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Roteiro de
Estudos
Autor: Marcelo M. Henriques
Introdução
Você já parou para pensar qual é, de fato, a importância da educação e, ainda, da escola na
perspectiva social dos estudantes? A escola exerce um papel indiscutível na formação dos
sujeitos e no seu desenvolvimento na sociedade, buscando diminuir os contrastes sociais. Mas
como essas questões sociais interferem no ambiente escolar? Quais são os indicadores sociais
no Brasil?
Abordaremos as questões inerentes à escola e ao professor na construção da identidade dos
estudantes, além da necessidade em criar uma afetividade para a efetivação escolar. Por fim,
veremos uma abordagem conceitual, no que se refere à visão sociológica do fenômeno
educativo, para, então, compreender as configurações das comunidades educacionais.
Bons estudos!
Análise do Papel Social da Escola
no Cotidiano
Para iniciarmos as discussões, é necessário refletir qual o papel social das escolas. Além disso, é
importante que, você, professor de determinada escola, faça a seguinte reflexão: qual é o seu
papel diante dos problemas sociais no ambiente da escola na qual atua?
As instituições escolares são espaços onde crianças e jovens passam horas do seu dia, muitas
vezes, um período integral. Portanto, tratam-se de espaços em que a convivência acontece de
forma plena entre estudantes e professores, estudantes e estudantes, além do contato com os
demais funcionários da educação.
O ambiente escolar proporciona aos jovens aprendizado constante e melhor compreensão da
noção de limite e respeito na escola. Dentre os pilares necessários para a educação, encontra-
se a necessidade de conviver com os outros, sendo a escola o espaço protagonista dessas
relações (DELORS et al., 1998).
É na escola que o indivíduo (estudante) percebe e compreende o outro. Compreender o outro é
desenvolver a percepção da interdependência, da não violência e de administrar conflitos.
Nessa perspectiva, as instituições escolares se configuram como essenciais para o
desenvolvimento dos sujeitos, das demais organizações e da própria sociedade.
Wieczorkievicz e Baade (2020, p. 2) explicitam que
Devemos pensar na escola como espaço plural. É nas escolas que a grande maioria das
crianças e dos jovens aprendem uma diversidade de conhecimentos e competências que
dificilmente poderão aprender em outros contextos. Seu papel é inquestionável, sendo assim,
mesmo elas têm que desempenhar um papel fundamental e insubstituível na consolidação das
sociedades democráticas, baseadas no conhecimento, na justiça social, na igualdade, na
solidariedade e em princípios sociais e éticos irrepreensíveis.
O sujeito (estudante) precisa se identificar como ser no mundo, percebendo o seu papel
cidadão, além de analisar as possibilidades de transformação enquanto ser individual, ou
sujeito que participa de um grupo social. A escola, na sua perspectiva tradicional, apenas
reproduz conteúdos e não atinge o objetivo de transformação ou desenvolvimento de senso
crítico, requeridos pelo atual contexto da sociedade.
Nessa perspectiva, Shor e Freire (1986, p. 85) apontam que “o domínio escolar das palavras só
quer que os alunos descrevam as coisas, não que as compreendam. Assim, quanto mais se
distingue descrição de compreensão, mais se controla a consciência dos alunos”. A escola
precisa atribuir significado aos conteúdos, mostrando a sua aplicação social. Desse modo, o
aluno toma consciência sobre o mundo.
Além disso, a escola deve reconhecer a comunidade na qual está inserida. Conhecer os
históricos familiares e como essas pessoas vivem ali. A instituição escolar que não considera a
realidade social local apenas estabelece um padrão e não traz debates críticos, atendendo
apenas a uma formação padrão em massa. O mundo atual requer pessoas que interpretem os
signos sociais, ou seja, as informações e os fatos sociais que são expostos.
É necessário, portanto, estabelecer um currículo que atenda às necessidades do mundo
contemporâneo e que difunda conhecimentos para além dos conceitos científicos,
contemplando uma formação cidadã, que seja emancipatória e inclusiva.
De acordo com Moreira (2017, p. 98), os alunos “devem ser capazes de realizar uma leitura de
mundo que lhes permita compreender e denunciar a realidade opressora e anunciar a sua
superação, com a construção de um novo projeto de sociedade e mundo a ser efetivado pela
ação política”. A escola é uma instituição eminentemente reprodutora, com isso, percebemos
que o ocorrido no contexto escolar não é alheio ao contexto social. Ela é uma extensão dos
problemas sociais e familiares, sendo o espaço onde esses problemas são mais evidentes.
Nesse contexto, educar vai muito além de ensinar conteúdos previstos no currículo. Educar é
auxiliar os estudantes na construção de suas identidades, aprimorar seu conhecimento e
torná-los emancipados, na construção de uma sociedade humana e cidadã.
Ao mesmo tempo em que a escola reproduz as características da sociedade – seja a violência,
cultura, tradições etc. –, ela também é responsável por demonstrar a esses jovens como
superar essas questões sociais, oferecer oportunidades, melhorando a convivência e situação
desses estudantes perante a sociedade.
A instituição escolar deve ter clara a ideia de que seu papel está além de ensinar. Deve, além
disso, promover a educação transformadora e ser aquela que preza o papel cidadão do
estudante. A escola forma para a vida: trabalho, meio ambiente, cultura. Todos os setores
devem ser considerados de forma integral.
LIVRO
LIVRO
Importância da Escola no
Desenvolvimento Social dos
Estudantes
A escola apenas transmite conhecimento? Ou seu papel vai além disso?
A escola e, mais especificamente, o professor exercem papel crucial no desenvolvimento dos
estudantes. Esse é um espaço importante no que se refere ao convívio e à construção da
identidade desses estudantes.
Você, enquanto professor ou educador, é importante no desenvolvimento integral do sujeito?
Ser professor vai muito além de “dar aulas”. O professor é um ser emancipador, que influencia
sua sociedade. A escola exerce um papel importante na construção cidadã dos jovens, sendo o
espaço que diminui os contrastes sociais: classe, gênero, cultura.
De acordo com Reginatto (2013, p. 2), o verdadeiro educador “precisa transformar a escola em
um lugar aconchegante e amigável, prezando sempre o bem-estar dos alunos”.
Educar com amor pode transformar a realidade de muitas crianças, que, quando têm suas
carências afetivas supridas, sentem-se valorizadas e respeitadas e passam a se desenvolver e a
participar do processo de ensino e aprendizagem com muito mais dedicação.
Nesse sentido, educar com “amor” não significa ser um professor leviano ou liberal, mas um
sujeito que percebe e dialoga com seus estudantes, estando diante dos problemas sociais e das
perspectivas culturais aos quais seus alunos pertencem, construindo um ensino com base
nesses ideais, ou seja, um ensino com o qual os estudantes se identificam.
Com base em Cury (2016, p. 12),
Criar um vínculo afetivo professor-aluno significa construir estudantes políticos e que saibam
agir e participar no coletivo. O aluno precisa respeitar a diversidade humana existente. Ainda, é
necessário considerar as experiências dos estudantes. Essas experiências vividas em sala de
aula permitem trocas carregadas de afetividades positivas, que favorecem a autonomia e,
também, fortalecem a confiança dos estudantes em suas capacidades e decisões, sejam
educacionais ou sociais.
Afetividade, criatividade e respeito, além de liberdade de expressão, são características básicas
de uma comunidade que realmente educa. Construir espaços nas escolas ou nas cidades de
modo geral, que favoreçam essa prática, é fundamental. Assim, o jovem, que antes passava
despercebido e desperdiçando seus potenciais criativos, passa a ser incentivado a cultivar a
criatividade, sendo transformado em um cidadão alegre e profissional promissor.
Novamente, a escola agrega importância na diminuição dos contrastes sociais, valorizando o
desenvolvimento global do estudante. Não é possível dissociar o ensino do mundo, do trabalho
e da cultura. Nesse contexto, a escola desempenha papel de fundamental importância no
desenvolvimento social dos estudantes.
LIVRO
Sociologia da Educação
Autor: Renato Antonio de Souza
Editora: Cengage Learning Brasil
Ano: 2015
Comentário: a obra apresenta a antropologia da educação e o
homem como educador, fazendo reflexões sobre o conceito
educacional contemporâneo, modelos de educação, educação
formal e informal e os aspectos biossociais da educação. O livro
aborda conceitos gerais da sociologia da educação, a
importância da educação social, bem como o papel da
democracia para a educação.
Esse título está disponível na Minha Biblioteca Laureate.
Na perspectiva tradicional, cujo ensino brasileiro se ancorava, o aluno era um ser passivo, além
disso, considerava a escola como uma ilha, ou seja, um ambiente isolado dos problemas
sociais. Ao adentrar no ambiente escolar, o sujeito “deixava” seus problemas para fora da
escola.
Na contemporaneidade, mediante as novas perspectivas pedagógicas, o estudante é
considerado como ser ativo, e sua família, bairro, cultura e religião são elementos que
interferem no seu aprendizado e, consequentemente, nas relações estabelecidas no espaço de
escolarização. Ademais, para Minayo (2016, p. 45) “a violência é histórica e sempre é o reflexo
da sociedade que a reproduz, podendo aumentar ou diminuir conforme sua construção social
nos níveis coletivos e individuais”.
São inúmeras as notícias diárias sobre a violência no Brasil, principalmente no que tange aos
adolescentes. O tráfico de drogas e estrutura familiar comprometida são alguns dos principais
fatores que influenciam os indicadores.
A média mundial é de seis assassinatos a cada cem mil habitantes. No Brasil, existem estados
cuja incidência é de 49 casos por grupo de cem mil habitantes. Essa situação reflete a
intolerância vigente na sociedade brasileira.
Mas, qual é a interferência desses indicadores nos ambientes de escolarização? De acordo com
Cerqueira (2016, p. 34), um dos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA),
A violência está inserida em um ciclo que inicia com o indivíduo, responsável por internalizá-la,
e interfere no meio social. Efetivar a inclusão é reduzir esses indicadores, criando espaço à
convivência entre os diferentes. Incluir é receber os estudantes de forma igualitária e diminuir a
desigualdade que assola essas crianças e esses jovens.
Quando a legislação propicia cultura e existe um diálogo entre as esferas de governo, além de
uma participação massiva da população, a educação, seja formal ou informal, estará ativa em
pleno exercício, contribuindo, de fato, para uma identidade populacional crítica e que conviva
com as diferenças do outro, respeitando o multiculturalismo existente.
Como se sentir acolhido em uma cidade que violenta e não acolhe crianças e adolescentes?
Educar por meio de programas sociais é construir aparatos de identidade cidadã, que será
repercutida na escola, principalmente no convívio entre os sujeitos e no seu desempenho
escolar. Desse modo, garantir as condições mínimas de vida e o contato do sujeito com a
cultura são ações que estão ligadas à dignidade humana.
LIVRO
Conclusão
Neste roteiro, pudemos analisar a importância da escola na formação cidadã dos estudantes,
além de verificar a relação escola-sociedade. A escola não é isolada dos fenômenos cotidianos,
sendo um espaço de reflexão e transformação social.
Compreendemos a escola enquanto fenômeno sociológico, além de analisar os principais
índices sociais brasileiros e sua influência escolar. É necessário refletir sobre os temas
abordados para, de fato, atuar como profissionais que prezam o bem-estar social dos sujeitos.
A mudança em prol da melhoria social inicia quando assumimos esse compromisso diante do
outro. O cotidiano escolar apresenta inúmeros desafios, e cabe ao educador garantir uma
educação efetiva aos problemas sociais.
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