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sem mistérios
Vestibular 2023
Sobre as organizadoras
Selma Mottin
Graduada em Letras e especialista em Língua
Portuguesa e Literatura Brasileira pela PUC-PR, atuou
como professora de Produção Textual por 28 anos em
curso pré-vestibular. Participa da correção de textos
de vestibulares de reconhecidas instituições de
Curitiba.
Solange Lucini
Graduada em Letras e especialista em Língua
Portuguesa e Literatura pela IFPR, leciona Produção
Textual em cursos pré-vestibulares há 19 anos.
Também integra a banca de correção de textos de
prestigiadas instituições curitibanas.
Suzelei Rosales
Graduada em Letras pela UFPR e especialista em
Interdisciplinaridade pela Universidade Espírita, atua
como professora de Produção Textual em curso pré-
vestibular há 27 anos e também como corretora de
textos de vestibulares de renomadas instituições.
Sumário
RESUMO 7
TEXTOS DE OPINIÃO 19
TIRAS E CHARGES 34
COMPARAÇÃO/CONFRONTO 49
NARRATIVA E RELATO 53
CARTA ARGUMENTATIVA 59
CONTINUIDADE DE TEXTO 63
TEXTOS LITERÁRIOS 70
Redação UFPR sem mistérios
RESUMO
O resumo é um gênero que certamente cairá em sua prova deste ano. Junto com o opinativo, são
as certezas que se tem do que aparecerá ao você abrir o caderno de propostas. Isso porque, ao resumir,
além de já se mostrar apto a uma atividade acadêmica muito frequente, o aluno também comprova saber,
mais do que produzir textos, interpretá-los. Além desse poder de compreensão do que se lê, o resumo
também exige vocabulário, já que não se pode fazer cópias, e fidelidade ao que o texto traz, uma vez que
também não são permitidas ideias externas. Mais um ponto importante é que, em geral, o melhor é
manter a organização de ideias do original, além de estabelecer, com recursos coesivos (que estarão
abaixo), as relações de sentido que tais ideias apresentam. Ou seja, de modo geral o texto deve ser:
a) Autônomo – ou seja, trazer toda a referência para que o leitor, que não viu o texto, possa, caso
queira, encontrar o original. Sendo assim, cite fonte, data, autor do texto, profissão. Além disso, a
autonomia do resumo torna-o compreensível sem que se necessite recorrer ao texto-base. Nos últimos
anos, a UFPR não exigiu título, mas, havendo espaço, não há por que não colocá-lo. Além disso, para que
fique claro que todas as ideias colocadas são da mesma autoria, e não suas, retome constantemente o
autor. Colocaremos formas de fazer isso.
b) Fiel ao que o original traz – Lembre-se de que você não pode acrescentar ideias, expandir,
explicar melhor alguma informação do original.
c) Sem cópias – Certamente que a repetição de alguns termos será necessária no resumo, já que
algumas palavras-chave nem devem ser trocadas, mas você não pode copiar frases inteiras e, muito
menos, produzir um texto que simplesmente recorte trechos do original.
d) Coeso – Além de, como já sugerimos, ser melhor manter a ordem das ideias conforme o original
organizou, também é importante que você relacione tais informações, ligue-as adequadamente.
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Criticar, acusar, apontar, ressalvar, ressaltar, exemplificar, amparar-se, pautar-se, assegurar, avaliar,
demonstrar, ponderar, propor, ratificar, considerar, refutar, revelar, sustentar, expor; para o autor,
segundo o autor, de acordo com o autor...
De início, para comprovar tal declaração, como justificativa, diante desse quadro, como causa de tal
quadro, como consequência, por um lado, por outro lado, rebate tal ideia, nesse viés, nesse contexto,
ainda, também, acrescenta, então, em seguida, explica tal questão, frente a isso, conclui seu raciocínio,
sugere por fim.....
Observações
Prefira manter a ordem das ideias. Apenas altere quando, por exemplo, um mesmo autor é citado
em mais de um momento. O melhor nesse caso é condensar as ideias dessa pessoa citada em
apenas um momento do resumo.
Você precisa retomar o autor ao longo do texto. Para isso, use o sobrenome – EVITE O PRIMEIRO
NOME, A MENOS QUE A PESSOA SEJA RECONHECIDA NA MÍDIA DESSA FORMA, CASO DE JÔ
SOARES, POR EXEMPLO – profissão, articulista, autor. Também é possível fazer elipse, colocando
apenas um verbo, sem referência explícita ao autor. Mas tome cuidado, só faça isso quando não
houver dúvidas de a quem o verbo em questão se refere.
Se o texto resumido for notícia, essa menção será feita com: o texto, a matéria, a notícia.... Além
disso, não se esqueça de que todos os verbos que virão após referência à notícia serão
informativos: expõe, informa, traz, cita, acrescenta....
Após fazer o seu rascunho, veja se os verbos que usou são de fato coerentes com a intenção do
autor no original. Se tiver tempo, também vale a pena verificar se a forma como você apresentou
a ideia é fidedigna ao que o texto- base apresenta. Por fim, lapide a coesão, a relação entre frases
(há exemplos de elementos de coesão).
Não use primeira pessoa – isso inclui primeira pessoa do plural, como “devemos, nosso país”.
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Use ao menos algum dos dados apresentados pelo texto quando eles são importantes para
comprovar a tese – não adianta apenas falar que aumentou ou diminuiu.
Se cair resumo de entrevista, tome cuidado redobrado com o enunciado! É para resumir toda a
entrevista – o que inclui perguntas e respostas – ou apenas a opinião do entrevistado?
Se o texto for editorial, você não pode colocar “Em editorial publicado na Folha de S Paulo”, mas
sim “A Folha de S. Paulo, em editorial publicado em tal dia, defende, discute, critica.” A forma de
fazer menção ao longo do texto será: o jornal, o editorial, a Folha, o veículo….
Se o texto a ser resumido for científico, fique atento a estudos e pessoas citadas, bem como a
hipóteses e refutações. Essas informações certamente devem estar no seu resumo.
Desde quando se descobriu que o cérebro serve para alguma coisa, a humanidade tem fixação
com o seu tamanho. Intuitivamente, faz sentido: quanto mais se tem de um recurso, mais se deve poder
fazer com aquele recurso, certo? E se o cérebro é o que nos torna inteligentes, flexíveis, não só prontos
para tudo, mas também capazes de pensar antes no que poderá ser preciso eventualmente e se preparar
para isso, então quanto mais cérebro, mais capaz deve ser uma espécie animal, e também um indivíduo,
não?
Mais ou menos. Há 15 anos que eu estudo de que são feitos diferentes cérebros e que diferença
isso faz. Entre espécies animais, me parece bastante claro que o tamanho do cérebro é irrelevante em
termos de capacidade cognitiva, necessidade de sono e tempo de vida. Muito mais importante é o número
de neurônios que compõem o cérebro e suas partes. É o número enorme de neurônios no córtice cerebral,
por exemplo, que nos distingue dos outros animais, mesmo elefantes e baleias – e de quebra também
explica nossa longa infância e longevidade. Se números enormes de neurônios custam tempo e energia,
é de esperar que eles "sirvam" para alguma coisa – quer dizer, ofereçam alguma vantagem imediata ao
portador. Afinal, é assim que boa parte dos biólogos espera que a evolução funcione: através da fixação
ao longo de gerações de pequenas vantagens de valor adaptativo. Como, por exemplo, mais neurônios
corticais.
Cinco anos atrás, descobrimos, para nossa surpresa, que mesmo camundongos criados em
laboratório, todos de uma mesma ninhada, são bastante diversos em tamanho e número de neurônios,
mas os animais com os maiores córtices não são necessariamente os que tem mais neurônios corticais.
Dois jovens aspirantes ao doutorado apareceram, nessa época, na minha sala para perguntar: "Mas, ainda
assim, os animais com mais neurônios poderiam ter alguma vantagem cognitiva, mesmo sem o cérebro
ser maior, não poderiam? Nós queremos testar isso".
Ah, que delícia é ter jovens inquisitivos no laboratório. Poucos anos e mais de 30 camundongos
cuidadosamente testados depois, em colaboração com o professor Rogério Panizzutti, da UFRJ, temos
uma resposta: não. Nem mesmo um pouquinho. O número exato de neurônios no cérebro de um
indivíduo não prediz quão bom será seu desempenho em um teste. O estudo acaba de sair na revista
Neuroscience Letters. É o tipo de resultado que revistas científicas não acham titilante, mas eu adorei. Soa
tão igualitário: mais importante não é o cérebro com que você nasceu, mas o que você faz com ele.
(Suzana Herculano-Houzel, bióloga e neurocientista. Folha de S. Paulo, 27.07.20. Adaptado.)
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Redação UFPR sem mistérios
O que importa não é o tamanho cerebral ou quantidade de neurônios, mas o que se faz com o cérebro
ao longo da vida. Essa foi a constatação de uma pesquisa feita pela neurocientista Suzana Herculano
Houzel, que discutiu tais resultados em texto para a Folha de S. Paulo de 27 de fevereiro de 2020. A também
bióloga explicou que o estudo partiu de três hipóteses. Uma delas era de que o tamanho do cérebro explicaria
a maior capacidade cognitiva, o que foi negado quando se percebeu que tal tamanho era irrelevante entre
animais. Outra conjectura, continuou Houzel, foi de que o segredo era um maior córtice central, o que
representaria maior carga neuronal, ideia refutada por observações em camundongos. Por fim, a ideia de que
então seria o número de neurônios que tornaria alguém mais inteligente também se mostrou falha em testes
de laboratório. Frente a isso, a autora louvou o teor igualitário de ser possível, independente do cérebro com
que se nasceu, desenvolvê-lo.
O texto abaixo é uma adaptação do texto original de Ricardo Abramovay, publicado em 2017, como
prefácio ao livro Uberização: a nova onda do trabalho precarizado, de Tom Slee.
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A explosão da cultura digital durante o Século XXI revigorou os mais importantes ideais
emancipatórios, combalidos pela queda do muro de Berlim. As pessoas e as comunidades passariam a
dispor dos meios técnicos que lhes permitiriam estabelecer comunicação direta umas com as outras. A
informação, os bens e os serviços poderiam ser oferecidos de forma eficiente sem que as condições
objetivas de sua produção estivessem nas mãos de grandes empresas. Alguns autores chegaram a vincular
a abundância trazida pela revolução digital ao próprio fim do capitalismo. A sharing economy, cujas
expressões mais emblemáticas são a Wikipédia e os softwares livres, exprimiria a capacidade humana de
cooperação, não apenas entre pessoas que se conhecem, num círculo limitado por laços de parentesco e
amizade, mas de forma anônima, impessoal e massificada. As bases materiais para a transição do reino
da necessidade para o de liberdade pareciam asseguradas.
Não demorou muito para ficar claro que esta narrativa edificante subestimava a mais importante
transformação do capitalismo do Século XXI: a emergência da empresa-plataforma. O aumento na
capacidade de processar, coletar, armazenar e analisar dados foi de tal magnitude que seu custo, que era
de onze dólares por gigabyte em 2000 caiu para US$ 0,02 em 2016. Esta foi uma das bases objetivas não
só para que Google e Facebook estivessem entre as mais poderosas empresas do mundo, mas também
para que um conjunto cada vez mais amplo de bens e serviços fosse oferecido não mais por empresas ou
conglomerados especializados, mas por plataformas que, a custo quase zero, tinham o poder de conectar
imediatamente consumidores e varejistas, reduzindo os custos envolvidos em suas transações.
Mas a aura de esperança com que a sharing economy – que inclui gigantes digitais como Uber,
Lyft, Task Rabit – foi encarada em seus primórdios está sendo desmistificada: muito longe de exprimir a
cooperação direta entre indivíduos, o suposto compartilhamento deu lugar à formação de gigantes
corporativos cujo funcionamento é regido por algoritmos opacos que em nada se aproximam da utopia
cooperativista estampada em suas versões originais. Sob a retórica do compartilhamento, escondem-se
a acumulação de fortunas impressionantes, a erosão de muitas comunidades, a precarização do trabalho
e o consumismo.
O AirBnb, por exemplo, acabou por estimular que, em cidades turísticas importantes, como
Barcelona, Paris e Amsterdã, as pessoas vendessem seus domicílios a empresas que operavam como se
fossem indivíduos. Ao mesmo tempo, em muitas destas cidades o turismo se expandiu muito além dos
limites da rede hoteleira. O resultado é que as regiões centrais das cidades atingidas, cujo atrativo era
exatamente o de conciliar a beleza arquitetônica com o cotidiano de quem ali vivia, corriam o risco de
serem convertidas em cenários de Disneylândia.
A ideia de que se eu precisar de algo posso contar com a ajuda dos outros e que isso vai gerar
sentimentos e práticas de reciprocidade acabou se convertendo na oferta generalizada de trabalhos mal
pagos e sem qualquer segurança previdenciária. Num ambiente em que os sindicatos estão cada vez mais
fracos e os direitos trabalhistas sob aberta contestação, os resultados são devastadores. A utopia de que
a relação peer to peer ampliaria o bem-estar, reduziria o desperdício e traria significado humano para as
relações econômicas, tão fortemente cultivada pelo discurso do Vale do Silício, transformou-se no seu
contrário.
É claro que o avanço cada vez maior da conectividade e dos meios para que ela chegue ao maior
número de pessoas pode ser benéfico. Mas a distância entre conexão e bem-estar social será tanto maior
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quanto mais poderosos forem os gigantes digitais que determinam as regras sob as quais o maior bem
comum criado pela inteligência humana, a internet, funciona. Contrariamente à crença dos protagonistas
dominantes da sharing economy, a revolução digital só vai melhorar a vida das sociedades
contemporâneas se ela se apoiar em real abertura, em participação transparente e em redução das
desigualdades.
* Serviço que permite que pessoas do mundo inteiro ofereçam suas casas para usuários que buscam acomodações
temporárias mais em conta em qualquer lugar do mundo.
Critérios de correção
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Leia o texto a seguir, do jornalista francês Thomas Pietrois-Chabassier, traduzido pelo jornalista Inácio
Araújo e publicado no site UOL Cinema, acerca do personagem Harry Potter, de J. K. Rowling.
A revista francesa Les Inrockuptibles não está entre aquelas que fazem do último filme de “Harry
Potter” um sucesso. Em sua carta de 20/7, Thomas Pietrois-Chabassier expõe sua crítica ao personagem
de J. K. Rowling. Mesmo para os fãs do jovem aprendiz de feiticeiro, me parece que será interessante
conhecer o seu inverso.
Por isso, eu fiz a tradução da carta de Pietrois-Chabassier, ali, em cima da perna, mas acho que o
total está fiel ao sentido:
“Personagem inodoro, incolor e sem gosto, Harry Potter é um adolescente sem grande interesse,
um rapaz intelectualmente banal em um universo extraordinário. Seus únicos traços de caráter são
qualidades de idiota: bravura e suscetibilidade. Ele só não fica nervoso quando fala de seus pais. Suas
forças são inatas e tudo o que Harry Potter adquire deve a seus protetores, que são seus amigos ou seus
professores. O que o torna excepcional (sua vitória sobre Voldemort, quando bebê, sua cicatriz, seu lado
“eu sou o eleito”) ele deve apenas a sua mãe. E é aí que se situa toda a questão da criatura de J. K. Rowling.
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Em cada filme (muito fiel aos livros), os personagens que ele encontra pela primeira vez têm
sempre a mesma frase: “Então você é Harry Potter. Você parece com seu pai. Só os olhos que não, os
olhos são da sua mãe”.
Mas Harry Potter não apenas tem os olhos de sua mãe, como é os olhos de sua mãe. Ele é um
ponto de vista neutro, uma porta de entrada nesse mundo fabuloso, uma verdadeira câmera viva,
levando, como prova, essa capa de invisibilidade que ele veste todo o tempo ou esses óculos redondos
que se tornaram o símbolo do personagem, convertendo-o num par de olhos e lhe oferecendo o ponto
de vista onisciente do narrador.
Obra maternal, a saga Harry Potter é sobretudo maternalista, vampirisando a figura do filho até
em seus pesadelos, para não fazer dele senão um garotinho sabido, respeitador das regras, bom aluno,
bom em esportes. Ele só é subversivo quando tem autorização do diretor. Harry Potter é zeloso da
memória de sua mãe e virgem. Seu coração bate por uma garota tão enfadonha quanto ele, que ele beija
só no final do último episódio, com 18 anos, e com quem se casará. As peripécias que enfrenta surgem ao
acaso, para transformá-lo em herói, em líder apesar dele.
Harry Potter é o filho de plástico sonhado por J. K. Rowling, o filho sem paixão nem falhas, seu
orgulho, o antipunk, o bom filhinho de mamãe. É por isso que nós nunca gostaremos dele”.
Thomas Pietrois-Chabassier
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Das mais de 150 mil estrelas observadas pelo Kepler, apenas uma – a estrela de Boyajian (EdB) –
exibia uma curva de luz que desafia a lógica. O gráfico do brilho da estrela ao longo do tempo é chamado
de curva de luz. O que acontece é que a curva da EdB mostrava depressões similares a trânsitos
aparentemente aleatórios, sendo que algumas duravam horas e outras persistiam por dias ou semanas.
A EdB ainda guardaria mais surpresas. Outro astrônomo americano, Bradley Schaefer, afirmou
que o brilho do astro tinha diminuído em mais de 15% no último século. A afirmação gerou polêmica,
porque uma queda no brilho durante várias décadas parece quase impossível. O brilho das estrelas segue
quase constante por bilhões de anos depois de seu nascimento e só sofre mudanças rápidas pouco antes
de a estrela morrer. E as mudanças “rápidas” ocorrem numa escala temporal de milhões (ou bilhões) de
anos, sendo acompanhadas de marcadores claros que não se veem na EdB. Segundo várias outras
medidas, a estrela está na meia-idade. Não há evidências de que seja uma estrela variável, que pulsa num
ritmo regular.
As depressões irregulares e a redução de brilho da EdB por longos períodos são observadas em
outras situações – em estrelas muito jovens, com planetas ainda em formação. Elas são rodeadas por
discos de ar e poeira aquecidos pela luz da estrela que, no processo de formarem planetas, geram caroços,
anéis e arcos. Nos discos observados de lado, esses aspectos podem reduzir a luz da estrela por curtos
períodos, e discos ondulantes podem bloquear quantidades crescentes do brilho da estrela por décadas
e séculos. Mas a estrela é de meia-idade, não jovem, e não parece conter nenhum disco.
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Buracos negros
Alguns membros do projeto em Yale sugerem que um buraco negro poderia estar envolvido. Ou
seja, um buraco negro de uma massa estelar numa órbita próxima em torno da EdB poderia bloquear a
luz da estrela. Mas essa hipótese é falha, porque o buraco negro arrastaria a estrela para um lado e para
o outro, criando um movimento oscilante detectável, algo que a equipe buscou e não achou.
Megaestruturas alienígenas
Uma sociedade alienígena teria construído uma quantidade absurda de painéis coletores de
energia solar com uma grande variedade de tamanhos e órbitas em torno da estrela. O efeito combinado
dos painéis menores do enxame seria bloquear parte da luz da estrela como uma tela translúcida. [...] Até
que se obtenham mais medidas com outros equipamentos e mais análises de outras equipes, nossas
especulações sobre a EdB serão limitadas apenas por nossa imaginação e uma saudável dose de física.
Como acontece com os melhores quebracabeças da natureza, a jornada até chegarmos à verdade que
está por trás dessa estrela enigmática está longe de acabar.
(Kimberly Cartier e Jason Wright, Scientific American – Brasil, no. 174, junho 2017, p. 46 a 49. Adaptado)
Elabore um resumo do texto acima que contemple as peculiaridades da estrela EdB, as explicações
científicas para esse comportamento e o posicionamento da revista.
ter de 12 a 15 linhas;
respeitar as características de um resumo;
ser elaborado com suas próprias palavras.
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Redação UFPR sem mistérios
Escrever é um ato não natural. Como observou Charles Darwin, “o homem tem uma tendência
instintiva para falar, basta ver o balbucio de nossas crianças pequenas, ao passo que criança alguma tem
tendência instintiva para cozinhar, preparar infusões ou escrever”.
A palavra falada é mais velha do que nossa espécie, e o instinto para a linguagem permite que as
crianças engatem em conversas articuladas anos antes de entrar numa escola. Mas a palavra escrita é
uma invenção recente que não deixou marcas em nosso genoma e precisa ser adquirida mediante esforço
ao longo da infância e depois. A fala e a escrita diferem em seus mecanismos, é claro, e essa é uma das
razões pelas quais as crianças precisam lutar com a escrita: reproduzir os sons da língua com um lápis ou
com o teclado requer prática. Mas a fala e a escrita diferem também de outra maneira, o que faz da
aquisição da escrita um desafio para toda uma vida, mesmo depois que seu funcionamento foi dominado.
Falar e escrever envolvem tipos diferentes de relacionamentos humanos, e somente o que diz respeito à
fala nos chega naturalmente. A conversação falada é instintiva porque a interação social é instintiva:
falamos às pessoas “com quem temos diálogo”. Quando começamos um diálogo com nossos
interlocutores, temos uma suposição de que já sabem e do que poderiam estar interessados em aprender,
e durante a conversa monitoramos seus olhares, expressões faciais e atitudes. Se eles precisam de
esclarecimentos, ou não conseguem aceitar uma afirmação, ou têm algo a acrescentar, podem
interromper ou replicar.
Não gozamos dessa troca de feedbacks quando lançamos ao vento um texto. Os destinatários são
invisíveis e imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem conhecê-los bem ou sem ver suas reações.
No momento em que escrevemos, o leitor existe somente em nossa imaginação. Escrever é, antes de
tudo, um ato de faz de conta. Temos que nos imaginar em algum tipo de conversa, ou correspondência,
ou discurso, ou solilóquio, e colocar palavras na boca do pequeno avatar que nos representa nesse mundo
simulado. [...]
(Pinker, Steven. Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância. São Paulo: Contexto,
2016, p. 41-2.)
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Critérios de correção
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TEXTOS DE OPINIÃO
Eis aqui mais um gênero que estará com toda certeza presente no seu exame: o texto dissertativo
argumentativo. Em geral, a avalição seguirá as normas dessa modalidade textual, que são a presença de
uma tese – que na UFPR deve ser explícita – e de argumentos que a sustentem, a comprovem.
d) A IMPORTÂNCIA DA RESSALVA
Não é incomum que a UFPR peça que você se posicione sobre algo, mas apresente os dois lados
da questão. Ou seja, isso não quer dizer que você irá ficar “em cima do muro”, e sim que irá fazer ressalvas,
algo como “Embora haja tal ponto e tal ponto que dificultam X, o fato é de que sua legalidade suplanta
tais entraves”. Veja que a marca da ressalva geralmente é um "Embora”, ou um “Ainda que”, ou “A
despeito de”.
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Texto 1.
Um estudo mostrou que depois que a pílula anticoncepcional passou a ser amplamente usada nos
EUA nos anos 1970, o número de mulheres na pós-graduação ou que investiam em carreiras profissionais
aumentou radicalmente. A proporção de advogadas e juízas, por exemplo, subiu de 5% em 1970 para
quase 30% em 2000. Apenas 9% dos médicos eram mulheres em 1970; o número era de quase 30% em
2000. O mesmo padrão existe para dentistas, arquitetas, engenheiras e economistas.
A pílula não fez isso tudo sozinha, mas teve um papel importante. Antes de sua aparição, o padrão
antigo que as mulheres norte-americanas seguiam era terminar o ensino médio e casar imediatamente
ou alguns anos mais tarde, adiando o casamento apenas tempo suficiente para obter um diploma de
graduação. Goldin e Katz descobriram em 2002 que, após o advento da pílula, a idade do primeiro
casamento das mulheres começou a subir, acompanhando a taxa de sua participação em programas de
pós-graduação.
(Adaptado de: HAGER, T. Dez drogas: as plantas, os pós e os comprimidos que mudaram a história da medicina.
Tradutor: A. Xexenesky. São Paulo: Todavia, 1. ed., 2020, p. 197.)
Texto 2.
Foi somente após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), de 1961, que as
mulheres brasileiras tiveram mais oportunidades de ingressar no ensino superior. Até o fim da década de
1960, as mulheres representavam apenas um quarto das pessoas com educação superior no Brasil [...]
Contudo, a situação mudou rapidamente. Em 1980, as mulheres somavam 45,5% das pessoas com
educação superior, mas, no ano 2010, elas correspondiam a 58,2% dos universitários brasileiros. [...] O
Brasil é um exemplo de país que conseguiu reverter o hiato de gênero na educação em geral e na educação
superior em particular. O caso brasileiro pode servir de exemplo na medida em que as políticas
universalistas adotadas no país – tais como o direito do voto feminino, a educação igualitária, os direitos
civis e de família da Constituição de 1988 – contribuíram para que as mulheres avançassem na conquista
de maiores níveis educacionais.
(Adaptado de: ALVES, J.E.D.; CAVENAGHI, S.M. et al. Meio Século de feminismo e o empoderamento das mulheres....
In: BLAY, E. A.; AVELAR, L. (orgs.). 50 anos de feminismo: Argentina, Brasil e Chile: a construção das mulheres como
atores políticos e democráticos. São Paulo: EDUSP, 2017. p. 15-54.)
Redija um texto de opinião que identifique o tema comum aos dois textos e analise os aspectos
trazidos por cada um deles.
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Redação UFPR sem mistérios
- concluir com a defesa de um ponto de vista sobre o assunto, em diálogo com as análises
apresentadas.
Leia a crônica abaixo – “A sociedade líquida”, de 2015 –, escrita pelo filósofo italiano Umberto Eco, que
serve de introdução ao último livro do escritor, Pape Satan Aleppe: crônicas de uma sociedade líquida,
publicado postumamente.
A ideia de modernidade ou sociedade “líquida” deve-se, como todos sabem, a Zygmunt Bauman. A
sociedade líquida começou a delinear-se com a corrente conhecida como pós-moderno (aliás, um termo
“guarda-chuva” sobre o qual se amontoam diversos fenômenos, da arquitetura à filosofia e à literatura,
e nem sempre de modo coerente). O pós-modernismo assinalava a crise das “grandes narrativas” que se
consideravam capazes de impor ao mundo um modelo de ordem e fazia uma revisitação lúdica e irônica
do passado, entrecruzando-se em várias situações com pulsões niilistas. Mas para Bordoni, o pós-
modernismo também conheceu uma fase de declínio. [...] Servia para assinalar um acontecimento em
andamento e representou uma espécie de balsa que levava da modernidade a um presente ainda sem
nome. Para Bauman, entre as características deste presente nascente podemos incluir a crise do Estado
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Redação UFPR sem mistérios
(que liberdade de decisão ainda têm os Estados nacionais diante dos poderes das entidades
supranacionais?). Desaparece assim uma entidade que garantia aos indivíduos a possibilidade de resolver
de modo homogêneo vários problemas do nosso tempo, e, com sua crise, despontaram a crise das
ideologias, portanto, dos partidos e, em geral, de qualquer apelo a uma comunidade de valores que
permita que o indivíduo se sinta parte de algo capaz de interpretar suas necessidades. Com a crise do
conceito de comunidade, emerge um individualismo desenfreado, onde ninguém é mais companheiro de
viagem de ninguém, e sim seu antagonista, alguém contra quem é melhor se proteger. Esse
“subjetivismo” solapou as bases da modernidade, que se fragilizaram, dando origem a uma situação em
que, na falta de qualquer ponto de referência, tudo se dissolve numa espécie de liquidez. Perde-se a
certeza do direito (a justiça é percebida como inimiga) e as únicas soluções para o indivíduo sem pontos
de referência são o aparecer a qualquer custo, aparecer como valor [...], e o consumismo. Trata-se, porém,
de um consumismo que não visa a posse de objetos de desejo capazes de produzir satisfação, mas que
torna estes mesmos objetos imediatamente obsoletos, levando o indivíduo de um consumo a outro numa
espécie de bulimia sem escopo (o novo celular nos oferece pouquíssimo a mais em relação ao velho, mas
descarta-se o velho apenas para participar dessa orgia do desejo).
Elabore um texto a partir da pergunta que fecha o texto de U. Eco. Seu texto deverá:
contextualizar a temática;
identificar características relevantes da sociedade atual apontadas por U. Eco;
dialogar com essa caracterização, apresentando uma reflexão na direção proposta pela
pergunta;
apresentar as razões que embasam a reflexão que você está desenvolvendo;
ter entre 10 e 15 linhas;
respeitar as características discursivo-formais do gênero solicitado.
Critérios de correção
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Quando olhamos para as citações que um artigo recebeu, estamos considerando um grupo
relativamente limitado de pessoas que o usaram: aquele grupo que se interessou, leu e utilizou aquele
texto para construir e publicar o seu próprio trabalho. Esse grupo com certeza é muito importante – afinal,
é assim que se faz ciência, com pesquisadores usando trabalhos de outros pesquisadores para construir
conhecimento novo. Mas a citação não é o único uso que um artigo científico pode ter. Estudantes leem
artigos como parte da sua formação profissional. Profissionais leem artigos para ficar em dia com novas
tendências da área e para resolver questões específicas, como definir um diagnóstico médico. Pacientes,
gestores, ativistas, amadores, wikipedistas, curiosos, muita gente pode se interessar pela literatura
científica, pelos mais diversos motivos.
Hoje, nas redes sociais, encontramos traços desses interesses por artigos científicos e pela ciência.
O biólogo compartilha seu artigo novo no Facebook. A astrônoma explica sua pesquisa em um vídeo no
YouTube. A cientista social escreve uma sequência no Twitter mostrando com o que a pesquisa acadêmica
pode contribuir para a sociedade... São atos que não necessariamente geram citações, mas demonstram
que a utilidade da ciência não se resume ao que é publicado formalmente em periódicos consagrados.
As métricas dessa disseminação de trabalhos científicos nas redes sociais, que chamamos
altmetrias (do inglês altmetrics, encurtamento da expressão alternative metrics – métricas alternativas,
em português), vão aos poucos se incorporando ao nosso cotidiano. Em alguns periódicos e repositórios,
encontramos, junto aos dados de download, informações sobre quantas vezes o arquivo foi
compartilhado. Para alguns, as altmetrias podem ser indicadores do impacto social da ciência, algo
importante para a sociedade que quer e deve acompanhar o que se faz com os recursos públicos
investidos em ciência.
Mas quais seriam essas métricas? Podemos lançar o olhar para a disseminação dos conteúdos em
tuítes e posts de divulgação, ver a interação dos usuários a partir desses posts (as tais curtidas e reações
do Facebook e corações do Twitter), os downloads dos artigos e sua incorporação em gestores de
referência como o Mendeley e a geração de conteúdo a partir do uso dos artigos em documentos como
blogues, sites e Wikipedia. Podemos avaliar quantitativamente as diferentes reações (no caso do
Facebook), redes de relações e compartilhamentos dos usuários, ler os comentários e respostas, enfim,
ver todo esse processo que vai da divulgação científica ao diálogo entre pares, em um olhar sobre a ciência
e sua disseminação e comunicação.
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que pode ser uma demonstração de interesse mas demanda pouco esforço do usuário. Se queremos
transformar os tais polegares e corações em indicadores, eles precisam estar refletindo mais do que mera
repercussão viral e ir mais fundo.
(Fábio Castro Gouveia (Fundação Oswaldo Cruz) e Iara Vidal Pereira de Souza (UFRJ). Revista Ciência Hoje, edição
348, outubro de 2018. Disponível em: <http://cienciahoje.org.br/artigo/a-ciencia-compartilhada-na-rede>.
Adaptado.)
Com base nessa leitura, escreva um texto argumentativo sobre a relação entre ciência e redes sociais,
procurando dar uma resposta à questão que se levanta no primeiro parágrafo: não seria interessante
considerar a altmetria uma nova forma de medir os impactos da ciência?
contextualizar o tema;
conter um posicionamento, com as devidas justificativas, acerca do uso da altmetria para
avaliar os impactos da ciência;
identificar e opor pontos positivos e pontos negativos do uso da altmetria;
apresentar os elementos formais e discursivos característicos de um texto argumentativo;
ter no mínimo 10 e no máximo 12 linhas.
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um interesse falso por causa da influência de sua bolha ideológica, preferindo assuntos só pra se manter-se no grupo.
Portanto, embora o método da quantidade de citações pareça estar ultrapassado, ainda é o que assegura maior
credibilidade nos resultados, em comparação à altmetria.
[...] agora habitamos, de modo sem precedentes, dois mundos diferentes – o ‘on-line’ e o off-line’ –, ainda
que sejamos capazes de passar de um para outro de forma tão suave, a ponto de isso ser, na maioria dos
casos, imperceptível, de vez que não há nem fronteiras demarcadas ou controles de imigração entre elas,
nem agentes de segurança para verificar nossa inocência ou funcionários da imigração checando nossos
vistos e passaportes. Com muita frequência conseguimos estar nos dois mundos ao mesmo tempo [...].
Pode-se fazer uma longa lista de diferenças entre os dois mundos, mas uma delas parece ter mais peso
sobre nossas reações aos desafios da ‘crise migratória’. Dentro do mundo off-line eu estou sob controle
– espera-se que me submeta ao controle de circunstâncias contingentes, voláteis, e muitas vezes sou
forçado a isso – para que obedeça, me ajuste, negocie meu lugar, meu papel, assim como o equilíbrio de
direitos e deveres – tudo isso vigiado e imposto pela sanção, explícita ou suposta, da exclusão e da
expulsão. Enquanto no mundo on-line, pelo contrário, eu sou responsável e estou no controle. On-line,
sinto que sou o administrador das circunstâncias, aquele que estabelece a agenda, recompensa a
obediência e pune a indisciplina, que detém a arma do banimento e da exclusão. Eu pertenço ao mundo
off-line, enquanto o mundo on-line pertence a mim.
(In: BAUMAN, Zygmunt. Estranhos à nossa porta. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 101/102.)
Escreva um texto argumentativo no qual você concorde ou discorde da afirmação contida na última
frase do excerto, síntese do pensamento do autor, em face da tirinha de Dahmer.
ter de 12 a 15 linhas;
apresentar seu posicionamento relativamente ao tema da afirmação;
conter as justificativas de seu posicionamento.
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Vivemos, no Brasil de hoje, um momento curioso em que todos, de repente, resolveram politizar-
se. Até pouco tempo atrás, vigorava um senso comum de que não valeria a pena discutir a respeito de
política, porque, afinal de contas, políticos são todos corruptos. Opinião política era considerada uma
coisa tão pessoal, que não era de bom tom perguntar a respeito disso a ninguém, assim como não se
perguntaria quanto uma pessoa ganha ou qual seria a sua fé (ou ao menos assim ditavam os bons
costumes). Agora, em especial no que concerne à política, já não me parece que as coisas são assim. Um
maior acesso à informação, aliado à abertura de um novo canal de diálogo nas redes sociais, tem feito
com que as pessoas passem mais frequentemente a dar voz às suas opiniões, entrando, por isso mesmo,
muitas vezes em confronto com conhecidos e familiares. Nisso, há um agravante: justamente por não
termos prática de debater a respeito de política, há uma enorme confusão de conceitos dentro do que
hoje constitui o diálogo político médio no Brasil, o que em nada ajuda a mitigar a situação de confronto.
Dentro de uma sociedade humana organizada, a vida política envolve questões atuantes em dois
eixos, o econômico e o social, que caracterizam, mediante leis (da parte do governo) e costumes (da parte
da sociedade), a existência humana em comum. Cada um desses eixos abrange uma pluralidade de
questões, as quais, por vezes, têm participação em ambos os eixos simultaneamente.
Há, basicamente, dois tipos de indivíduo no centro: os que têm de fato uma postura comedida e
apregoam um posicionamento moderado em todas as questões; e aqueles que simplesmente têm um
posicionamento misto, sem fortes inclinações nem para um lado nem para o outro. Alguns talvez não
tenham interesse em política; outros podem estar indiferentes com a situação atual, sem grandes
intenções de mudá-la nem de perpetuá-la; outros ainda podem apenas ser cautelosos e acreditar que é
preciso moderação para abordar questões complexas e polêmicas. A partir da definição do que é ser de
centro, podemos tentar identificar o que poderia significar ser de esquerda e ser de direita, ao menos em
uma definição inicial, por mais insuficiente que ela possa ser para um diálogo mais aprofundado.
Não é difícil ver que essas posições extremas são perigosíssimas. Entretanto, certamente há
ocasiões em que ambas têm seu valor: em uma situação de extrema injustiça e ausência de qualquer
outra solução, é compreensível que pessoas adotem uma posição revolucionária, da mesma forma como
é compreensível que, em uma situação de extremo contentamento geral, pessoas estejam prontas para
impedir, até por meios violentos, que se estrague o bom funcionamento da sociedade. O grande perigo
reside no erro de diagnose, tanto de se fazer a revolução quando ela não é necessária como de se
defender a manutenção de uma situação injusta.
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Mais do que isso: há enorme perigo em não perceber que essas posições extremas não são o
único caminho para se orientar a sociedade mais para a esquerda ou mais para a direita, isto é, operando
mudanças sociais a fim de buscar melhorias para a qualidade de vida da maioria (movimento à esquerda)
ou focando em coibir mudanças sociais a fim de preservar o funcionamento atual da sociedade
(movimento à direita). Há que se notar ainda que os dois movimentos podem ser feitos ao mesmo tempo,
para áreas diferentes de nossa sociedade, preservando as leis e tradições que são frutuosas, mas dando
espaço para mudanças nos pontos em que elas são necessárias.
Quando digo vida política, claro, não me refiro apenas à política como o exercício de cargos
governamentais; refiro-me à vidado ser humano como organismo político, isto é, um organismo partícipe
de uma πόλις (pólis), ou seja, um πολίτης (polítēs), um membro de uma sociedade humana organizada.
Por democracia próspera e saudável, defino uma sociedade não perfeita, mas em que há o
bastante para todos de forma mais ou menos semelhante, a ponto de não haver necessidade para uma
revolução, mas, ao mesmo tempo, a ponto de ainda haver (como talvez sempre haja) questões sociais
e/ou econômicas a serem resolvidas. Antes de estar pensando em um exemplo real, penso aqui em um
ideal do qual as diferentes sociedades humanas se aproximam mais ou menos.
(Adaptado de Leonardo Antunes. Disponível em: <http://www.jornalja.com.br/esquerda-direita-ou-centro/>.
Acesso em 06/07/2016.)
Segundo o autor, o maior acesso à informação modificou a participação das pessoas no debate a
respeito de política.
Escreva um texto explicitando como o autor caracteriza o cenário atual no tocante a essa participação
e, com base na distinção que ele faz entre os diferentes posicionamentos políticos, defina em qual deles
você se enquadra.
ter de 10 a 12 linhas;
definir sua posição atendo-se aos elementos apresentados no texto-base;
justificar a posição assumida por você.
IMPORTANTE: Você será avaliado pela consistência dos argumentos escolhidos e pela clareza e
organização de seu texto, NÃO pela posição que tomar
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A ascensão política de Donald Trump nos EUA, a decisão britânica de deixar a União Europeia e a
definição contrária ao acordo de paz na Colômbia têm sido elencados como exemplos de uma crise da
democracia global e dos sistemas de representação política. [...]
Para o filósofo norte-americano Jason Brennan, os três casos são símbolo de problemas na
tomada de decisões políticas. Esses impasses favorecem a participação das pessoas em detrimento do
conhecimento que elas têm sobre a realidade em questão – o que leva, segundo ele, a escolhas irracionais.
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Este é o caso específico do “brexit”, na visão de Brennan, em que as pessoas tomaram “uma
decisão estúpida” porque não tinham informações sobre a realidade britânica. E é o modelo que
aproximou Trump da Presidência dos EUA, apesar de fazer campanha com pouco apego a fatos reais e a
mentir em 71% das suas declarações, segundo o site PolitiFact, que checa discursos políticos. [...]
Em entrevista à Folha, por telefone, Brennan falou sobre suas críticas aos sistemas democráticos,
reunidas no recente livro “Against Democracy” (contra a democracia), em que sugere a implementação
de um sistema político diferente: a epistocracia. Ele defende que apenas uma elite com conhecimento
aprofundado sobre temas de relevância nacional possa tomar decisões.
Criticado por sua visão de mundo “elitista”, ele diz que a democracia ainda é o melhor sistema de
governo, mas que isso não significa que não precise evoluir.
Epistocracia (ou epistemocracia, como também aparece citado em trabalhos acadêmicos no Brasil),
é um conceito de sistema político baseado na ideia de epistem. O termo foi usado por Platão na
filosofia grega, no século 4º a.C., para se referir ao “conhecimento verdadeiro”, em oposição à opinião
infundada, sem reflexão.
Por esse sistema, o poder político não deveria ser distribuído igualmente a todos os cidadãos, em
contraposição à democracia, mas sim estas nas mãos das pessoas sábias.
(Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1829957>)
ter de 10 a 12 linhas;
explicitar em linhas gerais as ideias de Jason Brennan;
assumir uma posição contra ou a favor dela, contrapondo argumentos se for contra, ou
reforçando os já apresentados se for a favor.
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Segundo a mitologia grega, Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa
Liríope. Quando nasceu, o adivinho Tirésias profetizou que ele teria uma vida longa se não visse a própria
face. Depois de adulto, após uma caçada, ele se debruçou numa fonte para beber água. Nessa posição,
viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria imagem. Ali ficou, imóvel na contemplação de
seu rosto refletido, e assim morreu.
(Fonte: KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.)
explicite qual é o comportamento criticado na charge e a relação que o autor estabelece entre
essa tendência atual e o mito grego;
posicione-se em relação à crítica de Benett e justifique o ponto de vista defendido por você.
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TIRAS E CHARGES
Tiras e charges são textos que combinam elementos verbais e não verbais. É da soma desses
recursos com o conhecimento que o leitor possui da realidade que resulta a apreensão do significado e
do efeito de humor, sempre presente nessas publicações. Portanto, numa proposta de interpretação de
tiras ou charges, o processo de descrição dos elementos verbais (palavras) e dos não verbais (imagens)
é fundamental. A explanação do entendimento da crítica e do efeito de humor deve vir acompanhado da
exposição dos recursos que os produziram. Essa descrição junto com a menção ao autor e à fonte
promovem a autonomia do texto, ou seja, a possibilidade de que ele seja compreendido sem que o leitor
precise recorrer ao texto motivador – condição essencial para que a redação seja considerada adequada.
Como diferencio uma tira de uma charge? Além da distinção aparente, já que charges
normalmente são publicadas em um único quadro, enquanto tiras podem ocupar vários, há a diferença
temática.
Charges são vinculadas ao noticiário. Voltam-se quase sempre a fatos que acabaram de acontecer
e que estão sendo divulgados na mídia. Política, economia, meio ambiente, saúde e criminalidade estão
entre os temas recorrentes, já que também geram manchetes frequentes nos meios de comunicação.
Desse modo, ao interpretar uma charge, é necessário relacioná-la ao fato específico que a motivou.
As tiras, por outro lado, promovem reflexões sobre os costumes, a cultura, os hábitos, etc., não
estando diretamente ligadas a um fato, mas a práticas comuns nas diversas sociedades. São mais
atemporais e podem ser interpretadas sem a necessidade de “retorno” a um contexto específico.
Ao produzir um texto que envolva uma dessas duas modalidades, nomeie-as; deixe claro que
você sabe se é uma tira ou uma charge. Lembre-se também de que não há apenas uma interpretação
válida; porém, qualquer que seja o entendimento, precisa ser “autorizado” por elementos presentes na
tira ou na charge, que precisam ser descritos. Valorize todos os detalhes verbais (títulos, falas dos
personagens, eventuais inscrições...) e os não verbais (expressão dos personagens, vestimenta, lugares,
objetos). Lembre-se de tentar captar a crítica feita pelo autor e o efeito de humor alcançado. Só
manifeste opinião pessoal se for solicitada. Informações bibliográficas (autor, veículo e data de
publicação) são fundamentais.
Considere o texto abaixo, em que Neil Degrasse Tyson aborda a relação entre equilíbrio social e
desenvolvimento científico e tecnológico:
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(WATTERSON, Bill. O mundo é mágico: as aventuras de Calvin e Haroldo. São Paulo: Conrad Editora, 2007.)
Em um texto de 6 a 8 linhas, explique a lógica da afirmação do último quadro da tira: "Se quiséssemos
mais lazer, devíamos inventar máquinas menos eficientes."
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Paixão. In: Gazeta do Povo, 13 jun. 2012. Marines hasteiam a bandeira dos Estados Unidos, após
batalha contra os japoneses e ocupação da ilha de Iwo
Jima/Japão, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
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Observe a charge de Paixão publicada durante a realização no Rio de Janeiro da Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Considerando os elementos representados na
charge e sua relação com a foto ao lado, escreva um texto explicitando a opinião de Paixão sobre a
Rio+20.
Seu texto deve:
ter de 10 a 12 linhas;
indicar não apenas o ponto de vista do autor, mas também os elementos gráficos em que se
fundamenta sua interpretação.
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Como proceder a uma leitura eficiente de cada uma dessas representações textuais e à escrita de
um texto adequado?
1- A primeira recomendação vale para todo gênero textual proposto no vestibular, não apenas para
esses. Diz respeito à autonomia do texto. Lembre-se de que o leitor não está tendo acesso às
representações gráficas. Portanto, você precisa descrevê-las; não basta afirmar que aumentou ou que
reduziu determinado valor. É indispensável mencionar alguns dados numéricos como referência.
2- Preste muita atenção aos verbos presentes no comando da questão. Expor, citar, descrever e
informar são verbos que solicitam apenas a demonstração dos dados, sem avaliações. Por outro lado,
comentar, analisar, avaliar, opinar... propõem um maior aprofundamento e a apresentação de um
parecer de quem escreve o texto.
3- Mencione sempre a fonte, mas não confunda o órgão que fez a pesquisa (por exemplo, IBGE,
DATASUS, IBOPE, Datafolha) com o veículo que a publicou/divulgou (jornal, revista ou site).
8- As legendas, que muitas vezes aparecem de forma bem discreta, são parte importante na
compreensão dessas representações textuais. Dê atenção a elas. Para uma perfeita leitura e
compreensão dos dados, é fundamental:
- avaliar se as escalas são crescentes ou decrescentes; se revelam aumento ou redução;
- comparar os dados procurando observar semelhanças e contrastes entre eles;
- observar os pontos extremos: como não há espaço no texto para todos os dados, é importante
selecionar os que revelam o ponto culminante de uma série (para mais ou para menos).
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(Fontes: <http://www.uece.br/labvida/index.php/noticias/14-lista-de-noticias/137-63-das-vitimas-da-violencia-
em-fortaleza-sao-jovens>. Acessado em 23/06/2017.
<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/nota_tecnica/160322_nt_17_atlas_da_violencia_2016_finali
zado.pdf>. Acessado em 10/11/2017>. Adaptado)
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Fonte: <http://www20.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2016/09/09/noticiasjornalcotidiano,3657675/77-das-
100-melhores-escolas-do-pais-estao-no-ceara-mostra-ideb.shtml>. Acessado em 23/06/2017.)
As duas notícias evidenciam um contraste social entre a capital e algumas das cidades do estado do
Ceará. Elabore um texto que exponha as duas situações, selecionando dados de cada uma delas.
ter de 12 a 15 linhas.
Citar de forma contextualizada pelo menos dois dados selecionados de cada texto.
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Fonte: <http://entretenimento.ne10.uol.com.br/literatura/noticia/2016/05/18/615476.php>.
Escreva um texto, com no mínimo 10 e no máximo 12 linhas, em que você apresente a um leitor as
informações do enunciado e do infográfico, explicitando as correlações possíveis entre os dados.
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Critérios de correção
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(Disponível em <http://planetasustentavel.abril.com.br/download/stand3-painel8-ocupacao-espaco.pdf>.
Acessado em 19 set. 2015. Adaptado.)
Escreva um texto informativo fazendo uma comparação entre os três meios de transporte
contemplados na imagem.
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COMPARAÇÃO/CONFRONTO
Neste gênero textual, são considerados regulares, como você pode constatar nas redações de
alunos avaliados pela UFPR, os textos que apenas parafraseiam os pontos de vista e os colocam lado a
lado, unidos por um conectivo, como entretanto, por outro lado, em contrapartida. São redações que
não procedem de fato a uma comparação.
Para garantir que seu texto seja classificado como bom, agrupe modos de pensar semelhantes
e explicite que nesse ponto há convergência de opiniões. Agrupe, em seguida, os pontos de vista
divergentes e, do mesmo modo, esclareça textualmente que há ali diferenças na forma de pensar.
Certamente, o resumo e a paráfrase são necessários, porém não bastam. É necessário que a comparação
seja explícita.
Preocupe-se especialmente com a coesão e com a escolha vocabular: valha-se de verbos que
têm a clara função de opor, como discordar, divergir, ir de encontro a, opor-se...., e de outros que
estabeleçam concordância, como concordar, convergir, ir ao encontro de.... Utilize expressões que têm
a função de unir um período/ideia a outro/a, como além disso, ainda, ademais..., e as que têm função
de opor ideias/informações, como em contrapartida, em oposição, de modo divergente, entretanto,
contudo...
As duas charges foram publicadas no dia do primeiro turno das eleições de 2008. Compare os pontos
de vista veiculados pelos personagens. Seu texto deverá atender os seguintes requisitos:
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Veja – Exposição demais à violência por meio de fotos e imagens de televisão pode levar as
pessoas à indiferença e à passividade?
Susan – Essa foi uma ideia que comecei a discutir nos anos 70, quando escrevi meu primeiro
ensaio sobre fotografia, e que senti a necessidade retomar agora. Naquela época eu disse de maneira um
tanto forte que as imagens poderiam, sim, nos tornar passivos. Hoje eu acredito que isso não é
necessariamente verdade. As coisas só acontecem dessa maneira se a mensagem que acompanha a
imagem for a de que nada pode ser feito.
Se a mensagem subliminar for “sim, tudo é horrível, mas interferir está fora de nossas
possibilidades”, aí ela leva você à passividade. E é preciso estar alerta também para a compaixão e a
simpatia fácil que as imagens de sofrimento nos provocam. (...) Esse tipo de surpresa é uma espécie de
clamor de inocência, um álibi. Precisamos sempre questionar o papel da compaixão quando vemos algo
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terrível que está acontecendo longe de nós. Se não carregar consigo a ideia de que as coisas podem
mudar, talvez você se torne realmente passivo e comece a pensar na realidade como um espetáculo.
(Veja, ed. 1817, ago. 2003)
Veja – O que o senhor acha da tese de que a violência no cinema e na televisão estimula o público
a agir da mesma forma?
Em um texto de até 10 linhas, compare os pontos de vista de Susan Sontag e Steven Spielberg sobre os
efeitos da exposição do público a imagens de violência.
Texto 1:
Perguntas diferentes foram feitas pela revista Veja (ed. 1817 e ed. 1821, respectivamente) aos
entrevistados Susan Sontag e Steven Spielberg. A escritora respondeu a respeito da indiferença e passividade que
podemos desenvolver por meio de imagens e fotos referentes à violência. Já o cineasta concordou que o público
diante de cenas de violência da ficção se sente estimulado a agir violentamente sobretudo pelo fascínio que temos
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ao assistir a grandes produções. Porém, as duas entrevistas estão relacionadas à influência que os meios de
comunicação, especialmente a televisão, exercem em nossas ações e conceitos no quesito violência. Sontag e
Spielberg concordam no aspecto do deslumbramento com as imagens. Ela quando comenta que ao nos tornarmos
passivos, enxergamos a realidade como espetáculo, e ele quando menciona que as cenas de violência no cinema
muitas vezes tornam-se até românticas.
Texto 2:
As perspectivas da escritora Susan Sontag e do cineasta Steven Spielberg são divergentes quanto aos
efeitos decorrentes da exposição de imagens violentas ao público. A escritora afirma, em entrevista à revista Veja,
ed. 1817, que, se a mensagem embutida nas cenas trouxer ao espectador a sensação de que ele não pode fazer nada
para mudar o quadro de violência na sociedade, esta imagem será negativa e levará as pessoas à passividade. Além
disso, ela destaca que é preciso tomar cuidado com a compaixão que tais cenas provocam em nós. As pessoas devem
separar esse sentimento da realidade nua e crua, para que a violência do dia a dia não se torne um “espetáculo”.
Já Spielberg, ao contrário da escritora, pontua, também em entrevista à revista Veja, ed. 1821, que cenas violentas
no cinema induzem as pessoas a imitarem os mesmo atos, e não que isso as leve à indiferença. Isso porque as
imagens violentas no cinema são romantizadas, muito aquém da realidade e do horror que a violência cotidiana
realmente gera.
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NARRATIVA E RELATO
A narrativa e o relato são gêneros distintos. Enquanto a primeira pode ser inteiramente criada,
sem compromisso com o real, o segundo traz outra vez o acontecido, ou seja, é contado por alguém que
participou do ocorrido ou que teve notícia dele ou, ainda, testemunhou-o. É característico da linguagem
jornalística e de depoimentos pessoais. Na narrativa, realidade e ficção podem se mesclar, sem limites de
onde uma acaba e a outra se inicia, enquanto no relato, reproduz-se um evento real; trata-se de uma
cópia, que pode até ser inventada, como um depoimento forjado ou mentiroso, mas que sempre,
teoricamente, é a reprodução da realidade.
Feitas essas distinções, é preciso ficar atento ao que é solicitado. A proposta de 2018, por
exemplo, de continuidade do depoimento da surfista Maya Gabeira à revista Veja era um relato de um
episódio real. Ciente disso, o vestibulando não poderia acrescentar ao texto detalhes fantásticos, como o
surgimento de um herói com asas, por exemplo, pois fugiria totalmente das características do gênero.
Entretanto, na narrativa proposta em 2020, com base numa história de quadrinhos não concluída, havia
espaço para uma maior inventividade, até para o acréscimo de elementos fantásticos, se coerentemente
inseridos.
CONTINUAÇÃO DE RELATO
Dê continuidade à narrativa a partir do ponto em que foi interrompida, garantindo a coerência entre o
trecho inicial e o trecho posterior à interrupção.
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Sou surfista de ondas gigantes e passei muitos anos perseguindo a maior de todas. Cismei que ia
ter esse título, mais difícil ainda por eu ser uma mulher disputando em um mundo de homens, e fui
atrás dele com persistência. Quase morri em 2013 no mar de Nazaré, em Portugal, hoje o local onde se
formam as ondas mais altas do mundo, e mesmo assim não desisti. Neste ano, aconteceu: surfei uma
onda de mais de 20 metros, a maior da minha vida. Eu consegui, mas a conta não foi nada barata. Tive
meu primeiro contato com o oceano revolto de Nazaré há exatamente cinco anos. Era um mar ainda
pouco explorado, mas cheguei e pensei: se eu quiser ser reconhecida como surfista de onda grande, é
aqui que tenho de praticar.
Fui a primeira mulher a enfrentar as ondas de lá. Depois de vinte dias treinando, o mapa
meteorológico apontou uma ondulação enorme para o dia 28 de outubro daquele 2013.
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Escreva um texto narrativo contando os fatos apresentados no excerto e elabore um desfecho para a
história.
fazer a transposição da linguagem visual para a linguagem verbal, na forma de uma narrativa,
fornecendo elementos para que o leitor possa compreender o contexto narrado e o
comportamento e reações dos personagens sem precisar recorrer às imagens;
propor um desfecho para a história, coerente com o enredo apresentado;
ter entre 10 e 15 linhas;
respeitar as características discursivo-formais do gênero solicitado.
Critérios de correção
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Tentei dizer algo em minha defesa, mas o rapaz que havia gritado me deu no peito um soco tão violento que apaguei.
Quando recobrei a consciência, o mais fraco e a mulher estavam dando tapinhas em meu rosto, buscando me reanimar. Ela então
se disse dona da bolsa que eu supostamente havia roubado, mas disposta a esquecer o ocorrido, já que nada havia desaparecido.
“E o corpo?”, pensei alto, olhando por todo lado e nada constatando. “Corpo?”, entreolharam-se cinicamente.
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CARTA ARGUMENTATIVA
A carta argumentativa é uma modalidade redacional que envolve narração, descrição e
dissertação. A instituição poderá pedir a você que escreva uma carta a um interlocutor específico
(autoridade, personalidade, amigo), ou para um interlocutor genérico (carta do leitor). Essa última
destina-se a ser publicada no veículo a que é endereçada (jornal, revista, site) e caracteriza-se por se
relacionar com publicações desse meio de comunicação. É útil para o remetente, que pode criticar, elogiar
comentar matérias, sugerir pautas, etc., e para o próprio veículo, que pode assim aferir a própria
popularidade e o engajamento com o público gerado por determinado conteúdo.
1 – Vocativo - Na carta do leitor, a própria Federal costuma colocar um “Sr. Editor”, para facilitar. Mas,
se não estiver escrito, você deve eleger o editor como seu interlocutor e manter a forma já sugerida pela
Universidade. Nesse caso, não repita o vocativo ao longo da carta. Já, na carta a um interlocutor definido
(uma autoridade, um amigo, um autor X....), há não só necessidade de colocar o vocativo no início do
texto – adotando um pronome de tratamento respeitoso, se for uma autoridade ou qualquer pessoa
com quem você não tem intimidade –, como também de reiterá-lo algumas vezes na carta.
2- Contexto – Crie um contexto em que você dê ao seu interlocutor as informações básicas para que ele
saiba do que você está falando. Por exemplo. “Com relação à matéria publicada neste jornal no dia
10/04/20...” (carta de leitor) ou “Com relação ao ponto de vista defendido pelo Senhor em...” (carta com
interlocutor específico). Cuidado para não incorrer num erro muito comum que é o de iniciar o texto
com “Esse é um problema muito sério...” Afinal, qual é o problema muito sério? Se não houver
contextualização, o leitor não saberá a que você se refere. Cuidado também para não escrever à revista
ou jornal como se estivesse se dirigindo a um outro veículo. Por exemplo, não escreva à Folha de S.
Paulo dizendo "Li na Folha de S. Paulo...”; diga “Li aqui na Folha...” ou “Li aqui neste jornal...”.
3 - Opinião- Note que você está escrevendo para esta pessoa ou jornal exatamente porque quer opinar
sobre algo. É preciso que a sua opinião apareça; do contrário, o seu texto não faz o mínimo sentido. Evite
um recurso muito usual que é o de simplesmente criticar opiniões contrárias sobre o tema em questão,
sem, no entanto, apresentar a sua opinião.
4 - Argumentação - Um texto de opinião sem argumentação é um texto oco, que não convence ninguém.
Procure ser convincente. Use, para isso, exemplos, dados, autoridades, comparações, discutindo as ideais,
questionando contradições. Valha-se da contra-argumentação. Para isso, tente ver falhas ou lacunas no
posicionamento a que você está se opondo. Aponte-as e busque refutar o ponto de vista em questão.
5 – Expansão lexical - Se você está escrevendo diretamente para um interlocutor, que tem nome,
profissão, cargo, procure explorar isso em sua carta, para evitar repetições. Vamos supor que você esteja
escrevendo uma carta ao diretor se sua escola, que também é professor e se chama Mário Ferreira. Você
pode chamá-lo num primeiro momento de diretor, num outro de professor e, ainda, de sr. Ferreira. Não
use o primeiro nome quando retoma o vocativo, a não ser que a carta seja a um amigo. .
6 - Uso do texto- base - Dependendo do modelo, pode-se pedir a você que responda determinada pessoa
que escreveu um texto a que você tem acesso. Nesse caso, para a sua argumentação, você deve
parafrasear trechos do texto-base. Por exemplo, “O senhor afirmou, em entrevista concedida à revista
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Veja (ed. 1732), que os juros não aumentariam neste ano. No entanto, o que percebemos, senhor
Ministro...”.
7 - Fuja das expressões surradas - Na produção de textos, devemos evitar frases feitas e expressões
desgastadas (os chamados clichês). Na carta, não é diferente. "Escrevo-lhe estas mal traçadas linhas" ou
"Espero que esta vá encontrá-lo gozando de saúde", ou” Venho através desta carta…”
Escreva uma carta dirigida à seção “Cartas” da revista Superinteressante, manifestando sua opinião
sobre a existência da meia-entrada. O seu texto deve, necessariamente:
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b) retomar argumentos do infográfico para dar sustentação a sua opinião (você poderá reafirmar esses
argumentos ou contrapor-se a eles);
c) ter de 12 a 15 linhas.
Obs. A sua carta NÃO deverá ser assinada. Qualquer sinal de identificação invalida sua prova.
Sr. Editor,
Ao ler a matéria sobre meia-entrada para estudantes (julho/2021) - como professora
de Literatura de escolas periféricas- não pude deixar de me manifestar. É sabido que a
cultura é elitista e chega aos nossos alunos de forma parca. A conquista da meia-entrada,
ao contrário de um fardo, como alguns alegam, é sem dúvidas um acesso, embora mínimo.
Eu sou da geração da UNE e usufruí dessa benesse. Triste saber que a mesma geração que
outrora lutou pela meia-entrada hoje engrossa a corrente dos que a criticam.
Embora os dados retratem que, de cada 100 pessoas, 80 pagam meia, encarecendo o
valor dos outros 20 ingressos integrais, é preciso levar em consideração que a venda do
ingresso pela metade do preço atrai mais pessoas e isso acaba aumentando o lucro. Sem
contar que o Brasil é um país desigual. Compará-lo com Estados Unidos, Reino Unido e
Chile, onde se aplica o desconto de 30%, não tem nexo. Por aqui ainda precisamos manter
os 50%.
Atualmente, a pichação serve principalmente para a comunicação entre gangues e guetos e para a
marcação de seus territórios.
Grafite é a designação para as pinturas feitas em muros e paredes na rua.
A pichação é marcada pelo conteúdo político-social e pelo relaxamento estético.
Muitos consideram o grafite um ato de vandalismo, que suja os muros e paredes.
O grafite pretende registrar uma visão de mundo, ser uma forma de arte que põe em xeque os meios
de expressão convencionais.
É preciso fazer a distinção entre grafiteiros e pichadores.
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Pichar sinalizações, prédios públicos e monumentos com palavrões e mensagens tolas é uma atitude
inaceitável.
Alguns grafiteiros usam moldes vazados de cartolina (técnica do estêncil), que são apoiados sobre os
muros e recebem jatos de spray para a transferência das figuras.
O grafite já foi incorporado à paisagem dos grandes centros urbanos.
IMPORTANTE: NÃO ASSINE A CARTA NEM USE QUALQUER OUTRO SINAL DE IDENTIFICAÇÃO.
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CONTINUIDADE DE TEXTO
A continuidade é uma tipologia textual que exige que você dê sequência a um texto, iniciado por
outra pessoa, mantendo a progressão do tema de forma coerente e coesa. Para tanto, você precisa estar
muito atento. Observe:
Gênero – Mantenha o gênero a que o texto original pertence. Se o original é uma reportagem/
notícia, o correto é que não haja na sequência a manifestação de opiniões de quem está
escrevendo. O inverso também se aplica: quando o texto-base for um artigo, a sequência deverá
ser também opinativa e, nesse caso, pode apresentar informações se elas estiverem a serviço da
defesa do ponto de vista.
Inserção de novas informações - Nesse item a pertinência e a progressão das ideias são avaliadas.
Evite a repetição, a circularidade. Num artigo, por exemplo, você precisa perceber a tese do autor
e buscar sustentá-la, de modo que o texto avance.
Aspectos formais – Se o texto se inicia em 1ª pessoa, a sequência deve preservá-la; o mesmo
ocorre, quando em 3ª. Se a linguagem adotada no texto-base for formal, é assim que você deve
mantê-la; o mesmo se aplica à linguagem informal e à técnica. Observe ainda se o autor do texto
original adota períodos mais longos ou mais curtos ou se os alterna e tente manter o estilo. Fique
muito atento a aspas que ainda não foram fechadas, parênteses abertos e ao número de
parágrafos proposto na questão.
Para construir a identidade de um povo, é preciso considerar os elementos que importam para toda a nação em
conjunto, que a comovem em qualquer circunstância. No caso brasileiro, falando “macaxeira” ou “mandioca”, “uai” ou
“bah, tchê”, idolatramos Pelé, Ayrton Senna, Marta. Gostamos de criticar Maradona. Esporte é aqui fator de
agregação nacional. Ídolos também. Música e literatura certamente. Somos todos Luiz Gonzaga, Cazuza e
Pixinguinha. Somos o “samba, a voz do morro”. Sim, senhor! Somos os severinos, “iguais em tudo na vida”. Falamos
todos o português, não o de Fernando Pessoa, mas o de Machado de Assis, o de Clarice Lispector, o que nos permite
ser e estar. Nossa brasilidade resulta, sem dúvida, dessa pluralidade que nos é singular.
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A família passou do singular ao plural. Antes, havia "a família". Quando nos referíamos a essa
instituição todos compartilhavam da mesma ideia: um homem e uma mulher unidos pelo casamento,
seus filhos e mais os parentes ascendentes, descendentes e horizontais. E, como os filhos eram vários, a
família era bem grande, constituída por adultos de todas as idades e mais novos também.
Pai, mãe, filhos, tios e tias, primos e primas, avós etc. eram palavras íntimas de todos, já que sempre
se pertence a uma família. Quando as palavras "madrasta" ou "padrasto" ou mesmo "enteado"
precisavam ser usadas para designar um papel em um grupo familiar, o fato sempre provocava um
sentimento de pena. É que na época da família no singular isso só podia ter um significado: a morte de
um dos progenitores.
Daí para frente muita coisa mudou. Com o advento da pílula anticoncepcional, a instituição do
divórcio e a consequente liberdade sexual conquistada pelas novas gerações, outros formatos familiares foram
se originando. Mulheres sozinhas com filhos, casais que já passaram pelo divórcio e se casaram de novo,
juntando sob o mesmo teto frutos de outros casamentos, casais homossexuais com ou sem filhos são exemplos
dessas configurações. Até mesmo o título de tio ou tia passou a ser utilizado não apenas para parentes mas
para proximidades afetivas, como pode ser o caso dos padrastos.
Sem dúvida, pluralizou-se a família e isso, ao contrário do que defendem os conservadores, é uma
amostra, em grande medida positiva, da flexibilização requerida pelo bem viver. Alterou-se o formato, que
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pode ser decidido conjuntamente entre os integrantes, e passou a ser o afeto – ou, se o leitor preferir, o amor
– não mais as convenções, a condição imprescindível para que essas uniões não se dissolvam.
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Discurso indireto:
Neil Degrasse Tyson afirmou que, na condição de cientista, deseja que todos tenham chances de
pensar em modos de aprimorar a civilização.
1) Exponha claramente, em discurso indireto, as perguntas e respostas. Nesse caso, evite o excesso de
verbos no particípio, como perguntado, questionado, indagado. Prefira construções como: sobre a
questão tal........ salientou que.... / Acerca de ....... deixou claro que.... / A respeito da..... destacou.... /
Em relação ao fato.... respondeu que......
2) Exponha, em discurso indireto, o ponto de vista do entrevistado. Nesse caso, as perguntas podem
ficar implícitas apenas, não havendo a obrigação de apontar-lhes o conteúdo, a menos que seja necessário
para o entendimento da resposta.
Zero Hora — O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre “ética na ciência”. Curiosamente, uma
recente coluna sua sobre o tema está repleta de pontos de interrogação. O texto é uma sucessão de
perguntas difíceis. O senhor já chegou a alguma resposta?
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Gleiser — Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos símbolos mais poderosos
sobre a questão da ética na ciência. Esse romance, de força mítica profunda, diz que existem certas
questões científicas que estão além do que os humanos podem controlar. Mesmo que tecnologicamente
possamos fazer algo — caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um cadáver usando eletricidade
— não significa que moralmente estejamos prontos para fazê-lo. Você me pergunta se eu tenho respostas.
O que a gente está tentando é começar a fazer as perguntas certas. Porque só quando se faz as perguntas
certas é possível começar a encontrar algumas respostas.
Gleiser — A questão em que você está interessado é se temos maturidade moral para decidir. E a resposta
é simplesmente a seguinte: não. Não temos maturidade moral para certas questões. Mas isso não significa
que a gente não deva fazer a pesquisa. Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde estão guardados todos os
males do mundo, e se você abre a Caixa de Pandora tudo escapa. As pessoas veem a ciência como um
tipo de Caixa de Pandora: “Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas sérios e depois a
sociedade fica à mercê de avanços sobre os quais não temos controle”. Na verdade, não é nada disso. A
ciência tem de ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questões sejam controladas ou pelo
menos monitoradas por corpos especiais. Por exemplo, a questão da clonagem humana. Para mim, essa
é uma das áreas que deveriam ser controladas com muito cuidado.
Gleiser — Essa é a grande questão. Quem decide o que pode e o que não pode? Quem tem o direito de
decidir por todas as pessoas? Acho que deveria haver uma aliança entre o Judiciário e um corpo de
cientistas escolhido por órgãos do governo para estabelecer regras. Mas, infelizmente, qualquer
tecnologia que possa ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida.
(Zero Hora. 13 out 2013.)
Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso
indireto.
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De Botton: Sim, assim como é possível ser feliz no amor. Todos nós conhecemos pessoas que têm
relacionamentos maravilhosos. Conhecemos também pessoas que têm trabalhos maravilhosos. Elas
amam o que fazem. Mas é uma minoria. Para a maior parte das pessoas algo está errado. Pode ser que,
em algum momento, as coisas tenham ido bem, mas depois elas acabaram perdendo o interesse no
trabalho. Pode ser que as coisas nunca tenham ido bem para elas. A ideia de que todos podemos ser
felizes no trabalho é bonita. Mas, no atual estado da economia, da política e até da psicologia, isso é
impossível.
De Botton: Por diversas razões. Pode ser muito difícil saber o que você quer fazer com sua vida. Existe
gente que diz “eu quero fazer algo para ajudar as outras pessoas”, mas não sabe exatamente o que fazer,
nem como fazer isso. Outras pessoas dizem “quero fazer algo criativo”, mas também não sabem como.
Há certo mistério para conseguir o que queremos. Há também muitos obstáculos. Qualquer
empreendedor, ao abrir seu negócio, terá de superar a inércia do mercado para se estabelecer. Um
indivíduo que entrou num novo emprego enfrenta um problema parecido para mostrar ao mundo que
ele existe. É uma tarefa difícil, em qualquer ramo de atividade. É sempre algo extraordinário quando
alguém ama o que faz – e é bonito ver isso acontecer.
(Época, 26 set. 2009, p. 114. Texto adaptado.)
Escreva um texto de 08 a 12 linhas, em discurso indireto, sintetizando essa entrevista. Seu texto deve:
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TEXTOS LITERÁRIOS
Um dos gêneros mais improváveis da UFPR, o trabalho com textos literários de modo mais direto
caiu pela última vez no concurso de 2014/2015. Caso tal gênero seja solicitado, a UFPR pode ter os
seguintes comandos:
O trabalho aqui será você “desmetaforizar” o poema, ou seja, traduzir o que ele traz em forma
de versos para um texto em prosa, objetivo, sem metáforas ou outras figuras de linguagem. Claro que,
como qualquer outro texto da UFPR, você deverá, antes de fazer tal tradução, citar o poema, o poeta e
demais referências que existirem.
b) Análise de poema:
Aqui o que lhe será pedido é que analise algum ponto do poema, geralmente a visão do poeta
acerca de algum tema. Cuidado! A menos que se peça para você opinar sobre tal posicionamento, limite-
se a apresentá-lo e comprovar sua análise com alguns versos.
A UFPR já pediu, com base em música e poema, que o aluno criasse uma narrativa assumindo a
voz de um dos personagens retratados e, no vestibular de 2015, fizesse uma notícia de jornal.
Veja, portanto, que a proposta baseada em texto literário pode pedir de narrativa a texto
opinativo. Aqui o mais importante é você comprovar para a banca que compreende poemas, músicas,
enfim, textos cuja interpretação exigirá de você o máximo de atenção e o poder de entender metáforas.
Adoniran Barbosa é um ícone do samba paulista. Os temas de suas composições giravam em torno dos
tipos humanos mais comuns e da realidade crua de uma metrópole que não para. Em suas músicas,
usou sempre a linguagem popular paulistana para dar vida a suas personagens. “Saudosa Maloca”
(1951) conta um fato, que é retratado a partir do ponto de vista de uma das personagens.
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Saudosa Maloca*
A partir da leitura dessa música, redija uma notícia de jornal que informe ao leitor os fatos narrados.
Seu texto deve:
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INTERPRETAÇÃO DE POEMA
O poema de Bandeira apresenta dois pontos de vista diferentes sobre a vida. A partir dessa leitura,
organize um texto observando os seguintes pontos:
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