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Resumo: Este trabalho foi realizado por meio da análise de dois livros didáticos, a saber, um
livro de uma escola privada e outro de uma pública de 2° série de ensino médio, da cidade de
Oeiras - Piauí. Desse modo, a pesquisa foi feita com o propósito de mostrar como são operados
os ensino da Gramática Normativa e Variação Linguística dentro das escolas, e a abordagem
dessas duas temáticas dentro das redes de ensino, tendo em vista ser indispensável o
conhecimento de cada uma delas para uma boa formação, pessoal e profissional. Os resultados
sugerem que os livros didáticos analisados dispõem de pequeno espaço para a variação
linguística, apresentado-as por meio de charges humorísticas, o que contribui ainda mais para o
preconceito já enraizado. Portanto, ao que tange o ensino da variação linguística e gramática,
cabe aos profissionais abordarem em sala de aula os contextos sociais que influenciam o modo
de falar, assim como, evitar associar a noção de variação linguística a erro linguístico.
Introdução
1. Variação linguística
2. Gramática normativa
A BNCC, indica os conteúdos que precisam ser abordados ano após ano, e ressalta que o
funcionamento das regras deve ser consequência da compreensão sobre seu desenvolvimento e
não apenas decorado, pois é exigência da própria base, que o aluno seja capaz de fazer
produções coerentes: "Utilizar, ao produzir textos, os conhecimentos dos aspectos notacionais
– ortografia padrão, pontuação adequada, mecanismos de concordância nominal e verbal,
regência verbal etc., sempre que o contexto exigir o uso da norma-padrão.”(BRASIL, p.80)
Contudo, é sempre importante relembrar que por mais que a escola seja o meio mais
importante para o ensino da gramática normativa, atualmente, não está somente ligada a esse
âmbito, mas também em sites que são construídos por professores aptos a escrever sobre essa
temática. Dessa forma, Bagno aponta que:
Os comandos paragramaticais (CP) representam um fenômeno que, embora antigo na
história da cultura brasileira, começou a exibir, de alguns anos para cá, um vigor e um
poder de fascínio (junto a um determinado público) até então inéditos, que se pode
atribuir, quem sabe, a surpreendente facilidade de divulgação oferecida pelas
tecnologias de comunicação mais avançadas, como a televisão, a internet e o CD-
Rom. (2010, p. 117-118)
Entende-se que a gramática normativa dita a forma como o português deve ser falado,
estabelecem-se normas de concordância e regência verbal e nominal, ou seja, engloba todas as
regras gramaticais para que o português siga a “norma culta”. De acordo com os PCNs o estudo
da língua não deve ser dividido, pois considera que a gramática, literatura e redação estão
relacionadas entre si:
A divisão repercutiu na organização curricular: a separação entre gramática, estudos
literários e redação. Os livros didáticos, em geral, e mesmo os vestibulares,
reproduziram o modelo de divisão. Muitas escolas mantêm professores especialistas
para cada tema e há até mesmo aulas específicas como se leitura/literatura, estudos
gramaticais e produção de texto não tivessem relação entre si. Presenciamos situações
em que o caderno do aluno era assim dividido. (PCN, 2000, p.16 )
Portanto, devemos fazer o uso da gramática na literatura e na produção textual e vice
versa, podendo citar, como exemplo, o Enem (Exame Nacional da Educação) e qualquer outro
tipo de prova que exija produção textual, para que o aluno atinja nota satisfatória é necessário
que conheça as normas.
Segundo os Planos Curriculares Nacionais o estudo gramatical está presente no
documento desde as séries iniciais, porém, nota-se que não é trabalhado de forma que os alunos
a compreendam, pois não é visto como aprimoramento, mas sim como algo obrigatório, como é
citado nos PCNs: “A confusão entre norma e gramaticalidade é o grande problema da
gramática ensinada pela escola. O que deveria ser um exercício para o falar/escrever/ler melhor
se transforma em uma camisa de força incompreensível.” (PCN, 2000, p.16)
Levando em consideração que o ensino médio é a preparação para os alunos enquanto
futuros vestibulandos, é de suma importância que tenham conhecimento das normas e que
acima de tudo saibam como utilizá-las.
Paralelamente, a variação linguística é a diversificação de uma mesma língua. No
Brasil, por exemplo, existem inúmeras variantes tendo em vista que temos um vasto número de
dialetos, inclusive presentes em uma mesma região. A variação linguística situa-se em todos os
lugares, como nas músicas, livros, dentre muitos outros e é papel da escola fazer com que haja
entendimento, visto que, é necessário que o aluno seja capaz de se adaptar a determinado uso
da linguagem de acordo com a situação, e que existem muitas variantes além de sua língua
materna, que é o primeiro idioma que o indivíduo aprende e pode ser chamada também de
língua nativa ou primeira língua, que é aquela falada no país em que o indivíduo nasceu.
(BAGNO, 2014)
A sala de aula pode se tornar um ambiente propício à existência de alunos que
produzem textos transferindo para o papel as palavras da mesma maneira com as pronunciam.
Isso representa um desafio para o professor que precisa lidar com estudantes de variadas
culturas e backgrounds. Considera-se o fato de que muitos alunos, ainda que estejam cursando
o ensino médio, que é considerado um nível de escolaridade mais avançada, ainda não
consigam escrever na norma padrão ou culta. É preciso que os alunos tenham chance de falar,
que os professores estejam abertos ao diálogo, para que assim ao chegar no nível superior não
sejam alunos incapazes de opinar e/ou se posicionar, por nunca ter tido a chance de fazê-lo,
como consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais:
No Ensino Superior, sentimos a ausência desse exercício, quando propomos aos
alunos que debatam idéias ou formulem opiniões pessoais. Quietos, os alunos baixam
a cabeça. Quando e onde tiveram oportunidade de falar? Algumas famílias propiciam
essa situação. Na escola, o modo autoritário de ser não permite o diálogo. Como
posso dizer, se não sei o que nem como dizer? A situação formal da fala/escrita na
sala de aula deve servir para o exercício da fala/escrita na vida social. Caso contrário,
não há razão para as aulas de Língua Portuguesa. (PCN, 2000, p.22)
Já a variação linguística não foi encontrada em nenhum capítulo e/ou unidade deste livro
didático.
Por fim, fazendo um comparativo entre ambos os livros didáticos pode-se notar o quanto
a variação linguística é pouco abordada em ambos os livros. Foram encontrados apenas dois
exemplos no LD da escola privada e já na escola pública não foi encontrado nenhum exemplo.
Enquanto que a somente a gramática é amplamente explorada.
Considerações Finais
REFERÊNCIA:
ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no
caminho. 4. ed. São Paulo: Parábola, 2009.
BAGNO, Marcos. Língua, linguagem, linguística: pondo pingo nos ii. 1 ed. São Paulo:
Parábola Editorial, 2014.
_________. Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: edições Loyola, 1999.
________. Nada da língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São
Paulo: Parábola Editorial, 2007.
GERHARDT, Tatiana; SILVEIRA, Denise (org). Métodos de pesquisa. 1. ed. Rio Grande do
Sul: Editora da UFRGS, 2009. 120 p. ISBN 978-85-386-0071-8.