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O PRÉ-MODERNISMO

1902-1922
Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Carlos Drummond de Andrade, “Hino nacional”
CONTEXTO HISTÓRICO

• Fim da República da Espada • Revolta de Canudos


• “República do café-com- • Cangaço
leite” • Conflitos que tiveram como
• Ciclo da borracha na figura central o padre Cícero
Amazônia • Revolta da vacina
• Economia cafeeira no • Revolta da chibata
Sudeste
• Greve dos operários
• Urbanização de São Paulo
PROJETO LITERÁRIO DO PRÉ-
MODERNISMO
Revelar o verdadeiro Brasil para os brasileiros
Desviar o olhar das classes sociais mais privilegiadas
Elevar à condição de protagonistas dos romances
personagens marginalizados como:
- O pequeno funcionário público;
- O caboclo;
- Os imigrantes;
O sertanejo
PONTOS COMUNS ÀS PRINCIPAIS
OBRAS DESSE PERÍODO
• Ruptura com o passado
• Denúncia da realidade brasileira
• Regionalismo
• Tipos humanos marginalizados
• Ligação com fatos políticos, econômicos e sociais
contemporâneos
AUGUSTO DOS ANJOS
• Poesia cientificista
• Existencialismo
• Angústia da vida
• Morte
• Materialista
• Obra: Eu
VERSOS ÍNTIMOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável


Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

(Versos Íntimos)- Augusto dos Anos


EUCLIDES DA CUNHA

• Pioneiro entre os pré-modernistas na aproximação entre a


literatura e a história.
• Enviado a Canudos, na Bahia, para cobrir
a revolta que lá explodira;
• Em 1902 publica Os sertões
• Guerra de canudos
• Sertão da Bahia
• Análise sociológica, antropológica, histórica, jornalística,
etc.
OS SERTÕES- EUCLIDES DA CUNHA
Estrutura da obra:
I. A terra- apresentação detalhada das características do sertão
nordestino, com informações sobre o clima, a composição do solo,
o relevo e a vegetação.
II. O homem- retrato do sertanejo, em que o texto procura demonstrar
o impacto do meio sobre as pessoas.
“O sertanejo é antes de tudo um forte”
I. A luta- narração dos embates entre as tropas oficiais e os
seguidores de Conselheiro.
Linguagem: o barroco científico
O estilo de linguagem científica, poética e rebuscada.
III- O SERTANEJO
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos
mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário.
Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das
organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a
fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante
e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a
postura normalmente abatida, num manifestar de displicência um caráter de
humildade deprimente. [...]
Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.
Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. [...] Basta o
aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias
adormidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se [...] e da figura vulgar do
tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã
acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e
agilidade extraordinárias.
LIMA BARRETO
• Linguagem coloquial
• Subúrbios do Rio de Janeiro
• Preconceito
• Nacionalismo
• Ironia
• Obra: Triste fim de Policarpo quaresma
TRISTE FIM DE POLICARPO
QUARESMA
• Personagem quixotesca
• Ufanista
• Projeto linguístico: adoção do Tupi-gurani como língua
oficial
• Projeto econômico: agricultura
• Projeto político: A Revolta da armada
TRECHO:
Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. Todas
as manhãs, [...] estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na
repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes,
tendo notícia desse seu estudo do idioma tupiniquim, deram não se
sabe por que em chamá-lo – Ubirajara. Certa vez, o escrevente
Azevedo, ao assinar o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava
às costas, disse em tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o
Ubirajara está tardando?”
Sentindo que a alcunha lhe era dirigida, não perdeu a dignidade,
não prorrompeu em doestos e insultos. Endireitou-se, consertou o seu
pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e respondeu:
— Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo
aqueles que trabalham em silêncio, para a grandeza e a
emancipação da Pátria. [...]
MONTEIRO LOBATO
• Linguagem culta
• Regionalismo
• Interior de São Paulo
• Denúncia da realidade brasileira
• Miséria
• Caboclo- Jeca tatu
• Literatura infantil
• Obra: Urupês, Cidades mortas, etc
URUPÊS
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele
traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem
só custa o gesto de espichar a mão e colher (...) Nada mais.
Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do
menor esforço – e nisto vai longe. [...]
Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos
que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro. Pura biboca de
bosquímano. Mobília, nenhuma. A cama é uma espipada esteira de
peri posta sobre o chão batido.
GRAÇA ARANHA
• Imigração
• Análise do Brasil
• Comportamento
• Natureza
• Romance de tese
• Obra: Canaã
CANAÃ
Lentz: Não, Milkau, a força é eterna e não desaparecerá;
cada dia ela subjugará o escravo. Essa civilização, que é
sonho da democracia, da fraternidade, é uma triste
negação de toda arte, de toda liberdade e da própria vida.
Milkau: A vida humana deve ser também assim. Os seres são
desiguais, mas, para chegarmos à unidade, cada um tem
que contribuir com uma porção de amor. O mal está na
força, é necessário renunciar a toda a autoridade, a todo o
governo, a toda a posse, a toda a violência.

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