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APLICADA AO
ENSINO DO INGLÊS
Dayse Cristina
Lidando com erros
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Quando estamos aprendendo um idioma, cometemos alguns erros de
ortografia, de pronúncia, entre outros. Erros não são bem-vindos e, quando
estamos estudando um idioma, temos que prestar atenção nas atividades
que têm um objetivo. No entanto, às vezes, mesmo repetindo alguns exer-
cícios, algumas atividades não dão conta de mostrar para o aluno o que
é certo como um modelo e ensinam a gramática, ou treinam o speaking,
usando exercícios de repetição. Neste capítulo, você conhecerá critérios
para compreender o conceito de erro, elementos extratextuais que ajudam
nessa compreensão e parâmetros que permitem identificá-los.
A ideia do erro
As práticas pedagógicas para o ensino de idiomas são praticadas da mesma
forma há muitas gerações. Nas últimas décadas, a sociedade tem agido diferen-
temente em um cenário em constante evolução e cheio de mudanças (LIMA;
VOGELEY, 2012). Aprender inglês, ou até mesmo a própria língua materna,
significava aprender uma língua baseando-se nas normas da gramática pres-
critiva, o ensino da forma culta. Um exemplo sobre a norma culta da língua
inglesa em relação ao subjuntivo é (VINCE, 2012):
A norma culta da língua inglesa diz que, nesse exemplo, estudado em inglês
como o 3rd Conditional ou o Present Unreal, quando se usa a cominação de
IF + PAST SIMPLE na If clause, a conjugação do verbo to be no passado é
para todos os sujeitos dessa oração, independentemente da conjugação ser
was e were no passado para o verbo to be. Essa regra é prescritiva e ensinada
dessa forma, negando a possibilidade de se usar, por exemplo:
que eles presenciam em sala de aula e, que na maioria das vezes, é tratada
como erro.
A sociedade influencia bastante no que diz respeito à variação linguística,
impondo o que é certo e errado. Contudo, o que a sociedade entende como
erro, a Sociolinguística afirma ser uma inadequação que não condiz com as
expectativas de quem ouve tal variação (BORTONI-RICARDO, 2006). Ao
ouvir algo que o ouvinte considera inadequado, ele entende que as regras gra-
maticais, a estrutura da língua, não foram obedecidas. No entanto, é necessário
estabelecer, também, o uso dessa linguagem oral e escrita. Escrever um texto
em inglês ou português e não seguir a norma culta da língua é transgredir
um código já prescrito pela ortografia daquela língua e já concretizado como
um sistema que não prevê variação (BORTONI-RICARDO, 2006). Isso é
exigido em um texto mais formal, uma dissertação. Contudo, com novas
tecnologias de comunicação, as mensagens, na sua maioria, são escritas sem
muita preocupação com as normas gramaticais.
Lima e Vogeley (2012, p. 99) dizem que “[...] a variação linguística é consi-
derada um componente da identidade de cada indivíduo, pois expressa traços
sociais e culturais adquiridos em sua comunidade de fala durante toda vida.
Em paralelo, a escola se consagra como o ambiente mais importante para o
enriquecimento e desenvolvimento das habilidades linguísticas, inicialmente
no plano da oralidade e, mais tarde, no plano da leitura e escrita”. Para Vogeley
e Hora (2008), “[...] é necessário o desenvolvimento de um suporte teórico-
-metodológico adequado à realidade do país, em termos linguísticos e edu-
cacionais, contribuindo para uma pedagogia sociolinguisticamente sensível”.
Pergunta-se, então:
VERB + NOUN
Fix breakfast = preparar o café da manhã
Raise money = angariar fundos
Get a job = conseguir um emprego
Make a favour = fazer um favor
ADJECTIVE + NOUN
A light breakfast = um café da manhã leve
Spare time = tempo extra
Cutural activity = atividade cultural
Flat battery = bateria fraca
OUTRAS EXPRESSÕES
Close a deal = fechar um negócio
Take a nap = tirar uma soneca
Keep in touch = manter contato
Put out the fire = apagar o fogo
Os elementos extratextuais
e a compreensão do erro
O texto é um instrumento de ensino de línguas porque permite trabalhar a
linguagem formal ou informal, o tipo de vocabulário e as estruturas de uma
língua, sejam elas baseadas na norma culta, nas regras gramaticais ou não.
Compreender um texto é uma atividade que envolve certa complexidade e,
por esse motivo, pesquisadores e educadores têm mostrado interesse em
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É válido ressaltar que tão importante quanto caracterizar o perfil dos leitores é
conhecer a natureza das dificuldades que apresentam; isto é, analisar os erros
de compreensão que os leitores enfrentam ao procurar estabelecer inferências.
(SPINILLO; HODGES, 2012, p. 383).
Errar e acertar são formas de pensar sobre alguma coisa segundo Spinillo
e Hodges (2012), que realizaram uma investigação buscando identificar que
tipos de erros crianças com dificuldades de compreensão apresentam em
relação ao estabelecimento de inferências. Os autores examinaram, também,
se os erros variariam em função das condições de leitura proporcionadas: uma
leitura contínua do texto, do início ao fim, e uma leitura interrompida, o texto
lido por partes. “A ideia era que a leitura interrompida poderia não apenas
diminuir o número de erros, mas também diminuir a frequência de algum
tipo específico de erro” (SPINILLO; HODGES, 2012, p. 383).
Ainda há discussões a respeito do tipo de erro que pode acontecer em
relação à leitura, pois ele não é claro. Spinillo e Hodges (2012, p. 385-386)
consideram, em sua investigação, que “[...] uma perspectiva de desenvolvimento
em que os erros (assim como os acertos) são considerados indicadores que
permitem estabelecer inferências sobre formas de pensar entender como um
leitor reage diante de um texto contribuiu para o entendimento da natureza
das dificuldades específicas que eles apresentam ao estabelecer inferências”.
Há diferentes tipos de erros relacionados à inferência, por exemplo:
Esses são apenas alguns, porque os erros podem estar relacionados a níveis
de dificuldades diferentes, podendo ser mais elementares ou mais elaborados.
“Os erros mais elementares seriam aqueles em que o leitor trata as informações
de forma isolada (ou não verbaliza as possíveis relações entre as informações).
Os erros mais elaborados, por sua vez, seriam aqueles em que tais relações são
expressas nas respostas dadas, indicando o estabelecimento de inferências. Essas
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Às vezes, estamos lendo um texto em inglês e, antes de conseguir fazer qualquer inferência
sobre o texto, precisamos consultar algumas palavras no dicionário. O dicionário é um
excelente instrumento na aprendizagem de uma língua estrangeira, de modo que
aprender a usá-lo é essencial. Mesmo que você não saiba algumas palavras no texto, não
pare a leitura para consultar palavra por palavra no dicionário. Faça uma leitura contínua
do texto e sublinhe as palavras que você não sabe. Após a leitura, tente conectar as
palavras com o contexto e, só depois, consulte-as no dicionário. Ao tentar encontrar
uma palavra no dicionário e não conseguir, podemos ficar irritados. Isso acontece com
palavras que tenham prefixos e sufixos, como, por exemplo, unfortunately. Você não
encontrará essa palavra no dicionário porque já há o significado de unfortunate (infeliz,
desastroso, desafortunado, lamentável). Nesse caso, o sufixo –ly transforma esse adjetivo
em um advérbio cujo significado é “infelizmente”. Contudo, os melhores dicionários,
atualmente, colocam as palavras derivadas logo após os significados da palavra principal,
e você conseguirá consultar o significado de tais palavras lendo a explicação ao lado da
palavra. A mesma coisa pode acontecer com os verbos. Se você procurar por gone e não
achar o seu significado, pode ser porque gone é o particípio de go, e você só o encontrará
se procurar o significado em go. Ao lado do verbo há, entre parênteses, a conjugação
desse verbo no passado e no particípio (went e gone). Para utilizar o dicionário, é preciso
conhecer um pouco sobre a classe gramatical das palavras. Outro erro comum ao usar
o dicionário é optar pelo primeiro significado da palavra que você está consultando. Ler
todos os significados primeiramente e, depois, escolher aquele que seja o mais adequado
de acordo com o contexto é o ideal. Tenha cuidado para não optar imediatamente pelo
primeiro significado que você encontrar; selecione um significado que você considere
adequado para aquele contexto específico para o texto que você está lendo.
Fonte: Cavalcante (2012).
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Analisando os erros
Muitas pesquisas já foram feitas em relação ao ensino/aprendizagem de línguas
e muitas formas de se abordar e trabalhar a língua materna e estrangeira já
foram investigadas e aplicadas ao longo de anos de estudos da Linguística
Aplicada. Uma consideração a ser feita é em relação à ênfase ao erro. Quando
se estuda e aprende uma língua, o erro é uma palavra presente. A ênfase que
se dá ao erro serve para mostrar o que a língua entende como certo, ou seja,
que as regras gramaticais estão corretas e elas devem ser usadas; por outro
lado, o que foge das normas da língua culta é caracterizado como errado.
No ensino de línguas, os professores costumam considerar que houve
aprendizagem e, portanto, não entendem como alguns alunos não conseguem
apresentar progresso na sua aprendizagem, mesmo que tal processo não
aconteça pela simples transmissão de informações (MEIRELES; FERREIRA,
2010). Essa colocação pode levar a mais uma indagação. Se os professores
concluem que não há progresso de aprendizagem por parte dos alunos, como
eles veem a produção da comunicação feita por esses alunos? Como eles
encaram os erros produzidos pelos alunos? Como os professores realizam
as correções em relação à aprendizagem dos alunos? Quão eficientes são
essas correções?
Meireles e Ferreira (2010, p. 48) afirmam que “Chomsky (1965) parece se
posicionar contra o fato de que a aprendizagem se dê porque passamos por
um processo criterioso de correções, afirmando que essas são escassas. Na
verdade, o que recebemos da língua é algo pobre e fragmentado”. Então, de
que maneira aprendemos uma língua se não pelas correções que são feitas
sobre o que é certo ou errado usar?
Para Meireles e Ferreira (2010, p. 49), a prática é responsável pela apren-
dizagem de uma língua, mas “Somente a prática daria conta de tal aprendi-
zagem ou haveria um ponto de inserção para a intervenção corretiva?” Os
autores direcionam sua pesquisa para uma discussão sobre feedback corretivo
e aprendizagem de línguas, questionando se a correção é uma intervenção
para melhorar o ensino/aprendizagem de línguas. Em sua investigação, em
algumas situações em que os alunos “erraram” ao aplicar o conhecimento
aprendido da língua que estão estudando, os autores não percebem como os
alunos continuam errando mesmo depois de serem corrigidos. As respostas não
são simples e é fundamental considerar fatores como motivação, metodologia,
profissionais, aptidão; outros tipos de fatores, até mesmo mais complexos,
devem ser considerados para se tentar chegar ao motivo pelo qual as correções
parecem não funcionar.
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Neste link, você encontrará dicas para ler em inglês. Acessando a página, você encon-
trará um documento com alguns exemplos de palavras a serem observadas quando
você estiver lendo um texto na língua inglesa.
https://goo.gl/HgUcgJ
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Leituras recomendadas
CAVALCANTE, I. F. Inglês: uso de dicionários e de gramáticas. Natal: Sedis, [2012]. (Curso
Técnico em Segurança do Trabalho). Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.br/ima-
ges/stories/pdf/eixo_amb_saude_seguranca/tec_seguranca/ingles/291012_ing_a03.
pdf>. Acesso em: 13 jul. 2018.
CHOMSKY, N. Aspects of the theory of syntax. Massachusetts: MIT press, 1965.
DIAB, R. L. Error correction and feedback in the EFL writing classroom. English Teaching
Forum, v. 44, n. 3, p. 2-13, 2006.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.