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DIDÁTICA
CURITIBA/PR – 2018
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Sumário
Introdução ........................................................................................ 03
Aula 1 – Fundamentos da educação ................................................ 04
Aula 2 – A aprendizagem e suas diferentes concepções .................. 15
Aula 3 – A didática na história ........................................................... 28
Aula 4 – Teorias do conhecimento .................................................... 42
Aula 5 – Currículo Escolar, Projeto Político Pedagógico e
Planejamento ................................................................................... 54
Aula 6 – A importância da didática na articulação de teoria e prática 68
Aula 7 – A didática na prática ............................................................ 83
Aula 8 – Avaliação ............................................................................ 97
Referências 111
Currículo do Professor-autor 115
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Introdução
Educar é uma ação tipicamente humana. Mas para que educar? Por que,
ao longo do tempo e de maneiras diferenciadas, o ser humano busca pela
educação? O homem humaniza-se à medida que reflete sobre o mundo no qual
está inserido e sobre as relações que nele estabelece, para tanto, cria
mecanismos para transformá-lo e para extrair dele sua sobrevivência. A
educação é parte fundamental nesse processo de humanização.
Sendo assim, é fundamental discutirmos como se deu o fenômeno
educativo ao longo da história. Para tanto, vamos pensar a educação na
perspectiva da didática, ou seja, na articulação entre a teoria e a prática
pedagógica.
Ao longo desse material, estudaremos a Didática a partir de uma
perspectiva histórica, passando pelos fundamentos da educação, pelas
diferentes teorias do conhecimento, até chegarmos à aprendizagem e suas
diferentes concepções.
Nesse percurso buscaremos compreender a Didática enquanto disciplina,
que visa o desenvolvimento crítico dos educadores em formação, a fim de que
possam avaliar de forma clara e objetiva a realidade do ensino na qual estão
inseridos. Para tanto, é necessário que o educador tenha uma base teórica
sólida, pois esta influenciará toda a sua prática docente.
Convido você para que juntos possamos tecer novos caminhos para a
prática educativa, alicerçada nas teorias da didática!
Bom estudo!
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Aula 1 – Fundamentos da Educação
Conceito de Educação
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Desses retornos, alguns estão relacionados também à pedagogia, à
autonomia (FREIRE, 1996), às competências do indivíduo (PERRENOUD et al,
2000) e à didática (PIMENTA, 1999) e au saber docente (TARDIF, 2002). Além
desses, vários outros conceitos são associados. Apesar disso, Ambrosio (2007)
indica que a educação vem inibindo a construção de novos saberes e, assim,
priorizando o conhecimento disciplinar concluído. O que leva a crer que talvez a
educação não esteja acompanhando as atualizações da contemporaneidade,
quiçá reproduzindo conhecimentos que possam não condizer com a totalidade
da realidade social dos sujeitos que visa a educar.
Dentre tantos estudiosos da área, o conceito de Vianna (2006) parece
bastante adequado e atual por tocar em pontos muito importantes no que tange
à forma e condução do processo educacional. Para ele: “A educação em sentido
amplo representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano,
e no sentido estrito representa a instrução e o desenvolvimento de competências
e habilidades” (p. 130).
De acordo com Gadotti (2000), falar de educação exige certa dose de
cautela, devido às tantas perspectivas criadas em torno do que a crise de
paradigmas que o novo milênio traria, apoiadas em estudiosos e educadores que
tentaram apontar algum caminho para o futuro prático da educação. Em meio a
isso, o autor questiona:
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Você já ouviu falar de Gadotti?
É um renomado educador brasileiro, que estuda e
defende a educação no cenário educacional nacional. Na
internet, há vários artigos de sua autoria. Aqui, recomenda-
se a leitura de “Perspectivas Atuais da Educação”,
publicado no ano 2000. Esse artigo foi escolhido, pois foi
Curiosidade publicado num momento de virada e de reflexão sobre a
educação, como o próprio autor propõe. O autor palestra
em eventos e tem outras várias publicações falando sobre
os desafios da educação.
Marcos da Educação
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analisar o peso da herança do passado sobre a prática educativa. Em primeiro
lugar, fala do pensamento pedagógico e das ideias em educação ao longo da
evolução humana como base para as concepções gerais das instituições
educacionais.
Para que você consiga se situar na história da educação ao longo dos
anos, o quadro disponibilizado por Amado (2007) apresenta um panorama geral
da história da educação. Ele é bem resumido e aponta os grandes marcos.
Acredito que ele seja útil para que você possa visualizar os percursos da
educação ao longo dos anos, da mais antiga registrada até o ponto em que se
inicia a formação para profissionalização. Confira a seguir!
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passados os valores e costumes construídos pelas gerações anteriores. Essa
transmissão limitava-se ao estímulo de memorização (GILES, 1987).
Somente com os desenhos nas pedras é que se começou a produzir
registros dos costumes e vida dos indivíduos a partir do uso da escrita, criando
um banco de dados primitivo das informações disponíveis às próximas gerações
da sociedade, demarcando eventos e a evolução da raça humana.
Sempre voltada para questões econômicas, a educação desde muito
tempo serviu para concentrar o saber e explorar os menos favorecidos em prol
da geração de riquezas, como se viu no Egito, na época dos escravos, em que
os patrões exerciam as melhores práticas para explorar o trabalho servil. Em
Roma, na época do Império Romano, não foi tão diferente, a educação no seio
da família focava-se no ensino do direito e das condições para desempenhar
atividades políticas típicas da classe dominante.
À diferença do que se viu no Egito, em Roma, os conhecimentos e
habilidades eram ensinados em escolas. Assim, cada passo do desenvolvimento
histórico impôs a necessidade de instruir quem é destinado ao círculo de poder
e manter na escuridão do conhecimento quem era destinado à produção
(MEDICE, 2011).
Os gregos faziam da mesma forma. Os precursores do estudo da filosofia
objetivavam conhecer a razão de ser das coisas e solucionar problemas típicos
daquela época, embora reconhecessem que não havia verdade absoluta. Os
ensinamentos voltavam-se para a arte de falar e de convencer.
Martins (2004) afirma que a educação não era um direito de todo cidadão
grego, mas certamente ela já era responsável por tornar os homens mais
evoluídos e felizes, pois era propagado um sistema educacional capaz de
assegurar o triunfo a quem a ele aderisse.
A esta altura, é possível falar de Sócrates e Platão (MARTINS, 2004).
Enquanto o primeiro disseminava uma nova visão de homem e de universo,
apostando em uma ciência universalista; o último falava da formação homem
para uma sociedade ideal, pois educação seria sinônimo de liberdade que liberta
o indivíduo da ignorância.
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Já a educação formal foi estabelecida dentro de espaços também formais,
que foram se moldando conforme as necessidades dos indivíduos. A escola
formal, por sua vez, como instituição de caráter social, foi instituída para
transmitir o legado cultural da humanidade (UFPB, 2016) de forma reprodutivista,
destinando-se de forma ampla e tradicional, a uma pequena minoria,
consentindo a educação como processo de desenvolvimento individual, o que
muda no final do século XX, quando a educação também passa a ser vista como
algo socialmente construído (GADOTTI, 2000; RAUBER, 2008).
Almeida (2004) expõe que ainda há uma pressão no sentido de atender
às demandas de reproduzir, manter e reforçar privilégios de alguns em
detrimento da maioria, a qual é perceptível em várias reformas e programas
oficiais, isso por que, explica UFPB (2016), as mudanças na concepção de
homem, de educação, de ensino e de sociedade se voltam para um novo modelo
que exige que homens atendam às demandas emergentes dessa maioria,
ampliando-se como direito de todos.
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também, morais. Por essa razão, o ato de educar abrange mais do que a sala
de aula, e o contexto interfere no processo educativo com o quanto deve ser
considerado na execução do ato de educar. Para complementar esse
pensamento, Almeida (2004) indica que tudo isso somado implica no re-
equacionamento do papel da educação na contemporaneidade.
Note que, por estar atrelada à educação, a pedagogia trata da mesma
forma de concepções distintas: a tradicional e a nova, diz Libâneo (2008).
Enquanto no formato tradicional, enfatiza-se a transmissão do saber de forma
ativa pelo professor e passiva por parte do estudante; a nova questiona a
validade da primeira, percebendo o estudante como sujeito livre e ativo,
extrapolando a aceitação pura do desenvolvimento biológico e respeitando as
especificidades individuais, tornando os sujeitos do processo (professor;
estudante) ativos (idem). O estabelecimento desse movimento data do século
XX.
De forma mais profunda, seguem considerações a respeito de ambas, a
partir de algumas literaturas (NOSELLA, 2011; UFPB, 2016; TARDIF, 2014).
De acordo com o que você estudou no início desta unidade, a pedagogia
tradicional está centrada na transmissão do conhecimento e na capacidade
igualitária de aprendizagem. O professor é autônomo em relação ao conteúdo,
ao método e à avaliação. Em relação às funções psicológicas, prevalece a
memorização do conteúdo pelo mimetismo e pela aplicação sistemática de
tarefas. Todos os estudantes são iguais, independentemente de suas idades,
facilidades e dificuldades.
Por essa razão devem seguir o mesmo ritmo e obedecer aos mesmos
modos de aprender (sendo visuais, auditivos ou cinestésicos) e chegarem aos
mesmos resultados. Os conhecimentos se dão de forma isolada. As aulas
seguem o método expositivo e o sistema avaliativo somente reconhece a
avaliação do tipo prova escrita.
Rey (2003) explica que quando o processo de aprender não tem relação
com a vida do indivíduo ou como a forma como ele aprende, acaba não fazendo
sentido para ele. Nisso, atinge-se a não produção de pertencimento em que o
educador ou a instituição que ele representa conduz a uma aprendizagem
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formal, descritiva, rotineira, mnemônica, que não instiga o sujeito que aprende.
E entender isso faz considerar a própria função do professor nos processos de
aprendizagem dos indivíduos, que podem ou não caracterizar o espaço de
aprendizagem como espaço de subjetividade social.
http://www.qmagico.com.br/descubra-como-aprender-melhor
https://educacao.uol.com.br/quiz/2015/05/01/descubra-qual-e-o-seu-
perfil-de-estudos.htm
https://www.terra.com.br/noticias/educacao/teste-descubra-qual-e-o-
seu-estilo-de-
aprendizagem,b4c90861ce9fa4967a060646cd5b79c5687jRCRD.html
A Pedagogia Nova
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de caso, as saídas de campo, os estudos dirigidos, as pesquisas, os princípios
da autoeducação, da problematização, a sala de aula inversa, todas essas
atividades que podem ser promovidas e devem ser acompanhadas pelo
professor. Passam a ser valorizadas as atuações específicas de cada estudante
no desempenho do grupo.
Para Xavier (1992, p. 13),
[...] de um lado está a escola tradicional, aquela que dirige, que modela,
que é “comprometida”; de outro está a escola nova, a verdadeira
escola, a que não dirige, mas abre ao humano todas as suas
possibilidades de ser. Portanto, “descompromissada”. É o produzir
contra o deixar ser; é a escola escravizadora contra a escola
libertadora.
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Você já reparou que o ensino em geral, desde o ensino fundamental até
chegar à universidade, é fragmentado, dividido em disciplinas? Vamos
aprofundar um pouquinho esse conceito!
Segundo Morin (1999), a disciplina é uma categoria de organização do
conhecimento científico baseado na divisão e especialização do trabalho, que
apesar de pertencer a um conjunto vasto tende a delimitar as fronteiras de
entendimento e aplicação dos conteúdos que aborda. Essa falsa
independência dos conteúdos, historicamente reproduzida, continua
Almeida (2004), fragmenta o conhecimento, anula a visão do todo, anula as
relações dos conhecimentos com o universo do qual fazem parte.
Conclusão da aula
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sociedade. Entendermos os fundamentos da disciplina de Didática e sua relação
com a Pedagogia e com a educação, faz com que nos aproximemos mais da
história da educação, seus caminhos, continuidades e descontinuidades. Todo
esse processo histórico é de fundamental importância para a formação do futuro
educador e educadora.
Atividades de Aprendizagem
Sugestão de pesquisa
A pedagogia nova versa a respeito do estímulo à autonomia dos
estudantes, no sentido de alcançar suas potencialidades, vivenciar,
experimentar e criar seu conhecimento de forma particular. O foco centra-se no
estudante. Nela, acredita-se que o estudante não aprende apenas escutando,
vendo ou escrevendo.
A partir do exposto em nossa aula, procure pesquisar mais a respeito
dessa pedagogia, desde seu surgimento, os países que a adotaram e as críticas
que surgiram quando de sua concepção. Será uma boa oportunidade para você
aprofundar seus conhecimentos a respeito do tema e aguçar seu espírito de
pesquisador (a).
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Aula 2 – A aprendizagem e suas diferentes concepções
O que é aprendizagem?
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Note que o conceito trazido por Hamze não quis se comprometer com
nenhuma das concepções reconhecidas nacionalmente e trouxe em seu
conceito todos os aspectos relevantes de cada uma delas. Seu conceito é
importante exatamente por essa razão. Para ele, a aprendizagem é processo
singular individualizado e realmente vai envolver todos esses aspectos para
cada um de nós com determinada importância relativa, pois depende do
momento, depende do conhecimento que está sendo trabalhado, da forma como
está sendo trabalhado, de onde está sendo trabalhado etc.
Dada a dificuldade de falar de forma neutra, você está convidado a
conhecer dois dos estudiosos mais discutidos: Vygotsky e Piaget. Certamente
eles não são os únicos de quem você ouvirá falar, mas trazem pontos de vistas
importantes, e há quem diga que eles eram de correntes divergentes.
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Vamos ver a seguir algumas de suas concepções de aprendizagem!
De acordo com Vygotsky (1984, p. 115)
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Fato é que, ao longo de sua vida, é possível afirmar que o ser humano
processa uma quantidade inestimável de informações as quais transformam em
conhecimento, conceituando o processo de aprendizagem de forma ampla,
simples e relacionada à condição de vida humana.
Figura 1: Estudante
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O interessante de tudo isso é ver que, após tantos
anos de estudo do comportamento humano, ainda há
espaço para discussões de como o ser humano aprende e
Curiosidade gera sua aprendizagem.
Como você deve ter observado, cada uma dessas etapas é marcada pela
aprendizagem (BRUNER, 1991), que pode ser registrada, por exemplo, quando
muda-se a execução de uma antiga tarefa por ter se aprendido uma forma mais
interessante, mais fácil ou mais inovadora. Parece que a certeza da vida gira em
torno de que, ao observar o meio e as pessoas, o ser humano aprende com eles
o tempo todo e desenvolve-se cognitivamente.
Contudo, ao elevar o nível da concepção de aprendizagem, deve-se
agregar elementos importantes que fazem desse processo único para cada ser
humano, o fato de que o processo (aprendizagem) de cada indivíduo acontece
em meio a situações, experiências, condições e sob ritmo, predisposição e
presença de agentes externos diferentes, e estimulando suas capacidades e,
logo, desenvolvimento.
No cenário educativo, na aprendizagem que se consideraria formal,
aquele que ocorre no meio escolar ou acadêmico, além desses fatores, existem
outros referentes à relação com os pares, ao posicionamento do educador, às
expectativas de futuro do “aprendente”, pois entende-se que esses condicionam
o processo de aprendizagem.
Tudo isso atribui imensurável valor ao processo de aprendizagem, pois
sob essa concepção acaba respondendo não apenas pela alfabetização, mas
pela integração do indivíduo na sociedade e compromete-se com a educação
como instrumento de progresso dos indivíduos dentro da realidade.
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Dessa forma, o processo formativo deve extrapolar a formalidade e os
procedimentos descritivos. Isto é, deve interligar valores, dar atenção às
competências transversais, às qualidades pessoais, às circunstâncias da vida.
Tudo isso por que não é possível transformar os modos de pensar e agir dos
indivíduos sem atender ao envolvimento de uma maneira mais ativa,
comprometida e inovadora (ALVES, 2012).
Com isso, é preciso disponibilizar de modo articulado todos os fatores que
intervêm positivamente nos processos de formação: estudantes, professores,
currículos, instituições e contextos para que seja verdadeiro o sucesso do
processo de aprendizagem. Posto isso, é que opta-se por tratar de maneira
equivalente desses processos, indicando o uso da expressão ensino-
aprendizagem, pois não há um sem o outro, como expôs Alves (2012).
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Sociedade do Conhecimento e/ou Sociedade da Aprendizagem
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De acordo com Pellicer (1997, p. 8), as informações são à base do
conhecimento, porém a obtenção desse conhecimento implica no desencadear
de diversas operações intelectuais, “[...] que colocam em relação às novas
informações armazenadas pelo indivíduo [...]”. Portanto o conhecimento é
alcançado quando essas distintas informações “[...] se relacionam entre si
mutuamente, criando uma rede de significados que são interiorizados ou
assimilados” (PELLICER, 1997, p. 08).
Para Takahashi (2000), uma das características principais da era atual é
a abundância de informações. Contudo, se por um lado a dinâmica da sociedade
da informação requer educação continuada ao longo da vida do indivíduo, por
outro está o fato de que informações não se transformam magicamente em
conhecimento, ou seja, para que isso ocorra é imprescindível que sejam
estabelecidos critérios para organizá-las e selecioná-las. Nisso subjaz um novo
modelo de aprendizagem, que carece de nova postura e novas
responsabilidades dos indivíduos nele envolvidos.
Dito isso, de nada adianta um professor com competências tecnológicas
avançadas, ou com domínio de determinados sistemas, o que cabe ao professor
é trabalhar pedagogicamente as habilidades com foco na aprendizagem, a fim
de contribuir para a tal organização e seleção de informações úteis de
construção de conhecimento.
Mídias https://www.youtube.com/watch?v=1Lvl_pG72Vk
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Figura 3: Aprendizado por meio de tecnologia
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Como aprendente, buscando efetivamente e selecionando o que é
relevante; como educador, sabendo que não adianta reclamar que os estudantes
estão utilizando essas tecnologias em sala, mas pensar em desafios que os
integrem a esse contexto tecnológico.
No tipo de sociedade atual, há uma inerente cultura de acessar
informações e de aprender, que muitas vezes atropela as pessoas. Neste tipo
de sociedade, registra Jonassen (2007), os indivíduos são avaliados pelas suas
capacidades de desenvolverem competências que possibilitem o exercício de
suas funções, de suas criatividades, de suas integralidades.
Atualmente, não há mais espaço para modelos verticais de
aprendizagem, em que o professor é um ser superior com conhecimento
adquirido e os demais são agentes passivos do processo, pois agora todos têm
voz no sistema de autoformação, pois estão calçados na quantidade de
informação acessível na rede.
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falam da aprendizagem baseada em elementos que tornam os processos de
aprendizagem diferentes dos antes das tecnologias.
Conclusão da aula
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A sociedade da informação significa uma ruptura com um passado e
consequentemente uma mudança definitiva na forma como a sociedade se
organiza, aprende e evolui. Portanto, trazê-las para o cenário educacional tem
sido um desafio constante.
Atividades de Aprendizagem
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Aula 3 – A didática na história
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Em seus primórdios, teve sua fundamentação baseada em contribuições
da psicologia, filosofia e sociologia, que juntas trazem luz à complexidade do ato
de ensinar e aprender que dão vida à prática pedagógica.
Figura 4: Comênio
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Para o educador, a educação era baseada em uma perspectiva religiosa
e deveria melhorar a vida social do homem, por isso deveria promover maior
solidez moral. Para tal, cria que a educação deveria ser dividida em etapas
adequadas às idades dos aprendentes e ao momento evolutivo: infância,
puerícia, adolescência e juventude. Ele foi o preconizador da criação das escolas
maternais, a fim de fornecer às crianças pequenas as noções elementares e os
primeiros sentidos pelas experiências sensoriais por meio do estímulo ao contato
com objetos físicos (RODRIGUES, 2017).
Após ele, Rousseau (1991; 1995), que mais tarde consta neste material
como um dos vultos das teorias do conhecimento, acredita na superioridade das
crianças em relação aos adultos. Para ele, o homem nasce bom e a sociedade
o corrompe ao longo de sua trajetória. O estudioso também acreditava nos
diferentes períodos de escolaridade para faixas etárias, de forma similar à de
Comênio em respeito aos níveis de desenvolvimento dos indivíduos, os quais a
didática do educador e a organização do ensino deveriam respeitar.
As crianças de um a cinco anos deveriam ser tratadas de forma natural
nessa primeira fase; na segunda fase, dos cinco aos 12 anos, a criança deveria
ter seu acompanhamento monitorado, mas ainda de forma informal; a terceira
fase, dos 12 aos 15 anos, prevê a ocorrência de conhecimento formal e
desenvolvimento intelectual, condizente com a curiosidade e interesse natural
do indivíduo; e somente a quarta fase, dos 15 aos 21 anos, priorizaria os
aspectos práticos e relacionais existentes no mundo e na vida comum com
outras pessoas.
Pestalozzi também surge como ícone do estudo da didática, como
defensor do livre acesso à educação, por todos, independentemente de sua
classe social (UFPB, 2016). Sua maior contribuição foi a proposta de uma nova
metodologia (organização) para a prática pedagógica, que consistia na
apresentação do conteúdo de forma simples, seguido de observação e de
exercícios de fixação. Baseado em preceitos cristãos, o educador investiu no
estudo da educação baseada no afeto.
Para Pestalozzi, é função do educador buscar os melhores métodos
didáticos e de certo o melhor deles é baseado no dom do amor, pois é por meio
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desse que a natureza do ser humano se manifesta em potencialidades de ser e
fazer (INCONTRI, 1997). Embora questionável na época, tanto era correto
associar educação a sentimentos humanos, que Freire também falou sobre
esperança mais tarde (FREIRE, 1992).
Herbart, considerando o ideário de Pestalozzi, expandiu-o criando um
seminário pedagógico para a experimentação universitária, aponta UFPB (2016).
Pensando a educação como ciência, resgatou a ideia de ensino por meio da
instrução e da disciplina necessária à formação do caráter e do conhecimento.
Apostando no rigor metodológico para a análise do comportamento dos
estudantes, indicava passos necessários para a didática que propunha. Ao
professor, nesse caso, cabia: preparar a mente dos estudantes, trazendo ideias
anteriores com relação ao novo conceito a ser estudado; apresentar o conceito
a ser assimilado; associar as ideias anteriores com o novo conceito; elaborar
teoricamente o novo conceito; acompanhar a aplicação do conceito em
atividades (FREITAS, 2013).
Agora vamos falar de Dewey. As propostas dele de pedagogia e didática
refletiram numa reformulação na política educacional nos Estados Unidos,
traduzida em movimentos ao redor do mundo que levaram ao repensar das
práticas escolares, inclusive no Brasil (UFPB, 2016). Para o estudioso, a
instrução se dá pela ação dentro de um organismo vivo e cabe à escola estimular
os estudantes a participarem das atividades típicas desse organismo. O foco da
didática, sob sua ótica, era a ação ao invés da instrução.
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A pedagogia tradicional
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A pedagogia renovada
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A pedagogia tecnicista
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Para saber um pouco mais da revolução industrial e
aprofundar seu conhecimento nessa didática tecnicista,
assista ao filme Tempo modernos, de Charles Chaplin,
Mídias disponível no link a seguir.
https://www.youtube.com/watch?v=WVK1oHItoWI
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(2007). Foca na ressignificação entre professor e aluno, ressaltando a
mediatização do ensino-aprendizagem pela realidade que os rodeia. Seu maior
expoente é Paulo Freire.
A pedagogia crítico-social dos conteúdos surge em momento de
descrédito dos modelos anteriores, parciais e fragmentados, ora técnico ora
humano, consistindo na didática mediada por objetos-conteúdos-métodos que
faz o encontro de alunos, conteúdos e professores.
Com isso, a prática dos alunos é considerada e apresentada de forma
crítica, no sentido de compreender a aplicação do conteúdo em uma prática de
cunho social. A escola, nesse sentido, complementa Saviani (2001), assume o
lugar das mudanças sociais, bem como permite ao indivíduo ingressar na vida
adulta e atuar dentro da comunidade. Seu ensino torna-se mais pluralizado, por
pressupor que os indivíduos precisam entrar em contato com outras culturas.
Didática e Ensino
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definidos que envolvem conteúdos, intermediação e avaliação, tanto do ensino
quando da aprendizagem.
Hoje o ato de ensinar exige do professor um olhar abrangente (holístico)
de aprendizagem, com fins a compreender o mundo atual, suas demandas,
relação do seu conhecimento com as demais áreas do conhecimento, o espaço,
o tempo, a participação dos estudantes e a forma de se ministrar a aula. Por isso,
a didática está diretamente ligada ao ato de aprender do professor, pois ele
aprende quando ensina devido à especificidade de seu ofício.
Ser professor nesse “atualmente” implica entender a amplitude desse
papel, requer do profissional permanente qualificação e atualização em relação
não somente aos conteúdos que leciona, mas também em relação ao próprio
papel docente, diz Coll (1994). Ao pensar o ensino em meio ao processo
educativo pode-se chegar à conclusão de que ele é o complemento único da
aprendizagem, não sua antítese, sendo a aprendizagem a única resposta
aceitável para qualquer trabalho didático-pedagógico.
A moderna concepção de aprendizagem extrapola a mimetização do
conhecimento e, por conseguinte, a pura transmissão ou assimilação, envolve
por outro lado a construção de esquemas que permitam identificar e resolver
desafios dentro de uma realidade específica, articulando novos saberes e
práticas (PIMENTA, 1999; TARDIF, 2002).
A propósito, propondo um esquema:
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Ensino
Futuro da Intencio-
sociedade nalidade
Comprome-
Reflexão
timento
Conheci-
Tempo mento
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Se está acompanhando esse material, e já falamos
de educação e aprendizagem, temas muito importantes e
complexos, já deve ter capacidade de refletir sobre isso.
Por que você não começa a fazer suas anotações e
analisá-las? Vai ser bem interessante criar subsídios sobre
este conteúdo comparando as teorias às práticas com que
tem acesso.
Para concluir esta aula, importante tocarmos em dois assuntos que não
podem faltar: currículo e avaliação. Certamente você os verá com maior
profundidade durante outras aulas, mas é obrigatório citá-los agora, exatamente
para expor a relação entre os temas.
A didática pressupõe um conjunto de conteúdos e conhecimentos a serem
trabalhados e de competências a serem desenvolvidas, pois é a partir deles que
ela (didática) elabora os métodos para trabalhá-los. Logo, não existe didática
sem conteúdos a serem trabalhados (LIBÂNEO, 2008). Esse conjunto de
conteúdos e competências formam um currículo. Didática não é o currículo em
si; a didática é a forma como a teoria e a prática imbricadas serão trabalhadas.
Contudo, o currículo faz parte da didática.
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A legislação, a sociedade e o meio social constroem os currículos, tendo
cada qual sua contribuição no currículo vigente nas instituições de ensino. O que
está no currículo é o que essas instâncias afirmaram ser importante aprender.
O currículo vem da prática, das necessidades e da evolução dos
indivíduos na sociedade, visando formação pessoal e integral. Fica evidente,
para Moreira (1998), que não sendo o currículo um elemento atemporal, é que o
currículo e a didática subsidiarão a prática docente do profissional reflexivo que
deseja vê-los como campos a serem explorados, e que essa exploração deve
ser feita com apoio dos estudantes. Leia-se apoio, pois o ensino-aprendizagem
é um processo colaborativo, não um jogo de forças.
É por isso que se fala por maneira sobre as relações de poder existentes
na educação e nos currículos, pois por toda a história essas relações tiveram
relevância na formação dos indivíduos. São muitas implicações envolta dessa
relação.
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Cabe, logicamente, apontar a esta altura que, conforme as diretrizes e
bases da educação nacional no Brasil, a avaliação do rendimento escolar deve
atender a vários critérios, entre eles que “[a] avaliação contínua e cumulativa do
desempenho do aluno, com prevalência de aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
finais” (BRASIL, 1996).
Devido à complexidade do tema avaliação, você terá a oportunidade de
aprofundar seus conhecimentos na nossa última aula, que será exclusivamente
dedicada a esse tema!
Conclusão da aula
Atividades de Aprendizagem
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Aula 4 – Teorias do conhecimento
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Concepção tradicional
Concepção comportamentalista
43
suas próprias descobertas, direcionando-os ao entendimento dos conteúdos,
que continuam sendo prescritos por autoridades superiores.
Esse modelo é desenvolvido a partir de processos pelos quais o
comportamento é modelado e reforçado, visando ao desenvolvimento de
habilidades. O estudante é visto aqui como um recipiente de informações e
pode ser levado a um comportamento esperado. O conhecimento é baseado na
experiência planejada e direcionada para esse fim, transmitindo
comportamentos éticos e práticas sociais esperados.
Concepção humanista
Concepção interacionista
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O interacionismo aposta na combinação de influências ambientais, em
que o indivíduo assume papel ativo, utilizando-se de significações para aprender
e se desenvolver. Nessa abordagem, a aprendizagem e o desenvolvimento se
mistura e se complementam, tornando o indivíduo responsável pela sua
aprendizagem.
Concepção sociocultural
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pessoas com a preocupação em transformar crianças em adultos. É possível
entender, por suas considerações, que o estudioso focava verdadeiramente no
estudo da condição humana em relação à educação cujo fim era a apropriação
de sua natureza pelo homem.
Para Rousseau, as crianças eram seres superiores aos adultos devido a
sua inocência natural, por essa razão, devem ter sua simplicidade respeitada,
bem como devem ser estimuladas pelo adulto corporal e sensorialmente
(ROUSSEAU, 1995).
Ele afirmava que é crucial a observação por parte do educador da criança
em condição de aprendizagem, a fim de perceber as diferentes experiências que
o estão instruindo e formando seu caráter e individualidade. Rousseau (1991)
também afirmou que a linguagem é um aspecto interessante do processo de
construção porque ela evolui conforme a criança se desenvolve, iniciando no
choro, mais primitiva, até o ponto em que atinge o domínio sobre a comunicação
oral e escrita.
É de Rousseau (1995) o conceito da educação negativa, em que a
premissa é da educação pela natureza, em contato com plantas e animais e
respeito às fases da infância, em detrimento da interferência da sociedade
comum na vida do homem urbano.
46
A relação do autor com a aprendizagem está no fato de que, para ele,
esse processo é uma resposta possível a determinado estímulo (MOREIRA,
1995), o que parece impor na relação e no ambiente a responsabilidade de criar
condições para que a aprendizagem se dê como consequência do
comportamento.
47
Vygotsky foi um importante teórico e Psicólogo bielo-russo. A seu
respeito, cabe destacar a sua dedicação ao estudo das relações sociais e seu
apoio à aprendizagem e ao desenvolvimento. Para Vygostky (2000), as relações
sociais são a base de toda a natureza humana, pois é nas relações com os
outros que os indivíduos aprendem, se qualificam e se desenvolvem. Nisso,
a linguagem é o que faz os indivíduos se conectarem aos mais experientes,
acionando processos cognitivos. As relações sociais são os gatilhos tanto para
a mediação quanto para a zona de desenvolvimento proximal, que são os meios
para que o indivíduo aprenda e se desenvolva.
A mediação, dizia Vygotsky (1984; 1995), está relacionada à
internalização necessária para a mente humana aprender. Por meio da relação
com outras pessoas mais competentes em determinado assunto, o aprendente
internaliza os conhecimentos e os processa, aprendendo. A internalização
consiste em um processo de conversão dos conhecimentos de uma esfera social
para a individual.
A esse conceito soma-se o uso de instrumentos materiais (objetos) e os
psicológicos (atividades psíquicas) que podem subsidiar a aprendizagem.
Respectivamente, são exemplos: os instrumentos para cortar uma árvore; fazer
comida ou caçar; e as atividades de memorização, comparação, atenção e
decisão, os quais podem apoiar esse processo.
Enquanto isso, ele (VYGOTSKY, 1984) apresentava seu conceito de zona
de desenvolvimento proximal (ZDP), local em que se encontram os
conhecimentos não amadurecidos, cujo amadurecimento depende do auxílio de
alguém mais competente, fazendo a mediação. Dizia o autor que “o que a criança
pode fazer hoje com o auxílio dos adultos poderá fazê-lo amanhã por si só”
(p. 113). Ele acreditava, fazendo analogias, que o conhecimento não
amadurecido corresponde a brotos de flores que apresentam potencial de ir
desabrochando por meio do auxílio externo.
48
Jerome Seymour Bruner (1915 – 2016)
49
diferenças com respeito; e, por último, o aprender a ser, mais complexo e
profundo, relacionado ao papel social, cidadão, fraterno que representa o
objetivo primordial da vida, viver.
50
Para ele, as experiências sensoriais e a prática da liberdade são capazes
de dinamizar e torna prazerosos os processos de educar e de aprender, mesmo
que comprometidos com o que é formal e necessário à educação dos indivíduos.
51
A primeira obra fala da educação como prática de liberdade, da comunhão
dos homens em prol de libertação, dos reflexos do que se denominou de
educação bancária – de forma resumida, como se o professor apenas
depositasse o conteúdo no aprendente, das vantagens da educação
problematizadora e da aprendizagem colaborativa e mediatizada pelo mundo e
da ação cultural que pode ser tanto uma ferramenta opressora como um
compromisso com a libertação do homem.
A segunda obra diz respeito à relação do docente com o discente,
engrandecendo a importância da reflexão crítica sobre a prática, retoma a
necessidade de rever o ensino como mera transferência de conhecimento e o
reconhecimento da educação como algo ideológico.
Conclusão da aula
Atividades de Aprendizagem
52
Pesquise a respeito do seu revolucionário “método de alfabetização de
adultos”, também chamado de “Método Paulo Freire”. A partir de sua pesquisa,
procure listar algumas das principais características do método que o deixou
conhecido no mundo inteiro.
53
Aula 5 – Currículo Escolar, Projeto Político Pedagógico e
Planejamento
Projeto político-pedagógico
54
todos seus envolvidos que objetivem a formação crítica e responsável do
cidadão para a sociedade.
55
Contudo, para alcançar a nova organização que faça jus às necessidades
da comunidade escolar, ideia que por si só parece uma ousadia para a área de
educação, é necessário referencial que dê fundamentação a essa construção.
Posto isso, você será conduzido agora à discussão sobre planejamento escolar.
Planejamento escolar
56
Quer saber mais a respeito de planejamento?
Se antes de iniciar a próxima seção, quiser saber
mais sobre o assunto, leia o artigo “Planejamento
Estratégico, Tático e Operacional”, do Portal da
Administração. Ele está disponível no link:
Saiba mais <http://www.portal-
administracao.com/2014/07/planejamento-estrategico-
tatico-operacional.html>
57
Logo, a escola é uma organização e precisa ser administrada,
considerando seu objetivo relacionado ao conhecimento, à comunidade escolar
e ao ambiente/realidade em que realiza suas atividades, indica Veiga (1991).
Veiga (1995) também considera que cada projeto planejado pressupõe
rupturas com a realidade que precisa ser alterada e compromisso com o futuro.
Planejar, para o autor, caracteriza o rompimento com um estado estável para
arriscar-se na busca de uma estabilidade. Um projeto educativo, nesse contexto,
é uma promessa de nova atuação, comprometendo seus atores.
O planejamento, bem como outras funções do processo administrativo, é
atividade regular das organizações, pois articula os meios para atingir os fins.
Todos os membros da organização administram, em maior ou menor grau,
dependendo da quantidade de elementos (conhecimento, comunidade e
ambiente) que consideram em suas decisões (VEIGA, 1995).
O papel de seus membros faz parte dos objetivos e estimula a
organização escolar a não ser apenas influenciada pelo meio, mas também
exercer sua influência nos rumos do meio. O desafio das organizações em geral
segue sendo a mudança necessária para lidar com as transformações
ambientais.
2. As políticas e os
procedimentos de
execução 3. O tempo
1. O objetivo a ser
(metas e possibilidades (para/até quando esse
atingido (o que se quer
para atingir tal objetivo, objetivo deve ser
alcançar)
no caso especial, atingido).
quando há legislação
respectiva)
58
Além disso, temos que levar em conta um fator importante: o custo
(quanto é necessário investir e quanto se tem disponível para investir); recursos
(exemplos: colaboradores internos e externos, espaço e estrutura física,
mobiliário, bens móveis etc.); e meios de controle (acompanhamento das metas
e previsão de resoluções em caso de problemas) (CHIAVENATO, 1997;
MAXIMIANO, 2000).
Em detrimento disso, o planejamento da educação parece,
generalizando, reduzir o processo à execução de técnica mecânica, em que
se define objetivo, programa, sistema de avaliação, bibliografia e se
reproduz. Esse padrão de planejamento não valoriza as diferenças, as
adversidades, o sentido da aprendizagem.
Sendo assim, é importante que você entenda que o espaço educativo faz
parte de algo maior, a estrutura e a cultura de uma sociedade, mais
especificamente de uma comunidade com características próprias. Ousa-se
dizer que qualquer projeto não ligado ao que é local pode excluir mais do que já
seria esperado, pois não envolve.
No âmbito da escola, Sacristán e Gomes (1998) informam que o
planejamento é apenas uma das complexas atividades e compromissos dessa
instituição, exatamente por que planejar a atividade escolar envolve situações
ambientais e acompanhamento dos múltiplos efeitos produzidos por tais
situações. Esse, por sua vez, é um dos principais desafios da escola, pois ao
mesmo tempo que planejar a atuação escolar dá liberdade para criar e refletir
sobre o futuro e seus objetivos, vai de encontro aos diferentes saberes,
pensamentos, bem como força o enfrentamento com as dificuldades de planejar
pensando na complexidade gradativa das condições do trabalho educativo, já
que prática do planejamento extrapola a sala de aula, atingindo uma dimensão
contextual maior.
Note que é fundamental a participação dos
professores na tarefa de planejamento, como recurso
imprescindível do processo educativo, pois mais do que
Importante planejar conteúdos, deve-se assumir o planejamento
da formação humana, cultural e social dos indivíduos.
59
Sacristán e Gomes (1998) afirmam que planejar envolve a necessidade
de propor um projeto pedagógico coerente aos estudantes, a partir de um efetivo
envolvimento que somente as atuações coletivas dos professores podem suprir
as lacunas na mediação do que é estabelecido do que é significativo em um
projeto qualitativo de mudança.
O papel do educador como profissional que aplica o currículo prescrito é
imprescindível na construção do conhecimento escolar, identificando as maiores
necessidades da comunidade escolar, os interesses sociais, políticos e
ideológicos imbricados, da mesma forma que se certifica de atender às
competências pré-estabelecidas e aos limites impostos pelas normativas
vigentes.
Agora que você já entendeu as diferentes formas de planejamento escolar
e sua importância, passaremos a abordar questões referentes ao currículo
escolar.
60
compromete o entendimento de sua complexidade e das distintas realidades que
o condicionam.
Nesse sentido, Almeida (2004, p. 13) esclarece que o currículo “envolve
crenças, princípios, valores, convicções conhecimentos sobre a comunidade
acadêmica, sobre o contexto científico e social e constitui um compromisso
político e pedagógico coletivo”, demandando análise de conhecimentos,
identidades e subjetividades.
Conforme Gadotti (2000), as novas matrizes teóricas não têm
internalizado bem a universalização da educação de qualidade, bem como não
apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos
realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.
Para o autor, seja qual for à perspectiva que a educação contemporânea
tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação que vise
à formação do cidadão integral, crítico e superador de limites, mais voltada para
a transformação social do que para a transformação cultural. Somado a isso,
Lopes (2000) questiona o fato de que os currículos apresentarem objetos de
estudo desvinculados da realidade social.
61
Almeida (2004) acrescenta que somente considerando a realidade social
se pode reordenar o fenômeno educativo e ação pedagógica para seus genuínos
fins.
Discutir currículo atualmente significa resgatar e posicionar-se dentre as
tantas teorias que foram e estão em desenvolvimento, conjecturando a respeito
de perspectivas face aos valores e às condições sociais das diferentes parcelas
da população. As constantes crises expõem os desafios da globalização e as
dificuldades de lidar com eles (SILVA e GENTILLI, 1996; MACEDO e LOPES,
2002).
Logo, faz-se imprescindível abordar concepções de currículo,
considerando seu potencial teórico para responder à ausência de orientações
aos profissionais de educação de como superar tais crises. Na contramão disso,
o autoritarismo com que os conteúdos são definidos eximem o professor da
contribuição e, eventualmente, até de entendimento, fazendo com que eles
continuem a ser reproduzidos sem demonstrar a possibilidade de criação de elos
significativos entre educadores e educandos.
As discussões críticas de currículos originaram-se de estudos
sociológicos que questionaram seu caráter prescritivo, dando a ideia de
neutralidade e, desde esse período, já era analisado sua desvinculação do
contexto social. Tal período se deu nas décadas de 1970 e 1980. McLaren (1977)
comenta que o currículo serve para preparar estudantes para posições na
sociedade, o que leva a crer que não é possível concebê-lo eximido de seu
compromisso social.
Macedo e Lopes (2002) falam das relações de poder por trás da
construção de um currículo e nas identidades sociais implicadas. Para os
autores, o currículo contribui para a manutenção de relações sociais, importando
conhecimentos e condições sociais que preparam estudantes para posições
dominantes ou subordinadas. Contudo, pode pensar que em tempos atuais, os
currículos praticados devem ofertar condições de repensar essa manutenção e
a possibilidade de transformar as práticas sociais.
Para saber mais sobre currículo, é importante você saber das
considerações de Cunha (2011), apoiadas na base de análise de Grundy.
62
Suas ideias são muito convergentes com o que se imagina o currículo
quando se pensa o que um currículo deveria fazer por seus estudantes. A autora
comenta da coerência entre o que dispõe a teoria de currículo enquanto
processo e a respectiva argumentação do autor (Grundy), a partir dos seguintes
princípios:
63
incompatível com a rigorosidade dos modelos teórico-lógicos. Isso pois o
planejamento deve deixar espaço para as mudanças ao longo do processo que
estrategicamente absorvem as práticas reais a partir da concepção de um
currículo baseado na escola.
Segundo Almeida (2004), o presente contribui para o debate a respeito da
organização curricular, pois esse é suscetível a análise concomitante de espaço,
tempo e movimentos pelos quais os currículos evoluem, sob no mínimo duas
dimensões: a primeira referindo-se ao produto do processo de organização
curricular; a segunda, ao processo de organização coletiva que extrapola a
formulação de qualquer documento.
64
Entender o currículo como processo inclui entender a
prática escolar vigente para poder modificá-la
Importante conforme seus interesses.
Por sua vez, outra concepção de currículo pode ser aqui abordada. Agora
vamos ver como analisar o currículo como produto.
65
O currículo como produto
66
pois nela o currículo é encarado como atividade desfragmentada de trabalho
intelectual e de questões políticas e sociais.
Caro(a) estudante, neste caso, o currículo torna-se um guia de conteúdos,
construído por quem domina a especialização do conhecimento e rejeita o
espaço social em que ele se constitui. Dessa forma, segundo Sacristán e Gomes
(1998), o currículo transforma-se em produto a ser consumido pela comunidade
escolar.
Conclusão da aula
Atividades de Aprendizagem
67
Aula 6 – A importância da didática na articulação de teoria e
prática
68
métodos, aquelas que mais se encaixem em sua linha de pensamento, na sua
própria concepção de educação.
69
1ª família: Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
2ª família: Administrar a progressão das aprendizagens.
3ª família: Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.
4ª família: Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.
5ª família: Trabalhar em equipe.
6ª família: Participar da administração da escola.
7ª família: Informar e envolver os pais.
8ª família: Utilizar novas tecnologias.
9ª família: Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
10ª família: Administrar sua própria formação contínua.
“[...] a tarefa está em criar outras práticas, o desafio é construir de modo coletivo
uma Didática que faça pensar a respeito de nossas práticas pedagógicas”.
70
Métodos e metodologias
71
A palavra método vem do latim methodus, de origem
grega meta+ thodos; e significa, meio, meta, objetivos,
caminho, percurso, logo tem-se como significado o caminho
e ou os meios para se chegar a um determinado objetivo
(RANGEL, 2005).
A mesma autora segue explicitando a palavra técnica
que seria o como fazer um dado trabalho, seus
procedimentos e encaminhamentos.
Vocabulário
Temos então:
Método = caminho
72
Nessa linha, Rangel (2005, p. 9) complementa: “Se o método é
meio/caminho, é interessante que a opção do professor seja pelo meio/caminho
que, de modo direto e significativo, conduza à aprendizagem”.
Mas ainda fica a pergunta: quais métodos e técnicas serão mais
adequadas no dia a dia da sala de aula? Para responder a essa questão, no item
a seguir, você será convidado a estudar a respeito das atividades de ensino-
aprendizagem.
Atividades de ensino-aprendizagem
73
Informação/ conhecimento: Essa categoria agrupa os processos
que demandam que o educando reproduza com precisão uma
informação que lhe foi passada, seja ela um relato, ou uma fórmula;
Compreensão: Essa categoria demanda elaboração
(modificação) de um dado ou de uma informação original. A
elaboração ainda não requer um grande grau de complexidade; o
sujeito deverá ser capaz de usar uma informação original e
ampliando-a.
Aplicação: Nessa categoria reúne os processos nos quais o
educando conduz uma informação genérica para uma situação
específica, mais complexa.
Análise: Os processos dessa categoria caracterizam-se por
separar uma informação em novos elementos, estabelecendo
relações entre eles. O processo de Análise implica a identificação
de aspectos centrais de uma proposição, verificação da sua
validade, constatando possíveis divergências.
Síntese: É essa categoria que representa os processos nos quais
o sujeito acumula elementos de informação que irão compor algo
novo contendo traços individuais distintos.
Avaliação: A última categoria diz respeito aos processos
cognitivos mais complexos. Fundamentalmente, o processo de
avaliar consiste na comparação de um dado, de uma informação,
de uma teoria, com um conjunto de critérios, que podem ser
internos ao próprio objeto da avaliação ou externos a ele.
74
Essas habilidades cognitivas são explicitadas a partir do quadro de
Taxonomia de Bloom, criado em 1956:
Identificar, descrever,
Informação Lembrar a informação. nomear, rotular,
reproduzir, seguir.
Usar a informação ou
Criar, fazer, construir,
Aplicação o conceito em uma
modelar, prever, preparar.
nova situação.
Dividir a informação ou
o conceito em partes Comparar/contrastar,
Análise visando um dividir, distinguir,
entendimento mais selecionar, separar.
completo.
75
Benjamim Bloom foi professor na Universidade de Chicago
e desenvolveu a taxonomia dos objetivos educacionais,
exercendo grande influência nos processos de planificação
e de avaliação educacional. Existem muitas críticas a sua
obra, mas o que se sabe é que a maioria dos educadores
que criticam a sua teoria, sequer leram um texto dele. A
taxonomia dos objetivos educacionais insere-se no
paradigma comportamentalista, o qual foi alvo de ataques
por parte dos movimentos pedagógicos libertários. A
classificação proposta pelo autor divide as possibilidades de
aprendizagem em três grandes domínios: o cognitivo,
Curiosidade
abrangendo a aprendizagem intelectual; o afetivo,
abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de
valores; e o psicomotor, abrangendo as habilidades de
execução de tarefas que envolvem o aparelho motor.
Benjamim Bloom foi o autor que mais influência exerceu nas
teorias da aprendizagem durante a segunda metade do
século XX. A sua herança educacional, apesar das críticas,
mantém-se atual. Portanto, merece nossa leitura e atenção.
Dedução Conclusão
76
Conforme afirma Rangel (2005, p.14), “esses e outros raciocínios são
desenvolvidos pela e para a compreensão, reconstrução, reelaboração,
ressignificação, criação do conhecimento.”
Complementando e juntando os métodos e as técnicas, tem-se
procedimentos distintos a serem empregados no processo, quais sejam:
Exposição;
Arguição;
Debates;
Discussões em grupos;
A partir do exposto até aqui, você deve ter percebido que para que aja
uma construção do conhecimento, e que esta seja significativa, é necessário que
o educador tenha um bom aporte teórico e conheça diferentes métodos e
metodologias a fim de escolher com sabedoria as atividades de aprendizagem
que constarão de seu planejamento. Logo, para que essa aprendizagem seja
favorecida, é necessário que o educador tenha em seu repertório questões que
sejam significativas.
77
assim, a metodologia tem o papel de “corrigir”, com o intuito de promover a
objetividade e acentuar o espírito crítico do educando.
Os métodos e técnicas didáticas servem também para transformar o aluno
em estudante, instigando a sua autonomia intelectual, livrando-o do estado de
dependência com relação aos professores e aos outros.
A realização do método
78
se, nesse caso, utilizar esquemas com os aspectos mais pontuais, estruturantes
do conteúdo” (Rangel, 2005, p. 17).
Podemos destacar entre os possíveis encaminhamentos do método:
Exercícios;
Arguição;
79
Método de ensino individualizado
Atividades de autocorreção;
Revisão;
Reescrita;
80
Estudo livre: como o próprio nome diz, baseia-se na liberdade
escolha por parte do estudante; o professor sugere uma pesquisa,
por exemplo, e a escolha do objeto a ser estudado fica a cargo do
estudante, que a partir de suas próprias preferências realizará a
tarefa.
Exposição do professor;
Leituras orientadas;
Seminários;
Debates;
Simpósios.
81
Como sugestão de vídeo para essa aula, proponho o
curta metragem Aprender a aprender, do original The
Potter. O curta retrata um processo de aprendizagem
baseado em uma pedagogia problematizadora. Nele, o
aprendiz pretende aprender a criar de forma rápida pela
Mídias magia; no entanto o mestre o leva para outro caminho, o da
construção.
https://youtu.be/Pz4vQM_EmzI
Conclusão da aula
Atividades de Aprendizagem
82
Aula 7 – A didática na prática
83
Em se tratando de recursos a serem utilizados em sala de aula, (lembre-
se de que quando digo sala de aula, estou me referindo a diferentes espaços
onde exista a relação de ensino-aprendizagem, seja ela física, virtual ou em um
parque), faz-se necessário que você entenda o que é recurso.
De acordo com Pilleti (2004, p.51) ao citar Gagné (1971, p. 247), temos a
seguinte definição para o termo recursos de ensino: “[...] são componentes do
ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno”. Esses
componentes podem ser os mais diversificados possíveis.
Atente-se para o fato de que 1971, ano da obra de Gagné, os recursos
disponíveis para o educador eram bem diferentes do que os que existem hoje.
Os recursos eram: o próprio professor, o quadro negro, alguns livros didáticos,
mapas em molduras amareladas, fitas gravadas, recursos naturais, gravuras e
filmes.
E hoje? Quantas possibilidades! Uma infinidade delas. São imagens em
3D, mapas virtuais, filmes recém-lançados, livros para baixar, sites para visitar.
E, claro: o bom e velho quadro negro, ou a lousa branca (mais moderna não é?),
o diálogo entre professor e estudante, os recursos oriundos da natureza a nossa
volta...
De acordo com Pilleti (2004), não existe uma classificação universal para
os tipos de recursos de ensino existentes, mas tradicionalmente eles são
classificados da seguinte maneira:
Tipo de recurso
84
O próprio autor, reconhece que essa é uma classificação bem abrangente,
a ela deve se incluir os recursos disponíveis no cotidiano do professor, que ele
chama de “recursos da comunidade” e complementa: “[...] a utilização desses
recursos da comunidade contribui para diminuir a distância entre a “ilha, na qual
está a escola e a terra firme da vida [...]” (PILLETI, 2004, p. 152).
Para ele, os recursos da comunidade apresentam a vantagem de trazer o
valor da vida real à aprendizagem que acontece na escola e, ainda:
Você deve estar pensando que, no final das contas, tudo pode se tornar
recurso na mão do professor, que comprometido com o processo educativo faz
valer-se de uma infinidade de artefatos para agregar valor à prática educativa.
85
milhares de anos depois, tem-se o computador, que não só
quantifica como realiza operações extremamente complexas
em uma velocidade impressionante. Em relação à
educação, não foi diferente. Os primeiros grupamentos
humanos a fixarem-se na terra, cultivando-a e criando
animais, preocuparam-se com a transmissão do
conhecimento aos mais jovens, tendo em vista prepará-los
para a sobrevivência e defesa da comunidade. Nesse
período, além dos processos de imitação e participação por
parte dos mais novos, a exposição oral era a ferramenta
educacional utilizada pelos mais velhos, tanto para transmitir
o aprendizado das tarefas do dia a dia quanto para estimular
o cultivo dos valores que constituíam o grupo. Nesse
processo de transmissão oral, a memorização era o único
recurso de aprendizagem que os alunos tinham para
guardar as informações recebidas. Para essa tarefa, era
destacado um membro do grupo, geralmente aquele que
teve maior facilidade em reter os ensinamentos recebidos
que, explorando ao máximo os recursos de sua memória de
longo prazo, transmitia-os por meio de dramatizações,
personalizações e diversos outros artifícios narrativos. A
aplicação desses recursos, em si, já demonstra uma
preocupação, antiga, com a facilitação do processo ensino-
aprendizagem, uma vez que era preciso garantir a atenção
das crianças e dos jovens e estimular seus circuitos de
memória. Trecho do texto extraído do livro Equipamentos e
materiais didáticos (FREITAS, 2009, p. 20). Disponível em: <
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000013636.pdf>.
Acesso em: 31/07/2018, às 19h10 (fins pedagógicos).
86
Para complementar essa parte da nossa “conversa”, temos uma
Classificação Brasileira dos Recursos Audiovisuais, que traz, de forma
detalhada, a classificação dos recursos visuais, auditivos ou audiovisuais,
Algumas dessas tecnologias educacionais foram criadas exclusivamente para
fins pedagógicos, isto é, para mediarem a construção do conhecimento que
ocorre no ambiente escolar.
- Diapositivos e diafilmes
- Álbum seriado - Discos
com som
- Programas para
- Flanelógrafo - CD-ROM
computadores com som
- Gravuras - Computador
- Modelos
- Mural
- Museus
- Objetos
- Quadro de giz
- Quadros
87
- Transparências
Recursos e estímulos
Desenvolver a experimentação;
Fomentar a pesquisa.
Agora que você já conhece um pouco mais a respeito dos recursos e seus
usos e finalidade, veja a seguir a tabela que vai ajudá-lo (a) a refletir a respeito
da utilização ou não de um dado material.
88
Retemos Aprendemos
89
O excesso e uso indiscriminado deles também
podem atrapalhar. Nunca utilize um objeto de ensino que
você não conhece, apenas por modismo!
Importante
Lembre-se: de nada adianta você levar um ótimo recurso para a sala se não
conseguir explorar todas as suas potencialidades.
90
Recursos didáticos mais comuns em escolas brasileiras
o álbum seriado;
os cartazes;
mimeógrafo;
revistas e jornais;
livros diversos;
o rádio e a televisão;
o quadro de escrever;
sucatas em geral.
91
Agora você pode estar se perguntando: Em tempos de avanços nas
tecnologias educacionais, vou ter que aprender sobre como usar um
retroprojetor? Um mimeógrafo? De que se trata mesmo?
Em resposta as suas inquietações, respondo que sim. E aproveito para
lembrar que as escolas públicas brasileiras espalhadas pelo Brasil afora têm
realidades sócioeconômicas bastante distintas. Muitas crianças e jovens
brasileiros não têm, em suas escolas, as condições mínimas com relação à
infraestrutura. Quem dirá com relação a equipamentos de última geração.
O livro didático
92
Temos uma produção de excelentes materiais didáticos produzidos nos
últimos anos. Esses materiais têm buscado contemplar toda essa diversidade
que mencionei anteriormente.
Os mapas, por sua vez, tinham uma função meramente ilustrativa e não
dialogavam com questões étnicas e culturais. Muitas vezes quando encontramos
um mapa nas escolas, eles estão ultrapassados e malcuidados. Claro que,
atualmente, algumas escolas têm recursos tecnológicos que auxiliam o trabalho
de cartografia.
Em uma rápida busca na web, temos a nosso alcance a possibilidade de
fazer um tour por mapas virtuais a partir de sites como o Google Maps, o Google
Search, o Google Earth e outros tantos.
93
O Google é considerado o maior site de busca da
web, através do buscador Google Search. O serviço foi
criado a partir de um projeto de doutorado de estudantes da
Universidade de Stanford (1996). Quando realizamos uma
pesquisa no Google, temos acesso a um enorme número de
sites de todo mundo. Para não perdermos tempo, podemos
diminuir os critérios de busca aumentando o número de
palavras-chave, como, por exemplo, o nome do país, ou da
cidade que se deseja visualizar o mapa. O Google Maps é
um serviço de pesquisa que permite a visualização de
mapas e imagens de satélite da Terra, e são disponibilizados
Curiosidade gratuitamente. O Google Earth tem a função de apresentar
um modelo tridimensional do globo terrestre, construído a
partir de imagens de satélite obtidas através de fontes
diversas. Sendo assim, o programa pode ser usado
simplesmente como um gerador de mapas bidimensionais e
imagens de satélite ou como um simulador das diversas
paisagens presentes no planeta Terra. Para ter acesso a
essas maravilhas da tecnologia moderna, faça a sua
pesquisa no Google!
Como você viu até aqui, o uso de ferramentas didáticas é essencial no dia
a dia das escolas, atuando como incentivo à aprendizagem, uma vez que as
mensagens que o estudante recebe por meio delas não são somente verbais,
mas compreendem os sons, as cores e até mesmo as sensações.
O material didático auxilia na comunicação entre educador, educando,
conteúdo e aprendizagem, além de quebrar um pouco a monotonia de aulas
meramente expositivas. Existem diferentes equipamentos didáticos, grande
parte deles utiliza-se de recursos audiovisuais, os quais foram pensados e
construídos especialmente para fins educativos, visando atender à demanda de
94
disciplinas específicas, como, por exemplo, os livros didáticos e mapas
escolares, já citados anteriormente.
Mas é fato que alguns artefatos não foram criados com fins pedagógicos,
mas com o tempo, tornaram-se ferramentas essenciais no trabalho de apoio ao
professor em sala de aula. Temos microscópios, equipamentos laboratoriais de
física e química, criados para tender demandas específicas de uma dada área,
como, por exemplo, a Medicina. Esses equipamentos são, atualmente,
essenciais no processo de formação de profissionais dessas áreas, bem como
em laboratórios do ensino médio espalhados pelo país.
Posso citar também equipamentos de cozinha, sim de cozinha. Panelas,
fogões, termômetros específicos para a culinária podem ser importantes
ferramentas didáticas, auxiliando o professor de Química, Física, Matemática,
Ciências e outras tantas matérias que compõem o currículo escolar. Sendo
assim, os utensílios de cozinha e os instrumentos de medição pedagógica
passam a adquirir um caráter didático, haja vista que atuarão como mediadores,
contribuindo para a construção do conhecimento.
Conclusão da aula
Atividades de Aprendizagem
95
critério. Isto quer dizer que você pode utilizar como base, por exemplo, sua
própria trajetória escolar.
96
Aula 8 – Avaliação
Seja bem-vindo à nossa última aula! Nesta aula vamos iniciar os estudos
refletindo sobre:
O que é avaliar?
O que é avaliar?
97
Mas pode-se perceber que nossas repostas são influenciadas pelo
pensamento de que a avaliação é uma das formas de controle que o sistema
educacional tem perante o aluno, para distinguir os fracassados dos bem-
aventurados.
Também percebemos que esta maneira de pensar a avaliação escolar
contribui para distinguir e classificar estudantes, assim como corrobora para que
a sociedade desacredite de suas funções, seu corpo docente e discente
enquanto instituição educacional e, consequentemente, fomenta os elevados
índices estatísticos do fracasso e evasão escolar.
Contrariando as ideias que suscitam a resposta da pergunta que nos
introduziu à quarta aula, avaliar no contexto educacional significa basicamente,
comprovar se os objetivos propostos de determinado conteúdo da aula foram
atingidos, isto é, “[...] verificar até que ponto as metas estabelecidas, previstas
foram atingidas” [...] tanto pelos discentes quanto pelos educadores
(HAYDT,1997, p. 25).
Contudo, ao mesmo tempo em que nos perguntamos os motivos que
respondemos à pergunta com descrença e negativismo, o de que avaliar é
apenas o modo de classificar e excluir, também podemos encontrar subsídios
para justificar nosso pensamento na sociedade em que vivemos, pois a escola é
seu reflexo, reproduzindo os valores e a ética.
Portanto, ao modificarmos os comportamentos que temos perante a
sociedade, a questão central de avaliação terá outra resposta porque a “[...]
avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim dimensionada
por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática
pedagógica” (LUCKESI, 2000, p. 28).
98
Avaliação e concepção pedagógica
99
Além de reforçar, como já foi comentado anteriormente, o caráter
competitivo entre os pares enquanto que o estudante se torna um ser passivo e
dependente.
Os educandos eram classificados pela sua capacidade de
armazenamento e memorização nas aulas e a devoluta em provas e testes. Não
raro, essas correções davam preferência nas questões que eram respondidas
com a escrita literal da fala do educador ou o texto do livro didático sem
acréscimos ou supressão. Este fato ficou conhecido e ainda é popularmente
chamado entre os estudantes como “decoreba”.
Este modelo de avaliação e aprendizagem está arraigado no Brasil e,
consequentemente, em nosso sistema educacional, pois foi na década de 30
que ele oficialmente deixou de existir desde sua implantação com a chegada dos
jesuítas. O modelo de aprendizagem empregado pelos jesuítas no documento
foi denominado Ratio Studiorum.
100
para não colarem, distribuir o questionário, fiscalizar os alunos durante a
realização da atividade para evitar a “cola” e recolher o documento com as
respostas.
Tarefas da avaliação
101
Independentemente dos tipos de avaliação que escolhemos, diagnóstica
formativa ou processual ou somativa, e de acordo com o planejamento, todas
têm objetivos a serem alcançados no processo de ensino e aprendizagem.
Entre as etapas que a tarefa de avaliar tem como metas estão:
Tipos de avaliação
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Avaliação Diagnóstica
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Avaliação formativa ou processual
Por que a avaliação formativa ou processual tem como função ser reguladora
ou controladora?
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Feedback: realimentar ou dar resposta a um determinado
pedido ou acontecimento. O termo é utilizado em áreas
como Administração de Empresas, Psicologia ou
Engenharia Elétrica. O significado de feedback é utilizado
em teorias da Administração de Empresas, quando é dado
um parecer de uma pessoa ou grupo de pessoas na
realização de um trabalho com o intuito de avaliar o seu
Vocabulário desempenho. É uma ação que revela os pontos positivos e
negativos do trabalho executado tendo em vista a melhoria
dele.
Disponível em: <https://www.significados.com.br/feedback/>. Acesso
em: 01/08/2018, às 18h24min.
105
Avaliação somativa
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Instrumentos de Avaliação
107
sua trajetória. O principal objetivo é descrever os processos resultantes
positivos ou negativos das aprendizagens vivenciadas.
Prova: as provas podem ser orais ou escritas. Subdividindo a prova
escrita em objetiva ou subjetiva, são organizadas pelo professor com o
objetivo de tomar conhecimento se o conteúdo desenvolvido durante um
determinado período foi aprendido pelos estudantes.
Conclusão da aula
108
e, consequentemente, seu reflexo também estará no âmbito escolar. A
abordagem tradicional ainda perdura em nosso processo educativo com práticas
docente, muitas vezes inconsciente. A escolha dos instrumentos de avaliação
tem correlação com os tipos de avaliação que escolheremos, entre elas, a
diagnóstica formativa ou processual e a somativa.
Atividades de Aprendizagem
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Conclusão da disciplina
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Referências
111
COLL, C. Aprendizagem escolar e construção do pensamento. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994.
112
LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994.
113
RANGEL, M. Métodos de ensino para aprendizagem e a dinamização das
aulas. Campinas: Papirus, 2005.
114
VIANNA, C. E. S. Evolução Histórica do Conceito de Educação e os
Objetivos Constitucionais da Educação Brasileira. IN: Revista Janus, ano 3,
n. 4, 2006, p. 128-138.
Currículo do professor(a)-autor(a)
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