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TEXTOS EM INGLÊS
AVANÇADO
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender sobre os elementos coesivos de textos
em inglês. Coesão é a ligação entre os elementos textuais que permite
a concatenação de ideias. São os elementos de coesão que fazem a
transição entre as partes do texto, dando a ideia de continuidade. Sendo
assim, o estudo deste tópico se faz necessário para todo aluno que deseja
aprimorar suas habilidades de leitura e escrita em língua estrangeira.
Na primeira parte do capítulo, você vai conhecer melhor o conceito
de coesão e suas duas modalidades: referencial e sequencial. Em seguida,
você vai ver como se dá a progressão temática em um texto e entenderá
a relação entre esse conceito e o de coesão referencial. Por fim, você
vai observar aspectos de coerência textual interna, elemento que
dá continuidade ao texto, e sua conexão com a concepção de coesão
sequencial. Neste momento, selecionamos para você o gênero artigo
científico, a fim de que você consiga contextualizar esses elementos
teóricos e enxergar sua aplicação em exemplos concretos.
2 Construção textual
https://goo.gl/ZPUdWE
No link a seguir, você encontra excelentes dicas para aprimorar sua escrita acadêmica:
https://goo.gl/oVr2Qa
Anáfora
A anáfora é um mecanismo que consiste em repetir ou retomar um referente,
contribuindo para o encadeamento das informações veiculadas. Nos textos
científicos, esse recurso é bastante comum e é bastante utilizado para evitar
repetições excessivas de um mesmo item lexical, um dos maiores desafios para
quem escreve textos científicos. Veja agora alguns exemplos de expressões
anafóricas frequentes em artigos científicos em língua inglesa. As expressões a
seguir resumem o que foi dito na frase anterior, unindo-a à frase subsequente.
Observe:
“This problem”
Moulds do not usually grow fast, and conditions had to be found in which large quantities
of Penicillium notatum could be produced as quickly as they were wanted. The solution to this
problem was helped by N. G. Heatley, a young biochemist also from Hopkins's laboratory
in Cambridge, who had been prevented by the outbreak of war from going to work in the
Carlsberg laboratories in Copenhagen.
“This situation”
Reports of original work, headed often by the names of many joint authors, became too full
of jargon to be understood even by trained scientists who were not working in the particular
field. This situation persists today, though strong movements towards interdisciplinary
research help to avoid total fragmentation of scientific understanding.
“This view”
This led many later Greek thinkers to regard musical theory as a branch of mathematics
(together with geometry, arithmetic, and astronomy it constituted what eventually came
to be called the quadrivium). This view, however, was not universally accepted, the most
influential of those who rejected it being Aristoxenus of Tarentum (fourth century BC) (UEFAP,
2010, documento on-line).
Catáfora
Diferentemente da anáfora, a catáfora antecipa a referência que vai ser
dada. É menos comum do que a anáfora, pois em certos casos pode causar
confusão no leitor, que ainda não sabe exatamente qual é o referente naquele
momento da leitura do texto. Segundo Petkūnaitė (2013, p. 13), “[...] a re-
ferência catafórica causa um problema temporário de identificação de item
que geralmente é proposital”. Veja alguns exemplos extraídos do estudo de
Petkūnaitė (2013):
Despite its contributions, the present study has certain limitations which
need to be addressed.
No matter how sensible they sound, the National Advisory Group on
Body Image (2009) proposal and other similar proposals cannot simply
be assumed to be effective.
Thus, despite their assumed effectiveness by their many advocates, war-
ning labels (generic or specific) had no main effect on body dissatisfaction
in the present experiments.
Outros pronomes que costumam ser utilizados em casos de referência catafórica são
they, their, them, themselves, we, our, it, its, she, her, one e one’s, sendo que os de terceira
pessoa costumam ser mais comuns em textos acadêmicos.
Elipse
Elipse é a omissão de um termo ou expressão que já foi usado anteriormente
no texto. É uma forma bastante eficiente de evitar repetição excessiva de
palavras, porém é preciso cuidado para não agir com falta de clareza. Veja
alguns exemplos a seguir.
The scientific study of memory began in the early 1870s when a German philosopher,
Hermann Ebbinghaus, came up with the revolutionary idea that memory could be studied
experimentally. In doing so he broke away from a 2000-year-old tradition that firmly
assigned the study of memory to the philosopher rather than to the scientist.
Neste caso, a palavra so refere-se a studying memory experimentally. O autor poderia ter
usado uma expressão como By studying memory, entretanto, preferiu evitar a repetição
e retomar a ideia com so.
The 74 species of African antelope share certain basic features: all are exclusively
vegetarian and bear one large and precocious calf each year.
Nesse caso, all resume as 74 espécies de antílopes africanos, deixando clara a re-
ferência e evitando repetir o que acabou de ser dito. Se o autor tivesse usado um
complemento, como em all the 74 species of African antílope, certamente a leitura
ficaria exaustiva.
Some of the water which falls as rain flows on the surface as streams. Another part is
evaporated. The remainder sinks into the ground and is known as ground water.
Esse exemplo é interessante, pois a elipse busca fragmentar as informações contidas
na primeira frase. Tanto a expressão another part (outra parte) quanto the remainder
(o restante) referem-se a water. Portanto, em vez de dizer another part/ the remainder
of the water, o autor preferiu omitir a repetição.
Você também pode fazer uso desse tipo de recurso ao escrever um artigo
científico. De fato, em inglês, há menos restrições em relação a repetições
(comparativamente ao português). Contudo, isso não quer dizer que se possa
repetir inadvertidamente.
8 Construção textual
Outras possibilidades para fazer uso da elipse: one, ones, do, so e not.
Reiteração
A reiteração é um tipo de coesão que consiste na repetição de um elemento
referencial no texto. Exemplos característicos de reiteração são a repetição
do mesmo item lexical, o uso de sinônimos ou ainda o emprego de nomes
genéricos. A repetição também é um elemento que contribui para a progressão
temática, pois dá continuidade ao texto e, geralmente, evita ambiguidades. É
uma forma de retomar (rema) o referente responsável pela unidade temática
(tema). Confira alguns exemplos de reiteração na escrita acadêmica.
Patients who repeatedly take overdoses pose considerable management difficulties. The
problem-orientated approach is not usually effective with such patients. When a patient
seems to be developing a pattern of chronic repeats, it is recommended that all staff engaged
in his or her care meet to reconstruct each attempt in order to determine whether there
appears to be a motive common to each act.
Logo a seguir você pode conferir um exemplo de uso de um termo que generaliza
a palavra woman, que é a referência neste caso:
This first example illustrates an impulsive overdose taken by a woman who had expe-
rienced a recent loss and had been unable to discuss her problems with her family. During
the relatively short treatment, the therapist helped the patient to begin discussing her
feelings with her family.
Construção textual 9
Da mesma forma, não é necessário usar sempre a mesma palavra para que a reiteração
ocorra. O uso de palavras semelhantes também é uma possibilidade e pode contribuir
para que a coesão aconteça. Veja:
In each of these cases the basic problem is the same: a will has been made, and in it a
debtor is left a legacy of liberatio from what he owes the testator. The question is, if he has
subsequently borrowed more from the testator, up to what point he has been released from
his debts. It is best to begin with the second case. Here there is a straightforward legacy to
the debtor of a sum of money and also of the amount of his debt to the testator.
Por fim, veja um caso de substituição por termo sinônimo. No exemplo a seguir,
você pode ver que sentence (sentença) e judicial decision (decisão judicial) são usados
como sinônimos.
The sentence was confirmed by the Court of Justice of São Paulo. However, that was not
the final judicial decision.
A falha de coerência externa é muito comum quando ocorre uso de dados numéricos.
Observe a seguinte frase:
I believe that 80% of the population disagree with the president.
No caso, o autor baseia-se unicamente em sua própria opinião para apoiar seu
argumento. Ele não utiliza fontes consideradas confiáveis, ou seja, não aponta indício
nenhum de que 80% da população discorde, de fato, do presidente.
pelo que você já estudou até agora, não deve estar difícil perceber uma relação
entre coesão sequencial e coerência interna.
A partir de agora, você vai conhecer os elementos da coesão sequencial
(formas verbais e conectivos), tendo em vista que a sua utilização contribui
para que o texto apresente coerência interna.
Verbos
Em qualquer texto, é importante que haja correlação dos tempos verbais
(simple present, present perfect, simple past, past perfect, etc.). Em geral,
a escrita acadêmica mescla os tempos, a depender do momento. Do ponto
de vista do gênero, também é necessário haver uma adequação estilística,
pois na escrita acadêmica os verbos utilizados são mais formais (ao fi m do
texto você pode conferir uma lista com os verbos mais utilizados em artigos
científicos).
Sobre a correlação dos tempos verbais, na introdução é comum usarmos
o simple present para expressar os objetivos do trabalho, como no exemplo
a seguir, mas também para fazer afirmações, explicitar fatos comprovados,
desenvolver conclusões, entre outros. Pesquisas mostram que 93% dos verbos
em textos acadêmicos em inglês aparecem no simple present (EL-DASH,
2005, p. 208).
This study aims to analyse the absence of social responses to the problem
of domestic violence in the city of Rio de Janeiro.
Como você pode ver, a correlação dos tempos verbais é um fator impor-
tante para construir um texto coeso. Não basta apenas conhecê-los e saber
a conjugação dos verbos irregulares. É necessário também saber utilizá-los
dentro de contextos específicos, dentro de gêneros específicos, como o artigo
científico, por exemplo.
Conectivos
Os conectivos são usados para adicionar pontos relevantes ao texto, para com-
parar e contrastar, para estabelecer condições, relações de causa e efeito, para
dar ênfase, entre outras funções. Eles contribuem para o desenvolvimento do
tema, articulando ideias e informações e garantindo, dessa forma, a coerência
textual. Veja a seguir como elas podem ser, em geral:
A Lund University apresenta dicas para manter a coerência na escrita acadêmica, por
meio de exemplos simples e fáceis de entender:
https://goo.gl/rJ3eJ9
A partir deste breve apanhado, você já deve estar mais bem preparado
para utilizar os conhecimentos sobre coesão e coerência textual. A ideia é
que este capítulo possa contribuir para que você compreenda melhor textos
acadêmicos e se sinta preparado também para elaborá-los com mais segurança.
Para melhor compreender, veja o Quadro 1 a seguir.
14 Construção textual
(Continua)
Construção textual 15
(Continuação)
Leituras recomendadas
BEAUGRANDE, R.; DRESSLER, W. U. Introduction to Textual Linguistics. Abingdon: Rou-
tledge, 1981.
CAVALCANTE, M. M. Expressões referenciais: uma proposta classificatória. Cadernos de
Estudos Linguísticos, v. 44, 2003. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/
ojs/index.php/cel/article/view/8637068/4790>. Acesso em: 27 nov. 2018.
FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 11.ed. São Paulo: Ática, 2006.
16 Construção textual
FÁVERO, L. L.; KOCH, I. G. V. Linguística textual: introdução. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2016.
KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. 16. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
MASSI, G. et al. A análise de elementos de referenciação em textos produzidos por
sujeitos em processo de apropriação da escrita. Distúrbios da Comunicação, v. 21, n. 2,
2009. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/6949/5041>.
Acesso em: 27 nov. 2018.
UEFAP. Grammar in EAP: Cohesion. 2010. Disponível em: <http://www.uefap.com/
grammar/gramfram-cohesion-cohesion.htm>. Acesso em: 27 nov. 2018.
VAL, M. G. C. Redação e textualidade. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
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