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Profª 2
RESUMO
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Graduada em
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Graduada em
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1 INTRODUÇÃO
Com base nos atuais desafios que a educação nos propõe, principalmente no que
concerne à promoção da democratização do saber contribuindo para a formação de sujeitos
críticos, e nas concepções em que a Língua Portuguesa, principalmente no que tange à leitura
e a escrita como práticas fundamentais para o pleno exercício da cidadania, o presente
trabalho tem como objetivo analisar a prática pedagógica no ensino de língua portuguesa com
foco no ensino fundamental e nas séries iniciais.
nesta faixa etária, baseando-se, para isso em pesquisa bibliográfica, realizada por meio de
revisão de literatura narrativa pertinente ao tema pretendido.
Como sabemos o Brasil, pela sua extensão territorial, é um país no qual diversas
culturas convivem e onde são faladas diversas línguas, dessa maneira deve-se considerar que
não existem normas cultas e vernáculas devido a essa heterogênea composição da sua
população.
Assim durante o século XX, mais precisamente nas décadas de 1930 a 1960, foram
iniciadas as discussões em prol da unidade linguística entre Brasil e Portugal, que foram
fundamentados nos ideais da Ciência Linguística que se iniciavam nas faculdades de Letras
brasileiras. Na década de 1960, surgiram os primeiros estudos, realizados por pós-graduandos
da área de educação, que pretendiam confirmar padrões e conceitos linguísticos existentes no
Brasil. (VAREJÃO, 2009).
Por outro lado, Silva e Cyranka (2009) apontam que o século XXI tornou-se o marco
histórico para as concepções linguísticas do português. A comunicação promovida através do
surgimento das redes sociais modificou a forma de expressão da Língua Portuguesa formal,
aparecendo no seu lugar um “idioma virtual” que pouco se assemelha aos padrões oficiais
linguísticos considerados como válidos para a norma culta brasileira.
Por muito tempo o ensino da Língua Portuguesa nas escolas ficou estagnado nos
ditames tradicionais do ensino da língua na sua forma formal. No entanto, a partir da década
de 1970 houve a desconstituição e reexames da língua, passando a ser considerada como
língua viva, que necessitava ser estudada através da interação dos sujeitos que fazem uso
desse vernáculo para comunicação (SILVA e CYRANKA, 2009). Conforme os autores
apontam, antes do século XVIII não havia uma língua definida para uso em território
brasileiro. O português não era a língua dominante, ela competia com as diversas línguas
indígenas, línguas africanas trazidas pelos escravos e o latim, que era ensinado pelos padres
jesuítas nas escolas. Essa diversidade linguística que ocorria naquela época testemunha que a
Língua Portuguesa falada no Brasil ou Português Brasileiro tem inicio pela mistura de
diversas línguas.
Na época a Língua Portuguesa era vista como uma língua secundária e que não que
pertencia ao currículo oficial das escolas de alfabetização existentes naquele período. Assim
que o estudante culminava seu período nas escolas de alfabetização passava-se ao estudo do
Latim, conforme o currículo implantado pelas escolas dirigidas pelos padres jesuítas. Essa
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característica devia-se ao fato de que quem realizava seus estudos nas colônias portuguesas
pretendia adequar-se ao currículo de ensino predominante à época, e a Língua Portuguesa era
o idioma para comunicação nessas colônias, não fazendo sentido para aqueles que pretendiam
estudar na Europa, em países como a França e Inglaterra. (SILVA e CYRANKA, 2009).
De acordo com Anísio Teixeira (1989), já na década de 1940, a pressão pela expansão
do ensino era extremamente forte, e os moldes existentes para os campos novos de estudo em
Filosofia, Ciências e Letras eram os do próprio Colégio Pedro II, além de alguns bons
colégios secundários e das grandes escolas normais ou institutos de educação estaduais de
preparo do professor primário. Sob esses modelos é que se expandiram as Faculdades de
Filosofia, Ciências e Letras.
Artigo 1º: O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao educando
a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento
de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício
consciente da cidadania.
Artigo 4º: Os currículos do ensino de 1º e 2º graus terão um núcleo comum,
obrigatório em âmbito nacional, e uma parte diversificada para atender, conforme as
necessidades e possibilidades concretas, às peculiaridades locais, aos planos dos
estabelecimentos e às diferenças individuais dos alunos.
§1º Observar-se-ão as seguintes prescrições na definição dos conteúdos curriculares:
§2º No ensino de 1º e 2º graus dar-se-á especial relevo ao estudo da língua nacional,
como instrumento de comunicação e como expressão da cultura brasileira.
(BRASIL, 1971).
Embora sob a aparência de nova forma de ensino, esse contexto ficou distante das
salas de aula. Assim, o ensino da Língua Portuguesa voltou-se para os aspectos documentais
da língua, em que prevaleceram os conceitos de interação da linguagem verbal enquanto
atividade e não apenas como instrumento de comunicação, sendo que o autor destaca que a
produção textual assume papel de destaque no ensino da Língua Portuguesa, tanto pelos
aspectos da leitura e da escrita. Nessa perspectiva o ensino de gramática assume um papel
secundário. Porém, mesmo assim, o ensino desta disciplina nas escolas permaneceu estancado
nas mesmas estruturas que se estabeleceram desde o seu surgimento.
Para Visioli (2004) a reforma instituída pela Lei nº 5.692/1971 trouxe a tona duas
concepções de linguagem que visavam o ensino teórico da Língua Portuguesa, ou seja, o
normativíssimo, que considera a língua como expressão da cultura brasileira, e o
estruturalismo, que concebe a língua com instrumento de comunicação. O autor ainda ressalta
que a representação da identidade nacional brasileira através da Língua Portuguesa é requisito
específico da nação do Brasil, porque em outros países que compartilham da mesma
característica linguística não se apresenta a língua como representação única da identidade
nacional.
Para Venturi e Décio Júnior (2004) o currículo que se estabelece para o trabalho em
sala de aula é sempre elaborado através do ponto de vista de alguém, sendo que esse alguém
fundamenta seus pensamentos em informações e conhecimentos que adquiriu durante suas
vivências socioculturais. Dessa maneira, a disciplina Língua Portuguesa sofre alterações
constantes ao longo da trajetória histórica brasileira. Assim, depreende-se que o contexto
histórico educacional possui caráter significativo na formação da estrutura do ensino de
Língua Portuguesa que se apresenta na atualidade.
que deve tornar a sala de aula um espaço onde cada sujeito tenha o direito à palavra
reconhecido como legítimo.
Sabe-se que os índices brasileiros de repetência nas séries iniciais inaceitáveis mesmo
em países muito mais pobres estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem de
ensinar a ler e a escrever. Essa dificuldade se expressa com clareza nos dois gargalos em que
se concentra a maior parte da repetência: no fim da primeira série (ou mesmo das duas
primeiras) e na quinta série. No primeiro, por dificuldade em alfabetizar; no segundo, por não
conseguir garantir o uso eficaz da linguagem, condição para que os alunos possam continuar a
progredir escolar e intelectualmente.
Quanto aprender e ensinar Língua Portuguesa na escola, os PCNLP (1997) nos dizem
que se pode considerar o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa na escola como
resultantes da articulação de três variáveis: o aluno, a língua e o ensino.
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O primeiro elemento dessa tríade, o aluno, é o sujeito da ação de aprender, aquele que
age sobre o objeto de conhecimento. O segundo elemento, o objeto de conhecimento, é a
Língua Portuguesa, tal como se fala e se escreve fora da escola, a língua que se fala em
instâncias públicas e a que existe nos textos escritos que circulam socialmente. E o terceiro
elemento da tríade, o ensino, é, neste enfoque teórico, concebido como a prática educacional
que organiza a mediação entre sujeito e objeto do conhecimento.
Para que essa mediação aconteça, o educador deverá elaborar estratégias, planejar,
implantar e dirigir as atividades didáticas, com o objetivo de desencadear, apoiar e orientar o
esforço de ação e reflexão do aluno.
Quanto o que cabe à escola ensinar, os PCNLP (1997) nos dizem que a Língua
Portuguesa, no Brasil, possui muitas variedades dialetais ou dialetos que podem ser
compreendidos como os diferentes falares regionais presentes numa dada sociedade, e num
dado momento histórico.
Segundo o documento a questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de
fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber
adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar satisfatoriamente
o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e por que se diz determinada coisa. É saber,
portanto, quais variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da intenção
comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige. A questão não é de
correção da forma, mas de sua adequação às circunstâncias de uso, ou seja, de utilização
eficaz da linguagem: falar bem é falar adequadamente, é produzir o efeito pretendido.
Cabe assim à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas situações
comunicativas, especialmente nas mais formais como: planejamento e realização de
entrevistas, debates, seminários, diálogos com autoridades, dramatizações, etc. Trata-se de
propor situações didáticas nas quais essas atividades façam sentido de fato, pois seria
descabido “treinar” o uso mais formal da fala. A aprendizagem de procedimentos eficazes
tanto de fala como de escuta, em contextos mais formais, dificilmente ocorrerá se a escola não
tomar para si a tarefa de promovê-la.
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Quanto o que escrita cabe à escola ensinar, os PCNLP (1997) destacam que é habitual
pensar sobre a Língua Portuguesa como se ela fosse um ensino de dois estágios. O primeiro
seria o que já se chamou de “primeiras letras”, hoje alfabetização, e o segundo, aí sim, o
estudo da língua propriamente dita.
Durante o primeiro estágio, previsto para durar em geral um ano, o professor deveria
ensinar o sistema alfabético de escrita (a correspondência fonográfica) e algumas convenções
ortográficas do português, o que garantiria ao aluno a possibilidade de ler e escrever por si
mesmo, condição para poder entrar no segundo estágio. Esse segundo estágio se
desenvolveria em duas linhas básicas: os exercícios de redação e os treinos ortográficos e
gramaticais.
Fora da escola escrevem-se textos dirigidos aos interlocutores de fato. Todo texto
pertence a um determinado gênero, com uma forma própria, que se pode aprender. Quando
entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel modelizador,
servindo como fonte de referência, repertório textual, suporte da atividade intertextual. A
diversidade textual que existe fora da escola pode e deve estar a serviço da expansão do
conhecimento letrado do aluno.
É preciso ter claro também que as propostas didáticas difundidas a partir de 1985, ao
enfatizar o papel da ação e reflexão do aluno no processo de alfabetização, não sugerem
(como parece ter sido entendido por alguns) uma abordagem espontânea da alfabetização
escolar; ao contrário, o conhecimento dos caminhos percorridos pelo aluno favorece a
intervenção pedagógica e não a omissão, pois permite ao educador ajustar a informação
oferecida às condições de interpretação em cada momento do processo. Permite também
considerar os erros cometidos pelo aluno como pistas para guiar sua prática, para torná-la
menos genérica e mais eficaz.
Quanto aos objetivos ao serem alcançados durante o percurso dos alunos no ensino
fundamental, os PCNLP (1997) nos dizem que se espera que os alunos adquiram
progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver
problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no
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mundo letrado. Para que essa expectativa se concretize, o ensino de Língua Portuguesa deverá
organizar-se de modo que os alunos sejam capazes de alcançar os seguintes objetivos:
Valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela
literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais
escritos em função de diferentes objetivos;
Usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão sobre a língua para
expandirem as possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de análise crítica;
que o aluno constrói hipóteses sobre a escrita e também aprende ao reorganizar os dados que
têm em sua mente. Em seguida, as pesquisas de didática da leitura e escrita produziram
conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem desses conteúdos.
Oliveira (1997) aponta que os alunos não têm instrumentos endógenos para
desenvolverem-se plenamente sozinhos. A mediação, então, no contexto escolar, passa a ter
um caráter intencional e sistematizado. A mediação pedagógica assume, portanto, papel de
destaque nos processos de aquisição de conhecimentos vividos pelos alunos. O papel do
educador é o de mediador entre o aluno e os conteúdos escolares, buscando as indagações de
seus alunos, focando sua atuação nos “ciclos” em desenvolvimento, de uma maneira a
estimulá-los na construção do conhecimento.
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Larocca e Saveli (2001, p.203) apontam que o grande problema que se configurou
nesta abordagem foi o equívoco do “professor espectador”: em nome do respeito ao erro, o
professor não direciona o processo de aprendizagem. Salientam, ainda, que admitir o aluno
como construtor do conhecimento não elimina a exigência de um educador que planeje
situações de ensino, propiciando condições de interação entre o sujeito aprendiz e objeto de
conhecimento. No mesmo sentido, Smolka (1988) nos diz que:
Vygotsky, numa visão semelhante a de Piaget, considerava que o sujeito é agente ativo
do conhecimento, uma vez que o conhecimento se dá através da ação do sujeito sobre o
objeto. Reconhece ainda que na relação sujeito-objeto o indivíduo elabora ideias e hipóteses e
que a aprendizagem promove o desenvolvimento.
Contudo, diferente de Piaget, Vygotsky postula que essa relação entre sujeito e objeto
é sempre mediada por agentes culturais, enfatizando assim o papel desses agentes e o papel do
“outro”, uma vez que tais agentes incluem pessoas.
Para que o uso da língua materna perceba um princípio comum a todos brasileiros,
instituem-se parâmetros norteadores do ensino da Língua Portuguesa. Embora não se possa
afirmar a existência de uma língua padrão que rebaixe as demais línguas faladas no Brasil ao
segundo plano.
Muito além de ser ensina em sua função normativa, a língua materna deve ser
ensinada mediante a intertextualidade. Assim, o presente trabalho procurou analisar os
princípios em que aconteceram e que acontece o ensino da Língua Portuguesa, especialmente
no ensino fundamental e nos anos iniciais da Educação Básica.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 5.672 de 11 de agosto de 1971 que fixa as Diretrizes e Bases para o ensino de
1° e 2º graus. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1971.
FERREIRO, Emilia. Com todas as letras. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
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GERALDI, João Wanderley (org.). O texto na sala de aula. 3 ed. São Paulo: Ática, 2004.
OLIVEIRA, Laís Pereira de. A prática da leitura na biblioteca e suas relações no processo
de alfabetização dos alunos da primeira série do ensino fundamental. Trabalho de
Conclusão de Curso, Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2002.
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SILVA, V.S. CYRANKA, L.F.M. A Língua Portuguesa na escola ontem e hoje. In:
LINHAS CRÍTICAS. Brasília, v. 14, n. 27, p. 271-287, julho/dezembro. 2009.
SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as múltiplas facetas. In: 26ª Reunião Anual
ANPED. Poços de Caldas, 2003.
VIEIRA, Ariane Stefani Ferreira. O Ensino da Língua Portuguesa nos Anos Iniciais.
Monografia apresentada na Faculdade de Ciências Sociais e Agrarias de Itapeva, Curso de
Pedagogia. Itapeva. São Paulo. 2014.