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PEDAGOGIA 5 SEMESTRE

DIDÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE APLICADA À


ESCOLA

PROFESSORA PATRICIA JEREMIAS


A didática e a sua contextualização
MÓDULO 1 histórica: uma abordagem sobre o
UA 1 ontem e o hoje na arte de ensinar
A didática é algo que atravessa a vida de
qualquer professor: estratégias de sala de aula,
formação teórico-prática, metodologias,
posturas e atividades diversificadas. Esses e
tantos outros fatores importantes constituem o
fazer pedagógico, e desenham os caminhos do
conhecimento que procura realizar a mediação
entre as teorias educacionais e as práticas em
sala de aula.
Compreende-se que, a partir da década de 1980, e mais
enfaticamente nos anos 1990, foi iniciada uma nova fase na
educação, com a perspectiva de uma ruptura que favorecesse
a urgência em interpretar e compreender a dinâmica de
ensino-aprendizagem em sua vasta dimensão, integrando,
ainda, os seguintes aspectos: técnico, humano e político. Vale
ressaltar que esse movimento teve estreita relação com a
modificação da perspectiva nos estudos sobre o currículo
(especialmente nos Estados Unidos e na Europa). O currículo,
nessa perspectiva, constitui um dispositivo em que se
concentra as relações entre a sociedade e a escola, assim
como entre os saberes, as práticas socialmente construídas e
os conhecimentos escolares.
MÓDULO 1 Teorias pedagógicas: um estudo sobre
UA 2 inatismo, empirismo e interacionismo
Há diferentes modos de compreensão do mundo, e,
em tal relação do conhecimento, pressupõem-se
dois elementos: o sujeito que quer conhecer e o
objeto a ser conhecido. Por vezes, defende-se que o
conhecimento é transmitido pela família ou pela
escola, por exemplo. No entanto, de modo
contrário, algumas concepções reafirmam que o
conhecimento não é só transmitido, mas construído,
de maneira que, se não fosse assim, não haveria
acúmulo e evolução dos saberes, das formas de
pensar ou interpretar o mundo.
A partir das teorias pedagógicas, é possível
compreender de que forma o sujeito se apropria do
conhecimento – se é inato, transmitido ou construído
–, da mesma forma que, a partir da análise dos
diferentes processos de aprendizagem pelos quais
passa um sujeito ao longo da vida, é possível
concluir de que forma ocorreu a aquisição do seu
conhecimento segundo o inatismo, o empirismo e o
interacionismo.
Um bom professor não sabe apenas teorias, embora
elas sejam muito importantes. Entender as
diferentes concepções de aprendizagem não
significa apenas ler o que diferentes teóricos e
pensadores falaram ou escreveram sobre o ensino e
a aprendizagem, mas, sim, buscar melhor
compreender a prática educativa vigente, de forma
que, ao refletir sobre ela, seja possível agir para
transformá-la.
As teorias pedagógicas, ao tentarem compreender de que
forma ocorre o conhecimento, acabaram por influenciar a
forma como a escola pensa e estrutura a educação. Segundo
o inatismo, por exemplo, o ensino consiste na transmissão do
conhecimento, por intermédio da exposição de conteúdos
organizados de acordo com a lógica do professor, ainda que
sem significado para os alunos. Para o empirismo, ensinar é
modificar o ambiente e controlar as estratégias de trabalho
para operar as mudanças desejadas nas respostas dos
alunos. Já para o interacionismo, o ensino precisa valorizar
as interações entre os indivíduos, os grupos e, a partir destes,
os diferentes segmentos da comunidade.
MÓDULO 1 A escola como promotora da educação para
UA 3 e na cidadania
A escola como promotora da educação para e na
cidadania é aquela que se preocupa com uma proposta
de ensino que constitui o sujeito cidadão como um ser
crítico, questionador, reflexivo e atuante na sociedade.
Ela possibilita aprendizagens que vão além do currículo
fragmentado e está pautada na gestão democrática, na
autonomia e na criticidade. É importante que se
promovam relações de cooperação entre a escola, a
família e a comunidade como forma de articulá-las no
processo educativo e de integrar a escola à sociedade
contemporânea.
Na perspectiva da educação, de acordo com
Rodrigues (2007), a preocupação era que ela
rompesse a alienação do trabalho e conduzisse de
maneira efetiva à emancipação como ser humano.
Marx defendia um ensino público e igual para todos,
excluindo o ensino tendencioso e o atrelamento
à política de Estado. Ferrari (2008b) destaca que a
função social da educação para Marx era combater a
alienação e a desumanização, e ele entendia que a
educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual,
física e técnica.
A escola como promotora da cidadania deve integrar
saberes, problematizar situações cotidianas e
levantar diferentes hipóteses acerca da realidade
vivenciada, com vistas à criação de novas relações
de convívio social, novos espaços de discussões, e
ao estímulo do pensamento crítico e questionador.
A gestão democrática, que é uma ação conjunta,
deve fazer parte da rotina escolar como um todo. Para
que ela realmente aconteça de maneira eficaz, é
necessário que todos os envolvidos participem,
argumentem, questionem, sugiram e principalmente
possibilitem o diálogo. Desse modo, a equipe gestora
deve executar, organizar, avaliar as ações e integrar
os diferentes componentes do segmento escolar a fim
de que o grupo tenha maior autonomia para enfrentar
as mudanças com clareza, cooperação, interesse,
confiança e participação de todos.
O principal objetivo da Base Nacional Comum Curricular é
promover o desenvolvimento integral dos estudantes. Para
isso, estabelece dez competências gerais que irão nortear
as três etapas da educação básica e articular-se na
construção dos conhecimentos, no desenvolvimento de
habilidades e na formação de atitudes e valores.
1- Conhecimento; 2- Pensamento Científico, Crítico e
Criativo; 3- Repertório Cultural; 4- Comunicação; 5- cultura
Digital; 6- Trabalho e Projeto de Vida; 7- Argumentação; 8-
Autoconhecimento e Autocuidado; 9- Empatia e
Cooperação ; 10- Responsabilidade e Cidadania
Para ser uma escola que educa para e pela cidadania,
é necessário criar condições que façam com que os
indivíduos tenham voz ativa na transformação da
sociedade e na luta pela conquista de novos direitos.
Cabe às escolas promover espaços de diálogo e
participação que aproximem o currículo às questões da
sociedade, a fim de possibilitar a consciência dos
direitos e deveres dos cidadãos, para ampliar as
discussões e fortalecer o processo de democratização
do ensino, por meio de práticas voltadas à formação
integral do sujeito.
MÓDULO 1 Diferentes tendências pedagógicas: liberais
UA 4 e progressistas
Pensar sobre a escola é entender que, por meio das
atividades que ela propõe, os estudantes são
preparados para conviver em sociedade, apropriando-se
das produções da cultura humana e das condições
necessárias para atuar no mercado de trabalho e
exercer sua cidadania. Para atingir tais objetivos
educacionais, pode-se optar por considerar que
as aptidões individuais desses alunos são determinantes
para seu desempenho escolar ou, ainda, que possam
existir outros fatores intervenientes nesse processo, como
a classe social a que pertencem ou qualquer tipo de
desigualdade que possam enfrentar.
As tendências pedagógicas são visões de mundo.
Cada uma apresenta as concepções de homem,
sociedade e escola de uma maneira, baseada em
um contexto histórico. Ter o conhecimento sobre é
importante para profissionais de pedagogia, porque
isso fará com que eles identifiquem a concepção
pedagógica da escola que lecionam. As tendências
pedagógicas surgiram por conta de diferentes
pensamentos filosóficos.
As tendências pedagógicas liberais são
conservadoras e propõe que a escola prepare
os alunos para desempenhar papéis sociais,
baseando-se apenas em aptidões individuais e
sem pensar em desigualdade social. Existem
quatro tipos tendências pedagógicas liberais:
A tendência liberal tradicional visa transmitir
padrões, normas e modelos dominantes, de maneira
que perpetue a divisão de classes sociais.
Neste modelo, o aluno aprende de uma maneira
mecânica, passiva e repetitiva e não há relação com
o professor e nem espaço para questionamento.
Sendo assim, o aprendizado só acontece por meio
do próprio esforço.
Na tendência Renovadora Progressista a
escola adota a postura de ensinar o aluno a
construir o conhecimento, considerando as
fases de desenvolvimento. Portanto, os
conteúdos são abordados por meio de
experiências, motivações, pesquisas,
descobertas e auxílio de professores. A auto-
aprendizagem é estimulada.
Na tendência pedagógica liberal renovadora não-
diretiva, a escola não só ensina as disciplinas
comuns, mas também há preocupação com o
desenvolvimento da personalidade e com os
problemas psicológicos.
Nas aulas, os professores procuram facilitar o ensino
para despertar os interesses individuais e assim
estimular o aluno. Também são desenvolvidas
atividades de comunicação, trabalhos em grupo,
expressão e sensibilidade. Dessa forma, a relação
docente-educando é mais próxima.
Na tendência tecnicista, a escola visa
capacitar o aluno para se tornar uma
pessoa mais útil e habilidosa para o
mercado de trabalho. Desta maneira, a
relação em sala de aula é marcada por
muito profissionalismo e o conteúdo é
ensinado de maneira técnica e em uma
sequência lógica e psicológica.
As tendências pedagógicas
progressistas propõe transformações na
sociedade e, por isso, questionam relações
e colocam a educação como instrumento
de transformação social. Tem caráter
pedagógico e político ao mesmo tempo,
porque fazem crítica às realidades sociais e
se afastam das ideias capitalistas. São
dividas em três correntes:
Na tendência Libertadora o aluno é ensinado de maneira
que crie consciência da realidade em que vive. Assim, é
criada uma consciência política e o sentimento de
necessidade de mudar a realidade.
Os conteúdos abordados são extraídos da
problematização do cotidiano dos educandos. Portanto, os
educadores vão propor debates sociais e políticos,
atividades e exercícios de reflexão. A relação é de igual
para igual.
O principal autor é Paulo Freire, autor de Pedagogia da
Autonomia, outro tema muito cobrado em concursos
públicos para professores.
Na tendência Libertária espera-se que se
transforme a personalidade do aluno para que se
torne libertário e autogestionário.
A metodologia de ensino baseia-se em práticas
democráticas. O conteúdo é apresentado, mas sem
cobranças. O professor é um orientador do grupo de
alunos e estimula a liberdade de expressão e
contexto cultural.
Na tendência pedagógica progressista crítico-
social, a escola deve transmitir conteúdos culturais
e universais ligados a realidade social. A justificativa
é que isso prepararia o aluno para o mundo adulto,
porque participaria efetivamente na democratização
da sociedade.
Apesar do educador e do aluno serem sujeitos
ativos, o aluno está no centro e tem a aprendizagem
construída através de experiência pessoal e
subjetiva.
A característica mais visivelmente detectável que marca
a diferença entre as tendências pedagógicas liberal e
progressista é encontrada no entendimento da posição
que o professor ocupa no processo ensino-
aprendizagem dentro da escola. Na tendência
pedagógica liberal, o professor é o centro, o detentor do
conhecimento, aquele que deve transmitir o que sabe
aos alunos. Já na tendência progressista, existe a ideia
de que o aluno e o professor participam em igualdade de
condições do processo ensino-aprendizagem e, além
dos conteúdos, também é levada em conta a realidade
social dos alunos.
Uma das tendências pedagógicas com
grande projeção na educação no Brasil é a
tendência pedagógica progressista
libertadora, desenvolvida pelo educador
Paulo Freire, que aponta as diferenças
entre a educação bancária e a educação
libertadora ou problematizadora.
Tudo o que um sonho precisa para
FRASE DA ser realizado é alguém que acredite
SEMANA: que ele possa ser realizado.
Roberto Shinyashiki

PROFESSORA PATRÍCIA JEREMIAS

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