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Co-autoras: Cíntia Naiara Mendes Silva, Lorenna de Araújo, Maria Melo, Rosângela Souza.
Palavras - chave:
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O ensino da língua materna deve ser sem dúvida o mais eficaz de todas outras
disciplinas, pois sem o seu domínio um estudante poderá se complicar em outras matérias
escolares e até mesmo fora da escola. A língua é complexa, cheia de regras, merece ser bem
aplicada, estudada e principalmente bem utilizada de maneira escrita ou falada.
É fundamental ensinar as normas padrões de nossa língua materna, pois sempre nos
comunicamos através de textos orais ou escritos, por esta razão o ensino de gramática não deve
ser um estudo direcionado somente em palavras soltas, ou frases fora do contexto, mas sim um
ensino que enfoque o uso efetivo da língua mediante a condição do texto por meio da leitura
desses textos, “visto que a leitura de textos é primordial e a partir dela os diversos
conhecimentos são ativados favorecendo assim o aprendizado” (SOUZA; COSTA,2012, p.03)
CONCEPÇÕES DE LÍNGUA MATERNA
Os seres humanos adquirem de forma espontânea a língua que ouviu desde criança.
Possuem uma propensão inata para a linguagem. Ao ser observado o processo de aquisição da
linguagem de uma criança, constata-se um desenvolvimento dos sistemas pragmático,
fonológico, semântico e gramatical. O pragmático refere-se ao uso comunicativo da linguagem
como processo social; o fonológico, refere-se a percepção e produção dos sons para formar
palavras, o semântico, é o reconhecimento das palavras e do seus significados e o gramatical, é
o aprendizado em que compreende-se as regras sintáticas e morfológicas para combinar
palavras formando frases compreensíveis. Nesse assunto, percebe-se que no desenvolvimento
da linguagem, a criança possui uma capacidade para aprender a falar, é um conhecimento
linguístico adquirido antes de ser ingressar no ambiente escolar e quando é inserido nesse
âmbito, aprimora seus conhecimentos aprendendo a codificar e decodificar a representação
gráfica, ou seja, os alunos aprendem a ler e a escrever usando as construções sociais mais
aceitas. Logo, observa-se que a criança já possui um tipo de conhecimento da sua língua antes
de entrar na escola que permite-lhe construir frases de acordo com a s regras sintáticas da
gramática, sem ainda ter estudado tais regras. É “uma aquisição intuitiva e espontânea, sem
mestre, é evidência de que nascemos predeterminados a aprender qualquer língua, desde que
estejamos expostos à fala daqueles que nos cercam, experimentando juntos os mesmos modos
de viver” (CARNEIRO, 2001, p. 40).
É principalmente o linguista Noam Chomsky com sua Teoria Gerativista tentando
compreender esse conhecimento linguístico adquirido pelo ser humano que permite
compreender o ensino de língua materna. Segundo o linguista Chomsky a capacidade do ser
humano de falar está ligado a questão biológica do cérebro, destinado a construir uma
competência linguística, ou seja, a faculdade da linguagem (KENEDY, 2008, p. 129). Logo,
aprender a língua é um processo natural, “é da natureza do ser linguístico que é homem: um
processo por assim dizer automático, até inevitável” (LUFT, 2001, p. 56). O próprio linguista
Noam Chomsky afirma:
Não foi por escolha nossa que adquirimos o idioma que falamos: ele simplesmente se
desenvolveu em nossa mente em virtude de nossa constituição interior e do meio
ambiente em que vivemos. [...] para cada um de nós, a língua se desenvolve em
consequência de nossa constituição atual, quando somos colocados no meio ambiente
apropriado. (CHOMSKY, 1981: 18-9 apud LUFT, 2001, p. 56).
Compreende-se, portanto, a língua materna, como a língua que as pessoas aprendem e
adquirem naturalmente quando expostas desde crianças a relações de interações de diálogo em
contexto informais do cotidiano.
Nesse assunto, Pedro Luft afirma que a gramática é importante, mas não essencial, a
gramática não deve ser um exagero de regras prontas e acabadas e que a maneira de como se
ensina é preocupante, as noções falsas de língua e gramática a obsessão gramaticalista e a
distorcida visão de que ensinar uma língua seja ensinar a escrever “certo” ele pontua que:
O autor discorre que o ensino de gramática na língua materna deva ser interessante,
cativante, prático para ser usado no cotidiano, que o aluno possa praticar, produzir e aprender
a ler, escrever sem que isso provoque medo dos alunos.
As metodologias devem ser voltadas para as práticas dos planos pedagógicos e não mais
para o ensino tradicional em que o aluno apenas absorve o conteúdo aplicado sem direito à
crítica e opiniões, apenas o professor como detentor do saber. Assim, “precisamos desenvolver
nos alunos o espírito crítico, tão temido por um ensino repressor, mas imprescindível para que
possam discernir entre linguagem boa e má, falada ou escrita” (LUFT, 2001, p.12).
A boa comunicação verbal nada tem a ver com a memorização de regras de linguagem
nem com a disciplina escolar que trata dessas regras, e que geralmente, em nossas
escolas, toma o lugar do que deveriam ser as aulas de Português: leitura, comentário,
análise e interpretação de bons textos, e tentativa constante de produzir, pessoalmente,
textos bons- enfim, vivência criativa com o idioma. (LUFT, 2001, p.19).
Existem três modos de se ver a linguagem vêm permeando a história dos estudos
lingüísticos. Essas três concepções distintas serão apresentadas a seguir:
Para essa concepção o não saber pensar é a causa de as pessoas não saberem se
expressar. Pensar logicamente é um requisito básico para se escrever, já que a linguagem traduz
a expressão que se constrói no interior da mente, é o “espelho” do pensamento. Nessa tendência,
segundo Travaglia (2006: 21), o fenômeno lingüístico é reduzido a um ato racional, “a um ato
monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem
a situação social em que a enunciação acontece”.
Segundo Travaglia (op. cit.: 23), “nessa concepção, o que o indivíduo faz ao usar a
língua não é tão-somente traduzir e exteriorizar um pensamento ou transmitir informações a
outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor)”.
Portanto, o professor deve buscar novas metodologias para as práticas de concepção de
língua materna para que desperte no aluno um interesse maior pela aulas de Português, levar o
aluno a ser um cidadão crítico e participativo.
Portanto, é necessário, o ensino da norma culta e regras gramaticais nas escolas, visto
que o aluno é um sujeito que precisa se comunicar e ser compreendido nas suas atividades
diárias, Sobretudo.
O ensino de gramática em nossas escolas tem sido primordialmente prescritivo, apegando-se
a regras de caráter normativo que como vimos, são estabelecidas de acordo com a tradição
literária clássica, da qual é tirada a maioria dos exemplos. Tais regras e exemplos são
repetidos anos a fio como formas “corretas” e boas a serem imitadas na expressão do
pensamento. (TRAVAGLIA, 2006, p.101)
Antunes (2007) nos diz que gramática e texto deve andar juntos, “(...) com se redigir um
texto ou ler literatura fossem coisa que se pudesse fazer sem gramática; ou como se gramática
tivesse alguma serventia fora das atividades de comunicação” (p.32). Vemos que é
imprescindível o uso da gramatica nas aulas de literatura, os alunos tem o conhecimento
distorcido da gramática, muitos pensam que ela serve só para ditar as regras da norma padrão,
é ela que dá um sentido completo ao texto, onde há coesão e coerência textual. Segundo Waal
(2009), “A Língua Portuguesa é vista como um sistema fechado, onde mudanças não são
permitidas, há uma fragmentação no ensino onde as aulas de gramática não se relacionam com
as aulas de leitura e produção textual”. As aulas de português que se decorre dentro de uma
normalidade, que há uma visão pedagógica, não estipula a qual etapa o aluno se encontra, mas
deve focar. Segundo Irandé Antunes:
Em geral, o que se deve pretender com uma programação de estudo do português, não
importa o período em que acontece, é ampliar a competência do aluno para o exercício cada
vez mais pleno, mais fluente e interessante da fala e da escrita, incluindo, evidentemente, a
escuta e a leitura. (ANTUNES, 2003, p. 110)
Ou seja, a gramática fazendo parte dos conteúdos que evolvam leitura e escrita,
possibilita ao educando ampliar sua competência linguística e comunicativa, tornando fluente
a fala e a escrita. Muitas vezes o professor trabalha a gramática do modo tradicional, e assim
não leva o aluno a desenvolver estímulos e curiosidades referentes as normas que seguem a
gramática, causando um certo desanimo por parte dos alunos, Campos (2014) nos adverte, “O
ensino equivocado da gramática e sem privilegiar as atividades que levam ao aprendizado da
leitura e da produção escrita de textos as aulas de língua portuguesa não conseguem desenvolver
a competência dos alunos”.
Como foi falado por Antunes, o texto e a gramática estão ligadas no contexto
ensino/aprendizagem; a gramática partindo da compreensão do texto, pode ser estudada e
aproveitada, o texto sempre será o objeto de estudo, e principalmente, no que se refere à
compreensão da língua materna.
O professor representa papel primordial nesse tipo de ensino, pois é ele o principal
mediador no processo de ensino/aprendizagem, cabe a ele inovar e assim buscar meios que
despertem a atenção e o gosto pelo ensino de gramatica na sala de aula, possibilitando assim
melhor compreensão da mesma.
O aluno tem que sentir que o mais importante hoje não é só ensinar regras, e sim criar
cidadãos. Paulo e figueiredo (2005) diz que a língua que ensinamos não podem ficar só no nível
da forma, precisamos assinar construções significativas na mente de nossos alunos, fazendo
com que eles sintam significados naquilo que estudam.
De acordo com Antunes (2005), o professor tem que ser crítico-reflexivo em relação a
sua aula, desenvolver propostas pedagógicas inovadoras para a aplicabilidade no dia a dia, por
isso deve ser um pesquisador e não um repetidor de exercícios. A partir do momento que o
educador trás para sala de aula situações com as quais o educando se identifica, consegue uma
das condições fundamentais do aprendizado: a contextualização e, consequentemente, a
interação. E para que essa ocorra de maneira eficaz, são imprescindíveis o conhecimento prévio
da realidade dos alunos, a estratégias, o preparo e a disposição do educador para produzir níveis
condizentes coma realidade que esperam os alunos.
Paulo Freire (1969 apud BRITTO 1997, p. 99) fala que “O conhecimento resulta de uma
relação dialética que se estabelece entre educados e educandos, na qual ambas têm o que
aprendem. Percebemos portanto, que nesse novo modelo de se ensinar gramática, tanto o
professor, quanto o aluno são peças fundamentais, onde ambas dividem e somam experiências
e conhecimentos, garantindo sucesso na hora de ensinar e aprender.
O diferencial das atividades desenvolvidas nas oficinas e que merecem ser destacadas
no trabalho desenvolvido pelo PIBID é o conceito contextualizado das ações; uma vez que, as
leituras são totalmente direcionadas aos interesses do determinado grupo de alunos; por essa
razão trabalhamos com histórias policiais e misteriosas que despertam o interesse e a
participação nas oficinas, portanto, o ensino não se constrói apenas embasados em conceitos
descritivos. Sendo assim todo conceito construído deve ter um sentido completo e global dentro
das construções presentes na língua materna. Dadas as circunstancias da abordagem do ensino
gramatical seu caráter apresenta-se como significativo para isso é fundamental que no processo
de ensino haja estratégias de construções dos conceitos básicos que sejam claramente
associados nas concepções individuais dos alunos.
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