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tendência pedagógica na prática escolar

Tendências pedagógicas
na prática escolar

“A filosofia, a história e a sociologia da educação oferecem os ele-


mentos básicos para que compreendamos melhor nossa prática
educativa e possamos transformá-la” (GADOTTI, 2003, p.16)

Para Libâneo (2003) essas condições estão relacionadas também com as fun-
ções que a sociedade delega a escola, relacionadas com as classes sociais e
seus interesses. Logo percebe-se a relação da instituição escolar e os inte-
resses sociopolíticos que caracterizam as visões do homem e de sociedade,
logo diferentes implicações sobre o papel da escola, aprendizagem, relações
professor-aluno, técnicas pedagógicas etc.

Querid@ alun@ perceba que por muito tempo os educadores ba-


searam suas práticas educativas nas experiências de colegas que
tinham mais experiências, muitas vezes até os planejamentos de
aula eram guardados a sete chaves para o ano seguinte e quem
sabe por décadas. O que muitas vezes era imperceptível a esses
educadores era a especificidade do público, as inovações, métodos
que os educadores estavam negando a seus alunos. Libâneo afirma
que essa prática contém pressupostos teóricos implícitos.

“Mas há professores interessados num trabalho docente mais consequente,


professores capazes de perceber o sentido mais amplo de sua prática e de
explicitar suas convicções.” (LIBÂNEO, 2003, p.3)

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tendência pedagógica na prática escolar

Segundo Libâneo (2003, p.5) “Utilizando como critério a posição que adotam
em relação aos condicionantes sociopolíticos da escola, as tendências peda-
gógicas foram classicadas em liberais e progressistas”.

PEDAGOGIA PEDAGOGIA
LIBERAL PROGRESSISTA

TRADICIONAL LIBERTADORA
RENOVADA PROGRESSIVISTA LIBERTÁRIA
RENOVADA NÃO DIRETIVA CRÍTICO-SOCIAL DOS
TECNICISTA CONTEÚDOS

Fonte: LIBÂNEO, José Carlos. DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA A pedagogia crítico-social dos conteúdos.19ª.edição.
Coleção Educar. Edições Loyola. São Paulo.2003

Antes de estudarmos as tendências pedagógicas, que tal refletir-


mos sobre um assunto muito falado e que sempre é citado dentro
desse conteúdo. A Escola Nova merece ser citada à parte por sua
importância dentro no contexto educacional. Ela surgiu na primeira
metade do século XX trazendo para o nosso país transformações
sociais significativas.

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tendência pedagógica na prática escolar

escola nova

“ o movimento de renovação da educação, inspirado nas ideias de


Rousseau, recebeu diversas denominações, como educação nova,
escola nova, pedagogia ativa, escola do trabalho”
(LIBÂNEO,2017, p.90)

Este movimento veio com o objetivo de renovar o ensino, a partir das neces-
sidades que surgiram com as mudanças na sociedade e com o progresso das
ciências no último meio século, propondo novos meios de aplicação cientíca.
Propõe um ensino mais dinâmico e ativo baseado também nos interesses das
crianças.

“A concepção escolanovista, tal como expressa no Manifesto dos Pioneiros,


representava a revolução pedagógica correspondente à revolução democráti-
co burguesa, compreende-se que, na década de 1930, o escolanovismo tenha
hegemonizado as posições progressistas.” (Saviani, 2008, p.17)

Existem três tipos de teorias que dividem os pensamentos pedagógicos que são:

TEORIAS TEORIAS TEORIAS


NÃO-CRÍTICAS REPRODUTIVISTAS CRÍTICAS DE
DE EDUCAÇÃO DE EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO

COMO FERRAMENTA COMO FERRAMENTA COMO FERRAMENTA


DE ADAPTAÇÃO DE REPRODUÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO

Pedagogia liberal tradicional; Violência simbólica; Pedagogia progressista - ten-


Liberal renovada progressivista; Aparelho ideológico do Estado; dência progressista libertária;
Liberal renovada não-diretiva; Escola dualista. Tendência progressista liberta-
Tecnicista (LEI Nº 5.692/71). dora;
Tendência crítico-social dos
conteúdos.

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tendência pedagógica na prática escolar

As teorias críticas surgiram com a necessidade de transformar e questionar


as desigualdades sociais que permaneciam com a teoria tradicional dentro do
sistema de ensino. A teoria crítica apresentava uma maior reexão sobre o por-
quê ensinar e para quê ensinar? Formar sujeitos emancipadores era uma das
formas de conseguir mudanças dentro do sistema de ensino.

Atenção!
Para melhor entendermos esta classificação e os
pensamentos da pedagogia progressivista e pro-
gressista, passaremos então a estudar as famosas
tendências pedagógicas.

Preste bastante atenção para assimilar o foco de


cada uma!

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tendência pedagógica na prática escolar

Tendências
pedagógicas
As tendências pedagógicas surgiram a partir dos diferentes pensamentos lo-
sócos e os autores, de forma geral, concordam em classicá-las em dois gran-
des grupos:

PEDAGOGIA PEDAGOGIA
LIBERAL PROGRESSISTA

TRADICIONAL LIBERTADORA
RENOVADA PROGRESSIVISTA LIBERTÁRIA
RENOVADA NÃO DIRETIVA CRÍTICO-SOCIAL DOS
TECNICISTA CONTEÚDOS

As bancas examinadoras adoram trocar essas palavrinhas para te


confundir, por isso, fique atento!

As tendências são classicadas em dois grupos como vimos no quadro acima.

O primeiro grupo representa a parte conservadora (ou renovada) que mantém


a sociedade do jeito que ela está.

O segundo grupo propõe a transformação da sociedade, questionando suas


relações, levando a educação como instrumento de transformação social.

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Pedagogia
Liberal
O termo liberal não tem o sentido de “avançado”, ‘’democrático”, “aberto”, como
costuma ser usado.A doutrina liberal apareceu como justicativa do sistema
capitalista que, ao defender a predominância da liberdade e dos interesses
individuais na sociedade, estabeleceu uma forma de organização social ba-
seada na propriedade privada dos meios de produção, também denominada
saciedade de classes.(Libâneo, 2003, p.6)

Segundo Libâneo (2017) a Pedagogia tradicional caracteriza as concepções


de educação onde sobressai a educação massicada, repetição, o acumulo de
conhecimento e o que importa é a transmissão do saber passado de geração
a geração, como se fossem verdades absolutas. O professor é o detentor do
saber e o aluno um ser passivo.

“Na Pedagogia Tradicional a Didática é uma disciplina normativa, um conjunto


de princípios e regras que regulam o ensino. A atividade de ensinar é centrada
no professor. O aluno é um recebedor da matéria e seu dever é decorá-la”. (LI-
BÂNEO, 2017, p.93-94)

Segundo Libâneo (2017) a Pedagogia Renovada agrupa correntes que advo-


gam a renovação escolar, opondo-se a pedagogia tradicional. Algumas ca-
racterísticas dessa Pedagogia é a intenção de acabar como autoritarismo do
professor, por uma educação voltada para o aluno, assim o mesmo seria um
ser ativo. O ensino é centrado no aprender fazendo. Seu principal representan-
te foi John Dewey. Essa reformulação na educação foi inspirado nas ideias de
Rousseau e recebeu diversas denominações, entre elas, Escola Nova.

O “aprender fazendo” é valorizado junto com as tentativas experimen-


tais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social.
Há uma vivência democrática.

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“A Didática da Escola Nova ou Didática ativa é entendida como “dire-


ção da aprendizagem”, considerando o aluno como sujeito da apren-
dizagem. O aluno é ativo e investigador.” (LIBÂNEO, 2017, p.95)

“A partir do pressuposto da neutralidade científica e inspirada nos


princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, essa peda-
gogia advoga a reordenação do processo educativo de maneira a
torná-lo objetivo e operacional”. (Saviani, 1981, p.12)

Segundo Libâneo (2003) A escola tem o papel de formadora de atitudes, preo-


cupando-se mais com a parte psicológica do que com a social ou pedagógica.
Para aprender tem que estar signicativamente ligado com suas percepções,
modicando-as. O resultado de uma boa educação deve ser comparado ao re-
sultado de uma boa terapia. Desenvolve a valorização do eu. Carl Rogers foi
inspirador dessa tendência dando ênfase ao desenvolvimento das relações
humanas.

“A pedagogia não-diretiva propõe uma educação centrada no aluno. O profes-


sor é um especialista em relações humanas, ao garantir o clima de relaciona-
mento pessoal autêntico. A motivação resulta do desejo de adequação pessoal
na busca da auto-realização”. (Libâneo, 2003, p.15)

Segundo Libâneo (2003) Essa Pedagogia também é conhecida como beha-


viorista, nesta tendência o aluno é visto como depositário passivo dos co-
nhecimentos, que devem ser adquiridos através de associações. O professor
é quem deposita os conhecimentos, pois ele é visto como um especialista na
aplicação de manuais, sendo sua prática extremamente controlada.
Articula-se diretamente com o sistema produtivo, com o objetivo de aperfei-
çoar a ordem social vigente, que é o capitalismo, formando mão de obra espe-
cializada para o mercado de trabalho. As relações afetivas pouco importam.
Skinner foi um dos principais autores dessa tendência.

“A escola funciona como modeladora do comportamento humano, através de


técnicas especícas. O professor administra as condições de transmissão da
matéria, o aluno recebe, aprende e xa as informações”. (Libâneo, 2003, p.18)

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Pedagogia
progressista
‘‘O termo “progressista”, emprestado de Snyders, é usado aqui para designar
as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sus-
tentam implicitamente as nalidades sociopolíticas da educação”. (Libâneo,
2003, p.20)

De acordo com Libâneo (2003) Paulo Freire o principal autor dessa tendência
tenta vincular a educação à luta e organização de classe. O aluno deve ter
uma consciência da realidade em que vive. Busca pela transformação social, a
condição de se libertar através da elaboração da consciência crítica da orga-
nização de classe. Centraliza-se na discussão de temas sociais e políticos; o
professor coordena atividades e atua juntamente com os alunos. Questiona as
relações do homem com o homem e o do homem com a natureza. Os conteú-
dos aparecem como temas geradores que são extraídos da problematização
de vida dos alunos.

“A educação libertadora, questiona concretamente a realidade das relações do


homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transforma-
ção - daí ser uma educação crítica”. (Libâneo, 2003, p.22)

“A pedagogia libertária, pretende ser uma forma de resistência contra a buro-


cracia como instrumento da ação; dominadora do Estado, que tudo controla
(professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia”. (Libâneo, 2003,
p.26)

As palavras: libertário e autogestionário são típicas nesta tendência. Parte do


princípio de que a vivência do aluno é incorporada e utilizada em situações
novas, por isso, o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu
uso prático. O professor mistura-se com o aluno para uma reflexão comum.
Focaliza a livre expressão e o contexto cultural. Os conteúdos, apesar de dis-
ponibilizados, não são exigidos pelos alunos e o professor é tido como um
conselheiro à disposição do aluno. Não prevê avaliação dos conteúdos. (LIBÂ-
NEO, 2003)

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Pedagogia Crítico Social


dos Conteúdos

“O Papel da escola na Tendência Crítico Social dos Conteúdos se-


gundo Libâneo (2003, p.29) é a difusão de conteúdos é a tarefa
primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e,
portanto, indissociáveis das realidades sociais”.

CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS. Adere o conteúdo (livro) visando o senso


crítico do aluno, relacionando a prática com os conteúdos estudados. Con-
fronta a teoria proposta com as realidades sociais enfatizando também o co-
nhecimento histórico. Faz com que o aluno se prepare para o mundo adulto e
a democratização da sociedade. Os conhecimentos são construídos pelo meio
social junto com a aquisição dos conteúdos. Utiliza o método dialético (prá-
tica-teoria-prática). O professor é um mediador sendo um prossional compe-
tente e qualicado para auxiliar e direcionar o processo de ensino e aprendiza-
gem. (LIBÂNEO, 2003).

“Se o que dene uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes


histórico-sociais, a função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um passo à
frente no papel transformador da escola, mas a partir das condições existen-
tes”. (LIBÂNEO, 2003, p.29)

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tendência pedagógica na prática escolar

Pedagogia
Liberal

nome da professor
tendência papel da conteúdos métodos x aprendizagem representantes
pedagógica escola aluno

pedagogia liberal Preparação São Exposição e Autoridade do A aprendizagem é Nas escolas que
tradicional intelectual e conhecimento e demonstração professor que receptiva e
moral dos alunos valores sociais verbal da matéria exige atitude mecânica, sem se humanistas
para assumir seu acumulados e / ou por meios receptiva do considerar as clássicas ou
papel na através dos de modelos. aluno. características
sociedade. tempos e próprias de cada
repassados aos idade.
alunos como
verdades
absolutas.

Tendência A escola deve Os conteúdos são Por meio de O professor é É baseada na Montessori
Liberal adequar as estabelecidos a experiências, auxiliador no motivação e na Decroly
Renovadora necessidades partir das pesquisas e desenvolvimento estimulação de Dewey
Progressivista. individuais ao experiências método de livre da criança. problemas. Piaget
meio social. vividas pelos solução de Lauro de oliveira
alunos frente às problemas. Lima
situações
problemas.

Tendência Formação de Baseia-se na Método baseado Educação Aprender é Carl Rogers,


Liberal atitudes. busca dos na facilitação da centralizada no "Sumermerhill"
Renovadora conhecimentos aprendizagem. aluno e o percepções da escola de A. Neill.
não-diretiva pelos próprios professor é quem realidade.
alunos. garantirá um
relacionamento
de respeito.

Tendência É modeladora do São informações Procedimentos e Relação objetiva Aprendizagem Leis 5.540/68
Liberal comportamento ordenadas numa técnicas para a onde o professor baseada no 5.692/71
Tecnicista. humano através sequência lógica e transmissão e transmite desempenho. Skinner
de técnicas psicológica. recepção de informações e o Blomm
informações.

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tendência pedagógica na prática escolar

Pedagogia
progressista

nome da professor
tendência papel da conteúdos métodos x aprendizagem representantes
pedagógica escola aluno

Tendência Não atua em Temas geradores Grupos de A relação é de Resolução da Paulo Freire
Progressista escolas, porém visa discussão igual para igual, situação
Libertadora levar professores e horizontalmente problema
alunos a atingir um
nível de
consciência da
realidade em que
vivem na busca da
transformação
social

Tendência Transformação da As matérias são Vivência grupal na É não diretiva, o Aprendizagem C. Freinet
Progressista personalidade colocadas mas forma de professor é informal, via Miguel Gonzales
Libertária num sentido não exigidas. auto-gestão orientador e os grupo Arroyo
libertário e alunos livres.
autogestionário

Tendência Difusão dos Conteúdos O método parte Papel do aluno Baseadas nas Makarenko
Progressista conteúdos. culturais de uma relação como participador estruturas B. Charlot
"crítico social Fornecendo lhe universais que são direta da e do professor cognitivas já Suchodoski
dos conteúdos ou um instrumental, incorporados pela experiência do como mediador estruturadas nos Manacorda
"histórico-crítica" por meio da humanidade aluno confrontada entre o saber e o alunos. G. Snyders
aquisição de frente à realidade com o saber aluno. Demerval Saviani
conteúdos e da social. sistematizado.
socialização, para
uma participação
organizada e ativa
na
democratização
da sociedade.

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