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Aluno: 2020325257

DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E ENSINO DE LÍNGUA MATERNA – Setembro/2021

RESOLUÇÃO DO CASO N1:


Diversidade linguística e aprendizado

No estudo de caso em questão, uma escola conceituada localizada no interior do


Estado do Paraná vem enfrentando problemas relacionados ao baixo rendimento de alunos em
diversas turmas, especialmente as do 3° ano do ensino fundamental. Estas, por sua vez,
contam com uma particularidade em comum: além dos alunos que já frequentavam essa
mesma escola, as turmas são compostas por estudantes novos, vindos de outras instituições de
ensino. Diante de tais dificuldades, uma equipe de professores foi acionada para averiguar
quais as principais causas desse baixo rendimento, identificando as principais demandas,
motivações e dificuldades dos estudantes. Após reuni-los em grupos de discussão para a
realização de uma pesquisa qualitativa, os professores chegaram à conclusão de que as
maiores dificuldades não estavam relacionadas ao aprendizado, mas sim à comunicação: a
grande maioria dos alunos encontrou dificuldades no momento de interpretar os textos lidos.
Todavia, somente o ensino da norma culta da língua não é o suficiente para que a questão seja
resolvida. É imprescindível que os professores desenvolvam ações centralizadas nos alunos,
considerando seus conhecimentos prévios, suas vivências e o contexto no qual estão inseridos,
com o objetivo de capacitá-los para compreender e empregar a língua materna dentro dessa
realidade.
Nesse cenário, enquanto educadora, lançaria a proposta de um projeto extracurricular
transdisciplinar que explorasse conteúdos relacionados tanto ao ensino da língua portuguesa
quanto aos aspectos sociais, culturais e históricos a ela associados, no qual os estudantes
pudessem se engajar em atividades de diferentes frentes a partir de discussões acerca de
produções literárias e audiovisuais. O objetivo central dessas atividades seria proporcionar
vivências nas quais os alunos tivessem a oportunidade de reconhecer a diversidade linguística
no contexto escolar e fora dele, aprendendo de forma lúdica e divertida a reconhecer,
interpretar e utilizar a norma-padrão e as variações de sua língua materna de acordo com
diferentes contextos.
Para dar início às atividades, os estudantes deveriam dividir-se em grupos e realizar
um breve seminário, de modo que o processo de aprendizagem estivesse centrado neles
próprios e os professores participantes atuassem somente como mediadores. Os grupos
poderiam ser divididos, por exemplo, de acordo com o tipo de produção artística que
desejassem explorar: audiovisual (filme, música, série) ou literária (prosa ou poesia), sendo o
único critério a escolha de produções em língua materna. Cada grupo escolheria, então, uma
única produção para pesquisar a respeito dos seguintes pontos: tema principal/sinopse,
contexto histórico-cultural, tipo de linguagem empregada (formal, informal, norma culta etc.),
público-alvo, alcance e repercussão. A seguir, os estudantes deveriam produzir de forma
conjunta três diferentes tipos de textos breves, resumindo as informações pesquisadas
anteriormente: i) Postagem em rede social; ii) conversa com um amigo via aplicativo de
mensagens instantâneas; iii) resumo para publicação formal em uma revista temática.
Concluídos os textos, os estudantes se reuniriam para a apresentação e discussão acerca do
que fora produzido.
A principal ideia por detrás da livre escolha de produções audiovisuais e literárias que
são de interesse dos estudantes é proporcionar uma aproximação com o seu cotidiano,
acessando assim seus conhecimentos prévios acerca da utilização da linguagem em diferentes
contextos (GÖRSKI & COELHO, 2009; FERREIRA & ROSA, 2012). Os seminários
abririam ainda um espaço para discussões sobre questões relacionadas à sociolinguística –
utilização de variantes regionais, históricas, culturais, sociais e estilísticas da língua materna
–, respeito à diversidade linguística e combate ao preconceito linguístico (SILVA, 2012;
CECÍLIO & MATOS, 2009). Além disso, as interações entre pares criariam oportunidades
para a ampliação do universo linguístico, das perspectivas comunicativas e da competência
linguística dos envolvidos (KOCH, 2003; ILARI & BASSO, 2009). Nesse contexto, diferente
do que observamos em aulas baseadas em uma abordagem mais tradicional, a bagagem
linguística dos estudantes seria valorizada como alicerce para a construção de novos
conhecimentos acerca da utilização da linguagem (GÖRSKI & COELHO, 2009; FERREIRA
& ROSA, 2012). Por fim, para que o repertório dos alunos pudesse ser cada vez mais
ampliado, o projeto poderia se estender através de encontros temáticos mensais para discussão
a respeito de outras produções, com foco na utilização diversificada da língua materna.

REFERÊNCIAS

CECÍLIO, S.R.; MATOS, C.M.A. Heterogeneidade linguística no ensino de Língua


Portuguesa. In: CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS, 3°
CELLI, 2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p. 2051-2058.

2
FERREIRA, A. T. B.; ROSA, E. C. S. (org.). O fazer cotidiano na sala de aula: a
organização do trabalho pedagógico no ensino da língua materna. São Paulo: Autêntica, 2012.

GÖRSKI, E.; COELHO, I. L. Variação linguística e ensino de gramática. Working Papers


em Linguística, v. 10, n. 1, Florianópolis, p. 73-91, 2009.

ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos.
São Paulo: Contexto, 2009.

KOCH, I. V. A interação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 2003.

SILVA, R. do C. P. da. A sociolinguística e a língua materna. Curitiba: InterSaberes, 2012.

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