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OFICINA DE

TEXTOS EM INGLÊS
AVANÇADO

Aline Gomes Vidal


Construção textual
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer os elementos coesivos de textos em inglês: coesão re-


ferencial e sequencial.
 Analisar a progressão temática de textos em inglês.
 Observar a coerência interna de textos em inglês.

Introdução
Neste capítulo, você vai aprender sobre os elementos coesivos de textos
em inglês. Coesão é a ligação entre os elementos textuais que permite
a concatenação de ideias. São os elementos de coesão que fazem a
transição entre as partes do texto, dando a ideia de continuidade. Sendo
assim, o estudo deste tópico se faz necessário para todo aluno que deseja
aprimorar suas habilidades de leitura e escrita em língua estrangeira.
Na primeira parte do capítulo, você vai conhecer melhor o conceito
de coesão e suas duas modalidades: referencial e sequencial. Em seguida,
você vai ver como se dá a progressão temática em um texto e entenderá
a relação entre esse conceito e o de coesão referencial. Por fim, você
vai observar aspectos de coerência textual interna, elemento que
dá continuidade ao texto, e sua conexão com a concepção de coesão
sequencial. Neste momento, selecionamos para você o gênero artigo
científico, a fim de que você consiga contextualizar esses elementos
teóricos e enxergar sua aplicação em exemplos concretos.
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Os elementos coesivos de textos em inglês:


coesão referencial e sequencial
Coesão e coerência são os elementos básicos da construção textual. A coerên-
cia está ligada à macroestrutura do texto. Trata-se de relação lógica entre as
ideias produzidas ao longo do texto. A falta de coerência, causada pela falta de
conhecimento sobre o assunto ou pela falta de contextualização, compromete
a clareza do discurso e da argumentação construída.
A coesão diz respeito à relação gramatical e lexical entre os elementos do
texto que fazem com que este seja harmônico e inteligível. A forma como se
constrói a ligação entre as frases, os períodos e os parágrafos faz com que um
texto possa ser considerado coeso. A coesão é importante porque dela depende
a eficácia na transmissão da mensagem. Ela estabelece relações entre as frases
em razão das propriedades gramaticais e lexicais. Um texto coeso costuma
carregar as seguintes características: harmonia, naturalidade, fluidez e clareza.
Koch (2002) entende a coesão como um fenômeno que ocorre nas relações
textuais por meio de mecanismos que buscam determinar as relações de sen-
tido que se estabelecem entre enunciados ou partes deles. A autora defende
duas modalidades básicas de coesão: a coesão referencial (ou remissiva) e a
coesão sequencial.
Nas palavras da autora, a coesão referencial é “[...] aquela em que um
componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) do
universo textual” (KOCH, 2002, p. 30). Trata-se da relação existente entre os
elementos recorrentes em um texto – sejam gramaticais ou lexicais.
Entre as formas referenciais gramaticais, podemos citar os casos de
concordância de gênero e número. Quando dizemos “os cadela”, entende-
mos que se trata de um erro, correto? Misturamos aqui gênero feminino/
masculino bem como singular/plural. Em inglês, podemos citar o caso
dos substantivos incontáveis (uncountable nouns) como um dos erros
mais comuns de escrita em inglês. Então, se lemos uma frase que diz
There are valuable informations in this article, sabemos que pelo fato de
information ser um substantivo incontável, estamos diante de um erro. O
correto seria dizer There is valuable information in this article, deixando
o substantivo destacado no singular e, consequentemente, ajustando o
verbo ao singular. De uma forma simples, entendemos que um referente
anda acompanhado de relações gramaticais e lexicais que precisam ser
observadas e acompanhadas.
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Por sua vez, as formas referenciais lexicais dizem respeito às relações


de sentido construídas a partir do texto. No nível lexical, existem palavras e
expressões que fazem referência a outros elementos anteriormente menciona-
dos no texto e contribuem para a construção do contexto. Mais à frente, você
vai estudar mais detalhadamente as diferentes formas de coesão referencial.
Por fim, a coesão sequencial “[...] diz respeito aos procedimentos linguís-
ticos por meio dos quais se estabelecem entre segmentos [...] diversos tipos de
relações semânticas e/ou pragmáticas à medida que se faz o texto progredir”
(KOCH, 2002, p. 49). Ela cria elos que garantem o fluxo de informação e dão
continuidade ao texto. Os principais elementos da coesão sequencial são as
formas verbais e as conjunções. Esses elementos, quando bem desenvolvidos,
contribuem para uma boa articulação das ideias.
Agora que você já aprendeu os conceitos de coesão referencial e sequencial,
você vai ver como eles funcionam na prática. Os mecanismos de funciona-
mento desses conceitos variam conforme o gênero estudado. Neste capítulo,
selecionamos para você o gênero artigo científico, a fim de que você consiga
identificar nele os elementos de coesão e, a partir deste estudo, seja capaz de
aprimorar a sua escrita em inglês.

A Universidade de Sidney publicou um documento muito interessante, disponível no


link a seguir, sobre como manter a coesão na escrita acadêmica em inglês:

https://goo.gl/ZPUdWE

A progressão temática de textos em inglês


e a coesão referencial
Progressão temática é a sequência de temas desenvolvidos ao longo do texto.
Nenhum texto é escrito apenas a partir de um emaranhado aleatório de frases
e parágrafos. Para que um texto seja construído, é preciso que haja um fluxo de
informações dadas (tema) e novas (rema). Isso faz parte da construção textual
em todos os gêneros. Vamos ver como isso funciona no artigo científico.
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No link a seguir, você encontra excelentes dicas para aprimorar sua escrita acadêmica:

https://goo.gl/oVr2Qa

Os artigos científicos procuram seguir um padrão de argumentação que


preza pela objetividade e clareza de expressão. Do ponto de vista formal,
poderíamos dividi-lo nas seguintes partes:

 Elementos pré-textuais e pós-textuais


1. Título
2. Autor(es)
3. Resumo
4. Bibliografia
 Elementos textuais
1. Introdução do tema
2. Revisão bibliográfica
3. Método
4. Argumentação
5. Conclusões ou considerações finais

Todos esses elementos contribuem para que haja organização textual, de


modo que o texto apresente coesão e coerência. Entretanto, apenas elencá-los
não é suficiente. Observando especialmente os elementos textuais, podemos
dizer que um texto científico sempre vai usar determinados referentes que
vão trazer unidade a ele, que vão ajudar a “amarrá-lo”.
Nesse sentido, muito contribui para o desenvolvimento da progressão
temática a coesão referencial. No início do capítulo, você aprendeu que coesão
referencial é quando um elemento faz remissão a outro no universo textual,
certo? Pois bem, a continuação dos sentidos é em grande parte garantida em
função das escolhas lexicais feitas durante a construção textual.
Há essencialmente quatro tipos de coesão referencial: anáfora, catáfora,
elipse e reiteração. Agora você vai estudar cada um deles separadamente.
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Anáfora
A anáfora é um mecanismo que consiste em repetir ou retomar um referente,
contribuindo para o encadeamento das informações veiculadas. Nos textos
científicos, esse recurso é bastante comum e é bastante utilizado para evitar
repetições excessivas de um mesmo item lexical, um dos maiores desafios para
quem escreve textos científicos. Veja agora alguns exemplos de expressões
anafóricas frequentes em artigos científicos em língua inglesa. As expressões a
seguir resumem o que foi dito na frase anterior, unindo-a à frase subsequente.
Observe:

“This problem”
Moulds do not usually grow fast, and conditions had to be found in which large quantities
of Penicillium notatum could be produced as quickly as they were wanted. The solution to this
problem was helped by N. G. Heatley, a young biochemist also from Hopkins's laboratory
in Cambridge, who had been prevented by the outbreak of war from going to work in the
Carlsberg laboratories in Copenhagen.

“This situation”
Reports of original work, headed often by the names of many joint authors, became too full
of jargon to be understood even by trained scientists who were not working in the particular
field. This situation persists today, though strong movements towards interdisciplinary
research help to avoid total fragmentation of scientific understanding.

“This view”
This led many later Greek thinkers to regard musical theory as a branch of mathematics
(together with geometry, arithmetic, and astronomy it constituted what eventually came
to be called the quadrivium). This view, however, was not universally accepted, the most
influential of those who rejected it being Aristoxenus of Tarentum (fourth century BC) (UEFAP,
2010, documento on-line).

Nos exemplos anteriores, observe como o tema trabalhado foi retomado


a partir do uso do recurso anafórico, de modo que podemos ver o fluxo de
informações dadas (tema) e novas (rema). É disso que se trata a progressão
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temática. Os links que criamos entre as frases permitem o desenvolvimento


do tema ao longo da construção do texto.
Evidentemente as expressões que analisamos não são as únicas possíveis
capazes de estabelecer uma relação anafórica. Entretanto, a partir de agora,
com base nos estudos que você está realizando, ficará mais fácil identificar
esses elementos de coesão, além de outros semelhantes. Isso deve contribuir
para que você aprimore suas habilidades de compreensão e de produção
escrita.

Catáfora
Diferentemente da anáfora, a catáfora antecipa a referência que vai ser
dada. É menos comum do que a anáfora, pois em certos casos pode causar
confusão no leitor, que ainda não sabe exatamente qual é o referente naquele
momento da leitura do texto. Segundo Petkūnaitė (2013, p. 13), “[...] a re-
ferência catafórica causa um problema temporário de identificação de item
que geralmente é proposital”. Veja alguns exemplos extraídos do estudo de
Petkūnaitė (2013):

Despite its contributions, the present study has certain limitations which
need to be addressed.
No matter how sensible they sound, the National Advisory Group on
Body Image (2009) proposal and other similar proposals cannot simply
be assumed to be effective.
Thus, despite their assumed effectiveness by their many advocates, war-
ning labels (generic or specific) had no main effect on body dissatisfaction
in the present experiments.

Outros pronomes que costumam ser utilizados em casos de referência catafórica são
they, their, them, themselves, we, our, it, its, she, her, one e one’s, sendo que os de terceira
pessoa costumam ser mais comuns em textos acadêmicos.

Embora seja menos comum na produção textual, a catáfora também é um


elemento importante de progressão temática, pois permite construir pontes entre
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diferentes componentes de uma frase ou de um excerto, como você pôde observar


nos exemplos analisados anteriormente. A catáfora ajuda a construir uma sequência
de ideias interligadas que contribuem para que o tema seja desenvolvido.

Elipse
Elipse é a omissão de um termo ou expressão que já foi usado anteriormente
no texto. É uma forma bastante eficiente de evitar repetição excessiva de
palavras, porém é preciso cuidado para não agir com falta de clareza. Veja
alguns exemplos a seguir.

The scientific study of memory began in the early 1870s when a German philosopher,
Hermann Ebbinghaus, came up with the revolutionary idea that memory could be studied
experimentally. In doing so he broke away from a 2000-year-old tradition that firmly
assigned the study of memory to the philosopher rather than to the scientist.
Neste caso, a palavra so refere-se a studying memory experimentally. O autor poderia ter
usado uma expressão como By studying memory, entretanto, preferiu evitar a repetição
e retomar a ideia com so.

The 74 species of African antelope share certain basic features: all are exclusively
vegetarian and bear one large and precocious calf each year.
Nesse caso, all resume as 74 espécies de antílopes africanos, deixando clara a re-
ferência e evitando repetir o que acabou de ser dito. Se o autor tivesse usado um
complemento, como em all the 74 species of African antílope, certamente a leitura
ficaria exaustiva.

Some of the water which falls as rain flows on the surface as streams. Another part is
evaporated. The remainder sinks into the ground and is known as ground water.
Esse exemplo é interessante, pois a elipse busca fragmentar as informações contidas
na primeira frase. Tanto a expressão another part (outra parte) quanto the remainder
(o restante) referem-se a water. Portanto, em vez de dizer another part/ the remainder
of the water, o autor preferiu omitir a repetição.

Você também pode fazer uso desse tipo de recurso ao escrever um artigo
científico. De fato, em inglês, há menos restrições em relação a repetições
(comparativamente ao português). Contudo, isso não quer dizer que se possa
repetir inadvertidamente.
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A elipse é uma maneira de retomar o tema trabalhado em um texto. Ob-


serve nos textos anteriores que, apesar de se tratar de um tipo de omissão, a
elipse compõe a manutenção do tema, pois é deduzível pelo contexto. Quando
um autor retoma um assunto, ele introduz novas informações (rema), o que
contribui para a progressão temática na construção textual.

Outras possibilidades para fazer uso da elipse: one, ones, do, so e not.

Reiteração
A reiteração é um tipo de coesão que consiste na repetição de um elemento
referencial no texto. Exemplos característicos de reiteração são a repetição
do mesmo item lexical, o uso de sinônimos ou ainda o emprego de nomes
genéricos. A repetição também é um elemento que contribui para a progressão
temática, pois dá continuidade ao texto e, geralmente, evita ambiguidades. É
uma forma de retomar (rema) o referente responsável pela unidade temática
(tema). Confira alguns exemplos de reiteração na escrita acadêmica.

Patients who repeatedly take overdoses pose considerable management difficulties. The
problem-orientated approach is not usually effective with such patients. When a patient
seems to be developing a pattern of chronic repeats, it is recommended that all staff engaged
in his or her care meet to reconstruct each attempt in order to determine whether there
appears to be a motive common to each act.
Logo a seguir você pode conferir um exemplo de uso de um termo que generaliza
a palavra woman, que é a referência neste caso:
This first example illustrates an impulsive overdose taken by a woman who had expe-
rienced a recent loss and had been unable to discuss her problems with her family. During
the relatively short treatment, the therapist helped the patient to begin discussing her
feelings with her family.
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Também é possível utilizar a reiteração ao referir-se a um autor por seu nome ou


apenas por seu sobrenome. Outras possibilidades seriam: the author ou the philosopher.
Observe:
Francis Bacon was born in London in 1561 and died there in 1626. His father was Sir
Nicholas, Lord Keeper of the Great Seal of Elizabeth I; his mother Anne Cooke, a well-educated
and pious Calvinist, daughter of Sir Anthony Cooke. His contemporary biographer, William
Rawley, remarked that, with such parents, Bacon had a flying start: he had "whatsoever
nature or breeding could put into him".

Da mesma forma, não é necessário usar sempre a mesma palavra para que a reiteração
ocorra. O uso de palavras semelhantes também é uma possibilidade e pode contribuir
para que a coesão aconteça. Veja:
In each of these cases the basic problem is the same: a will has been made, and in it a
debtor is left a legacy of liberatio from what he owes the testator. The question is, if he has
subsequently borrowed more from the testator, up to what point he has been released from
his debts. It is best to begin with the second case. Here there is a straightforward legacy to
the debtor of a sum of money and also of the amount of his debt to the testator.

Por fim, veja um caso de substituição por termo sinônimo. No exemplo a seguir,
você pode ver que sentence (sentença) e judicial decision (decisão judicial) são usados
como sinônimos.
The sentence was confirmed by the Court of Justice of São Paulo. However, that was not
the final judicial decision.

A coerência interna de textos em inglês e sua


relação com a coesão sequencial
Tão importante quanto a coesão é a coerência, que pode ser entendida como
princípio de interpretação da linguagem em um contexto. Ela trata das relações
do texto como um todo, ou seja, dá-lhe uma unidade. A coerência baseia-se
primordialmente nas relações semânticas e, neste caso, portanto, os erros
acabam sendo um pouco mais óbvios. Em outras palavras, coerência diz
respeito à lógica interna de um texto. Se um texto é coerente, percebemos
que o assunto abordado foi desenvolvido com um “fio da meada” ao longo
da leitura. Por outro lado, um texto incoerente pode apresentar distorções ou
contradições que dificultam o entendimento.
Existem dois tipos básicos de coerência: coerência interna e externa. A
coerência interna diz respeito aos elementos internos do texto. Trata-se, por-
tanto, de poder dizer se o texto apresenta contradições, se seus elementos
intratextuais estão bem organizados, se tem caráter contínuo e homogêneo, etc.
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Observe o exemplo a seguir.


State intervention in the economy shows that a country is weak. Therefore, I believe that
most state-owned enterprises should be privatized.
As afirmações são contraditórias. Primeiro o autor afirma que a intervenção do estado
na economia demonstra fraqueza. Em seguida ele afirma acreditar que empresas
estatais devem ser privatizadas. Trata-se de ideias opostas que aqui estão colocadas
como se fossem compatíveis. É um caso típico de incoerência interna, portanto.

Por outro lado, a coerência externa diz respeito às relações do texto


com fatos e conceitos do contexto ao qual ele se refere. Quando um texto
demonstra coerência externa, ele propõe argumentos compatíveis com a
realidade que ele analisa. A título de exemplificação, podemos lembrar dos
textos que precisamos ler na universidade. Esses textos geralmente se refe-
rem a outros textos acadêmicos do mesmo tema e apresentam argumentos
que refutam determinadas ideias ou concordam com elas. É disso que trata
a coerência externa, portanto. Trata-se da relação que um texto estabelece
com outros textos.

A falha de coerência externa é muito comum quando ocorre uso de dados numéricos.
Observe a seguinte frase:
I believe that 80% of the population disagree with the president.
No caso, o autor baseia-se unicamente em sua própria opinião para apoiar seu
argumento. Ele não utiliza fontes consideradas confiáveis, ou seja, não aponta indício
nenhum de que 80% da população discorde, de fato, do presidente.

Apesar de serem conceitos diferentes, coesão e coerência têm uma relação.


Não à toa costumam ser estudados em conjunto, como estamos fazendo aqui.
De um modo geral, podemos dizer que a coesão se refere à microestrutura do
texto, enquanto a coerência está mais ligada à sua macroestrutura. Por outro,
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pelo que você já estudou até agora, não deve estar difícil perceber uma relação
entre coesão sequencial e coerência interna.
A partir de agora, você vai conhecer os elementos da coesão sequencial
(formas verbais e conectivos), tendo em vista que a sua utilização contribui
para que o texto apresente coerência interna.

Verbos
Em qualquer texto, é importante que haja correlação dos tempos verbais
(simple present, present perfect, simple past, past perfect, etc.). Em geral,
a escrita acadêmica mescla os tempos, a depender do momento. Do ponto
de vista do gênero, também é necessário haver uma adequação estilística,
pois na escrita acadêmica os verbos utilizados são mais formais (ao fi m do
texto você pode conferir uma lista com os verbos mais utilizados em artigos
científicos).
Sobre a correlação dos tempos verbais, na introdução é comum usarmos
o simple present para expressar os objetivos do trabalho, como no exemplo
a seguir, mas também para fazer afirmações, explicitar fatos comprovados,
desenvolver conclusões, entre outros. Pesquisas mostram que 93% dos verbos
em textos acadêmicos em inglês aparecem no simple present (EL-DASH,
2005, p. 208).

This study aims to analyse the absence of social responses to the problem
of domestic violence in the city of Rio de Janeiro.

Já o present perfect é muito usado na revisão bibliográfica (mas não apenas


nela), quando é preciso fazer referência a autores importantes relacionados à
pesquisa, pois é característica do texto acadêmico dialogar com outros textos.
Entretanto, por se tratar de um tempo presente, entende-se o que esses autores
postularam ainda permanece relevante, ainda é considerado apropriado ou
verdadeiro. Esse detalhe você pode ver em expressões como Research has
shown that ou, ainda, Scientists have discovered that.
Por fim, para ficar entre os tempos que mais aparecem em artigos cientí-
ficos, o simple past é comumente usado para descrever resultados e métodos
de pesquisa (1) e também para se referir a estudos realizados no passado (2),
como nos exemplos:
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(1) Descriptional statistical tests and t-student


test were used for statistical analysis.
The control group of students took the course previously...
(2) De Young (1987) found the quality of service to be more
important than catching fish in attracting repeat customers.

Fonte: The University of North Carolina (2018).

Como você pode ver, a correlação dos tempos verbais é um fator impor-
tante para construir um texto coeso. Não basta apenas conhecê-los e saber
a conjugação dos verbos irregulares. É necessário também saber utilizá-los
dentro de contextos específicos, dentro de gêneros específicos, como o artigo
científico, por exemplo.

Conectivos
Os conectivos são usados para adicionar pontos relevantes ao texto, para com-
parar e contrastar, para estabelecer condições, relações de causa e efeito, para
dar ênfase, entre outras funções. Eles contribuem para o desenvolvimento do
tema, articulando ideias e informações e garantindo, dessa forma, a coerência
textual. Veja a seguir como elas podem ser, em geral:

a) Adversativas, quando estabelecem relação de oposição


Despite this interest, no one to the best of our knowledge has studied this
particular procedure.
Although this approach is interesting, it fails to take into account recent
studies.
In spite of its shortcomings, this method has been widely applied in the
field of immunology.
However, there has been little discussion on this field.
b) Aditivas, quando estabelecem relação de inclusão
In addition, several questions remain unanswered.
There were also some important differences in response by gender.
Furthermore, the study has shown that economic conditions affected
the population’s opportunities to practice sports.
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Moreover, previous research has shown that this is a relevant procedure.


c) Causais ou explicativas
Research grants from the American government are getting scarcer. As a
result, universities are having to seek private funding.
Although widely accepted, it suffers from some limitations due to the lack
of studies focusing on this topic.
d) Alternativas
Alternatively, it could simply mean that the White House provides updates
on executive orders.
This study provides a critical appraisal of previous studies on the current
research field rather than a simple summary of prior works.
e) Conclusivas
In conclusion, the mother’s physical health will influence the development
of the foetus.
Thus, the data supports the premise that social phenomena are collective
constructions.
Therefore, the goals were established to address ecological sustainability
problems facing the world.

A Lund University apresenta dicas para manter a coerência na escrita acadêmica, por
meio de exemplos simples e fáceis de entender:

https://goo.gl/rJ3eJ9

A partir deste breve apanhado, você já deve estar mais bem preparado
para utilizar os conhecimentos sobre coesão e coerência textual. A ideia é
que este capítulo possa contribuir para que você compreenda melhor textos
acadêmicos e se sinta preparado também para elaborá-los com mais segurança.
Para melhor compreender, veja o Quadro 1 a seguir.
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Quadro 1. Verbos mais comuns na escrita acadêmica em inglês

Analyze Assess Approach Assume Contract

Create Define Derive Distribute Establish

Estimate Function Identify Indicate Interpret

involve Legislate Occur Process Require

Respond Achieve Administer Affect Assist

Categorize Conclude Conduct Construct Consume

Evaluate Focus Invest Maintain Obtain

Participate Perceive Purchase Regulate Restrict

Seek select Survey Transfer Alternate

Compensate Consent Constrain Contribute Coordinate

Deduct Demonstrate Document Emphasize Exclude

Fund Illustrate Imply Interact Justify

Link Locate Publish React Rely

Remove Validate Specify Access Attribute

Conmit Communicate Contrast Emerge Grant

Implement Impose Integrate Investigate Occupy

Predict Promote Resolve Retain Adjust

Alter Amend Challenge Compound Consult

Contact Decline Enable Enforce Entitle

Evolve Expand Expose Facilitate Generate

Modify Monitor Orientate Pursue Stabilize

Substitute Target Acknowledge Allocate Assign

Cooperate Exceed Inhibit Precede Reveal

Adapt Advocate Aid Channel Classify

Comprehend Comprise Confirm Convert Differentiate

Eliminate Insert Intervene Isolate Prioritize

(Continua)
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(Continuação)

Quadro 1. Verbos mais comuns na escrita acadêmica em inglês

Prohibit Publish Reverse Submit Survive

Chart Clarify Contradict Detect Deviate

Explore Guide Reinforce Restore Accommodate

Anticipate Attain Confine Diminish Refine

Found Claim Argue State indicate

Fonte: Adaptado de Taylor (2018).

EL-DASH, L. G. A questão de aspecto nos tempos verbais em inglês. Trabalhos em


Linguística Aplicada, v. 44, n. 2, p. 201-214, 2005. Disponível em: <https://periodicos.
sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8639404>. Acesso em: 27 nov. 2018.
KOCH, I. G. V. A coesão textual. 17. ed. São Paulo: Contexto, 2002.
PETKŪNAITĖ, E. Reference as a grammatical cohesive device in science research articles.
Thesis (Bachelor in English Philology) - Šiauliai University, Šiauliai, 2013. Disponível
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content>. Acesso em: 27 nov. 2018.
TAYLOR, C. What are academic verbs, exactly? 2018. Disponível em: <https://umanitoba.
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THE UNIVERSITY of NORTH CAROLINA. Verb Tenses. The Writing Center. 2018. Dispo-
nível em: <https://writingcenter.unc.edu/tips-and-tools/verb-tenses/>. Acesso em:
27 nov. 2018.

Leituras recomendadas
BEAUGRANDE, R.; DRESSLER, W. U. Introduction to Textual Linguistics. Abingdon: Rou-
tledge, 1981.
CAVALCANTE, M. M. Expressões referenciais: uma proposta classificatória. Cadernos de
Estudos Linguísticos, v. 44, 2003. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/
ojs/index.php/cel/article/view/8637068/4790>. Acesso em: 27 nov. 2018.
FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 11.ed. São Paulo: Ática, 2006.
16 Construção textual

FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: introdução. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2016.
KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. 16. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
MASSI, G. et al. A análise de elementos de referenciação em textos produzidos por
sujeitos em processo de apropriação da escrita. Distúrbios da Comunicação, v. 21, n. 2,
2009. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/6949/5041>.
Acesso em: 27 nov. 2018.
UEFAP. Grammar in EAP: Cohesion. 2010. Disponível em: <http://www.uefap.com/
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VAL, M. G. C. Redação e textualidade. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
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