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Resumo: A peça Auto da Compadecida é uma das mais conhecidas obras do escritor
Ariano Suassuna. Nome principal do Movimento Armorial, Suassuna cria uma estética
de arte brasileira unindo a vasta cultura popular do sertão nordestino com aspectos da
cultura medieval. Desse modo, o ensaio objetiva analisar a relação do enredo criado
com a Literatura de Cordel, assim como, a característica picaresca do personagem João
Grilo.
A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a
ligação com o espírito mágico dos folhetos do “Romantismo Popular do
Nordeste” (Literatura de Cordel), com a música de viola, rabeca ou pífano
que acompanha seus “cantares”, e com a xilogravura que ilustra suas capas,
assim como com o espírito e a forma das artes e espetáculos populares com
esse mesmo romanceiro relacionados. (SUASSUNA, 1977, p. 39)
Sua criação estética traz uma pluralidade baseada, sobretudo nas
representações folclóricas locais aliado, por sua vez, às tradições medievais. Suassuna
constrói nas suas obras, o cenário do reino encantado nordestino unindo o que de mais
popular o nordeste tem a aspectos do cenário medieval como, por exemplo, os castelos.
Outrossim, é a criação de uma realidade paralela em seus personagens, o quixotesco, ou
seja, aqueles personagens que usam da linguagem e da esperteza para sair de situações
complicadas, característica essa que está presente em obras canônicas como Dom
Quixote. Diante disso, o presente ensaio tem como objetivo analisar na obra Auto da
compadecida (1955), peça teatral escrita por Ariano e que mais tarde chegaria às telas
do cinema em uma adaptação, a intertextualidade entre a Literatura de Cordel com a
obra e a representação picaresca na personagem, João Grilo.
JOÃO GRILO: - Ah, mas aquilo é porque foi seu cachorro. Com meu gato é
diferente...
MULHER: - Fora cabra, vaca, ovelha e cavalo, bicho que dá lucro não existe.
JOÃO GRILO: - Então tiro. ( passa a mão no traseiro do gato e tira uma prata
de cinco tostões) Está aí, cinco tostões que o gato lhe dá de presente.
(SUASSUNA, 2018, p. 91-93)
CHICÓ: - Não sei, não tenho nada a ver com isso! Você, que inventou a
história e que gosta de embrulhada, que resolva!
JOÃO GRILO: - Cale a boca, besta! Não diga uma palavra, deixe tudo por
minha conta. (Vendo ANTÔNIO MORAES no limiar, esquerda) Ora viva,
seu Major Antônio Moraes, como vai Vossa Senhoria? Veio procurar o
padre? Se Vossa Senhoria quer, eu vou chamá-lo. É que eu queria avisar, pra
Vossa Senhoria não ficar espantado: o padre está meio doido.
JOÃO GRILO: - Sim, o padre! Está dum jeito que não respeita mais ninguém
e com essa mania de benzer tudo. Vim dar um recado a ele, mandado por
meu patrão, e ele me recebeu muito mal, apesar de meu patrão ser quem é.
JOÃO GRILO: - Não sei, é a mania dele, agora. Benze tudo e chama a gente
de cachorro. (SUASSUNA, 2018, p. 39-40)
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
MOISÉS, Maussad. Dicionário de termos literários. 12 ed. São Paulo: Cultrix, 2004.