


O reitor não recebeu os ex-- alunos da graduação.

O melhor chá é o de erva- - doce para acalmar.

Em Campina Grande, fala-- se muito em cultura.

Pelo que acabamos de ver, percebemos que o novo acordo ortográ co propõe uma
padronização parcial. A nal, segundo Silva (2009, p. 55-56), o novo acordo ortográ co

não soluciona de nitivamente o “problema” das diferenças ortográ cas


entre os países lusófonos, aliás um dos principais argumentos
empregados por seus detratores. Versando sobre uma série de detalhes
da escrita em língua portuguesa, que vão da utilização do hífen à
acentuação grá ca, passando pelo emprego de letras maiúsculas ou
pela separação silábica, o novo acordo pretende, contudo, homogeneizar
ao máximo a gra a dos vocábulos, promovendo, para tanto,
modi cações estruturais na forma de escrever algumas palavras do
idioma. Embora o acordo pretenda manter a maior parte dos recursos
ortográ cos atualmente vigentes, não resta dúvida de que as poucas
modi cações propostas já são su cientes para colocar os escritores,
editores, professores, linguistas e utentes da língua em geral sob reserva
e suspeição.

Nessa mesma direção, podemos a rmar que os maiores embates, levantados por
críticos da língua portuguesa quanto ao acordo ortográ co, dizem respeito ao fato da
ausência de discussões mais democráticas e amplas sobre as novas regras, as quais,
segundo esses críticos, caram em volta de poucos representantes da academia
portuguesa e brasileira.

Desse modo, conforme o reconhecido gramático Evanildo Bechara (2000), é preciso


considerar, nesse novo acordo, uma série de fenômenos linguísticos (a acentuação
tônica relativa aos contrastes de timbre aberto e fechado, as variantes fonéticas de
língua, o uso do hífen etc.), a m de se realizar um trabalho realmente condizente
com as necessidades práticas da língua escrita.

Entretanto, indo além de um novo acordo ortográ co, em que a preocupação se


respaldava em uma promoção grá ca única do idioma, na escrita, e imposta por
“poucos”, é necessário considerar que só uma política linguística responsável será
capaz de alcançar o reconhecimento da nossa língua, apenas uma política bem
estruturada, que considere a necessidade de atribuir, por meio da pedagogia e da
educação formal, a competência linguística aos seus falantes da língua portuguesa,
seja portugueses, brasileiros, moçambicanos, ou qualquer outro que a tenha como
língua o cial.
Contudo, enquanto não alcançamos essas mudanças, o que nos resta é entender,
utilizar e ensinar o novo acordo ortográ co.

SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento, leia a dissertação de mestrado,
intitulada Derivação pre xal: um estudo sobre alguns pre xos do
português brasileiro, de Solange Mendes Oliveira, pela Universidade
Federal de Santa Catarina, para aprofundar seus conhecimentos sobre os
pre xos e su xos em língua portuguesa brasileira.

ACESSAR
Conclusão - Unidade 2

Caro aluno(a)!

Chegamos ao nal de mais uma etapa.

Espero que esta unidade tenha contribuído para a sua compreensão de como a
estrutura e a formação das palavras da língua portuguesa acontecem. Vimos que a
língua apresenta estratégias linguísticas que proporcionam a formação de novas
palavras, além disso, temos um banco de dados previamente classi cado, em que
vamos depositando palavras, as quais selecionamos, reorganizamos e reestruturamos
para nos comunicar.

Ademais, observamos que um sistema fechado não é su ciente para que as


necessidades linguísticas sejam sanadas, a nal a língua é viva e está em constante
transformação, determinando que as palavras sejam revistas e reestruturadas e, para
isso, temos aliados gramaticais, como a derivação e a composição.

Nesta unidade também tivemos a oportunidade de discutir sobre a origem da língua


portuguesa, o que permitiu uma maior compreensão do seu surgimento, de como
ela começou a ser difundida e como chegou ao Brasil.

Isso porque, não é possível, para nós brasileiros, falar de estrutura de palavras, da
formação de palavras, en m, de morfossintaxe, sem entender como a nossa língua
chegou e foi difundida no nosso país, até mesmo porque temos plena consciência
que, ainda que seja uma língua herdada dos portuguesa, há muitas e grandes
diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal, principalmente
quando falamos da oralidade.

En m, com mais esta etapa concluída, tenho certeza que você subiu mais um degrau
na escalada do conhecimento.

Sigamos sempre em frente!


Leitura complementar
Estimado aluno,

Sugerimos a leitura da reportagem “Professor fala das origens das palavras da língua
portuguesa”, que aborda de maneira descomplicada as origens do nosso idioma,
trazendo para a discussão os termos em latim e grego, além das palavras indígenas,
africanas e árabes que constituem o nosso vocabulário.

Desejamos uma ótima leitura!

A reportagem está disponível em:

ACESSAR

Livro
Filme
BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2010.

BECHARA, Evanildo. Em demanda d o s enlaces na sistematização ortográfica. Brasil


e Portugal. 500 anos de enlaces e desenlaces. Rio de Janeiro: Real Gabinete
Português de Leitura, 2000.

ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos a


língua que falamos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2009.

SILVA, Maurício. O novo acordo ortográfico da língua portuguesa: o que muda, o


que não muda. 2. ed. - São Paulo: Contexto, 2009.
Unidade 3
Estruturação sintática I

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Estimado aluno(a),

Seja bem-vindo a mais uma unidade de aprendizagem!

Já entendemos a importância de usar, e usar bem, a língua portuguesa,


compreendemos que ela é dividida em várias partes e que cada uma corresponde a
uma área especíca ̀ da gramática da nossa língua. Nesta unidade, vamos nos
debruçar um pouquinho mais sobre a sintaxe, visto que ela é uma das partes
essenciais da gramática da língua portuguesa, responsável por entender a função
das palavras dentro de uma frase, a relação que essas palavras estabelecem entre si
e também a relação que existe entre as orações dentro de um período. Opa! Vamos
com calma, não é?!

Não se preocupe, nesta unidade, nós vamos, antes de qualquer coisa, entender a
diferença entre frase, oração e período, pois, como colocado, a sintaxe também é
responsável por essa relação entre as orações, as quais, se bem formuladas, vão
garantir coesão e coerência para os nossos enunciados.

Posteriormente, vamos esmiuçar as orações, vamos entender como elas são


formadas, quais os termos essenciais das orações.

No tópico três, veremos que os períodos são formados por orações, as quais podem
ser dependentes uma da outra ou não. Compreenderemos que essa relação pode
trazer diferentes sentidos para o nosso enunciado.

Por m, ̀ vamos falar um pouquinho sobre um assunto temido por muitos – a crase –
essa temática é de fundamental importância quando pensamos nessas relações
entre as orações, por isso, vamos dar uma paradinha na análise sintática para falar
dela, bem como da pontuação, mais especi camente sobre o vírgula, a qual pode
nos auxiliar de acordo com o sentido que queremos dar aos nossos textos.

Espero que essa unidade suscite em você a vontade de aprender mais, anal, ̀ a
gramática é imensa e só uma pessoa curiosa e com vontade de saber mais pode
desvendá-la. Aqui, nós apresentamos uma pequena amostra de como a nossa
língua se desdobra e a nossa gramática funciona.

Desejo bons estudos e muita curiosidade!


Plano de Estudo
ç ep
Frase, oração período;

Os termos da oração:
essenciais e acessórios;

As classes de palavras e
regência;

Crase e pontuação: aspectos


sintáticos.

Objetivos de
Aprendizagem
Conceituar e diferenciar frase,
oração e período;

Compreender os diferentes termos


da oração;

Entender como as orações se


relacionam dentro de um período;

Analisar aspectos importantes em


uma análise sintática.
Frase, oração e período

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
A sintaxe é a responsável por estudar as regras de construção de frases e também a
interação que os elementos verbais têm dentro da estrutura oracional. O termo vem
do Grego – syntáxis – e traz como signi cado as palavras ordenação e disposição.
Nesse sentido, de acordo com Eliseu (2008), podemos a rmar que a sintaxe existe
há muito tempo, não é um estudo novo da área da linguística, este campo de estudo
teve origem com os gregos antigos, os quais já se questionavam sobre o
funcionamento do vocábulo quando estes eram inseridos em condições concretas
de comunicação, como as frases deveriam ser divididas, considerando suas
unidades semânticas, e quais eram os termos essenciais para a obtenção da
comunicação de modo efetivo.

Neste tópico iremos conhecer os termos essenciais e acessórios das orações e,


também, o modo como eles se relacionam para que haja um bom funcionamento
no seu objetivo nal, que é a comunicação. Para tanto, vamos iniciar entendendo a
diferença entre frase, oração e período.

Para começar observe a frase:

portuguesa ao disciplina língua esta estudo aplica-se da

Ao analisar as palavras acima, você avalia que elas formam uma frase?

Com certeza, não. Mas, por que? Fica evidente, ao analisarmos a frase acima, que as
palavras não seguem a ordem estabelecida em língua portuguesa, reconhecidas por
qualquer usuário, independente do seu grau de escolaridade. Podemos dizer que
este exemplo se con gura em um amontoado de palavras, sem nenhum
signi cado, não cumprindo, assim, sua função, que é estabelecer a comunicação.

Agora, observe as mesmas palavras reorganizadas, de acordo com os princípios que


são exigidos pela linguística, os quais são até mesmo intuitivos para os usuários da
língua em questão.
Esta disciplina aplica-se ao estudo da língua portuguesa

Comprovamos, a partir da restruturação acima, que não basta juntar palavras para
se obter uma frase, a nal, agora sim podemos dizer que temos uma frase, não é?
Pois bem, é evidente que para termos uma frase é necessário, então, que um
conjunto de palavras comunique uma ideia, que faça sentido para alguém.

Desse modo, podemos a rmar, de acordo com Costa et al. (2013, p. 35), que frase “é
uma unidade linguística que, na situação comunicativa, expressa uma ideia;
caracteriza-se gra camente por iniciar-se com letra maiúscula e terminar com um
ponto”.

Apoiados em Cegalla (2004), podemos dizer ainda que a frase funciona para que os
sujeitos de uma língua expressem seus pensamentos e também sentimentos.
Assim, a frase pode ser entendida como uma unidade plena de sentido, sendo
possível termos a construção de uma frase a partir de uma única palavra ou várias,
com ou sem verbos. O que importa, quando de nimos a frase, é a sua capacidade
de transmitir uma informação, ou seja, sua capacidade de servir ao sujeito e ao outro
para que estabeleçam uma interação, um processo comunicativo.

Consideremos algumas frases, a m de entender suas possíveis construções:

Chove…

Que chuva!

A chuva causou destruições.

A chuva causou destruições, deixou as ruas alagadas e pessoas


desabrigadas.

(adaptado de Costa et al., 2013)


Nos enunciados colocados anteriormente, conseguimos notar sem di culdade as
características de uma frase. Em todos eles conseguimos recuperar o sentido, logo,
comunicam algo, todos também apresentam os sinais grá cos necessários, como o
emprego da letra maiúscula e a pontuação. Notamos, ainda, que o primeiro
enunciado é constituído por uma única palavra, um verbo, já o segundo enunciado
conta com mais de uma palavra, o terceiro com um único verbo e, por m, o quarto
com mais de um verbo.

Com isso rea rmamos que para se ter uma frase não importa a quantidade de
palavras, nem se há verbos inseridos na sua construção, essas características não
in uenciam na constituição da frase, desde que esta tenha sentido completo e
cumpra com o seu papel.

As frases são divididas em duas categorias: frases nominais e oração (também


conhecidas como frases verbais). A nomenclatura já nos adianta o que cada uma
tem por característica. As frases nominais são aquelas que trazem consigo apenas
nomes, ou seja, não possuem verbos. Como por exemplo:

Bom dia, meus queridos alunos!


Boa semana!
Cuidado!
Uma noite linda.
Silêncio, por favor!

Por sua vez, as orações, que não deixam de ser frases, têm sua unidade sintática
estruturada em função de um verbo. Além do verbo, as orações também têm como
característica, em sua composição, três tipos de termos, são eles: essenciais,
integrantes e os acessórios, dos quais falaremos mais adiante.

Abordaremos esses três tipos de termos mais adiante, antes vamos entender o que
é período. É considerado período a frase que tem uma ou mais orações. Segundo
Costa et al. (2013, p. 25), “frase e período não são, necessariamente, o mesmo
conceito. Isso porque, está implícita, na constituição do período, a presença de, pelo
menos, uma oração. Como nem toda frase corresponde a uma oração, nem toda
frase é um período”.

Da mesma forma que a linguística divide, pedagogicamente, a frase, ela também


divide o período. Assim, temos duas classi cações para o período: simples –
composto por apenas um verbo – e composto – caracterizado por apresentarem
mais de uma oração em sua composição, isto é, possuem dois ou mais verbos.
REFLITA
“Não basta saber ler que 'Eva viu a uva'. É preciso compreender qual a
posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para
produzir a uva e quem lucra com esse trabalho."

Paulo Freire in Moacir Gadotti, Paulo Freire: Uma Biobibliogra a,


1996.

Vamos esquematizar tudo isso para melhor compreensão? Observe:

Diagrama 1.1 – Divisões linguísticas da frase

Frase
(unidade plena
de sentido)

Nominal Oracional
(sem verbo) (com verbo)

Período

Simples Composto
(apenas um (doius ou mais
verbo) verbos)

Fonte: a autora.
Entendido as possíveis divisões da frase e correspondentes, temos agora que nos
deter nos termos da oração, já que a frase nominal não permite uma análise
sintática, por não apresentar um verbo, pois, na oração, é em torno do verbo que os
outros elementos vão se organizar. Vamos, no próximo tópico nos debruçar sobre
esses termos.
Os termos da oração:
essenciais e acessórios

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Assim como na morfologia, em que temos unidades morfológicas, na sintaxe
também temos unidades sintáticas, as quais chamamos de termos da oração, que
podem ser formadas por uma ou por um conjunto de palavras que desempenham
determinada função sintática.

Podemos classi car os termos da oração de duas formas, a primeira, apresentada


por Cegalla (2004), considera os termos da oração o sujeito e o predicado. Uma
segunda alternativa, a mais utilizada pelos gramáticos, divide os termos da oração
em:

Termos essenciais

Sujeito;
Predicado;

Termos integrantes

Complementos verbais: objeto direto e indireto;


Complemento nominal;
Agente da passiva.

Termos acessórios

Adjunto adnominal;
Adjunto adverbial;
Aposto;
Vocativo.

Nesta unidade, vamos nos deter nos termos essenciais. Vamos lá?

O primeiro termo essencial é o sujeito, que é o termo da oração que expressa o ser
de quem se fala ou de que se declara alguma coisa. Para encontrá-lo podemos fazer
duas perguntinhas básicas para a oração:

- Quem é que (verbo)?

- O que é que (verbo)?

Utilizamos essas duas perguntinhas porque devemos considerar que o sujeito pode
se referir à pessoa (quem) ou a qualquer outra coisa (que). Por exemplo:
O preço do feijão não cabe no poema.

O que não cabe no poema? O preço do feijão.

Sujeito: O preço do feijão.

O homem não foi ao cinema.

Quem não foi ao cinema? O homem.

Sujeito: O homem.

Nessa direção, como dito anteriormente, na estrutura das orações, as palavras e


expressões formam unidades sintáticas (pequenos conjuntos), os quais
denominamos termos. Ainda que esses termos possam ser formados por uma única
palavra, o mais comum é que tenha um agrupamento de elementos em volta do
núcleo, o qual é a palavra principal. Assim, tomando o exemplo anterior, temos:

Sujeito

O preço do feijão não cabe no poema.

Núcleo do sujeito

Podemos observar que em volta do núcleo temos palavras secundárias que o


caracterizam, como o “o”, “do” e “feijão”. Sobre o núcleo do sujeito é preciso
evidenciar que ele pode se manifestar de duas formas:

1ª – Quando o sujeito está em primeira ou segunda pessoa do discurso, comumente


os núcleos se apresentam como pronomes substantivos. Assim, usa-se os pronomes
pessoais eu e tu, no singular e nós e vós, no plural, lembrando que as combinações
equivalentes de nós e vós também valem, como, por exemplo: eu e tu = nós.

2ª – Se estiver na terceira pessoa do discurso, pode ter como núcleo:

a. Um substantivo;
b. Os pronomes pessoais ele(s), ela(s);
c. Um pronome demonstrativo, relativo, interrogativo ou inde nido;
d. Um numeral;
e. Uma palavra ou uma expressão substantivada;
f. Uma oração.

Diante disso podemos classi car os sujeitos em:

Sujeito simples: quando tem apenas um núcleo.

Exemplo: Ninguém compra os elementos elegíveis.

Sujeito composto: quando a dois ou mais núcleos.

Exemplo: Ele e você são os responsáveis.

Sujeito oculto: é aquele que não está grafado, marcado, mas é possível encontrá-lo a
partir da conjugação do verbo.

Exemplo: Conheço aquelas pessoas.

Sujeito indeterminado: quando não conseguimos determinar qual é o sujeito, isso


porque o verbo se apresenta conjugado na terceira pessoa do plural (eles), ou ainda
na terceira pessoa do singular quando acompanhado do pronome se.

Exemplo: marcaram os lugares.

Não se falou sobre o projeto.

Oração sem sujeito: orações que contêm apenas o predicado, as quais não podemos
confundir com as orações com sujeitos indeterminados, as quais têm um sujeito,
ainda que indeterminado. Na maioria das vezes a oração sem sujeito ocorre quando
estamos falando de fenômenos da natureza ou usando verbos impessoais.

Exemplo: Ontem choveu aqui.

Faz calor em pleno junho.

O segundo termo essencial da oração é o predicado, que é constituído por um


conjunto de enunciados que engendram o que se diz a respeito do sujeito. Segundo
Lima (2011), responsável pelas informações mais importantes sobre o sujeito, além de
centrar a signi cação da oração, já que é ele que traz o verbo ou a locução verbal.
Nesse sentido, de acordo com as teorias gramaticais, o verbo tem duas funções
dentro da sintaxe e assim podem ser classi cados em verbos signi cativos e verbos
de ligação. Isso é importante porque vai determinar a intenção e o sentido das
orações.

O verbo de ligação tem a função de expressar estados, sentimentos, além de ligar o


sujeito a uma característica. Exemplo:
Marcos é magro.

Verbo de
Sujeito ligação
Característica

O verbo “é” está, no exemplo acima, apenas ligando o sujeito à sua característica, por
isso assume a função de verbo de ligação. Há verbos que têm essa característica, ou
seja, normalmente funcionam como verbo de ligação, são eles: continuar, andar,
car, fazer, estar, ser, parecer e permanecer. Dois desses verbos citados, os quais
funcionam normalmente como de ligação, exigem cuidado, visto que podem ter o
sentido de ação, são eles: andar e car. Observe:

Verbo de ação

Eu ando no parque.

Ando cansada.

Verbo de ligação

Na primeira frase nós temos o verbo andar, conjugado na primeira pessoa


expressando a ação de andar, uma ação que o sujeito pratica. Já, na segunda frase, o
verbo, também conjugado na primeira pessoa, traz a ideia de estar cansado, ou seja,
um estado em que o sujeito se encontra, assumindo, dessa forma, a função de verbo
de ligação.

O verbo signi cativo, por sua vez, expressa ação ou fenômeno da natureza, não
sendo possível, diferentemente dos verbos de ligação, enumerá-los, já que a maioria
dos nossos verbos expressam a ideia de ação. Sendo assim, o verbo “ando” da
primeira frase do exemplo anterior é um verbo signi cativo.

Entendido o que são os verbos signi cativos e os verbos de ligação podemos, então,
entender os tipos de predicado que existem, já que será o verbo que vai nos dizer se
estamos falando de um predicado nominal, verbal ou verbo-nominal. Lembrando
que o predicado é tudo aquilo que diz algo sobre o sujeito, isto é, ao excluir o sujeito
da oração, o restante equivale ao predicado da oração.
SAIBA MAIS
Prezado(a), aluno(a)!

Neste vídeo, do canal Brasil Escola, você poderá compreender um


pouco mais sobre os termos integrantes das orações em língua
portuguesa. Um vídeo de, aproximadamente, 22 minutos que, com
certeza, acrescentará muito na sua compreensão e familiaridade com a
sintaxe. O vídeo é intitulado Termos integrantes da oração:
complementos verbais e está disponível em:

Aproveite!

ACESSAR

O predicado nominal é aquele em que o mais importante é o nome e não o verbo.


Outra característica importante é que não existe predicado nominal de não haver na
minha oração um verbo de ligação. Tomemos um dos exemplos anteriores:

Marcos é magro.

Verbo de
Sujeito ligação
Característica

Perceba que temos o sujeito e o predicado, sendo que o predicado é constituído


pelo verbo “é”, que é um verbo de ligação, desse modo, esse predicado é um
predicado nominal. Perceba que a palavra mais importante do predicado é “magro”.
Assim, se trocarmos o verbo de ligação por qualquer outro signi cativo não teremos
mais um predicado nominal.

Enquanto o predicado nominal precisa do verbo de ligação para existir, o predicado


verbal precisa do verbo signi cativo. Observe o exemplo:
Sujeito Predicado verbal

Aquelas meninas brincavam felizes.

Verbo significativo

Veri camos no exemplo acima que a oração é constituída por um verbo


signi cativo, o que caracteriza o predicado, automaticamente, em verbal. Perceba
que a palavra mais importante nesse caso é o verbo.

Por m, temos o predicado verbo-nominal, que se constitui por um verbo


signi cativo e uma característica, que pode ser do sujeito ou do objeto, ou seja,
nesse predicado temos dois núcleos importantes: um verbo e um nome. Vejamos:

Sujeito Predicado verbo-nominal

O dia amanheceu ensolarado

Verbo significativo Características do sujeito

Assim, para resumir, compreendemos que os termos essenciais da oração se


concentram em sujeito e predicado e, também, que tanto o sujeito como o
predicado podem ter estruturas diversas, o que vai depender da relação que as
palavras assumem umas com as outras, ou seja, da função sintática de cada uma
dentro da oração.
As classes de palavras e a
regência

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Acabamos de conhecer os termos sintáticos da oração, os quais compreendem a
análise sintática interna, isto é, a análise do funcionamento desses termos. Agora,
vamos abordar a análise sintática externa, ou seja, a análise das orações em si. Isto
porquê dentro de um período composto, como vimos anteriormente, podem
funcionar duas ou mais orações.

Nessa direção, os períodos podem ser compostos por: orações coordenadas, orações
subordinadas e orações mistas.

Os períodos compostos por coordenação apresentam dois ou mais verbos - cada


verbo forma uma oração - e cada parte do período, isto é, cada oração possui
autonomia e independência sintática. Dessa forma, é possível compreender as
orações do período de forma individual, elas são independentes entre si. A
coordenação nos auxilia a alcançar uma unidade no sentido que queremos
estabelecer, deixando-o mais completo e signi cativo.

Observe o exemplo:

Verbo Verbo

Embarquei ontem e cheguei hoje.

Neste exemplo notamos a presença de dois verbos, temos, assim, duas orações. Se
separarmos tais orações as duas terão sentidos completos, ou seja, uma não
depende da outra. Observe:

1ª oração: Embarquei ontem.


2ª oração: Cheguei hoje.

Portanto, os períodos compostos por coordenação são estruturados a partir de duas


ou mais orações independentes entre si, mas que são ligadas dentro de um período
por uma conjunção, a qual determinará se as orações serão, aditivas, adversativas,
alternativas, conclusivas ou explicativas, a depender do tipo de conjunção que estará
ligando as orações.

O período composto por subordinação, por sua vez, compreende àqueles que
apresentam dois ou mais verbos dependentes sintaticamente, isto é, uma oração vai
depender da outra para que haja sentido, sendo uma subordinada a outra, que
denominaremos principal, assim como as gramáticas.

Por exemplo:
Verbo Verbo

Ele tinha certeza que ela não voltaria .

Assim como na coordenação, percebemos no exemplo acima que há no período


dois verbos. Vamos separar as orações para examinarmos a construção.

1ª oração: Ela tinha certeza.


2ª oração: Ela não voltaria.

Perceba que neste caso temos uma dependência de sentido entre as frases. Se
alguém dissesse para você “ela tem certeza”, você provavelmente perguntaria:
Certeza do que? Ou seja, o “que” liga as duas orações de modo que uma que
estritamente subordinada a outra. Se estas orações forem separadas certamente
não alcançaria a ideia nal.

Já o período misto, como o próprio nome sugere, é composto pela coordenação e


pela subordinação ao mesmo tempo. Então temos os dois tipos de relação no
mesmo período o que dependência (subordinação) e de independência
(coordenação).

Por exemplo:

Verbo Verbo Verbo

Fui ao cinema e comprei os presentes que minha mãe pediu .

Observe que temos três verbos. Separando as orações, temos:

1ª oração: Fui ao cinema.


2ª oração: Comprei os presentes.
3ª oração: Que minha mãe pediu.

Ao analisar as orações percebemos que a primeira oração e a segunda são


independentes, ou seja, as duas são compreensíveis por si só, não há nenhum tipo
de dependência entre elas que nos impeça de entendê-las. Agora, ao olharmos para
a terceira oração percebemos que ela sozinha não tem sentido, demandando uma
oração principal. Quando olhamos para ela isoladamente nos vem a pergunta: o que
sua mãe pediu? É aí que entra a oração principal: Comprei os presentes.

Esse é o período misto, composto, então, por orações coordenadas e subordinadas,


ao mesmo tempo.
Esquematizando o período, teríamos:

Diagrama 1.2 - Subdivisão do período

Período

Composto
por orações

Composta
Simples
(2 ou +
(1 oração/verbo)
orações/verbos)

Coordenação Subordinação Misto


Oração (relação de (relação de (coordenação e
absoluta independência) dependência) subordinação)

Fonte: a autora.

Compreendemos, até esse momento, como os períodos se estruturam. Percebemos


que podemos ter períodos coordenados, subordinados ou misto. Também vimos
que há orações em que os verbos e nomes exigem um complemento para que
tenha sentido completo. Neste tópico vamos discutir exatamente sobre a ligação
que deve ter entre o núcleo e o seu complemento. Contudo é importante voltarmos
um pouquinho na morfologia para relembrarmos as classes de palavras, visto que,
para entendermos algumas colocações, elas serão imprescindíveis.

Já sabemos que a morfologia estuda a estrutura da palavra, bem como a sua


formação e mecanismos de exão. Mas ela também se debruça sobre as classes
gramaticais, buscando entender a função de cada palavra isoladamente. De acordo
com essa área de estudo, as classes gramaticais podem ser divididas em dez classes
de palavras, também conhecida como classes gramaticais.

Observe na tabela abaixo todas as classes gramaticais e suas respectivas de nições:


Quadro 1: As classes Gramaticais

CLASSES GRAMATICAIS

Classe
Função básica Exemplo
gramatical

Nomear seres, coisas, Um lindo balão azul sobrevoou a


Substantivo
lugares, conceitos etc. região.

Caracterizar o Um lindo balão azul sobrevoou a


Adjetivo
substantivo região.

Anteceder o
substantivo para Um lindo balão azul sobrevoou a
Artigo
indeterminá-lo ou região.
determiná-lo

Comprei três peixes por vinte


Numeral Indicar quantidade.
reais.

Substituir ou Célia, eu te ajudarei (te🡪Célia).


Pronome acompanhar o Sabes minha opinião sobre teus
substantivo. planos.

Indicar um Um lindo balão azul sobrevoou a


Verbo acontecimento e região. Amanhã terminaremos o
situá-lo no tempo. trabalho?

Indicar circunstâncias Agora vivo tranquilamente aqui .


Advérbio (tempo, lugar, etc.) do Agora 🡪 Tempo, tranquilamente
fato verbal. 🡪 Modo, aqui 🡪 lugar

Con o em você; que perto de


Preposição Ligar duas palavras
mim.

Conjunção Ligar orações Ventou muito, mas não choveu.

Exprimir emoções e
Interjeição Puxa! Você vai faltar de novo?
sentimentos súbitos.

Fonte: Ferreira (2011).


Agora que relembramos as funções das palavras isoladamente, vamos entrar na
sintaxe novamente para entender como essas palavras podem nos servir em uma
análise sintática.

Já sabemos que a sintaxe é a responsável pelo estudo das relações que as palavras
assumem dentro de uma oração. E um dos aspectos mais importantes é a regência,
a nal sempre ouvimos perguntas do tipo: o correto é fui no cinema ou fui ao
cinema? E, na maioria das vezes, a resposta é dada de forma intuitiva.

Assim, para começar, é importante entendermos que a regência é a relação de


dependência que se instaura entre os termos da oração: entre os verbos e os
elementos que os complementam ou, ainda, aqueles que os caracterizam, a este
tipo de relação chamaremos regência verbal; entre os nomes e outros nomes,
quando há a subordinação pela preposição, a este tipo chamaremos regência
nominal.

Dessa maneira, as preposições é uma classe de palavras que tem o poder de mudar
completamente o sentido de um período, assim, estudar as preposições é algo
indispensável quando o assunto é regência verbal e nominal. Veja o exemplo:

Cheguei no carro.

Cheguei ao carro.

No exemplo percebemos dois sentidos distintos, a primeira oração se refere ao


modo como “eu” cheguei, o meio de transporte utilizado. Já na segunda oração
temos o destino nal, como, por exemplo, cheguei onde o carro está estacionado. É
preciso dizer que é comum termos divergências entre a linguagem coloquial e a
linguagem padrão quando nos referimos às regências. Você pode até ter cado na
dúvida quanto a esse exemplo, a nal, na fala, o uso de “no carro” com a ideia de
lugar para onde vou, é utilizada.

Nessa perspectiva, os termos subordinados sempre serão os termos regidos, ou


seja, aqueles que servem como complemento a outro, completando o sentido.
Enquanto que, os termos regentes serão sempre os subordinantes, aqueles que
exigem um complemento. Essa relação que se estabelece, então, entre os termos
regentes e os regidos, é uma relação sintática, sendo que, na regência verbal o
termo regente sempre será um verbo, já na regência nominal o termo regente
sempre será um nome.
Crase e pontuação:
aspectos sintáticos

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Ao considerar a regência, há um aspecto da gramática, considerado por muitos
como um assunto não muito agradável, contudo, muito importante: a crase. A crase
se relaciona de forma direta com a regência de nomes e de verbos,
desempenhando, desse modo, um papel fundamental na estrutura sintático-
semântica dos enunciados. Ferreira nos oferece um exemplo quanto a isso, observe
as duas frases:

Favor não bater a porta.

Favor não bater à porta

Como podemos perceber, a presença da crase é fundamental para que possamos


diferenciar o sentido de cada frase. A primeira traz a ideia de fechar devagar a porta
e não deixá-la bater, a segunda traz a ideia de não chamar a atenção de alguém, por
exemplo, através de batidas na porta.

Entende-se por crase a fusão da preposição a com outro que venha logo depois
dela, sendo que a crase é representada pela letra a com o acento grave (à).

De acordo com Ferreira (2011, p. 648) “A palavra crase, que tem origem na palavra
grega krasis (mistura, fusão), nomeia um fato fonético: a fusão de dois sons iguais.
O nome do acento que., na escrita, indica a ocorrência de crase não se chama
“crase”; chama-se acento grave.”

Nessa direção, sabemos que a crase ocorre, na maior parte das vezes, pela fusão do
artigo a mais a preposição a, contudo, em algumas estruturas sintáticas, ela pode
resultar da junção de:

preposição a + pronome demonstrativo a(s), que corresponde a “aquela(s)”.


Por exemplo: Essa camisa é igual à que ganhei.

preposição a + aquele(s), aquela(s) e aquilo.


Por exemplo: Dirija-se àquele departamento, por favor.

preposição a + a (qual), as (quais).


Conheço a revista à qual você se referiu.
De acordo com Ferreira (2011), há um método prático que podemos utilizar para nos
certi carmos se há ou não crase nas frases. Para tanto, basta trocar a palavra
feminina por uma masculina, mas atenção, a palavra masculina não precisa ser
sinônima da feminina, mas precisa ser do mesmo tipo, como, substantivo comum
no lugar de substantivo comum, nome de cidade no lugar de nome de cidade e
assim por diante. Assim:

1) Se, ao substituir o nome feminino, aparecer “ao(s)” antes do nome masculino.


Coloque crase antes do nome feminino.

O comerciante se referiu às taxas de juros.

Trocando por masculino

O comerciante se referiu aos acréscimos de juros.

2) Se, ao substituir o nome feminino, aparecer “a(s)” ou “o(s)” antes do nome


masculino. Não coloque crase antes do nome feminino.

Todos apoiaram as temáticas que apresentei

Trocando por masculino

Todos apoiaram os assuntos que apresentei

Para que seja possível construir um enunciado coerente, vimos que é necessário
dominar os aspectos sintáticos de uma frase, ou seja, é preciso conhecer as regras
de organização frasal. Nesse sentido, a pontuação é um elemento que funciona
como um organizador, por isso, vamos entender como podemos utilizar desse
recurso para que tenhamos um enunciado mais coeso e coerente.

A vírgula marca, por exemplo, a inversão da ordem direta de um enunciado, a


intercalação de elementos que interrompem a leitura, a elipse de algumas
estruturas que podem ser recuperadas pelo contexto e, ainda, intensi ca um
determinado termo, dando ênfase a ele. Assim, percebemos que a presença da
vírgula dentro das orações é imprescindível, por isso, agora, vamos discutir um
pouquinho sobre elas.

Começaremos com as orações coordenadas, as quais, como estudado em outro


momento, são independentes, não exercem nenhuma função uma sobre a outra.
Essas orações podem ser assindéticas ou sindéticas. O que isso signi ca? Signi ca
que as orações coordenadas podem ser ligadas por uma conjunção (sindéticas) ou
podem se ligar sem uma conjunção (assindéticas), as quais podem ser coordenadas
através de uma pausa, representada por vírgula.
Lembrando que as conjunções tem por função unir as orações, podem iniciar as
orações, neste caso, geralmente, as conjunções são antecedidas pela vírgula, ou
ainda podem ser deslocadas dentro do período, neste caso as conjunções devem vir,
necessariamente, escritas entre vírgulas.

Por exemplo:

O professor explicou a teoria, porém os alunos não a entenderam.


• 1ª oração: o professor explicou a teoria.
• 2ª oração: os alunos não entenderam.
• Porém = conjunção.

Neste exemplo notamos claramente que a conjunção está iniciando a oração. Agora,
observe:

O professor explicou a teoria, os alunos, porém, não a entenderam.

Neste segundo exemplo temos o deslocamento da mesma conjunção, ao deslocar a


conjunção do início para o meio da frase, é necessário colocá-la entre vírgulas.

Observando algumas conjunções temos algumas particularidades que devemos


considerar. Considere:

As conjunções adversativas, as quais indicam oposição, como, por exemplo:


mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, entre outras, sempre são
isoladas por vírgula e quando deslocadas aparecem entre vírgulas. Contudo a
conjunção mas nunca aparece entre vírgulas. Observe:
• Fui ao mercado, mas não consegui comprar tudo que precisava.
• Fui ao mercado, contudo não consegui comprar tudo que precisava.
• Fui ao mercado, não consegui, contudo, comprar tudo que precisava.

Outra peculiaridade encontramos na conjunção porque, que pode introduzir


uma oração coordenada explicativa como introduzir uma causa de algum fato.
Neste último caso teríamos uma conjunção subordinativa adverbial causal. No
primeiro, temos uma conjunção coordenativa explicativa e esta deve vir
sempre antecedida por vírgula. Vamos entender a diferença entre as duas.
Conjunção coordenada explicativa, introduz uma oração que justi ca, que
explica, que esclarece a ideia do autor do texto, colocada anteriormente.
Observe:
• Briguei, porque me irritei.
Temos neste exemplo uma explicação do porque a pessoa brigou. Por ter se
irritado a pessoa brigou.

Conjunção subordinativa adverbial causal, introduz uma oração que revela a


causa de um acontecimento, isto é, o que provocou aquilo. Neste caso não se
usa a vírgula, já que a causa tem um vínculo lógico e sintático com o fato.
Observe:
• A festa foi transferida porque acabou a luz.
• Temos então a causa da festa ter sido transferida, a falta de luz.

Do mesmo modo que a conjunção porque, a conjunção pois pode apresentar


dois sentidos, dependendo da posição que ocupa. Vejamos.
• Se estiver no início da oração vai ter por função introduzir uma explicação do
que foi dito antes. Terá o mesmo valor do porque e, da mesma forma, virá
antecedida por vírgula.
• A festa foi transferida, pois acabou a luz.

Quando a conjunção pois vier deslocada, apresentará uma ideia de conclusão


do que foi dito antes, tendo o mesmo valor da conjunção o portanto.
• Era perseverante; enfrentaria, pois, muitos obstáculos.

Por sua vez, a conjunção e, normalmente, não é precedida por vírgula, pois
muitas vezes é utilizada com valor de soma (isso e aquilo). Contudo, em casos
como: unir orações com sujeitos diferentes, quando ligar elementos em uma
enumeração enfática e quando introduzir uma oração que exprime
substituição, antes do advérbio não, deve vir precedida de vírgula. Observe:
• Maria comeu e foi embora. (junção de ideias, com sujeitos iguais)
• O espetáculo foi excepcional, e o público vibrou. (sujeitos diferentes)
• Ele cou arrasado, e envergonhado, e triste. (enfatiza os termos)
• O professor elogiou o secretário, e não a diretora. (supressão do termo)

As orações subordinadas, por sua vez, são aquelas, como já estudado, dependentes
de uma outra oração, a qual chamamos de oração principal. Estas podem ser
divididas em orações subordinadas adjetivas e orações subordinadas adverbiais.

As orações subordinadas adjetivas exercem a função de adjunto adnominal de um


termo da oração principal, funcionam como um adjetivo na estrutura frasal. São
iniciadas, geralmente, pelo pronome relativo que antecedido por vírgula. Temos
ainda uma subdivisão, em que temos as orações subordinadas adjetivas explicativas
e as orações subordinadas adjetivas restritiva. Vamos entendê-las:

Oração subordinada adjetiva explicativa sempre virá entre vírgulas, sendo


possível retirá-la da frase sem perder o sentido. Ela sempre vem para
acrescentar uma informação, ampliando o que já foi dito, por isso pode ser
retirada sem que o sentido se altere. Veja:
• Meus amigos, que viajaram ontem, chegaram cansados.

Oração subordinada adjetiva restritiva vai especi car, vai restringir o nome
que se refere, restringindo seu signi cado a um único ser. Neste caso, não
utilizamos vírgula. Veja:
• Meus amigos que viajaram ontem chegaram cansados. (Não são amigos
aleatórios, são aqueles que viajaram ontem, especi camente).
As orações subordinadas adverbiais vão exercer a função de adjunto adverbial do
verbo da oração principal, ocupando a mesma função do advérbio na estrutura
frasal. Desse modo, vão acrescentar à oração circunstância de modo, tempo, causa,
m, consequência, entre outras. Estas orações vão ser iniciadas sempre ou por uma
conjunção ou por uma locução conjuntiva, e as vírgulas virão a posteriori das
orações subordinadas quando estas vierem antes da oração principal. Por exemplo:

Se ele estivesse se esforçado, teria passado no concurso. (oração subordinada


adverbial condicional deslocada).
Quando percebeu, já era tarde. (oração subordinada adverbial temporal
deslocada).

Estas são as principais colocações de pontuação quando pensamos em uma análise


sintática. Perceba que os nomes das orações e as classi cações não são dadas ao
acaso, as nomenclaturas dizem o que cada uma tem por função; se a oração é
conclusiva, quer dizer que trará a ideia de uma conclusão, se ela for condicional,
quer dizer que ela trará a ideia de uma condição, se é coordenada, quer dizer que
elas são independentes, subordinadas, que uma depende da outra e assim por
diante.
Conclusão - Unidade 3

Estimado(a) aluno(a),

Chegamos ao nal de mais uma unidade de aprendizagem, na qual buscamos


mostrar um pouquinho de como a sintaxe se desdobra, tanto no que se refere ao
funcionamento das palavras dentro dela como da relação que as orações
estabelecem dentro de um período.

Pudemos perceber que a gramática, tanto na morfologia quanto na sintaxe, e digo:


em qualquer outra área de funcionamento da língua, vai se desdobrando e, a cada
novo funcionamento, vai surgindo uma nova nomenclatura, que vai determinando
aquele movimento da palavra ou da oração em um enunciado. Não nego que o
conteúdo é extenso, por isso, tentamos trazer vários exemplos para que você pudesse
visualizar todo esse mecanismo gramatical da nossa língua.

Como colocado anteriormente, a língua portuguesa é muito rica e para compreendê-


la, considerando seus mecanismos, é necessário estarmos sempre em contato com
uma boa gramática. Não podemos nos iludir achando que memorizaremos tudo que
contém em uma obra, que traz todas as regras da língua, de, mais ou menos, 800
páginas. Contudo, a curiosidade e a boa vontade de aprender podem nos ajudar a
aprender cada vez mais.

Por isso, meu querido(a), mãos na obra!

Leitura complementar
Caro(a), aluno(a)!
A m de aprimorar o seu conhecimento e não carmos apenas na gramática
fechada, visto que, para nos comunicarmos bem, precisamos entender o
funcionamento real da língua, sugerimos a leitura do artigo Correção gramatical e
clareza afetam a qualidade do texto cientí co?, de Tarciso S. Filgueiras.

Boa leitura!

O artigo está disponível em:

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Livro
Filme
Unidade 4
Estruturação sintática II

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) a mais essa etapa em que vamos avançar juntos no


conhecimento.

Já percebemos que não podemos abordar a língua de maneira direta. A linguagem,


manifestada tanto na fala quanto na escrita, constitui a nossa única fonte de acesso
à realidade imaterial da nossa língua. O nosso conhecimento sobre a estrutura
linguística deve estar em constante adaptação e trabalho, pois a língua é uma
realidade mental que, em seus limites, se confunde com o próprio pensamento.

Numerosos são os estudos, as observações e os caminhos que podemos seguir para


compreender a língua. São inúmeras as teorias e métodos que podem nos auxiliar
nessa batalha, mas, para que possamos escolher uma, precisamos conhecer todas.
Contudo, é necessário que essa caminhada rumo ao conhecimento deve ser lenta
para que seja bem assimilada, por isso, nesta unidade continuaremos trabalhando
com a gramática tradicional da língua portuguesa.

Assim, nesta unidade, propusemos uma caminhada pela gramática, em que


teremos a oportunidade de entender, no primeiro tópico, os diferentes sentidos que
podemos alcançar com as locuções, conforme a sua colocação.

Posteriormente, daremos continuidade aos termos das orações, vamos


compreender que os termos acessórios, assim como os integrantes são tão
importantes quanto os termos essenciais.

Por m, voltaremos em uma classe gramatical muito importante, abordaremos o


verbo, pois muitas vezes parece-nos tão óbvio que não paramos para observá-lo e
entendê-lo em sua plenitude, deixando escapar, muitas vezes, coisas simples, mas
que pode mudar completamente o sentido de um enunciado.

Nessa direção, convido você, querido aluno, a embarcar novamente comigo, para
desvendarmos esse mar imenso, que é a língua portuguesa.

Desejo uma boa leitura e ótimos estudos!


As locuções e os seus
sentidos

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Muitas vezes, ao escrever, nós fazemos uso de expressões, visto que estas expressam
ideias e sentidos que não conseguimos expressar em apenas uma palavra,
necessitamos, assim, fazer uma ligação entre as palavras, o que na sintaxe
chamamos de locução.

Primeiramente, é importante compreendermos que a locução é a junção de duas


ou mais palavras que resultam em uma unidade signi cativa, e essa unidade
signi cativa vai ter, dentro de uma frase, a mesma função gramatical. Desse modo,
entender esse mecanismo está diretamente ligado à compreensão de seu
funcionamento sintático, ou seja, dentro de uma frase.

Temos diferentes locuções, as quais são classi cadas conforme a função que
assumem dentro de um enunciado. Veja:

Locução adjetiva: que tem a mesma função do adjetivo;

Locução adverbial: que tem a mesma função do advérbio;

Locução prepositiva: que tem a mesma função da preposição;

Locução conjuntiva: que tem a mesma função da conjunção;

Locução verbal: que tem a mesma função do verbo;

Locução substantiva: que tem a mesma função do substantivo;

Locução pronominal: que tem a mesma função do pronome;

Locução interjetiva: que tem a mesma função da interjeição.

Agora, que temos uma visão ampla das locuções, vamos olhar para as principais de
maneira mais minuciosa para compreendermos como elas se comportam dentro de
uma análise sintática.

Locução adjetiva
A locução adjetiva é formada, normalmente, por meio da junção de uma preposição
e um substantivo, que vão atuar como um adjetivo, caracterizando um outro
substantivo. Assim, temos:
Preposição + Substantivo

Mulher de coragem
Mulher corajosa

De acordo com Bechara (2010), é importante dizer que nem sempre vamos
encontrar um adjetivo correspondente na mesma família de palavras e de
signi cado idêntico ao da locução adjetiva. O autor cita como exemplo:

Colega de turma
Homem sem-terra

Com esses exemplos, é fácil perceber que não podemos car presos, ao considerar
as locuções adjetivas, na procura por um sinônimo que expresse a mesma
característica. De qualquer maneira, podemos citar algumas locuções adjetivas com
seus respectivos correspondentes a m de compreendermos melhor:

Tabela 1.1.1 – Locuções adjetivas

De cabelo = capilar

De cabra = caprino

De criança = infantil

De respeito = respeitoso

De anjo = angélico

De pai = paternal

Sem freio = desenfreada

Fonte: a autora.

Locução adverbial
A locução adverbial é formada, normalmente, por meio da junção de uma
preposição e um substantivo ou adjetivo, sendo que estes podem variar em gênero
e o número. A locução adverbial vai funcionar como um advérbio, ou seja,
modi cando o verbo, o adjetivo ou outro advérbio. Assim, temos:

Preposição + Substantivo

Apenas irei à escola de noite

Assim como os advérbios, as locuções adverbiais também podem ser classi cadas
de acordo com as circunstâncias que expressam. Observe:
Tabela 1.1.2 – Classi cação das locuções adverbiais

Classi cação Exemplos

com certeza
por certo
A rmação
sem dúvida, etc.

de muito
de pouco
Intensidade
de todo, etc.

à direita
à esquerda
à distância
De lugar ao lado
de dentro
de cima, etc.

à toa
à vontade
ao contrário
De modo ao léu
às avessas
às claras, etc.

de forma alguma
De negação de modo algum, etc.

De tempo à noite
à tarde
à tarde
à tardinha
de manhã, etc.
Fonte: a autora.

Locução prepositiva
A locução prepositiva é formada por duas ou mais palavras que vão funcionar como
uma preposição, ou seja, ligando as palavras e estabelecendo sentidos. A última
palavra dessa locução sempre será uma preposição. Assim, temos:

Preposição + Substantivo

Estou perto de perder o concurso.

Perceba que a locução “perto de ”está ligando o verbo “estar” e o “perder”,


exercendo, dessa forma, a mesma função de uma preposição. Poderíamos citar
como exemplo de locuções prepositivas:
Tabela 1.2.1 – Locuções prepositivas

abaixo de

acerca de

de acordo com

defronte de

junto a

perto de

por baixo de

por baixo de

por trás de

Fonte: a autora.

Locução conjuntiva
A locução conjuntiva, assim como a locução prepositiva, é formada por duas ou mais
palavras que vão funcionar como uma conjunção, ligando duas orações. Assim,
temos:

Uma vez que já terminei meus estudos, já posso trabalhar.


Falei com o professor primeiro, para que ele não se irrite.

Visto a característica dessa locução, de ligar orações, as quais, como nós já sabemos,
podem ser orações coordenadas ou subordinadas, teremos dois tipos de locução
conjuntiva:

As locuções conjuntivas coordenativas, as quais podem ser aditivas, adversativas,


alternativas, conclusivas e explicativas.

As locuções conjuntivas subordinativas, as quais podem ser adverbiais causais,


comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, nais,
proporcionais, temporais.
Locução verbal
A locução verbal é formada pela junção de um verbo auxiliar e um verbo principal,
que vão funcionar como uma única ação verbal. Assim, temos:

Estamos indo para a casa agora.


Quero dormir antes de sair de casa.
Meu amigo tem trabalhado sem descanso.

Podemos acrescentar ainda, sobre a locução verbal, que o verbo auxiliar sempre
aparecerá exionado em tempo, modo, número e pessoa. Já, o verbo principal
sempre estará no gerúndio, in nitivo ou particípio.

SAIBA MAIS
Prezado(a), aluno(a)!

Neste vídeo você poderá compreender um pouco mais sobre a análise


sintática da oração. É um vídeo completo, em que o professor Pasquale
oferece uma verdadeira aula de como realizar uma análise sintática de
uma oração. Aproveite para treinar e aprofundar ainda mais seu
conhecimento.

O vídeo é intitulado Professor Pasquale explica: análise sintática e está


disponível em:

ACESSAR
Termos acessórios da
oração e a regência

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Vimos, em outros momentos, que a gramática nos orienta sobre os termos
essenciais, ou seja, nos conduz a uma nomenclatura especí ca, isso signi ca que
temos outros termos paralelos a esse, que são os termos acessórios.

O que seria um acessório? Pensem em uma pulseira, em um colar, em um piercing,


em um cinto ou, ainda, em um fone de ouvido, uma capinha para o celular e assim
por diante. Estes são exemplos de acessórios que utilizamos no nosso dia a dia, para
complementar um determinado efeito visual, o qual desejamos alcançar. Da
mesma forma, as orações, para que tenha um sentido completo, utilizam de
complementos que auxiliam os termos essenciais. Por exemplo

Verbo significativo Complemento verbal

Maria mora em Natal .

Sujeito Predicado verbal

No exemplo acima, temos um predicado verbal, indicado pelo verbo signi cativo,
que também é o núcleo do predicado, por ser o termo mais importante, contudo
que precisa de algo a mais para que o sentido que completo. É aí que surge o
termo acessório da oração. Veja: fazemos a primeira pergunta para descobrir o
sujeito – Quem mora? R. Maria. E fazemos uma segunda pergunta para achar o
complemento – Maria mora onde? R. Em Natal. Assim, nós temos aí um
complemento de lugar, assessorando o verbo, um complemento verbal, classi cado
na sintaxe por adjunto adverbial, que, apesar de ser um termo acessório, é
indispensável para alcançar o sentido completo da oração.

Assim, os termos acessórios são aqueles que acompanham substantivos, pronomes


ou verbos, isto é, o núcleo verbal, nominal ou verbo-nominal do predicado. Eles vão
informar uma característica ou uma circunstância, desse modo, fazem parte dos
termos acessórios da oração os:

Adjunto adverbial: termo da oração que indica uma circunstância de tempo, de


lugar, de modo, de causa, de nalidade, modi cando o verbo.

Exemplo: Maria mora muito longe. (Maria não mora, apenas, longe, Maria mora
MUITO longe: muito = intensi cador do verbo, isto é, adjunto adverbial de
intensidade).

Adjunto adnominal: termo que quali ca ou especi ca um substantivo,


independentemente de sua função na oração.

Exemplo: A menina bonita mora em Natal. (bonita está especi cando qual menina
mora longe: a menina bonita).
Aposto: termo da oração que oferece uma explicação referente a um substantivo,
pronome, entre outros.

Exemplo: Maria mora em Natal, cidade litorânea. (litorânea está dando uma
explicação de que tipo de cidade é Natal).

Vocativo: termo de entonação exclamativa, relacionado com o sujeito, uma forma


de chamamento.

Exemplo: Maria! Venha aqui.

Nessa direção, podemos perceber que as escolhas das palavras e a sua colocação
dentro de orações, que podem, posteriormente, compor um texto, vão nos ajudar a
expressar os nossos pensamentos, selecionamos, dessa forma, vocábulos que
podem facilitar a percepção do nosso destinatário quanto a linha de raciocínio que
queremos seguir. E os termos acessórios são os responsáveis por auxiliar-nos nessa
empreitada, pois com eles podemos caracterizar seres, determinar os substantivos e
também exprimir as circunstâncias. Portanto, eles são tão importantes quanto os
termos essenciais, a nal estes dependem daqueles.

As preposições, por seu turno, é uma classe de palavras que tem o poder de mudar
completamente o sentido de um período, assim, estudar as preposições é algo
indispensável quando o assunto é regência verbal e nominal. Veja o exemplo:

Cheguei no carro.

Cheguei ao carro.

No exemplo percebemos dois sentidos distintos, a primeira oração se refere o modo


como “eu” cheguei, o meio de transporte utilizado. Já na segunda oração temos o
destino nal, como, por exemplo, cheguei onde o carro está estacionado. É preciso
dizer que, é comum termos divergências entre a linguagem coloquial e a linguagem
padrão quando nos referimos às regências. Você pode até ter cado na dúvida
quanto a esse exemplo, a nal, na fala, o uso de “no carro” com a ideia de lugar para
onde vou, é utilizada. Nós conhecemos as regências conforme os usos do nosso dia a
dia, dessa forma nos apropriamos das regências verbais e nominais muito mais pelo
uso real da língua do que pela gramática, contudo, também temos que admitir que
desconhecemos muitas regências da norma padrão, por isso a importância de
entendê-las.
Vamos começar pela regência nominal, responsável pelas situações em que a
exigência por um complemento parte do nome, o qual precisa de outras palavras
para ter um sentido completo. A relação, então, entre o nome e o seu complemento
é estabelecido por uma preposição.

Considere a oração abaixo e a discordância presente nela:

Novas tecnologias alimentam nossa con ança um futuro melhor.

Facilmente, ao lermos essa frase, notamos a falta de uma preposição – em – a qual é


exigida pelo nome “con ança”. Para chegarmos a essa preposição podemos fazer a
seguinte pergunta: Con ança EM que/quem? Perceba que a preposição se faz
presente já na pergunta. Se eu pergunto “em que”, a resposta exigirá a mesma
preposição: “em”. Assim temos que:

Novas tecnologias alimentam nossa confiança em um futuro melhor .


Termo regente Termo regido

Abaixo apresentamos alguns nomes e as preposições que mais comumente


estabelecem vínculo entre esses nomes e seus complementos, de acordo com
Ferreira (2011, p. 626).
adepto de favorável a referente a

alheio a feliz de, por, em, com relativo a

ansioso por, para impróprio para residente em

apto a, para imune a, de rigoroso com, em

aversão a, por inofensivo a, para simpatia a, por

bené co a, para inútil a, para último a, em

ciente de junto a, de união com, entre, a

composto por, de livre de vazio de

contente com, por, paralelo a vizinho, a, de


de
próximo a, de vulnerável a
desprezo a, por

No que concerne à regência verbal, como colocado anteriormente, ela se estabelece


na relação entre o verbo e o seu complemento, ao exigir palavras que complete seu
sentido. Essas palavras podem ser objetos diretos e objetos indiretos, o que está
ligado diretamente à transitividade verbal.

Sobre a transitividade verbal podemos a rmar que, na estrutura de uma oração,


alguns verbos podem ter sentido completo e outros incompleto, exigindo um objeto
(complemento), como já mencionado nesta unidade.

Nessa direção, os verbos podem ser classi cados em:

verbos intransitivos, os quais possuem sentido completo, não dependem de


complementos para indicar ação ou fato;

Por exemplo: O guarda apitou contente. (apitou = verbo intransitivo)

verbos transitivos direto, os quais se ligam ao complemento sem a presença


de preposição. Damos o nome de objeto direto (OD) a esse complemento,
visto não precisar de um intermediário.
Por exemplo: O guarda preserva um passado feliz. (preserva = verbo transitivo
direto). Perceba que podemos achar o objeto por meio de pergunta, como, por
exemplo: O que o guarda preservava? Não há preposição na pergunta, então não há
preposição na resposta – um passado feliz –, con gurando, desse modo, em objeto
direto – sem preposição.

O objeto direto pode ser representado por um substantivo, por uma palavra
substantivada, por um pronome oblíquo átono, por um pronome ou por uma
oração.

verbos transitivos indireto, os quais se ligam ao complemento por meio de uma


preposição. Damos o nome de objeto indireto (ID) a esse complemento, visto
precisar de um intermediário.

Por exemplo: O guarda precisou de uma ajuda. (precisou = verbo transitivo indireto).
Assim como no caso anterior, ao fazer a pergunta para o verbo, percebemos a
necessidade de acrescentar uma preposição: precisou de que/quem? A resposta, do
mesmo modo, precisa da preposição: Precisou de ajuda.

O objeto indireto pode ser representado por um substantivo, por uma palavra
substantivada ou por uma oração.

verbos transitivos direto e indireto, os quais possuem os dois tipos de


complemento, com e sem preposição – objeto direto e objeto indireto. Neste
caso, o objeto indireto sempre será a pessoa e o objeto direto sempre será a
coisa.

Por exemplo: O guarda propiciou aos turistas uma volta ao passado. (propiciou =
verbo transitivo direto e indireto. Podemos perguntar: Propiciou a quem? (a =
preposição, OI); propiciou o quê? (sem preposição, OD).

Resumindo temos o seguinte:


Tabela 2.1 – Transitividade verbal

Classi cação Características

Verbo intransitivo –
Tem sentido completo; não exige objeto.
VI

Verbo transitivo Tem sentido incompleto; exige objeto sem


direto – VTD preposição inicial (objeto direto).

Verbo transitivo Tem sentido incompleto; exige objeto iniciado por


indireto – VTI preposição (objeto indireto).

Verbo transitivo
Tem sentido incompleto; exige dois objetos: um sem
direto e indireto –
preposição (OD) e outro com preposição (OI).
VTDI

Fonte: Ferreira (2011, p. 627).

Conhecendo a transitividade verbal, consequentemente, a regência verbal você será


capaz de perceber os diferentes signi cados que podemos dar a um mesmo verbo,
aprimorando, assim, a sua escrita. Lembrado que muitas regências que são
utilizadas de modo coloquial, no uso real da língua, não é aceito na norma padrão da
língua portuguesa, assim, consultar um dicionário de regência, ao redigir um texto,
pode ser fundamental.
Termos integrantes da
oração

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Em unidades anteriores vimos que a oração é composta de três diferentes tipos de
termos: os termos essenciais, os termos integrantes e os termos acessórios. Tivemos
a oportunidade de compreender dois deles, os termos essenciais e os acessórios.
Agora, vamos abordar os termos integrantes, conhecidos também como
complementos, tão importante quanto os outros dois para uma boa construção de
um enunciado.

Os complementos, ou termos integrantes, na maioria das vezes, são exigidos pelo


predicado, lembrando que nós podemos ter em uma oração um predicado nominal,
ou um predicado verbal ou ainda um predicado verbo-nominal, a depender do
núcleo. A partir do nome dado a esse mecanismo já podemos deduzir sua
funcionalidade – assim como todas as outras nomenclaturas que outros
mecanismos sintáticos têm – os complementos tem por função complementar o
sentido da oração, visto que, muitas vezes, o sujeito e o verbo não dão conta de
expressar toda a ideia proposta.

Os complementos são classi cados em três grupos: verbais, nominais e agente da


passiva.

Complementos verbais
Os complementos verbais têm por função completar o sentido do verbo da oração.
Geralmente, esses complementos, conhecidos como objetos, são exigidos pelo
próprio verbo e se dividem em objeto direto e objeto indireto. Essa divisão é dada
pela presença ou não da preposição, o objeto direto não necessita da intervenção de
uma preposição para se ligar ao verbo, por isso recebe o nome “direto”, o objeto
indireto, por sua vez, precisa, para melhor articulação da frase, da presença de uma
preposição. Abordaremos esse assunto com mais riqueza de detalhes e exemplos
mais adiante. Por agora, precisamos entender que a função dos complementos
verbais são de acrescentar sentido ao verbo e que a função desses complementos,
normalmente, é desempenhada por substantivos, contudo numerais, pronomes ou
palavras substantivadas podem desempenhar essa funcionalidade.

Observe:

Verbo Objeto indireto

Ele gosta de macarronada.

Sujeito Predicado
Perceba que a oração acima não teria seu sentido completo se fosse nalizada no
verbo – Ele gosta – provavelmente ao ouvirmos essa sentença perguntaríamos: ele
gosta do que? A resposta a essa pergunta nos revela o complemento da oração: de
macarronada.

Os complementos além de complementar os verbos, neste primeiro caso, ele


também pode trazer outros sentidos dentro de uma oração. Um objeto direto, por
exemplo, pode vir acompanhado de uma preposição para dar um efeito estilístico
diferente à oração, para dar ênfase a uma ideia, da mesma maneira podem
desempenhar função pleonástica (repetição), para rea rmar algo.

Observe:

Eu cumpri com a minha promessa.

Poderíamos muito bem ter organizado essa oração sem a preposição e ainda assim
teríamos o sentido completo: Eu cumpri a minha promessa. Ao acrescentar a
preposição, damos ênfase ao complemento. Temos, desse modo, um objeto direto
preposicionado. Observe outro exemplo:

Suas histórias, ouvi-las me faz bem.

Neste exemplo temos um objeto pleonástico, já que não teria a necessidade de


retomar “suas histórias” através do “las” no predicado.

Complementos nominais
Os complementos nominais se aproximam aos verbais por não serem sempre
necessários e, da mesma maneira que os complementos verbais vão depender da
demanda dos verbos, os complementos nominais vão depender da demanda dos
substantivos, adjetivos e advérbios, por isso nominais. Contudo, se afasta dos
complementos verbais no que se refere as preposições, os complementos nominais
sempre serão precedidos por uma preposição. Veja os exemplos abaixo:

Substantivo Complemento nominal

Ele não foi fiel aos compromissos.

Sujeito Predicado

No exemplo anterior é fácil perceber que “aos compromissos” está


complementando o substantivo “ el”. Assim, como pudemos observar no
complemento verbal, aqui, se tivéssemos construído a oração sem o complemento
não teríamos o sentido completo que temos com ele. Faria sentido, veja: Ele não foi
el. Mas, se acrescentamos o complemento o sentido é completo e não deixa dúvida
quanto a que “ele” não foi el.

Poderíamos citar como exemplo, ainda:

Ela mora perto da estação. (perto = substantivo / da estação = complemento


nominal)
Maria estava consciente de tudo. (consciente = adjetivo / de tudo =
complemento nominal)
Joao atuou favoravelmente aos amigos. (favoravelmente = adverbio / aos
amigos = complemento nominal).

Agente da passiva
O agente da passiva diz respeito à o que é ou quem se relaciono diretamente com o
verbo, ou seja, o que ou quem pratica a ação. Ele não é, necessariamente, um
complemento como nos casos anteriores, mas faz parte dos termos integrantes da
oração. O agente da passiva é a parte ativa, em uma oração de voz passiva. Observe
o exemplo para melhor compreensão:

1. Maria fez o bolo. (voz ativa).


2. O bolo foi feito por Maria. (voz passiva).

Nas orações acima, o verbo fazer é apresentado em um primeiro momento na voz


ativa (fez) e, posteriormente na voz passiva (foi feito). Na segunda oração nós
conseguimos visualizar o agente da passiva, ou seja, aquele que praticou a ação de
fazer o bolo. Dessa forma, podemos a rmar que o agente da passiva da oração é por
Maria.

A voz passiva é estruturada da seguinte forma: sujeito paciente + verbo auxiliar +


verbo principal no particípio + agente da passiva. Colocando isso no exemplo
anterior temos:

Sujeito paciente: o bolo (aquele que sofreu a ação)


Verbo auxiliar: foi
Verbo principal no particípio: feito
Agente da passiva: por Maria.
Os verbos

AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Nós falamos muito até agora de verbos, vimos que ele pode ser o núcleo do
predicado, percebemos a sua importância para diferenciar uma frase de uma
oração, além de outros fatores que o envolve. Todavia, até agora, não conceituamos,
minuciosamente, essa classe gramatical tão importante para o desenvolvimento de
um enunciado. Vamos falar de verbos, então?

Os verbos podem ter valor de ação (comer, caminhar, dançar), de estado (ser,
permanecer), fenômeno da natureza (nevar, trovejar) ou ocorrência (acontecer,
suceder). Como vimos na unidade anterior, o verbo, na sintaxe, exerce a função de
núcleo do predicado de uma oração, sendo que eles podem exionar de diversas
maneiras, pois a sua conjugação é realizada por meio de variações, sendo elas: de
pessoa, número, tempo, modo.

Sobre isso Bechara (2010, p. 192, grifos do autor) nos adverte que “trabalhar e
trabalho são palavras que têm o mesmo signi cado lexical, mas diferentes moldes,
diferentes signi cados categoriais, embora se deva ter presente que este não é o
simples produto da combinação do signi cado lexical com o signi cado
instrumental”.

Assim, considerando as variações dos verbos, vale lembrar que:

Tabela 4.1 – Flexões dos verbos

Flexão de Variação

Pessoa 1ª (eu, nós); 2ª (tu, vós) e 3ª (ele, eles).

Número Singular (eu, tu, ele) e plural (nós, vós, eles).

Tempo presente, pretérito e futuro.

Modo indicativo, subjuntivo e imperativo.

Voz voz ativa, voz passiva e voz re exiva.

Fonte: a autora.

Quando analisamos a estrutura do verbo, isto é, a morfologia dos verbos, devemos


considerar três elementos básicos, são eles: o radical, a vogal temática e a
desinência. O radical é a base do verbo, é a partir dele que as exões ocorrem, além
de carregar o signi cado do verbo. Observe:
Cant -ar
Radical Com -er
Dorm -ir

A vogal temática, no que lhe concerne, equivale à unidade mínima que se une ao
radical, para ligá-lo às desinências, promovendo, assim, a conjugação dos verbos.
Quando temos a junção dessas duas unidades, formando uma terceira unidade, a
chamamos de tema. Desse modo, temos: radical + vogal temática = tema. Observe o
exemplo:

Vogais temáticas

Cant- a-r
Radical Com- e -r
Dorm- i-r

Como pudemos perceber, através do exemplo acima, é a vogal temática que


determinará a conjugação a qual o verbo pertence. Se pertence à primeira
conjugação, à segunda conjugação, ou à terceira conjugação, em que a vogal
temática é, respectivamente -a, -e, -i. Exemplo:

Tabela 4.2 -Conjugações dos verbos

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

amar comer dormir

dançar correr sorrir

caminhar entender partir

Fonte: a autora.

Por m, as desinências são elementos que, junto com o tema, facultam as


conjunções, podendo ser:

Número-pessoais: apontam o número e a pessoa do discurso.


Modo-temporais: apontam o modo e o tempo em que a ação ocorre.
Desinência que indica o tempo
pretérito perfeito do modo

Amá - va - mos

Desinência que indica a


1ª pessoa do plural (nós)

Os verbos têm, também, suas classi cações, não se restringem apenas a esses que
acabamos de abordar. Eles podem ser regulares, irregulares e defectivos.

Os regulares seguem o mesmo modelo de conjugação e o seu radical não altera.

Os irregulares têm variação quanto ao seu radical e não vão seguir o mesmo padrão
de exão que os regulares. Assim, as diferenças podem aparecer no radical, nas
terminações ou nos dois. Como acontece, por exemplo, com o verbo caber e medir.

Temos ainda, uma subdivisão dos verbos irregulares, os quais chamamos de


anômalo, que são verbos irregulares que sofrem uma mudança ainda mais abrupta
como é o caso do verbo ir que acaba tendo três radicais: vou, irmos, fui.

Os verbos defectivos são aqueles em que não conseguimos conjugar em todas as


pessoas, tempos e modos, ou seja, não apresenta todas as formas, como é o caso do
verbo colorir, não existe eu “coloro”.

Segundo Bechara (2010, p. 200) “A defectividade verbal é devida a várias razões,


entre as quais a eufonia e a signi cação. Entretanto, a defectividade de certos verbos
não se assenta em bases morfológicas, mas em razões do uso e da norma vigentes
em certos momentos da história da língua”.

REFLITA
"...ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para sua própria produção ou a sua construção"

Fonte: FREIRE, P. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - saberes necessários à


prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003, p. 47.
Conclusão - Unidade 4

Caro(a) aluno(a)!

Chegamos ao nal de mais uma unidade.

Foi muito bom relembrar junto com vocês como a nossa língua portuguesa se
desdobra e faz com que nos apaixonemos cada vez mais por ela.

Isso porque, a teoria gramatical clássica estabeleceu a palavra como unidade


operacional básica de nossa língua. A morfologia e a sintaxe tradicionais foram
construídas sobre esse alicerce, em que a morfologia estudava a estrutura interna das
palavras e a sintaxe estudava a combinação desses vocábulos em orações, e isso
desde os gregos e os latinos. Há, querido(a) aluno(a), muita história por traz dessas
regras lógicas que nos presenteia a gramática tradicional, há muitos estudos.

Pudemos, nesta unidade, explorar mais um pouquinho desses estudos, aproveitar as


lógicas criadas por teóricos respeitados por todo o mundo, até hoje. Abordamos
aspectos pontuais da sintaxe e também da morfologia que vão nos auxiliar a escolher,
por exemplo, quando utilizar uma locução adjetiva ou, simplesmente utilizar um
adjetivo. A partir de agora, seremos capazes de fazer escolhas no que se refere ao
sentido que quero dar ao meu enunciado.

Passamos ainda por aspectos da oração importantes, como os termos acessórios e


integrantes, que são fundamentais para a construção de uma oração, a qual vai
compor um período, que pode compor um texto.

Fizemos uma parada, ainda, sobre um ponto basilar que é o verbo, uma classe
gramatical capaz de se desdobrar em inúmeras exões. Um termo importantíssimo
para a construção dos nossos enunciados.

Espero que essa caminhada tenha sido muito produtiva.

Desejos de muito sucesso a você, querido(a) aluno(a).


Leitura complementar
Caro(a) Aluno(a)!

Já compreendemos que o estudo sobre a língua portuguesa não pode parar, a nal,
como pudemos entender durante as unidades de ensino, ela é viva e está em
constante transformação e a nossa escrita, bem como a gramática da língua
portuguesa, deve acompanhar essa evolução. Dessa maneira sugerimos a leitura do
artigo A concordância sumiu ou evoluiu?, de Josué Machado. Um artigo muito
interessante que faz com que você re ita sobre a norma culta e sobre a sintaxe da
língua portuguesa.

O artigo está disponível em:

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Considerações Finais

Prezado(a) aluno(a)!

Subimos mais um degrau do conhecimento. Com este material foi possível


entendermos como é importante conhecer e saber diferenciar os diversos conceitos
da língua portuguesa, e o mais importante: saber empregá-los de maneira correta.
Para alcançarmos isso, passamos por diversos conceitos, entendemos que os
estudos da morfossintaxe vão além da compreensão do processo de formação das
palavras, ela nos traz as funcionalidades das palavras dentro de uma sentença, ou
seja, a funcionalidade da língua. E isso pode nos auxiliar nas relações que criamos
com o outro, a nal só assim alcançaremos um saber quali cado e consolidado, a
respeito da estrutura da língua e também do seu uso real, do seu funcionamento no
cotidiano.

Ademais, observamos que um sistema fechado não é su ciente para que as


necessidades linguísticas sejam sanadas, pois a língua é viva e está em constante
transformação, determinando que as palavras sejam revistas e reestruturadas e,
para isso, temos aliados gramaticais importantes, como observamos neste material.

Percebemos, ainda, que a gramática, assim como em qualquer outra área de


funcionamento da língua, vai se desdobrando e, a cada novo funcionamento, vai
surgindo uma nova nomenclatura, determinando um movimento da palavra ou da
oração em um enunciado. Não nego que o conteúdo é extenso, por isso, procurei
trazer vários exemplos para que você pudesse visualizar todo esse mecanismo
gramatical da nossa língua.

Há, querido(a) aluno(a), muita história por traz dessas regras lógicas que nos
presenteia a gramática tradicional, há muitos estudos para desbravarmos. En m, foi
muito bom relembrar, junto com você, como a nossa língua portuguesa se desdobra
e faz com que nos apaixonemos cada vez mais por ela.

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