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Roteiro de
Estudos
Autora: Profª. Esp. Gisele Felizardo Cirino Gimenes
Revisora: Profª. Esp. Ilma Tânia Magalhães
Funcionamento da Língua
Ao abordarmos o funcionamento de uma língua, devemos considerar sua estrutura e formação
em diferentes níveis. Na Língua Portuguesa, objeto de nosso estudo, temos como partes
fundamentais:
Essa é uma constante reconstrução, à qual o professor deve estar atento para que possa atuar
de forma positiva e compreender a língua como um código social. Nesse processo de
construção coletiva, os aspectos relacionados à gramática normativa vão sendo incorporados
de forma fluida e natural.
É importante entender que a língua funciona como um sistema vivo e dinâmico, que se
modifica e se reorganiza à medida que os falantes a utilizam e interagem com o mundo, com a
cultura, com a sociedade, em toda sua complexidade.
LIVRO
Interação Social
Falar sobre interação em Língua Portuguesa, inevitavelmente, remete-nos à linguagem, que é a
forma que utilizamos para interlocução e relacionamento. Ao entendermos a língua nesse
contexto, além de destacar sua relevância, torna-se muito importante capacitar o aluno para
utilizar adequadamente as funções de linguagem, pois são elas que permitem a compreensão
da mensagem e a efetiva comunicação.
Indo um pouco mais adiante, podemos citar a teoria histórico-social de Vygotsky (1994), que
entende que a linguagem não ocorre no vazio social. Segundo esse teórico, a premissa para a
aprendizagem é a linguagem, pois ela é o foco da interação social, e é carregada, por assim
dizer, de todo o contexto em que está inserida, não simplesmente do código da língua.
Não devemos limitar o ensino de língua portuguesa atuando como juízes que definem certo e
errado, ou ensinar apenas regras e normas. As variações linguísticas fazem parte da língua e
possuem um papel determinante na comunicação intencional, servindo de referência, inclusão
e identificação para diferentes grupos sociais.
Ao introduzir esse conceito, argumentamos a favor dos estudos que entendem o ensino da
língua materna – o código comum para relação de um determinado grupo – como parte de um
processo comunicativo, e não como único padrão aceitável.
O professor deve ter em mente que, quando chega o momento da alfabetização, a criança já
tem o domínio da sintaxe da língua materna, de um extenso vocabulário e já se relaciona, com
destreza, em seus grupos sociais. Tendo isso claro, para o docente de língua materna, seus
alunos, independente da idade, já carregam uma significativa bagagem linguística que deve ser
utilizada como alicerce para a construção de novos conhecimentos, inclusive na aquisição da
escrita. Infelizmente, essa não tem sido a prática de sala de aula, como explicam Ilari e Basso
(2009, p. 231):
A esses objetivos a escola tem anteposto outro: o da correção. Na prática a
escola não tem trabalhado a partir de um plano voltado para enriquecer
sistematicamente a competência linguística do aluno; tem-se preocupado em
criar no aluno uma outra competência que, supostamente, coincide com a
competência linguística das classes mais cultas.
Com isso, o ensino da língua materna se mostra cada dia mais desconectado da vida real e
mais ineficaz, pois perdemos de vista a característica de sistema vivo e dinâmico próprio da
língua.
Cabe ao professor, que optou por ensinar a língua materna, reconstruir a ponte entre teoria e
prática, trabalhando em prol de reduzir preconceitos linguísticos e enriquecer a língua, sem
esquecer que a língua falada sofrerá alterações, levando-se em conta o momento em que a
escrita começar a ser desenvolvida, sendo apresentados novos gêneros e o funcionamento da
linguagem. Como fazer isso? Por meio de estudos que vão além do conhecimento estrutural do
português brasileiro, que envolvem a história, a cultura e a sociedade na diversidade da língua.
LIVRO
LIVRO
Sociolinguística
Como uma das áreas derivadas da linguística, a sociolinguística estuda a linguística associada a
aspectos sociais: a língua como um fenômeno social. É um campo interdisciplinar entre língua e
sociedade, a fala comunitária. As línguas são dinâmicas e heterogêneas e estão sujeitas à
variabilidade linguística. Conforme descrito por Mollica e Braga (2010, p. 9-10):
Ao longo do tempo e da história uma variante pode se manter ou deixar de ser utilizada,
conforme a evolução sociolinguística daquela língua, seja por mudanças no significado do
termo, por fatores internos ou externos à língua e aos falantes.
Conclusão
Pensar o ensino da língua materna à luz da diversidade linguística é, sim, um grande desafio
num país em que a norma culta e o gramaticalmente correto impõem uma posição privilegiada
aos detentores do conhecimento. Entretanto, essa mesma imposição acabou por gerar um
abismo, repulsa pelo estudo da língua e o desconhecimento da riqueza de nosso idioma.
Cabe ao professor ser o mediador da diversidade em sala de aula, a fim de que o aluno sinta
que o conhecimento que já tem, a língua aprendida desde a primeira infância, tem um grande
valor e pode participar da construção coletiva do conhecimento. Assim, teremos uma
sociedade que valoriza as diferenças e sabe transitar entre os saberes e ter uma comunicação
eficaz.
Referências Bibliográficas
BORTONI-RICARDO, S. M. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística e educação. São
Paulo: Parábola, 2005.
CINTRA, A. M. M.; PASSARELLI, L. C. A Pesquisa e o ensino em Língua Portuguesa sob
diferentes olhares. São Paulo: Blucher, 2012.
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São
Paulo: Contexto, 2009.
SILVA, L. M. da. (org.) O ensino de Língua Portuguesa no primeiro grau. São Paulo: Atual,
1986.