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Este livro busca debater a respeito da heterogeneidade linguista que envolve o

processo de ensino da língua materna. Os três ensaios reunidos fazem analises das situações
linguísticas de três países muito diferentes: O Brasil, a Grã-Bretanha e o Quebec. Realiza
discussões principalmente, conceituais a respeito de letramento, variação e ensino.
São conceitos muito conhecidos na literatura especializada e nos estudos e pesquisas
que se desenvolveram nos últimos anos, sobretudo nas áreas de Linguística Aplicada, na
Sociolinguística e na Educação. Todos os três conceitos relacionam-se com os estudos da
Linguagem Humana, mais especificamente com usos e funções da língua ou fala da
sociedade, grupos e categorias sociais e comunidade de fala, e da cultura, especialmente com
identidade cultural.
Cita também que a escola tem de levar em consideração a diversidade da língua e
deixar de apresentar somente a variedade padrão como possibilidade única de aprendizagem
linguística. Essa nova postura poderá trazer-nos benefícios no que diz respeito às atitudes
linguísticas que, comumente, diante dos menos escolarizados, são negativas e depreciativas.
Além disso, a escola estará oferecendo motivações concretas para que os falantes sejam
capazes de expressarem nas mais variadas modalidades com competência e de modo
adequado às situações discursivas.
Nos últimos anos, mudanças vêm ocorrendo nas estruturas de ensino de língua nas
escolas. No que diz respeito às noções e prescrições do ensinamento gramatical tradicional e
milenar, um demorado processo de crítica, revisão e formulação ocorreu. As disciplinas no
campo da linguística ampliaram o objetivo dos estudos da linguagem e se lançaram na busca
da compreensão dos fenômenos da interação social por meio da linguagem, da relação entre
língua e sociedade, da aquisição da língua pela criança, dos processos envolvidos no ensino
formal da língua, da influência social exercido pelas ideologias veiculadas no discurso.
Com os problemas existentes na didática do ensino da língua materna, a questão da
norma ou mais precisamente a língua a ensinar, exige uma síntese disciplinar de dados e de
domínios mais fundamentais como a psicolinguística e a sociolinguística e ate mesmo as mais
gerais, como a pedagogia. Contudo, os dados de ordem teórica que essas disciplinas fornecem
não constituem ainda um quadro explicativo único e universalmente aceito.
As diferentes concepções de língua e da norma dão lugar a orientações e a objetivos
pedagógicos do ensino da língua materna que podem ser agrupados em duas tendências
diferentes: uma pedagogia centrada no código e a outra pedagogia voltada para a utilização
desse código. Essas propostas levam em conta a sociedade e a realidade educacional de uma
sala de aula, mas não dão sugestões de como ensinar.
O principal objetivo da escola é ensinar a língua materna, o objeto de ensino não está
claramente definido, pois a língua é formada por um conjunto de variantes onde seu
funcionamento é preciso conhecer para explicar a intercompreensão que acontece, apesar
dessas variações. A língua não se constitui homogeneamente, pelo contrario, ela apresenta
muitas variações e essas variações se devem primeiramente às diferenças entre a língua escrita
e a língua falada, essa por sua vez se deve pelas diferenças geográficas, sociais e de registro.
Na sala de aula a linguagem é um objeto de aprendizagem e um objetivo também,
para as crianças, o contato com outras crianças e também com o professor pode ser a vivência
mais importante no processo de desenvolvimento do pensamento e se torna um instrumento
precioso de ensino e aprendizagem. O dialogo é um meio poderoso de relação interpessoal
entre o professor e o aluno, a qualidade da relação afetiva entre esses dois constitui um fator
importante da motivação e das atitudes desta e daquele.
O ensino da língua materna constitui um dos ensinos conduzidos pela escola, assim
como a leitura e a escrita, constituem meios de aprendizagem e de ensino de outras matérias.
Assim, ao aprender a distinção entre lago e lagoa, a criança também estará aprendendo ao
mesmo tempo a língua e a geografia. Portanto, não se pode conceber os estudos da língua
materna de um modo especifico, se deve idealizar em uma perspectiva mais global de
integrações de aprendizagem, ou seja, os estudos da língua materna, seja compartilhado com
outras matérias.
Pode-se considerar que o meio ambiente fornece à criança um material linguístico
oral variado que compreende diversos registros, assim a família, os amigos apresentam uma
língua informal, já as mídias eletrônicas apresentam um registro mais formal e as vezes outras
variedades dialetais. A abertura da escola para os registros populares falados pelas crianças e
ate mesmo pelo professor, se fundamentam nas considerações de ordem sociolinguística e
funcional. Ao longo do processo de escolarização e de letramento, a fala trazida pelas crianças
vão se enriquecendo, a comparação pelas crianças das variações de códigos pode ajudar para
o desenvolvimento da compreensão de discursos orais formais.
Com relação aos textos literários, vários professores questionam o lugar cedido à
literatura regional, é preciso reconhecer que a escrita desses textos não é incorreta, a
variedade assim reproduzida tem elementos dialetais. No fundo o que é rejeitado é a variação
oral.
Que a escrita literária use as variedades e os estilos adequados para atingir seu
objetivo, isso se torna algo que constitui um fenômeno e é totalmente aceitável e tem que ser
respeitado.

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