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e Semântica
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Bem vindo(a)!
Caro(a) aluno(a), é um prazer poder contribuir com a sua formação, no que tange a
língua portuguesa. A partir de agora vamos percorrer, juntos, um caminho repleto
de curiosidades, entenderemos mecanismos e compreenderemos estruturas da
Língua Portuguesa para que seja possível ampliar as possibilidades que as
interações sociais nos apresentam no nosso cotidiano. A nal, a linguagem deve
estar no centro de nossas preocupações, já que é ela a responsável por todas as
interações que estabelecemos.
Desse modo, convido você a caminhar comigo rumo ao conhecimento, para tanto,
discorreremos sobre conceitos fundamentais da nossa gramática e, a partir desses
conceitos, aplicaremos regras formais e fundamentais para o bom desenvolvimento,
escrito e falado, da língua materna.
Já, na unidade III, vamos nos debruçar um pouco mais sobre a sintaxe, visto que ela
é uma das partes essenciais da gramática da língua portuguesa, responsável por
entender a função das palavras dentro de uma frase, a relação que essas palavras
estabelecem entre si e também a relação que existe entre as orações dentro de um
período.
Por m, na unidade IV, faremos uma caminhada pela gramática, em que teremos a
oportunidade de entender os diferentes sentidos que podemos alcançar com as
locuções, conforme a sua colocação, além de compreender que os termos
acessórios da oração, assim como os integrantes, são tão importantes quanto os
termos essenciais.
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações nais.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Olá, estimado aluno(a)!
Sabemos que a linguagem deve estar no centro de nossas preocupações, a nal ela
é a responsável por todas as interações que estabelecemos. Nesse sentido, a
gramática pode ser entendida como uma grande aliada para o bom entendimento
e bom uso da linguagem, visto ser o mecanismo que regula uma determinada
língua, em um determinado tempo.
Desse modo, nesta unidade, você poderá compreender melhor como a gramática
funciona quando o assunto é morfologia e sintaxe, além de entender a importância
dessas na formação e também as di culdades relacionadas a elas. Ainda nesta
unidade, apresentaremos os conceitos de frase, oração e período e entenderemos
como se estabelecem as estruturas sintagmáticas do português.
Plano de Estudo
Introdução à Morfo(sintaxe);
Compreender a Morfologia e a
Sintaxe;
Estabelecer a importância da
compreensão da morfossintaxe;
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Nos últimos tempos as pesquisas referentes à Língua Portuguesa avançaram de
forma signi cativa quando pensamos na gramática tradicional, o que tem re etido,
cada dia mais, na atuação de estudantes da Língua Portuguesa. Visto isso, a
preocupação na formação desse pro ssional deve ir além do simples entendimento
da língua materna – o Português – e em se tornar pro cientes da mesma. É
necessário estar atento para que seja possível alcançar um saber quali cado e
consolidado, a respeito da estrutura dessa língua e também do seu uso real, do seu
funcionamento no cotidiano. Só assim - ao obter um entendimento mais consolidado
da língua materna, de forma consciente e inserida em seu uso real - será possível
avançar na aprendizagem das competências linguísticas.
Nessa direção, a palavra pode ser estudada em seu aspecto formal, considerando a
sua forma, ou seja, a sua pronúncia, a sua composição morfológica e seu
comportamento sintático; e pode ser estudada, também, do ponto de vista
semântico, isto é, do seu signi cado básico. Para melhor compreensão, observe o
diagrama 1.1, da divisão da palavra “quadrinhos”, abaixo:
Pronúncia
kwadr’i uj
(fonologia)
Radical: quadr
Composição
Forma Sufixo: -inho
morfológica Sufixo: -s
Objeto pequeno de
Sentido cunho decorativo
Fonte: a autora.
Conforme o infográ co acima, é possível perceber que tanto o aspecto formal quanto
o aspecto semântico estão presentes na palavra “quadrinhos”, contudo, esses
aspectos devem ser separados quando há uma descrição, o que é de fundamental
importância quando se estuda a gramática da língua, visto a complexidade que se
tem ao questionar a relação existente entre as formas gramaticais e os signi cados.
A complexidade, como podemos perceber pelo mesmo infográ co, não é menor
quando o olhar se volta apenas para o aspecto formal da língua, dessa maneira, houve
a necessidade de uma subdivisão desse aspecto em três, que corresponde ao que
chamamos de fonologia, morfologia e sintaxe.
REFLITA
“A linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua encerada em si
mesma e por si mesma.”
Ao considerar o que colocamos nas linhas anteriores, podemos concluir que a palavra
pode ser analisada de duas formas:
Entretanto, é preciso esclarecer, que uma análise pode acontecer também no âmbito
da palavra e da frase, isto é, quando o estudo envolve a junção tanto da classe
gramatical da palavra quanto da sua função dentro de uma determinada frase, e é aí
que surge o que intitulamos morfossintaxe.
É interessante observar que, ainda que a Língua Portuguesa não pertença a área das
ciências exatas, quando se fala em morfossintaxe é possível chegar a uma certa
objetividade. Isto porque, as funções sintáticas podem ser de nidas previamente,
como, por exemplo, os adjetivos que, ao estar vinculado a um nome, caracterizando-o,
vai assumir, necessariamente, a função sintática de adjunto adnominal. Desse modo,
a análise morfológica deve sempre vir antes da sintática. Assim temos a seguinte
relação:
Diagrama 1.2 – Engrenagem linguística
Morfologia
Sintaxe
Morfossintaxe
Fonte: a autora.
Introdução à Sintaxe
Discutimos no título anterior sobre as divisões da gramática da Língua Portuguesa e
percebemos que há duas ciências, quando falamos em forma, que são de extrema
importância: a morfologia e a sintaxe.
A primeira é capaz de determinar a classe que pertence cada uma das palavras de
uma frase e a segunda, por seu turno, capaz de estabelecer a função da palavra na
frase. É importante salientar que juntas, morfologia e sintaxe, ao promoverem uma
análise da função sintática e das classes gramaticais, alcançam conexões e
signi cados importantes no texto, por isso poderíamos pensar, ainda, na ligação entre
morfossintaxe e a semântica.
Negrão, Scher e Violli (2004, p. 81) exempli cam isso da seguinte forma:
Igualmente a nossa competência linguística nos mostra que uma frase pode se
formar a partir de espécies distintas de léxicos. Temos aqueles que demandam
elementos particulares que devem atendê-los e, por outro lado, temos aqueles que se
bastam ao atender aqueles que os demandam.
Pensemos, para exempli car na seguinte sentença: A Maria construiu uma maquete.
Espontaneamente, sabemos que o verbo construiu é um léxico da espécie que
demanda – ele exige a presença de outros. Para que o verbo “construir” se estabeleça
em uma frase, ele precisa de dois léxicos: um que responda qual foi o objeto
construído e outro que mostre quem é que o construiu. Poderíamos comprovar isso
se alguém estabelecesse um diálogo, começando apenas com a palavra “construiu”,
as perguntas: quem construiu? Construiu o que, apareceriam de forma automática.
Essas perguntas pedem, de forma indireta, que o nosso interlocutor reconstrua a
frase, dando, ao verbo “construir”, as demandas necessárias para se estabelecer.
Desse modo, para entender a estrutura de uma frase, como as palavras se organizam
dentro de uma sentença, requer, em um primeiro momento, considerar esse
conhecimento linguístico de qualquer falante da língua, ou seja, para iniciarmos os
estudos sintáticos não podemos desconsiderar as competências inatas do falante da
língua em questão.
O papel da sintaxe e da
morfologia na formação e
suas di culdades no
processo de aprendizagem
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Não é de hoje que os estudiosos da língua aceitam como verdade a premissa de que
a linguagem é articulada. Haja vista que a palavra “articulada” deriva, de acordo
com Martelotta (2008, online, grifos do autor), “[...] do diminutivo articulus do latim
artus (que signi ca ‘articulações dos ossos’, ‘membros do corpo’) Assim, ‘articulado’
signi ca ‘constituído de membros ou partes’”. E essa é uma das características
essenciais da linguagem humana, considerada um aspecto fundamental para a
diferenciação entre ela e a comunicação animal.
Com isso podemos a rmar que, para formularmos sentenças, precisamos recorrer,
em um primeiro momento, à nossa memória para selecionar, entre os vocábulos
retidos, durante toda a nossa vivência, aqueles que melhor expressará, no contexto
em que nos encontramos, o efeito de sentido desejável, isto é, é necessário que
consideremos os signi cados de cada palavra e também devemos, em um segundo
momento, articular esses vocábulos de acordo com as regras de formação da língua.
Isso signi ca que cada um desses vocábulos funciona de forma autônoma, sendo
possível ser inserido em sentenças diferentes, conforme as escolhas que fazemos.
Contudo, é preciso dizer que cada um desses vocábulos é formado por unidades
menores, unidades morfológicas. Vamos visualizar isso a partir da mesma sentença
utilizada anteriormente:
Nas quatro palavras da sentença acima podemos notar uma oposição quando
separamos o morfema “s” da palavra estudantes, por exemplo. Essa retirada traz
consequências no valor do vocábulo, que, ao perder a marcação do plural – s – passa
a ser singular.
Parece óbvio esse processo da língua, contudo muitas vezes não nos damos conta
que esse e muitos outros morfemas – unidades menores da palavra – ao serem
acrescentados ou suprimidos dão informações essenciais para que possamos
alcançar o sentido nal da palavra ou ainda da sua estrutura gramatical.
Entendemos por morfemas os radicais, os pre xos, os su xos, as vogais temáticas e
todas as outras unidades menores constituídas de um signi cado que podem
formar uma palavra.
Isso porquê, historicamente, a língua falada vem e sempre virá antes da língua
escrita, independente da sociedade, o que pode ser veri cado, como dito
anteriormente, desde o seu uso efetivo – social – até a sua organização. Desse modo,
ao abordar a Língua Portuguesa unicamente sob o ponto de vista da gramática
normativa, pode-se provocar uma gama de conceitos falsos, além de preconceitos
que estão sempre em discussão na área de estudo em discussão.
Sabemos também que as línguas naturais, sem exceção, possuem todos os aspectos
necessários para oferecer aos seus usuários uma comunicação completa e sem
nenhum problema. Consequentemente, podemos a rmar que não existe uma
língua melhor que a outra, uma mais objetiva ou, ainda, uma mais rica e uma mais
pobre, dado que, se tem uma língua que possui menos vocabulário, isso quer dizer
que seus falantes não precisam de mais palavras que as existentes para ter uma boa
comunicação, pois, se precisassem, sem sombra de dúvidas, seus falantes seriam
levados a criá-las.
O fato é que, indiferente da perspectiva que seja olhada a língua, seja a partir da
fonologia, da sintaxe ou da morfologia, o estudioso da linguagem sempre constatará
que não há entre as línguas uma comparação entre a melhor ou a pior, elas são,
apenas, diferentes. Muito menos se chegará ao consenso de que elas não evoluem,
ou seja, que são “atrasadas”.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Morfologia
Entre os assuntos mais polêmicos da área da linguística está a morfologia. Os
estudiosos da língua, ao discutirem o assunto, se agitam ao se posicionarem quanto
a essa ciência. Muitos veem na morfologia o principal aspecto da gramática, outros
descartam, sem nenhuma ponderação, a morfologia na constituição de uma teoria
gramatical.
Em outros pontos desta unidade, vimos que a morfologia é de nida como o artefato
da gramática responsável pela estrutura interna das palavras.
Bom, é um consenso entre todos, seja linguista ou não, que a palavra existe,
contudo, é bem complicado de nir o que é palavra. Podemos partir da necessidade
que a linguística, assim como qualquer outra ciência, tinha de de nir suas unidades
de estudo. Contudo temos outros pontos que devem ser considerados, veja só: nós
temos no mundo desde línguas isoladas até línguas polissintéticas, a primeira
carrega apenas um signi cado, já, a segunda, certas sequências de sons, entendidas
por seus falantes como palavras, carregam signi cados traduzidos por frases, ou
seja, a palavra é formada por um número tão grande de morfemas que a
complexidade pode ser comparada a de frases completas.
Devemos ainda ponderar que critérios semânticos também não são su cientes para
de nir uma palavra em língua portuguesa, como podemos ter certeza que
construtor e aquele que constrói são palavra do português? As duas expressões tem
o mesmo valor semântico, isto é, o mesmo signi cado. Diante disso, se o nosso
critério fosse o sentido, teríamos que colocar as duas expressões na mesma classe
de palavras. Porém, como visto anteriormente, a nossa competência linguística, de
falantes do português, nos indica que a primeira expressão – construtor – é uma
palavra e a segunda – aquele que constrói – é uma frase.
Perceba que em (a) a palavra laranjas cabe como o objeto da frase e em (c) cabe
como sujeito. Dessa maneira, a sequência de sons laranjas pode aparecer em várias
posições sintáticas, portanto, é uma palavra.
Com isso, concluímos que a parte da gramática que estuda a palavra, a Morfologia,
tem, sim, a unidade máxima, que é a palavra, mas também tem a unidade mínima,
e isso muitas vezes é esquecido pelos estudiosos, é necessário entendermos que há
dentro dessa perspectiva os morfemas, que muito dizem quanto à construção das
palavras.
Nesse sentido, a Morfologia não estuda apenas a palavra, mas sim a estrutura da
palavra, seu estudo se volta para a sua formação e seus mecanismos de exão,
sendo o objeto de estudo as classes gramaticais, as quais estudaremos mais
detalhadamente nos próximos capítulos.
Sintaxe
Compreender a sintaxe não é uma tarefa muito fácil, visto ser uma das partes mais
objetivas e lógicas da língua portuguesa. Como observado em outros momentos
deste capítulo, a sintaxe não se ocupará dos sons das palavras, ou dos pedacinhos
das palavras (morfemas), menos ainda dos sentidos das palavras. A sintaxe é a
responsável por entender a ordenação e a organização das palavras dentro das
frases, ou seja, ela é quem vai nos ajudar a entender as regras que utilizamos
(conscientemente ou não) para formar uma sentença quando falamos ou
escrevemos.
De qualquer modo, as sentenças que utilizamos para nos comunicar seguem regras,
como colocado anteriormente, e essas regras precisam ser bem de nidas e, para
tanto, utilizamos de critérios. Critério é entendido aqui como um padrão, uma
referência, uma forma xa de ver as coisas, de analisar uma frase, por exemplo. Na
mesma direção, Ferrarezi Junior (2012, online) defende que “Usar um critério para
analisar uma parte da língua é escolher uma forma de ver essa parte e, então, usar
sempre essa mesma forma de ver para as mesmas coisas que se analisa”.
À MÃE - predicado
MÃE – Substantivo simples, comum, singular
verbal
Fonte: a autora.
Sabe-se que não existe apenas uma forma de organização das palavras em uma
sentença, porém, o fato de cada língua ter uma sintaxe própria impede que
construamos sentenças com vocabulários aleatórios. Observe:
Além dessa classi cação dos termos em grupos diferentes, é preciso lembrarmos
que há um lugar em que esses termos precisam estar para serem analisados, é aí
que entram os elementos da sintaxe, que pode ser uma frase, uma oração ou um
período. Dessa maneira, a sintaxe se organiza de tal forma que é capaz de oferecer
uma análise sintática completa.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
No tópico anterior discutimos alguns aspectos importantes da sintaxe, vimos que,
para que trabalhe, ela separa os termos, que se encontram dentro de um
determinado elemento, em grupos, sendo que esses elementos, os quais
correspondem ao lugar onde as palavras se encontram, podem estar no nível da
frase, da oração ou de um período. Desse modo, é importante termos bem de nido
o que são esses três níveis, ou seja, entenderemos, agora, as especi cidades da frase,
da oração e do período.
É importante salientar que na construção de uma frase, seja na linguagem oral seja
na linguagem escrita, o signi cado de sua estrutura pode depender de outros
fatores. Dessa maneira, pode depender de algo já dito em outro momento, pode
depender do contexto, das informações anteriores a que ela se refere etc.
Dito isso, é possível a rmar que a frase pode ser constituída por apenas uma
palavra, como por exemplo:
Socorro!
Perceba que a frase acima é plena de sentido e não precisa de um verbo para
alcançar um signi cado. Poderíamos de nir a frase a partir de alguns aspectos,
como, por exemplo, a letra maiúscula no início e os sinais de pontuação no nal, mas
isso limitaria os aspectos, recusando pontos importantes para o seu sentido, como,
por exemplo, o contexto.
A frase utilizada acima poderia, por exemplo, ter sido inserida em vários contextos:
chamar alguém que atende pelo nome Socorro, pedir ajuda por algum motivo, ser
usada em algum momento para expressar ironia e assim por diante. Isso re etirá de
forma única no seu sentido.
Nesse sentido, temos a unidade da fala representada por uma única palavra, mas a
frase também poderia ser formada por mais termos. Vejamos:
No exemplo anterior temos a presença de um verbo para formar a frase, mas isso
não é obrigatório. Observe:
Que calor!
Diante desses exemplos, então, compreendemos que uma frase pode conter um
verbo, esta se classi ca como frase oracional ou verbal, ou pode não conter um
verbo, esta se classi ca como frase nominal. Reiteramos que as marcas grá cas de
uma frase não são as únicas que as de ne, e, é preciso dizer ainda, que a frase é
marcada, também, pela entonação, ou seja, pela melodia que marca o m da
enunciação.
Frase
Nominal Original
Fonte: a autora.
A oração, por sua vez, é marcada sempre pela presença de um verbo e, assim como
a frase, pelo seu sentido completo. A presença do verbo, em especial, é uma
característica importante, que nos ajuda a marcar a diferença entre frase e oração. O
objetivo dessa unidade linguística, da oração, é de expressar algo sobre um
determinado sujeito. Desse modo, frequentemente apresenta um substantivo
(nome) a que se refere e com o qual o verbo deve concordar, assim, temos uma
estrutura binária constituída por: sujeito + predicado. Vejamos:
Sujeito Predicado
Podemos ainda dizer que em um período pode haver diferentes orações, desde que
tenha sentido completo, mas atenção: nem todas as frases são oracionais. Essas
orações são denominadas orações independentes. Exemplo:
Cheguei, vi e venci.
Temos no exemplo acima três orações independentes, visto que cada verbo tem por
si só um sentido completo.
Portanto, uma oração tem por objetivo expressar um conceito sobre um sujeito.
O período, por sua vez, é constituído por mais de uma oração, assim, é uma
estrutura sintática composta por uma oração basilar aumentada por outras
formações oracionais. Portanto, um período é um enunciado de sentido completo,
composto por uma ou mais orações e marcado por uma pausa de nida pela
entonação na fala e por pontos na escrita.
No período acima temos apenas um verbo, que marca a presença de apenas uma
oração. Desse modo temos neste exemplo um período simples.
Agora, observe:
Cheguei, vi e venci.
Percebemos, ao chegar neste ponto, que frase, oração e período estão ligados entre
si, assim como tudo na língua. Assim, observe o esquema abaixo para compreender
a hierarquia e onde cada conceito desses se encaixa:
Período
Frase oracional
Simples Composta
Mista:
Oração
Coordenação Subordinação coordenação e
absoluta
subordinação
Fonte: a autora.
O sintagma é demarcado por elementos que constituem uma unidade signi cativa,
dentro de uma oração. Esses elementos mantêm relações de dependência entre si e
uma determinada ordenação, organizados em torno de um elemento fundamental,
que chamamos de núcleo. Isto é, o eixo sintagmático abrange as combinações
possíveis das palavras, as quais têm suas funções determinadas, de acordo com o
que é estabelecido entre eles. Desse modo, a análise sintática considera a percepção
e a classi cação dos sintagmas através de sua composição. Observe:
c) Mary é um gato.
Se pensarmos nas palavras gato, passarinho, mulher, mesa e assim por diante, no
eixo da morfossintaxe, teremos uma só de nição, a nal são todos nomes, ou seja,
substantivos. Agora, ao virarmos para a análise sintática, percebemos que quando
selecionamos uma dessas palavras, como por exemplo passarinho, é que temos
estabelecida a função da palavra. Desse modo, podemos inferir que é na relação
com outros sintagmas de uma determinada frase, na cadeia sintagmática, que
vamos conseguir de nir a função de cada palavra.
Se olharmos para a palavra gato nos exemplos anteriores, perceberemos que cada
um tem uma função quando pensamos no eixo sintático. Na primeira sentença (a) o
termo gato está funcionando como objeto, já que se encontra depois do verbo. No
segundo exemplo (b) o mesmo sintagma passa a cumprir outra função: a de sujeito,
antecedendo o verbo e ao se associar com o artigo o. Já, na terceira sentença (c), o
sintagma gato em conjunto com o artigo um, desempenha a função de predicativo.
O que isso quer dizer? Isso quer dizer que quando a palavra gato aparece sozinho,
de forma isolada, ele pode exercer diferentes funções. Porém, na relação
sintagmática, ao olharmos a posição que cada termo ocupa dentro da sentença
teremos a função exata de cada um.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito dos sintagmas, considere a
leitura do arquivo Tipos de sintagmas e representações arbóreas, que
apresenta, de maneira resumida e didática, os tipos de sintagmas e as
suas respectivas construções em esquemas arbóreos, facilitando a
leitura da composição de cada um dos tipos de sintagmas.
ACESSAR
Diante disso, no sintagma básico temos o sujeito e o predicado, sendo que o termo
determinado é o verbo e o que vai determinar é o sujeito, assim, sintagma é a
combinação das partes mínimas da unidade linguística, a qual é perceptível pela
linearidade das palavras.
Segundo Saussure (2006), há diferentes tipos de construções, porém com uma certa
hierarquia entre elas. Temos, então:
Caro aluno(a),
Leitura complementar
Caro aluno,
ACESSAR
Livro
Filme
FERRAREZI JUNIOR, Celso. Sintaxe para a educação básica. São Paulo: Contexto,
2012. ISBN 978-85-7244-717-l.
FIORIN, José Luiz (Org). Introdução à linguística li: Princípios de análise. 3. Ed. São
Paulo: Contexto, 2004.
NEGRÃO, Esmeralda Vailati; SCHER, Ana Paula; VIOTTI, Evani de Carvalho. Sintaxe:
explorando a estrutura das sentenças. ln: FIORIN, José Luiz (Org). Introdução à
linguística li: Princípios de análise. 3. Ed. São Paulo: Contexto, 2004, p. 81-100.
PERINI, Mário A. Gramática descritiva do português. 4. ed. São Paulo: Ática, 2005.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Olá, prezado(a) aluno(a)!
Veremos que, ainda que a língua portuguesa tenha chegado às nossas terras em
nome dos portugueses, os agentes que realmente zeram a língua portuguesa
disparar no território brasileiro foram os índios, crioulos e mestiços, ou seja, falantes
de português, contudo não do português de Portugal, mas sim um português
entranhado de in uências indígenas e africanas, por isso temos uma herança
linguística tão rica e bonita.
Abordaremos ainda o resultado do acordo que tivemos entre os países que tem a
língua portuguesa como o cial, veremos que houve uma reforma nas regras de
escrita da nossa língua, com as quais devemos saber fazer uso, diante disso,
passaremos pelas principais mudanças que ocorreram com a reforma ortográ ca da
língua brasileira.
Origem do português
brasileiro;
Objetivos de
Aprendizagem
Entender como as palavras se
estruturam;
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
A parte da gramática responsável por estudar a estrutura das palavras é a
morfologia, e, como já sabemos, ela se individualiza ao olhar para o vocábulo de
forma isolada, desconsiderando o seu funcionamento dentro de uma frase ou
período.
Nessa mesma direção, sabemos também que há, na língua portuguesa, inúmeras
palavras que têm suas formas parecidas, as quais, muitas vezes, concernem no
mesmo campo semântico; contudo, é preciso destacar que, dependendo da forma
em que variam, podem receber classi cações morfológicas bem diferentes. Neste
tópico iremos entender como são determinadas a estrutura das palavras e os
principais procedimentos que dão origem ao vocábulo.
Para iniciarmos devemos lembrar que uma palavra é formada por unidades
mínimas, as quais possuem signi cado. Chamamos essas unidades mínimas de
morfemas. Observe, no quadro 1.1, abaixo, as semelhanças e diferenças na formação
das palavras, devido aos morfemas.
Fonte: a autora.
De acordo com Bechara (2010), a palavra se constitui a partir de dois morfemas, são
eles: o radical - que expressa o signi cado dos elementos do mundo em que
estamos inseridos, conhecido como signi cado lexical ou externo – e os a xos, que
são representados pelos morfemas de exão e os morfemas de derivação – este
expressa o sentido gramatical ou interno das palavras.
Os a xos, por sua vez, são morfemas que podem ser acrescentados no início ou no
nal do radical, agregando um sentido à palavra, sendo possível restringir esse
sentido ou especi car. OS a xos são subdivididos dependendo da posição em que
aparecem. Veja:
Afixos
Radical
Prefixo
Sufixo Sufixo Sufixo
Já os pre xos, ao se agregarem a uma base, dão uma signi cação e se relacionam
semanticamente com as preposições. “Os pre xos em geral, se agregam a verbos [...]
ou a adjetivos: in-feliz, des-leal, sub-terrâneo. São menos frequentes os derivados
em que os pre xos se agregam a substantivos; os que mais ocorrem são, na
realidade, deverbais, como em des-empate.”
Ao analisar os pre xos constatamos que eles podem aparecer como formas livres,
além de ter mais força signi cativa, diferente dos su xos que adquirem valor
morfológico. Os pre xos também não podem delimitar a categoria gramatical de
uma palavra, assim como os su xos.
Importante destacar que entre o radical e os a xos pode haver o que denominamos
de vogal temática, a qual, de acordo com Bechara (2010, p. 498) “[...] tem uma missão
classi catória, pois distingue os nomes e os verbos em grupos ou classes conhecidos
por grupos nominais (casa/livro/ponte) e grupos verbais, também chamados
conjugações”. Desse modo, quando analisamos palavras como: cant-á-ssemos, diss-
é-ssemos, part-í-ssemos, sabemos que elas pertencem, respectivamente, à 1ª, 2ª e 3ª
conjugação.
Esse enlace entre o radical e a vogal temática é conhecido como tema: parte da
palavra pronta para funcionar no enunciado e receber os a xos, como em casa + s,
caderno + s, pote + s. Porém, muitas vezes, ao receber o a xo, a vogal temática
desaparece, como é o caso de cas(a)inha. As vogais temáticas, nos nomes, são
marcadas pelos morfemas a, o e e (porta, copo, pente); já nos verbos os morfemas
são a, e, e i (cantar, correr, dormir).
Concluímos, dessa maneira, que as palavras são estruturadas a partir dos elementos
que compõem os vocábulos, os quais são conhecidos como morfemas – unidades
mínimas, plenas de signi cados, tais como a raiz, o radical, os a xos (pre xos e
su xos), vogal temática e assim por diante.
A formação das palavras
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
As línguas foram criadas para suprir uma das necessidades do ser humano – se
comunicar. E para que isso seja possível, os falantes de uma língua identi cam,
classi cam e nomeiam coisas, objetos e elementos, sobre os quais se deseja falar,
sejam eles abstratos ou concretos, ctícios ou reais, naturais ou não. Desse modo, de
acordo com Basílio (2004, p. 9), “a língua é ao mesmo tempo um sistema de
classi cação e um sistema de comunicação”.
Contudo, esse banco de dados é um sistema fechado, que não é su ciente para a
construção de enunciados completos em Língua Portuguesa. Isto porque, estamos
sempre construindo e reconstruindo, conhecendo e reconhecendo, produzindo e
reproduzindo novos objetos, elementos e seres, desse modo, temos a necessidade
de um sistema e caz, capaz de oferecer dinamismo e expansão, conforme as
necessidades de novas palavras vão surgindo.
REFLITA
“O princípio fundamental da arbitrariedade do signo não impede
distinguir, em cada língua, o que é radicalmente arbitrário, vale dizer,
imotivado, daquilo que só́ o é relativamente. Apenas uma parte dos
signos é absolutamente arbitrária; em outras, intervém um fenômeno
que permite reconhecer graus no arbitrário sem suprimi-lo: o signo
pode ser relativamente motivado.”
Nesse sentido, de acordo com Bechara (2010), o artefato lexical de uma gramática é
distribuído em três partes: derivação e composição, por meio das quais temos
estratégias linguísticas que permitem a formação de novas palavras.
Composição
Justaposição Aglutinação
(não sofre alteração) (sofre alteração)
Ponta + aguda =
Peixe + espada = pontiaguda
peixe-espada outra + hora =
outrora
Fonte: a autora.
A derivação, por sua vez, é o processo que dá origem a outra, por meio de uma única
palavra já existente na língua, por meio de a xos. Assim, a palavra também pode ser
composta por meio da derivação pre xal, derivação su xal ou ainda por meio da
derivação parassintética.
Esquematizando temos:
Diagrama 2.2 – Composição
Derivação
(Composição por afixos)
Prefixal Sufixal
(antes do radical (depois do radical
prefixo + radical ) radical + sufixo )
Parassintética
(amtes e depois do radical
prefixo + radical + sufixo )
Fonte: a autora.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Não é novidade que o português não surgiu no Brasil, embora o nosso país seja o
maior do mundo que fala a língua. O português foi implantado no Brasil, devido a
colonização portuguesa, há mais de 500 anos. Neste tópico, iremos falar um pouco
sobre a origem da nossa língua.
Dessa forma, não é possível contar uma história da língua portuguesa brasileira, sem
considerar os 500 e tantos anos de história de desenvolvimento, adaptações e
interpretações que permeiam a constituição da nossa língua.
A palavra vernáculo indica um modo de aprender uma língua, sendo que esse
método impugna todo o aprendizado que é ofertado pela escola e considera apenas
o que é adquirido de maneira natural, por assimilação espontânea e inconsciente,
no ambiente sociocultural em que o sujeito está inserido.
Para exempli car podemos pensar em construções verbais, tais como: fá-lo-ei, dir-
lhe-ia, eu dormira, expressões as quais um falante de língua portuguesa brasileiro
não as conheceram, com todo certeza, de maneira espontânea, mas sim por meio
do aprendizado formal, na escola, visto que, a probabilidade de um brasileiro
pronunciar tais construções é praticamente zero, diferente de construções como: eu
vou fazer isso, eu diria isso para ele, eu vou dormir, as quais uma criança assimilaria
de maneira espontânea, sem a necessária interferência do ensino formal. Em suma,
diante dos exemplos, podemos a rmar que estas são vernáculas, enquanto que
aquelas não são.
Porém, esse período estável teve um rompimento, devido às invasões bárbaras, que
zeram que a unidade linguística começasse a se desfazer. Assim, no nal do século
X, o território linguístico românico começou a sofrer in uências externas e cada
território local, pouco a pouco, foi conquistando um linguajar local. Segundo Ilari e
Basso (2009, p. 15) “Essa fragmentação do latim vulgar contrasta não só com a
relativa uniformidade do próprio latim vulgar durante o período imperial, mas ainda
com a uniformidade do latim literário e do latim eclesiástico, que continuaram
sendo usados para outros ns, ao lado da fala popular”.
Após algum tempo, essas linguagens locais, derivadas do latim vulgar, foram
ganhando prestígio até que se transformaram no que conhecemos hoje como
línguas românicas: o romeno, o italiano, o sardo, o reto-românico (falado na Suíça e
em algumas regiões do norte da Itália), o occitano, o francês, o catalão, o espanhol, o
galego e o português.
Nessa mesma direção, podemos a rmar que, ainda que o português seja derivado
do latim, não temos domínio para compreender a literatura latina. O latim sempre
foi uma referência cultural e objeto de pesquisa de grandes pesquisadores, os quais
buscavam a partir do latim resgatar culturas e a ns. Além do mais, o latim foi a
língua mundial até o século XVIII, quando perdeu seu lugar para a língua francesa,
que, por sua vez, no século XX, foi substituída pelo inglês.
Não é possível falar da origem da língua portuguesa, sem entender o que aconteceu
no Brasil, desde que Pedro Alvares Cabral, em 22 de abril de 1500, pôs os pés nas
terras brasileiras. No processo de colonização, os portugueses espalharam pelo
nosso território inúmeras aldeias e vilas, das quais os nomes remetiam a Coroa
portuguesa.
Ainda que esse processo tenha sido realizado em nome dos portugueses, os agentes
não foram os portugueses. Nas grandes expansões territoriais, processos
econômicos quem protagonizava eram os índios, crioulos e mestiços, ou seja,
falantes de português, mas não do português de Portugal, um português
entranhado de in uências indígenas e africanas, devido aos escravos que foram
trazidos pelos portugueses.
Para Ilari e Basso (2009, p. 55), “para entender a difusão da língua portuguesa no
território brasileiro, não basta pensar em tratados, conquistas e fronteiras, é
necessário também considerar a forma (ou antes, as formas) como se deu a
ocupação efetiva do espaço”.
A língua indígena que mais in uenciou o português brasileiro foi a língua dos
indígenas que moravam no litoral: Tupinambá ou Tupi-guarani. Ao lado do
português essa língua foi usada como língua geral na colônia, já que os jesuítas,
vindos para a catequização dos indígenas, estudaram e acabaram difundindo a
língua.
Mas isso não durou muito, em 1757, a Coroa portuguesa proibiu o uso da Língua
Tupi, assim, como o português já superava o Tupi, o português se tornou a língua
o cial do Brasil. E assim o português foi tomando conta do território, se espalhando
cada vez mais e esmagando as línguas indígenas que tínhamos, hoje podemos dizer
que perdemos muito com isso, tanto no que se refere a nossa identidade linguística
quanto cultural.
De qualquer maneira, ainda assim, herdamos muitas palavras das línguas indígenas,
como macaxeira, capivara, catapora, mingau etc. e também africanas como,
moleque, quitanda, fubá, entre outras, e essas culturas foram agregando na então
língua o cial, afastando o português do brasil do português de Portugal, o qual
tinha, por sua vez, a in uência do francês.
Entre 1808 e 1821, a família real veio para o Brasil e nesse momento da história o
português do Brasil e o de Portugal voltaram a se aproximar, visto a grande
quantidade de portugueses presentes nas capitais. Contudo, com a independência,
em 1822, houve uma grande onda de imigração, vieram holandeses, espanhóis,
entre outros, que também começaram a in uenciar a nossa língua, e isso explica o
porquê de tantos sotaques e diferenças regionais no nosso país.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
O novo acordo ortográ co da língua portuguesa não visa a modi cação no nosso
modo de falar, nem poderia. O seu objetivo é uniformizar e facilitar a escrita, para que,
segundo estudiosos que defendem esse tipo de acordo, livros publicados não
precisariam mais ser revistos antes de chegar em nossas mãos e vice-versa. Isso
também facilitaria o acesso, além de Portugal, de países como Angola e Moçambique,
às publicações de livros e revistas publicadas no Brasil, o que valorizaria o mercado.
As mudanças começam no alfabeto, isso mesmo, o alfabeto que era composto por 23
letras, das quais cinco são vogais, agora é composto por 26 letras. Antes do acordo as
letras k, y e w só eram utilizadas (ou deveriam ser) em casos de estrangeirismo e
abreviaturas. Agora, essas letras pertencem o cialmente ao nosso alfabeto.
Houve também modi cações nas regras quanto às letras maiúsculas e minúsculas.
Agora, nomes de estação de ano, meses e dias de semanas devem ser grafados com
letra minúscula, desse modo temos: verão, inverno, janeiro, março, domingo, sábado e
assim por diante. Antes essas eram grafadas com letra maiúscula. O mesmo se aplica
aos pontos cardeais: norte, sul, leste, oeste, sudeste, nordeste etc. Estes também
eram grafados com letras maiúsculas antes do acordo.
Da mesma forma, vocábulos que indicam domínios de saber e a ns, podem ser
grafados com letra minúscula: português, letras, literatura, linguística, física quântica,
química, geogra a humana, artes plásticas, e assim por diante.
Uma das regras que sofreu mais mudanças, de acordo com Silva (2009), foi a
acentuação, devemos considerar que:
péla (verbo pelar), péla (substantivo) e pela pela 🡪 gra a para as três
(preposição). classes gramaticais.
pélo (verbo pelar), pêlo (substantivo) e pelo pelo 🡪 gra a para as três
(preposição). classes gramaticais.
Porém, nas palavras homográ cas pôr (verbo) o acento continua obrigatório, para
que não se confunda com a preposição por. A mesma regra se aplica a palavra pôde
(verbo no passado), para diferenciá-lo da palavra pode (verbo no presente). Já, na
palavra fôrma/ forma, o acento é facultativo.
Outra alteração signi cativa que tivemos, com o novo acordo ortográ co, foi com
relação a utilização do hífen. Vejamos:
Quadro 4.2 – A utilização, a manutenção e a eliminação do hífen
Palavras A palavra
derivadas Sempre utilizaremos Super-herói; anti- composta por
por o hífen quando a herói; anti- sub + humano
pre xação, segunda palavra higiênico; co- perde o h, ao
em que o iniciar com h e tiver herdeiro; sobre- se juntar,
segundo como antecessor um humano; mini- assim,
termo inicia pre xo. hotel; etc. teremos:
com h subumano.
O pre xo co,
pre, re, entre
outros, se
Palavras Coautor; juntará ao seu
Quando as vogais do
derivadas extraescolar; radical, ainda
pre xo e da palavra
por infraestrutura; que ele seja
que o procede forem
pre xação autoaprendizado; iniciado com
diferentes, não se
com vogais agroindústria; vagal igual.
utiliza hífen.
diferentes aeroespacial; etc. Como em:
coordenador,
preestabelecer;
reerguer.
Qualquer
consoante,
Palavras
Autocorretor; com exceção
derivadas
Quando o pre xo contrarregra, do h. Perceba
por
terminar por vogal e minissaia; que para uma
pre xação,
o segundo iniciar por seminovo; melhor
sendo o
qualquer consoante microcirurgia; pronúncia,
segundo
não utilizaremos semicírculo; quando o
termo
hífen ultrassonogra a segundo
iniciado por
etc. termo se inicia
consoante.
com s e r, estas
letras dobram.
Mantem-se o hífen
em termos derivados
por pre xação, em
que o pre xo
termine por r e o Super-resistente;
segundo termo inter-relacionado;
inicia-se por r; ou pan-americano;
Manutenção
com os pre xos pan-mágico; pré-
em palavras
circum e pan com o escola; além-mar;
derivadas –
segundo termo ex-diretor; pré-
por
iniciando por vogal, natal; pró-
pre xação
m ou n; ou em africano; grã-
qualquer condição na; grão-
para alguns pre xos mestre.
(além-, ex-, sota-,
soto-, vice-, vizo-,
pós-, pré-, pró-, grã-,
grão).
Fonte: a autora.
O novo acordo ortográ co também trouxe regras quanto às letras mudas, agora as
letras mudas que não são pronunciadas devem ser eliminadas, como, por exemplo,
em ação, anteriormente grafada acção; batizar, anteriormente baptizar; direto,
anteriormente directo; objeção, anteriormente objecção; Egito, anteriormente Egipto;
entre outros.
Por m, foi estabelecido, ainda, uma regra quanto a separação silábica. Ficou
determinado que: se, ao escrever, a linha nalizar com a separação de uma palavra
que leva consigo a gra a do hífen, este deve ser repetido na linha seguinte. Desse
modo, se estivermos escrevendo um texto a mão, por exemplo, na hora em que
formos separar as sílabas, porque ela não coube inteira naquela linha, e a palavra
coincidir com o hífen, este deve ser repetido no começo da linha seguinte. Isso tanto
para os casos de ênclise (pronome colocado após o verbo: fala-se, diz-se, come-se
etc.), como para palavras que, de acordo com a nova ortogra a, devem ser grafadas
com o hífen.
Pelo que acabamos de ver, percebemos que o novo acordo ortográ co propõe uma
padronização parcial. A nal, segundo Silva (2009, p. 55-56), o novo acordo ortográ co
Nessa mesma direção, podemos a rmar que os maiores embates, levantados por
críticos da língua portuguesa quanto ao acordo ortográ co, dizem respeito ao fato da
ausência de discussões mais democráticas e amplas sobre as novas regras, as quais,
segundo esses críticos, caram em volta de poucos representantes da academia
portuguesa e brasileira.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento, leia a dissertação de mestrado,
intitulada Derivação pre xal: um estudo sobre alguns pre xos do
português brasileiro, de Solange Mendes Oliveira, pela Universidade
Federal de Santa Catarina, para aprofundar seus conhecimentos sobre os
pre xos e su xos em língua portuguesa brasileira.
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Conclusão - Unidade 2
Caro aluno(a)!
Espero que esta unidade tenha contribuído para a sua compreensão de como a
estrutura e a formação das palavras da língua portuguesa acontecem. Vimos que a
língua apresenta estratégias linguísticas que proporcionam a formação de novas
palavras, além disso, temos um banco de dados previamente classi cado, em que
vamos depositando palavras, as quais selecionamos, reorganizamos e reestruturamos
para nos comunicar.
Isso porque, não é possível, para nós brasileiros, falar de estrutura de palavras, da
formação de palavras, en m, de morfossintaxe, sem entender como a nossa língua
chegou e foi difundida no nosso país, até mesmo porque temos plena consciência
que, ainda que seja uma língua herdada dos portuguesa, há muitas e grandes
diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal, principalmente
quando falamos da oralidade.
En m, com mais esta etapa concluída, tenho certeza que você subiu mais um degrau
na escalada do conhecimento.
Sugerimos a leitura da reportagem “Professor fala das origens das palavras da língua
portuguesa”, que aborda de maneira descomplicada as origens do nosso idioma,
trazendo para a discussão os termos em latim e grego, além das palavras indígenas,
africanas e árabes que constituem o nosso vocabulário.
ACESSAR
Livro
Filme
BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2010.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Estimado aluno(a),
Não se preocupe, nesta unidade, nós vamos, antes de qualquer coisa, entender a
diferença entre frase, oração e período, pois, como colocado, a sintaxe também é
responsável por essa relação entre as orações, as quais, se bem formuladas, vão
garantir coesão e coerência para os nossos enunciados.
No tópico três, veremos que os períodos são formados por orações, as quais podem
ser dependentes uma da outra ou não. Compreenderemos que essa relação pode
trazer diferentes sentidos para o nosso enunciado.
Por m, ̀ vamos falar um pouquinho sobre um assunto temido por muitos – a crase –
essa temática é de fundamental importância quando pensamos nessas relações
entre as orações, por isso, vamos dar uma paradinha na análise sintática para falar
dela, bem como da pontuação, mais especi camente sobre o vírgula, a qual pode
nos auxiliar de acordo com o sentido que queremos dar aos nossos textos.
Espero que essa unidade suscite em você a vontade de aprender mais, anal, ̀ a
gramática é imensa e só uma pessoa curiosa e com vontade de saber mais pode
desvendá-la. Aqui, nós apresentamos uma pequena amostra de como a nossa
língua se desdobra e a nossa gramática funciona.
Os termos da oração:
essenciais e acessórios;
As classes de palavras e
regência;
Objetivos de
Aprendizagem
Conceituar e diferenciar frase,
oração e período;
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
A sintaxe é a responsável por estudar as regras de construção de frases e também a
interação que os elementos verbais têm dentro da estrutura oracional. O termo vem
do Grego – syntáxis – e traz como signi cado as palavras ordenação e disposição.
Nesse sentido, de acordo com Eliseu (2008), podemos a rmar que a sintaxe existe
há muito tempo, não é um estudo novo da área da linguística, este campo de estudo
teve origem com os gregos antigos, os quais já se questionavam sobre o
funcionamento do vocábulo quando estes eram inseridos em condições concretas
de comunicação, como as frases deveriam ser divididas, considerando suas
unidades semânticas, e quais eram os termos essenciais para a obtenção da
comunicação de modo efetivo.
Ao analisar as palavras acima, você avalia que elas formam uma frase?
Com certeza, não. Mas, por que? Fica evidente, ao analisarmos a frase acima, que as
palavras não seguem a ordem estabelecida em língua portuguesa, reconhecidas por
qualquer usuário, independente do seu grau de escolaridade. Podemos dizer que
este exemplo se con gura em um amontoado de palavras, sem nenhum
signi cado, não cumprindo, assim, sua função, que é estabelecer a comunicação.
Comprovamos, a partir da restruturação acima, que não basta juntar palavras para
se obter uma frase, a nal, agora sim podemos dizer que temos uma frase, não é?
Pois bem, é evidente que para termos uma frase é necessário, então, que um
conjunto de palavras comunique uma ideia, que faça sentido para alguém.
Desse modo, podemos a rmar, de acordo com Costa et al. (2013, p. 35), que frase “é
uma unidade linguística que, na situação comunicativa, expressa uma ideia;
caracteriza-se gra camente por iniciar-se com letra maiúscula e terminar com um
ponto”.
Apoiados em Cegalla (2004), podemos dizer ainda que a frase funciona para que os
sujeitos de uma língua expressem seus pensamentos e também sentimentos.
Assim, a frase pode ser entendida como uma unidade plena de sentido, sendo
possível termos a construção de uma frase a partir de uma única palavra ou várias,
com ou sem verbos. O que importa, quando de nimos a frase, é a sua capacidade
de transmitir uma informação, ou seja, sua capacidade de servir ao sujeito e ao outro
para que estabeleçam uma interação, um processo comunicativo.
Chove…
Que chuva!
Com isso rea rmamos que para se ter uma frase não importa a quantidade de
palavras, nem se há verbos inseridos na sua construção, essas características não
in uenciam na constituição da frase, desde que esta tenha sentido completo e
cumpra com o seu papel.
Por sua vez, as orações, que não deixam de ser frases, têm sua unidade sintática
estruturada em função de um verbo. Além do verbo, as orações também têm como
característica, em sua composição, três tipos de termos, são eles: essenciais,
integrantes e os acessórios, dos quais falaremos mais adiante.
Abordaremos esses três tipos de termos mais adiante, antes vamos entender o que
é período. É considerado período a frase que tem uma ou mais orações. Segundo
Costa et al. (2013, p. 25), “frase e período não são, necessariamente, o mesmo
conceito. Isso porque, está implícita, na constituição do período, a presença de, pelo
menos, uma oração. Como nem toda frase corresponde a uma oração, nem toda
frase é um período”.
Frase
(unidade plena
de sentido)
Nominal Oracional
(sem verbo) (com verbo)
Período
Simples Composto
(apenas um (doius ou mais
verbo) verbos)
Fonte: a autora.
Entendido as possíveis divisões da frase e correspondentes, temos agora que nos
deter nos termos da oração, já que a frase nominal não permite uma análise
sintática, por não apresentar um verbo, pois, na oração, é em torno do verbo que os
outros elementos vão se organizar. Vamos, no próximo tópico nos debruçar sobre
esses termos.
Os termos da oração:
essenciais e acessórios
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Assim como na morfologia, em que temos unidades morfológicas, na sintaxe
também temos unidades sintáticas, as quais chamamos de termos da oração, que
podem ser formadas por uma ou por um conjunto de palavras que desempenham
determinada função sintática.
Termos essenciais
Sujeito;
Predicado;
Termos integrantes
Termos acessórios
Adjunto adnominal;
Adjunto adverbial;
Aposto;
Vocativo.
Nesta unidade, vamos nos deter nos termos essenciais. Vamos lá?
O primeiro termo essencial é o sujeito, que é o termo da oração que expressa o ser
de quem se fala ou de que se declara alguma coisa. Para encontrá-lo podemos fazer
duas perguntinhas básicas para a oração:
Utilizamos essas duas perguntinhas porque devemos considerar que o sujeito pode
se referir à pessoa (quem) ou a qualquer outra coisa (que). Por exemplo:
O preço do feijão não cabe no poema.
Sujeito: O homem.
Sujeito
Núcleo do sujeito
a. Um substantivo;
b. Os pronomes pessoais ele(s), ela(s);
c. Um pronome demonstrativo, relativo, interrogativo ou inde nido;
d. Um numeral;
e. Uma palavra ou uma expressão substantivada;
f. Uma oração.
Sujeito oculto: é aquele que não está grafado, marcado, mas é possível encontrá-lo a
partir da conjugação do verbo.
Oração sem sujeito: orações que contêm apenas o predicado, as quais não podemos
confundir com as orações com sujeitos indeterminados, as quais têm um sujeito,
ainda que indeterminado. Na maioria das vezes a oração sem sujeito ocorre quando
estamos falando de fenômenos da natureza ou usando verbos impessoais.
Verbo de
Sujeito ligação
Característica
O verbo “é” está, no exemplo acima, apenas ligando o sujeito à sua característica, por
isso assume a função de verbo de ligação. Há verbos que têm essa característica, ou
seja, normalmente funcionam como verbo de ligação, são eles: continuar, andar,
car, fazer, estar, ser, parecer e permanecer. Dois desses verbos citados, os quais
funcionam normalmente como de ligação, exigem cuidado, visto que podem ter o
sentido de ação, são eles: andar e car. Observe:
Verbo de ação
Eu ando no parque.
Ando cansada.
Verbo de ligação
O verbo signi cativo, por sua vez, expressa ação ou fenômeno da natureza, não
sendo possível, diferentemente dos verbos de ligação, enumerá-los, já que a maioria
dos nossos verbos expressam a ideia de ação. Sendo assim, o verbo “ando” da
primeira frase do exemplo anterior é um verbo signi cativo.
Entendido o que são os verbos signi cativos e os verbos de ligação podemos, então,
entender os tipos de predicado que existem, já que será o verbo que vai nos dizer se
estamos falando de um predicado nominal, verbal ou verbo-nominal. Lembrando
que o predicado é tudo aquilo que diz algo sobre o sujeito, isto é, ao excluir o sujeito
da oração, o restante equivale ao predicado da oração.
SAIBA MAIS
Prezado(a), aluno(a)!
Aproveite!
ACESSAR
Marcos é magro.
Verbo de
Sujeito ligação
Característica
Verbo significativo
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Acabamos de conhecer os termos sintáticos da oração, os quais compreendem a
análise sintática interna, isto é, a análise do funcionamento desses termos. Agora,
vamos abordar a análise sintática externa, ou seja, a análise das orações em si. Isto
porquê dentro de um período composto, como vimos anteriormente, podem
funcionar duas ou mais orações.
Nessa direção, os períodos podem ser compostos por: orações coordenadas, orações
subordinadas e orações mistas.
Observe o exemplo:
Verbo Verbo
Neste exemplo notamos a presença de dois verbos, temos, assim, duas orações. Se
separarmos tais orações as duas terão sentidos completos, ou seja, uma não
depende da outra. Observe:
O período composto por subordinação, por sua vez, compreende àqueles que
apresentam dois ou mais verbos dependentes sintaticamente, isto é, uma oração vai
depender da outra para que haja sentido, sendo uma subordinada a outra, que
denominaremos principal, assim como as gramáticas.
Por exemplo:
Verbo Verbo
Perceba que neste caso temos uma dependência de sentido entre as frases. Se
alguém dissesse para você “ela tem certeza”, você provavelmente perguntaria:
Certeza do que? Ou seja, o “que” liga as duas orações de modo que uma que
estritamente subordinada a outra. Se estas orações forem separadas certamente
não alcançaria a ideia nal.
Por exemplo:
Período
Composto
por orações
Composta
Simples
(2 ou +
(1 oração/verbo)
orações/verbos)
Fonte: a autora.
CLASSES GRAMATICAIS
Classe
Função básica Exemplo
gramatical
Anteceder o
substantivo para Um lindo balão azul sobrevoou a
Artigo
indeterminá-lo ou região.
determiná-lo
Exprimir emoções e
Interjeição Puxa! Você vai faltar de novo?
sentimentos súbitos.
Já sabemos que a sintaxe é a responsável pelo estudo das relações que as palavras
assumem dentro de uma oração. E um dos aspectos mais importantes é a regência,
a nal sempre ouvimos perguntas do tipo: o correto é fui no cinema ou fui ao
cinema? E, na maioria das vezes, a resposta é dada de forma intuitiva.
Dessa maneira, as preposições é uma classe de palavras que tem o poder de mudar
completamente o sentido de um período, assim, estudar as preposições é algo
indispensável quando o assunto é regência verbal e nominal. Veja o exemplo:
Cheguei no carro.
Cheguei ao carro.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Ao considerar a regência, há um aspecto da gramática, considerado por muitos
como um assunto não muito agradável, contudo, muito importante: a crase. A crase
se relaciona de forma direta com a regência de nomes e de verbos,
desempenhando, desse modo, um papel fundamental na estrutura sintático-
semântica dos enunciados. Ferreira nos oferece um exemplo quanto a isso, observe
as duas frases:
Entende-se por crase a fusão da preposição a com outro que venha logo depois
dela, sendo que a crase é representada pela letra a com o acento grave (à).
De acordo com Ferreira (2011, p. 648) “A palavra crase, que tem origem na palavra
grega krasis (mistura, fusão), nomeia um fato fonético: a fusão de dois sons iguais.
O nome do acento que., na escrita, indica a ocorrência de crase não se chama
“crase”; chama-se acento grave.”
Nessa direção, sabemos que a crase ocorre, na maior parte das vezes, pela fusão do
artigo a mais a preposição a, contudo, em algumas estruturas sintáticas, ela pode
resultar da junção de:
Para que seja possível construir um enunciado coerente, vimos que é necessário
dominar os aspectos sintáticos de uma frase, ou seja, é preciso conhecer as regras
de organização frasal. Nesse sentido, a pontuação é um elemento que funciona
como um organizador, por isso, vamos entender como podemos utilizar desse
recurso para que tenhamos um enunciado mais coeso e coerente.
Por exemplo:
Neste exemplo notamos claramente que a conjunção está iniciando a oração. Agora,
observe:
Por sua vez, a conjunção e, normalmente, não é precedida por vírgula, pois
muitas vezes é utilizada com valor de soma (isso e aquilo). Contudo, em casos
como: unir orações com sujeitos diferentes, quando ligar elementos em uma
enumeração enfática e quando introduzir uma oração que exprime
substituição, antes do advérbio não, deve vir precedida de vírgula. Observe:
• Maria comeu e foi embora. (junção de ideias, com sujeitos iguais)
• O espetáculo foi excepcional, e o público vibrou. (sujeitos diferentes)
• Ele cou arrasado, e envergonhado, e triste. (enfatiza os termos)
• O professor elogiou o secretário, e não a diretora. (supressão do termo)
As orações subordinadas, por sua vez, são aquelas, como já estudado, dependentes
de uma outra oração, a qual chamamos de oração principal. Estas podem ser
divididas em orações subordinadas adjetivas e orações subordinadas adverbiais.
Oração subordinada adjetiva restritiva vai especi car, vai restringir o nome
que se refere, restringindo seu signi cado a um único ser. Neste caso, não
utilizamos vírgula. Veja:
• Meus amigos que viajaram ontem chegaram cansados. (Não são amigos
aleatórios, são aqueles que viajaram ontem, especi camente).
As orações subordinadas adverbiais vão exercer a função de adjunto adverbial do
verbo da oração principal, ocupando a mesma função do advérbio na estrutura
frasal. Desse modo, vão acrescentar à oração circunstância de modo, tempo, causa,
m, consequência, entre outras. Estas orações vão ser iniciadas sempre ou por uma
conjunção ou por uma locução conjuntiva, e as vírgulas virão a posteriori das
orações subordinadas quando estas vierem antes da oração principal. Por exemplo:
Estimado(a) aluno(a),
Leitura complementar
Caro(a), aluno(a)!
A m de aprimorar o seu conhecimento e não carmos apenas na gramática
fechada, visto que, para nos comunicarmos bem, precisamos entender o
funcionamento real da língua, sugerimos a leitura do artigo Correção gramatical e
clareza afetam a qualidade do texto cientí co?, de Tarciso S. Filgueiras.
Boa leitura!
ACESSAR
Livro
Filme
Unidade 4
Estruturação sintática II
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Introdução
Prezado(a) aluno(a),
Nessa direção, convido você, querido aluno, a embarcar novamente comigo, para
desvendarmos esse mar imenso, que é a língua portuguesa.
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Muitas vezes, ao escrever, nós fazemos uso de expressões, visto que estas expressam
ideias e sentidos que não conseguimos expressar em apenas uma palavra,
necessitamos, assim, fazer uma ligação entre as palavras, o que na sintaxe
chamamos de locução.
Temos diferentes locuções, as quais são classi cadas conforme a função que
assumem dentro de um enunciado. Veja:
Agora, que temos uma visão ampla das locuções, vamos olhar para as principais de
maneira mais minuciosa para compreendermos como elas se comportam dentro de
uma análise sintática.
Locução adjetiva
A locução adjetiva é formada, normalmente, por meio da junção de uma preposição
e um substantivo, que vão atuar como um adjetivo, caracterizando um outro
substantivo. Assim, temos:
Preposição + Substantivo
Mulher de coragem
Mulher corajosa
De acordo com Bechara (2010), é importante dizer que nem sempre vamos
encontrar um adjetivo correspondente na mesma família de palavras e de
signi cado idêntico ao da locução adjetiva. O autor cita como exemplo:
Colega de turma
Homem sem-terra
Com esses exemplos, é fácil perceber que não podemos car presos, ao considerar
as locuções adjetivas, na procura por um sinônimo que expresse a mesma
característica. De qualquer maneira, podemos citar algumas locuções adjetivas com
seus respectivos correspondentes a m de compreendermos melhor:
De cabelo = capilar
De cabra = caprino
De criança = infantil
De respeito = respeitoso
De anjo = angélico
De pai = paternal
Fonte: a autora.
Locução adverbial
A locução adverbial é formada, normalmente, por meio da junção de uma
preposição e um substantivo ou adjetivo, sendo que estes podem variar em gênero
e o número. A locução adverbial vai funcionar como um advérbio, ou seja,
modi cando o verbo, o adjetivo ou outro advérbio. Assim, temos:
Preposição + Substantivo
Assim como os advérbios, as locuções adverbiais também podem ser classi cadas
de acordo com as circunstâncias que expressam. Observe:
Tabela 1.1.2 – Classi cação das locuções adverbiais
com certeza
por certo
A rmação
sem dúvida, etc.
de muito
de pouco
Intensidade
de todo, etc.
à direita
à esquerda
à distância
De lugar ao lado
de dentro
de cima, etc.
à toa
à vontade
ao contrário
De modo ao léu
às avessas
às claras, etc.
de forma alguma
De negação de modo algum, etc.
De tempo à noite
à tarde
à tarde
à tardinha
de manhã, etc.
Fonte: a autora.
Locução prepositiva
A locução prepositiva é formada por duas ou mais palavras que vão funcionar como
uma preposição, ou seja, ligando as palavras e estabelecendo sentidos. A última
palavra dessa locução sempre será uma preposição. Assim, temos:
Preposição + Substantivo
abaixo de
acerca de
de acordo com
defronte de
junto a
perto de
por baixo de
por baixo de
por trás de
Fonte: a autora.
Locução conjuntiva
A locução conjuntiva, assim como a locução prepositiva, é formada por duas ou mais
palavras que vão funcionar como uma conjunção, ligando duas orações. Assim,
temos:
Visto a característica dessa locução, de ligar orações, as quais, como nós já sabemos,
podem ser orações coordenadas ou subordinadas, teremos dois tipos de locução
conjuntiva:
Podemos acrescentar ainda, sobre a locução verbal, que o verbo auxiliar sempre
aparecerá exionado em tempo, modo, número e pessoa. Já, o verbo principal
sempre estará no gerúndio, in nitivo ou particípio.
SAIBA MAIS
Prezado(a), aluno(a)!
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Termos acessórios da
oração e a regência
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Vimos, em outros momentos, que a gramática nos orienta sobre os termos
essenciais, ou seja, nos conduz a uma nomenclatura especí ca, isso signi ca que
temos outros termos paralelos a esse, que são os termos acessórios.
No exemplo acima, temos um predicado verbal, indicado pelo verbo signi cativo,
que também é o núcleo do predicado, por ser o termo mais importante, contudo
que precisa de algo a mais para que o sentido que completo. É aí que surge o
termo acessório da oração. Veja: fazemos a primeira pergunta para descobrir o
sujeito – Quem mora? R. Maria. E fazemos uma segunda pergunta para achar o
complemento – Maria mora onde? R. Em Natal. Assim, nós temos aí um
complemento de lugar, assessorando o verbo, um complemento verbal, classi cado
na sintaxe por adjunto adverbial, que, apesar de ser um termo acessório, é
indispensável para alcançar o sentido completo da oração.
Exemplo: Maria mora muito longe. (Maria não mora, apenas, longe, Maria mora
MUITO longe: muito = intensi cador do verbo, isto é, adjunto adverbial de
intensidade).
Exemplo: A menina bonita mora em Natal. (bonita está especi cando qual menina
mora longe: a menina bonita).
Aposto: termo da oração que oferece uma explicação referente a um substantivo,
pronome, entre outros.
Exemplo: Maria mora em Natal, cidade litorânea. (litorânea está dando uma
explicação de que tipo de cidade é Natal).
Nessa direção, podemos perceber que as escolhas das palavras e a sua colocação
dentro de orações, que podem, posteriormente, compor um texto, vão nos ajudar a
expressar os nossos pensamentos, selecionamos, dessa forma, vocábulos que
podem facilitar a percepção do nosso destinatário quanto a linha de raciocínio que
queremos seguir. E os termos acessórios são os responsáveis por auxiliar-nos nessa
empreitada, pois com eles podemos caracterizar seres, determinar os substantivos e
também exprimir as circunstâncias. Portanto, eles são tão importantes quanto os
termos essenciais, a nal estes dependem daqueles.
As preposições, por seu turno, é uma classe de palavras que tem o poder de mudar
completamente o sentido de um período, assim, estudar as preposições é algo
indispensável quando o assunto é regência verbal e nominal. Veja o exemplo:
Cheguei no carro.
Cheguei ao carro.
O objeto direto pode ser representado por um substantivo, por uma palavra
substantivada, por um pronome oblíquo átono, por um pronome ou por uma
oração.
Por exemplo: O guarda precisou de uma ajuda. (precisou = verbo transitivo indireto).
Assim como no caso anterior, ao fazer a pergunta para o verbo, percebemos a
necessidade de acrescentar uma preposição: precisou de que/quem? A resposta, do
mesmo modo, precisa da preposição: Precisou de ajuda.
O objeto indireto pode ser representado por um substantivo, por uma palavra
substantivada ou por uma oração.
Por exemplo: O guarda propiciou aos turistas uma volta ao passado. (propiciou =
verbo transitivo direto e indireto. Podemos perguntar: Propiciou a quem? (a =
preposição, OI); propiciou o quê? (sem preposição, OD).
Verbo intransitivo –
Tem sentido completo; não exige objeto.
VI
Verbo transitivo
Tem sentido incompleto; exige dois objetos: um sem
direto e indireto –
preposição (OD) e outro com preposição (OI).
VTDI
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Em unidades anteriores vimos que a oração é composta de três diferentes tipos de
termos: os termos essenciais, os termos integrantes e os termos acessórios. Tivemos
a oportunidade de compreender dois deles, os termos essenciais e os acessórios.
Agora, vamos abordar os termos integrantes, conhecidos também como
complementos, tão importante quanto os outros dois para uma boa construção de
um enunciado.
Complementos verbais
Os complementos verbais têm por função completar o sentido do verbo da oração.
Geralmente, esses complementos, conhecidos como objetos, são exigidos pelo
próprio verbo e se dividem em objeto direto e objeto indireto. Essa divisão é dada
pela presença ou não da preposição, o objeto direto não necessita da intervenção de
uma preposição para se ligar ao verbo, por isso recebe o nome “direto”, o objeto
indireto, por sua vez, precisa, para melhor articulação da frase, da presença de uma
preposição. Abordaremos esse assunto com mais riqueza de detalhes e exemplos
mais adiante. Por agora, precisamos entender que a função dos complementos
verbais são de acrescentar sentido ao verbo e que a função desses complementos,
normalmente, é desempenhada por substantivos, contudo numerais, pronomes ou
palavras substantivadas podem desempenhar essa funcionalidade.
Observe:
Sujeito Predicado
Perceba que a oração acima não teria seu sentido completo se fosse nalizada no
verbo – Ele gosta – provavelmente ao ouvirmos essa sentença perguntaríamos: ele
gosta do que? A resposta a essa pergunta nos revela o complemento da oração: de
macarronada.
Observe:
Poderíamos muito bem ter organizado essa oração sem a preposição e ainda assim
teríamos o sentido completo: Eu cumpri a minha promessa. Ao acrescentar a
preposição, damos ênfase ao complemento. Temos, desse modo, um objeto direto
preposicionado. Observe outro exemplo:
Complementos nominais
Os complementos nominais se aproximam aos verbais por não serem sempre
necessários e, da mesma maneira que os complementos verbais vão depender da
demanda dos verbos, os complementos nominais vão depender da demanda dos
substantivos, adjetivos e advérbios, por isso nominais. Contudo, se afasta dos
complementos verbais no que se refere as preposições, os complementos nominais
sempre serão precedidos por uma preposição. Veja os exemplos abaixo:
Sujeito Predicado
Agente da passiva
O agente da passiva diz respeito à o que é ou quem se relaciono diretamente com o
verbo, ou seja, o que ou quem pratica a ação. Ele não é, necessariamente, um
complemento como nos casos anteriores, mas faz parte dos termos integrantes da
oração. O agente da passiva é a parte ativa, em uma oração de voz passiva. Observe
o exemplo para melhor compreensão:
AUTORIA
Maraisa Daiana da Silva
Nós falamos muito até agora de verbos, vimos que ele pode ser o núcleo do
predicado, percebemos a sua importância para diferenciar uma frase de uma
oração, além de outros fatores que o envolve. Todavia, até agora, não conceituamos,
minuciosamente, essa classe gramatical tão importante para o desenvolvimento de
um enunciado. Vamos falar de verbos, então?
Os verbos podem ter valor de ação (comer, caminhar, dançar), de estado (ser,
permanecer), fenômeno da natureza (nevar, trovejar) ou ocorrência (acontecer,
suceder). Como vimos na unidade anterior, o verbo, na sintaxe, exerce a função de
núcleo do predicado de uma oração, sendo que eles podem exionar de diversas
maneiras, pois a sua conjugação é realizada por meio de variações, sendo elas: de
pessoa, número, tempo, modo.
Sobre isso Bechara (2010, p. 192, grifos do autor) nos adverte que “trabalhar e
trabalho são palavras que têm o mesmo signi cado lexical, mas diferentes moldes,
diferentes signi cados categoriais, embora se deva ter presente que este não é o
simples produto da combinação do signi cado lexical com o signi cado
instrumental”.
Flexão de Variação
Fonte: a autora.
A vogal temática, no que lhe concerne, equivale à unidade mínima que se une ao
radical, para ligá-lo às desinências, promovendo, assim, a conjugação dos verbos.
Quando temos a junção dessas duas unidades, formando uma terceira unidade, a
chamamos de tema. Desse modo, temos: radical + vogal temática = tema. Observe o
exemplo:
Vogais temáticas
Cant- a-r
Radical Com- e -r
Dorm- i-r
Fonte: a autora.
Amá - va - mos
Os verbos têm, também, suas classi cações, não se restringem apenas a esses que
acabamos de abordar. Eles podem ser regulares, irregulares e defectivos.
Os irregulares têm variação quanto ao seu radical e não vão seguir o mesmo padrão
de exão que os regulares. Assim, as diferenças podem aparecer no radical, nas
terminações ou nos dois. Como acontece, por exemplo, com o verbo caber e medir.
REFLITA
"...ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para sua própria produção ou a sua construção"
Caro(a) aluno(a)!
Foi muito bom relembrar junto com vocês como a nossa língua portuguesa se
desdobra e faz com que nos apaixonemos cada vez mais por ela.
Fizemos uma parada, ainda, sobre um ponto basilar que é o verbo, uma classe
gramatical capaz de se desdobrar em inúmeras exões. Um termo importantíssimo
para a construção dos nossos enunciados.
Já compreendemos que o estudo sobre a língua portuguesa não pode parar, a nal,
como pudemos entender durante as unidades de ensino, ela é viva e está em
constante transformação e a nossa escrita, bem como a gramática da língua
portuguesa, deve acompanhar essa evolução. Dessa maneira sugerimos a leitura do
artigo A concordância sumiu ou evoluiu?, de Josué Machado. Um artigo muito
interessante que faz com que você re ita sobre a norma culta e sobre a sintaxe da
língua portuguesa.
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Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a)!
Há, querido(a) aluno(a), muita história por traz dessas regras lógicas que nos
presenteia a gramática tradicional, há muitos estudos para desbravarmos. En m, foi
muito bom relembrar, junto com você, como a nossa língua portuguesa se desdobra
e faz com que nos apaixonemos cada vez mais por ela.