A didática e a sua contextualização MÓDULO 1 histórica: uma abordagem sobre o UA 1 ontem e o hoje na arte de ensinar A didática é algo que atravessa a vida de qualquer professor: estratégias de sala de aula, formação teórico-prática, metodologias, posturas e atividades diversificadas. Esses e tantos outros fatores importantes constituem o fazer pedagógico, e desenham os caminhos do conhecimento que procura realizar a mediação entre as teorias educacionais e as práticas em sala de aula. Compreende-se que, a partir da década de 1980, e mais enfaticamente nos anos 1990, foi iniciada uma nova fase na educação, com a perspectiva de uma ruptura que favorecesse a urgência em interpretar e compreender a dinâmica de ensino-aprendizagem em sua vasta dimensão, integrando, ainda, os seguintes aspectos: técnico, humano e político. Vale ressaltar que esse movimento teve estreita relação com a modificação da perspectiva nos estudos sobre o currículo (especialmente nos Estados Unidos e na Europa). O currículo, nessa perspectiva, constitui um dispositivo em que se concentra as relações entre a sociedade e a escola, assim como entre os saberes, as práticas socialmente construídas e os conhecimentos escolares. MÓDULO 1 Teorias pedagógicas: um estudo sobre UA 2 inatismo, empirismo e interacionismo Há diferentes modos de compreensão do mundo, e, em tal relação do conhecimento, pressupõem-se dois elementos: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido. Por vezes, defende-se que o conhecimento é transmitido pela família ou pela escola, por exemplo. No entanto, de modo contrário, algumas concepções reafirmam que o conhecimento não é só transmitido, mas construído, de maneira que, se não fosse assim, não haveria acúmulo e evolução dos saberes, das formas de pensar ou interpretar o mundo. A partir das teorias pedagógicas, é possível compreender de que forma o sujeito se apropria do conhecimento – se é inato, transmitido ou construído –, da mesma forma que, a partir da análise dos diferentes processos de aprendizagem pelos quais passa um sujeito ao longo da vida, é possível concluir de que forma ocorreu a aquisição do seu conhecimento segundo o inatismo, o empirismo e o interacionismo. Um bom professor não sabe apenas teorias, embora elas sejam muito importantes. Entender as diferentes concepções de aprendizagem não significa apenas ler o que diferentes teóricos e pensadores falaram ou escreveram sobre o ensino e a aprendizagem, mas, sim, buscar melhor compreender a prática educativa vigente, de forma que, ao refletir sobre ela, seja possível agir para transformá-la. As teorias pedagógicas, ao tentarem compreender de que forma ocorre o conhecimento, acabaram por influenciar a forma como a escola pensa e estrutura a educação. Segundo o inatismo, por exemplo, o ensino consiste na transmissão do conhecimento, por intermédio da exposição de conteúdos organizados de acordo com a lógica do professor, ainda que sem significado para os alunos. Para o empirismo, ensinar é modificar o ambiente e controlar as estratégias de trabalho para operar as mudanças desejadas nas respostas dos alunos. Já para o interacionismo, o ensino precisa valorizar as interações entre os indivíduos, os grupos e, a partir destes, os diferentes segmentos da comunidade. MÓDULO 1 A escola como promotora da educação para UA 3 e na cidadania A escola como promotora da educação para e na cidadania é aquela que se preocupa com uma proposta de ensino que constitui o sujeito cidadão como um ser crítico, questionador, reflexivo e atuante na sociedade. Ela possibilita aprendizagens que vão além do currículo fragmentado e está pautada na gestão democrática, na autonomia e na criticidade. É importante que se promovam relações de cooperação entre a escola, a família e a comunidade como forma de articulá-las no processo educativo e de integrar a escola à sociedade contemporânea. Na perspectiva da educação, de acordo com Rodrigues (2007), a preocupação era que ela rompesse a alienação do trabalho e conduzisse de maneira efetiva à emancipação como ser humano. Marx defendia um ensino público e igual para todos, excluindo o ensino tendencioso e o atrelamento à política de Estado. Ferrari (2008b) destaca que a função social da educação para Marx era combater a alienação e a desumanização, e ele entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. A escola como promotora da cidadania deve integrar saberes, problematizar situações cotidianas e levantar diferentes hipóteses acerca da realidade vivenciada, com vistas à criação de novas relações de convívio social, novos espaços de discussões, e ao estímulo do pensamento crítico e questionador. A gestão democrática, que é uma ação conjunta, deve fazer parte da rotina escolar como um todo. Para que ela realmente aconteça de maneira eficaz, é necessário que todos os envolvidos participem, argumentem, questionem, sugiram e principalmente possibilitem o diálogo. Desse modo, a equipe gestora deve executar, organizar, avaliar as ações e integrar os diferentes componentes do segmento escolar a fim de que o grupo tenha maior autonomia para enfrentar as mudanças com clareza, cooperação, interesse, confiança e participação de todos. O principal objetivo da Base Nacional Comum Curricular é promover o desenvolvimento integral dos estudantes. Para isso, estabelece dez competências gerais que irão nortear as três etapas da educação básica e articular-se na construção dos conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores. 1- Conhecimento; 2- Pensamento Científico, Crítico e Criativo; 3- Repertório Cultural; 4- Comunicação; 5- cultura Digital; 6- Trabalho e Projeto de Vida; 7- Argumentação; 8- Autoconhecimento e Autocuidado; 9- Empatia e Cooperação ; 10- Responsabilidade e Cidadania Para ser uma escola que educa para e pela cidadania, é necessário criar condições que façam com que os indivíduos tenham voz ativa na transformação da sociedade e na luta pela conquista de novos direitos. Cabe às escolas promover espaços de diálogo e participação que aproximem o currículo às questões da sociedade, a fim de possibilitar a consciência dos direitos e deveres dos cidadãos, para ampliar as discussões e fortalecer o processo de democratização do ensino, por meio de práticas voltadas à formação integral do sujeito. MÓDULO 1 Diferentes tendências pedagógicas: liberais UA 4 e progressistas Pensar sobre a escola é entender que, por meio das atividades que ela propõe, os estudantes são preparados para conviver em sociedade, apropriando-se das produções da cultura humana e das condições necessárias para atuar no mercado de trabalho e exercer sua cidadania. Para atingir tais objetivos educacionais, pode-se optar por considerar que as aptidões individuais desses alunos são determinantes para seu desempenho escolar ou, ainda, que possam existir outros fatores intervenientes nesse processo, como a classe social a que pertencem ou qualquer tipo de desigualdade que possam enfrentar. As tendências pedagógicas são visões de mundo. Cada uma apresenta as concepções de homem, sociedade e escola de uma maneira, baseada em um contexto histórico. Ter o conhecimento sobre é importante para profissionais de pedagogia, porque isso fará com que eles identifiquem a concepção pedagógica da escola que lecionam. As tendências pedagógicas surgiram por conta de diferentes pensamentos filosóficos. As tendências pedagógicas liberais são conservadoras e propõe que a escola prepare os alunos para desempenhar papéis sociais, baseando-se apenas em aptidões individuais e sem pensar em desigualdade social. Existem quatro tipos tendências pedagógicas liberais: A tendência liberal tradicional visa transmitir padrões, normas e modelos dominantes, de maneira que perpetue a divisão de classes sociais. Neste modelo, o aluno aprende de uma maneira mecânica, passiva e repetitiva e não há relação com o professor e nem espaço para questionamento. Sendo assim, o aprendizado só acontece por meio do próprio esforço. Na tendência Renovadora Progressista a escola adota a postura de ensinar o aluno a construir o conhecimento, considerando as fases de desenvolvimento. Portanto, os conteúdos são abordados por meio de experiências, motivações, pesquisas, descobertas e auxílio de professores. A auto- aprendizagem é estimulada. Na tendência pedagógica liberal renovadora não- diretiva, a escola não só ensina as disciplinas comuns, mas também há preocupação com o desenvolvimento da personalidade e com os problemas psicológicos. Nas aulas, os professores procuram facilitar o ensino para despertar os interesses individuais e assim estimular o aluno. Também são desenvolvidas atividades de comunicação, trabalhos em grupo, expressão e sensibilidade. Dessa forma, a relação docente-educando é mais próxima. Na tendência tecnicista, a escola visa capacitar o aluno para se tornar uma pessoa mais útil e habilidosa para o mercado de trabalho. Desta maneira, a relação em sala de aula é marcada por muito profissionalismo e o conteúdo é ensinado de maneira técnica e em uma sequência lógica e psicológica. As tendências pedagógicas progressistas propõe transformações na sociedade e, por isso, questionam relações e colocam a educação como instrumento de transformação social. Tem caráter pedagógico e político ao mesmo tempo, porque fazem crítica às realidades sociais e se afastam das ideias capitalistas. São dividas em três correntes: Na tendência Libertadora o aluno é ensinado de maneira que crie consciência da realidade em que vive. Assim, é criada uma consciência política e o sentimento de necessidade de mudar a realidade. Os conteúdos abordados são extraídos da problematização do cotidiano dos educandos. Portanto, os educadores vão propor debates sociais e políticos, atividades e exercícios de reflexão. A relação é de igual para igual. O principal autor é Paulo Freire, autor de Pedagogia da Autonomia, outro tema muito cobrado em concursos públicos para professores. Na tendência Libertária espera-se que se transforme a personalidade do aluno para que se torne libertário e autogestionário. A metodologia de ensino baseia-se em práticas democráticas. O conteúdo é apresentado, mas sem cobranças. O professor é um orientador do grupo de alunos e estimula a liberdade de expressão e contexto cultural. Na tendência pedagógica progressista crítico- social, a escola deve transmitir conteúdos culturais e universais ligados a realidade social. A justificativa é que isso prepararia o aluno para o mundo adulto, porque participaria efetivamente na democratização da sociedade. Apesar do educador e do aluno serem sujeitos ativos, o aluno está no centro e tem a aprendizagem construída através de experiência pessoal e subjetiva. A característica mais visivelmente detectável que marca a diferença entre as tendências pedagógicas liberal e progressista é encontrada no entendimento da posição que o professor ocupa no processo ensino- aprendizagem dentro da escola. Na tendência pedagógica liberal, o professor é o centro, o detentor do conhecimento, aquele que deve transmitir o que sabe aos alunos. Já na tendência progressista, existe a ideia de que o aluno e o professor participam em igualdade de condições do processo ensino-aprendizagem e, além dos conteúdos, também é levada em conta a realidade social dos alunos. Uma das tendências pedagógicas com grande projeção na educação no Brasil é a tendência pedagógica progressista libertadora, desenvolvida pelo educador Paulo Freire, que aponta as diferenças entre a educação bancária e a educação libertadora ou problematizadora. Tudo o que um sonho precisa para FRASE DA ser realizado é alguém que acredite SEMANA: que ele possa ser realizado. Roberto Shinyashiki