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Rendição dos conselheristas em 2 de outubro 1897, trezentos prisioneiros em Canudos.

Essa guerra fez parte do contexto em que as obras surgiram as obras pré-modernistas.
 Pré-modernismo
Os primeiros anos da
República são agitados no
Brasil.

Imigrantes começam a O Nordeste é flagelado

chegar, com costumes e pela seca e sacudido pela
culturas diferentes. Guerra de Canudos.

No Norte, a borracha traz

A riqueza de São Paulo é
a riqueza e prosperidade
proveniente do café, o
para uma região isolada e
“ouro negro”.
desconhecida.
O Brasil Republicano: conflitos e
contrastes
 A Proclamação da República, em 1889, não representou uma
mudança muito grande no cenário econômico brasileiro.
 A situação das famílias que viviam no campo, dois terços da
população do país, continuava sendo determinada pelos grandes
latifundiários, que controlavam extensas porções de terra tanto no
litoral quanto no interior.
 O Brasil Republicano: conflito e contrastes
A reforma das cidades
 Os principais centros políticos passaram por uma transformação do espaço urbano que desencadeou um
processo de “europeização” do país;
 Cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus e Belém foram as mais afetadas pelo que ficou conhecido,
na época, como bota-abaixo;
 Nasciam, as favelas, como um desdobramento negativo da tentativa de “embelezar o país”;
Os conflitos no Nordeste
 Vivendo de modo precário, muitos aderiam à pregação messiânica de Antônio Conselheiro;
 Logo o líder religioso se desentendeu com os poderes republicanos e os embates locais acabaram se
transformando em um dos mais sangrentos confrontos internos do Brasil: a Guerra de Canudos, que durou
quase um ano (novembro de 1896 a outubro de 1897);
A riqueza do borracha e do café
 A Amazônia vivia nesse momento, a fase áurea da extração da borracha;
 São Paulo também passava por um momento de expansão econômica graças à cultura do café, que acelerou o
processo de urbanização e de industrialização;
O Pré-Modernismo: autores em busca de um país
 O foco da produção literária se fragmenta e os autores escrevem sobre as diferentes regiões, os centros
urbanos, os funcionários públicos, os sertanejos, os caboclos e os imigrantes;
 O Projeto Literário do Pré-Modernismo
O pré-Modernismo e o Público
• É natural que o público busque
Desejo de revelar o “verdadeiro” narrativas voltadas para
Brasil para os brasileiros; acontecimentos históricos e
atuais;
Linguagem: agilidade jornalística
• Como consequência natural da maior aproximação entre
literatura e realidade, a linguagem utilizada nos textos
modifica-se, torna-se mais direta, mais objetiva, mais
próxima da linguagem característica do texto jornalístico;

Olhar para o Brasil e usar a literatura
como meio para torna-lo mais
conhecido pelos brasileiros;
Os agentes do discurso
• Condições de produção: Euclides da
Cunha e Monteiro Lobato, começam a
escrever em jornais e falam sobre os
problemas nacionais;
• As inovações tecnológicas: o telégrafo
(atuavam como testemunhas oculares); A
fotografia (registros)

Personagens que ainda não haviam

aparecido na literatura, como o
A primeira condição para realização
pequeno funcionário público, o
desse projeto era desviar o olhar das
caboclo, os imigrantes, são elevados à
classes sociais mais privilegiadas;
condição de protagonistas dos
romances do período;
 Euclides da Cunha: narrador da guerra do fim
do mundo
 Foi o primeiro pioneiro entre os pré-modernistas na
aproximação entre a literatura e a história;
Os sertões: “a Bíblia da nacionalidade brasileira”
 É de difícil classificação;
 Apresenta características de texto literário porque capta,
em suas descrições, a sinceridade da alma simples e leal
do sertanejo;
 Tratado científico, analisa as características do solo do
sertão nordestino;
 Investigação socioantropológica, se preocupa em
caracterizar minuciosamente o sertanejo ou explicar a
gênese de Antônio Conselheiro como líder messiânico;
 Matéria jornalística, pois registra em detalhes as lutas
entre as tropas oficiais e os revoltosos.
A estrutura do
livro
 A Terra (primeira parte): apresentação detalhada das
características do sertão nordestino, com informações
sobre o clima, a composição do solo, o relevo e a
vegetação.
 O Homem (segunda parte): retrato de sertanejo, em que
o texto procura demonstrar o impacto do meio sobre as
pessoas. O destaque fica para a apresentação de Antônio
Conselheiro e sua transformação em líder messiânico.
 A Luta (terceira parte): narração dos embates entre as
tropas oficiais e os seguidores de conselheiro. O livro
termina com a descrição da queda do Arraial de
Canudos e a destruição de todas as casas erguidas no
local.
Principais obras de Euclides da Cunha

 A guerra no sertão (1899)

 As secas do Norte (1900)
 O Brasil no século XIX (1901)
 Os Sertões (1902)
 Civilização (1904)
 Contrastes e Confrontos (1906)
 Peru Versus Bolívia (1907)
 Castro Alves e o Seu Tempo (1908)
 A Margem da História (1909)
 Lima Barreto: a vida nos subúrbios cariocas
 Será responsável por compor um retrato de partes dos centros urbanos ignorados pela elite
cultural do país: os subúrbios cariocas;
 Vivia a pequena classe média composta de funcionários públicos, professores, moças à espera de
casamento e uma variedade de outras personagens;
Isaías Caminha e Clara dos Anjos: a denúncia do
preconceito
 Idealista e inteligente, Isaías acredita ser possível
vencer na vida graças aos seus esforços e superar
até mesmo o preconceito racial;
 A leitura do livro deixa evidente seu caráter
autobiográfico: assim como Isaías, Lima Barreto
sofreu o preconceito por ser mulato e, também
como ele, conseguiu relativo sucesso com a carreira
jornalística;
 Em Clara dos Anjos, um romance inacabado, o
preconceito racial retorna, enfocando agora uma
moça que é seduzida por um tipo suburbano, Cassi
Jones. Após relatar a humilhação da jovem pela
família do rapaz que a desenrou, o narrador
conclui:
[...] Na rua, Clara pensou em tudo aquilo, naquela dolorosa
cena que tinha presenciado e no vexame que sofrera. Agora
é que tinha a noção exata da sua situação na sociedade.
Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos seus
melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do seu
algoz, para se convencer de que ela não era uma moça
como as outras; era muito menos no conceito de todos. [...]
[...] Ora, uma mulatinha, filha de um carteiro! O que era
preciso, tanto a ela como às suas iguais, era educar o
caráter, revestir-se de vontade [...], para se defender de
Cassis e semelhantes, e bater-se contra todos os que se
opusessem, por este ou aquele modo, contra a elevação
dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às outras,
senão o conceito geral e a covardia com que elas o
admitiam...
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. In: Prosa seleta. Organização de Eliane Vasconcellos. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
2001. p.748. (Fragmento)
 Policarpo Quaresma: um nacionalista
quixotesco
 O protagonista, Policarpo Quaresma, é um major
que trabalha como subsecretário do Arsenal de
Guerra;
 Sua cegueira, contudo, é a pátria;
 Estudioso das coisas do Brasil, tem uma
biblioteca de clássicos sobre a fauna e a flora
brasileira;
 Conhece as obras completas dos grandes
escritores nacionais, interessa-se pelas tradições e
costumes do povo;
 Seu patriotismo desmedido é ridicularizado por
todos aqueles com quem convive, incapazes de
perceber a pureza de seu idealismo;
 Lima Barreto tematiza o embate entre o real e o
ideal;
 Em Policarpo, o patriotismo é um ideal. Ele assume
ares de visionário, louco, por não pensar em si, por
não se interessar por sua carreira ou tentar obter
qualquer tipo de vantagem pessoal;
 O “triste fim” de Policarpo é a perda de todos os
ideais, quando percebe que dedicou sua vida a uma
causa inútil;
 Por esse motivo, o novo Brasil que surgia nos textos
pré-modernistas, marcado por grandes
desigualdades sociais, não era um país que
motivasse o orgulho dos leitores. Mas era um país
real;
Obras

 Lima Barreto é dono de uma vasta obra. Escreveu romances, contos, poesias e críticas. De
suas obras destacam-se:
 Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909)
 Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
 Numa e ninfa (1915)
 Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919)
 Os bruzundangas (1923)
 Clara dos Anjos (1948)
 Diário Íntimo (1953)
 Cemitério dos Vivos (1956)
 Monteiro Lobato: a decadência do café

 Começou sua carreira literária por acaso;

 Tendo vivido no interior, pôde observar as dificuldades e os vícios característicos da vida rural;
 Suas observações dão origem a uma longa carta, enviada para o jornal O Estado de S. Paulo;
 Essa carta levou o editor do jornal a insistir para que Lobato lhe enviasse mais artigos;
As cidades mortas do interior paulista – é a preocupação em denunciar alguns problemas que
marcavam a vida das pessoas do interior. O foco do autor é a região do vale do Paraíba, que entrou
em decadência após o deslocamento das culturas de café para o oeste paulista;
 Principais Obras

 As obras de Lobato que mais se destacaram foram:

 Urupês, 1918
 O Saci, 1921
 Narizinho Arrebitado,1921
 Fábulas, 1922
 O Marquês de Rabicó, 1922
 As Aventuras de Hans Staden, 1927
 Peter Pan,1930
 Reinações de Narizinho,1931
 Caçadas de Pedrinho, 1933
 Emília no País da Gramática, 1934
 Geografia de Dona Benta, 1935
 Dom Quixote das Crianças, 1936
 Histórias de Tia Nastácia, 1937
 O Poço do Visconde, 1937
 O Picapau Amarelo, 1939
 Augusto dos Anjos: poeta de muitas faces

 A leitura de seus sonetos revela influência de diferentes estéticas do século XIX.

 Do Simbolismo, Augusto dos Anjos recupera o gosto pelas imagens fortes e a preocupação
com a construção formal dos poemas;
 O uso dos termos científicos marca a inspiração do Naturalismo;
 A preferência pelo soneto traz ecos do Parnasianismo;
 A marca da angústia e do pessimismo
 As divagações metafísicas e a expressão de uma angústia  Quimera: na mitologia, ser monstruoso que tinha
existencial;
cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente,
Versos íntimos
além de lançar fogo pelas narinas. O termo é usado em
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
sentido figurado para fazer referência às fantasias
Somente a Ingratidão - esta pantera - inalcançáveis, às ilusões, às utopias.
Foi tua companheira inseparável!
 A crença na quimera – fantasia, sonho, ilusão –
Acostuma-te à lama que te espera! resume a causa para a desilusão humana;
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
 O eu lírico dirige-se aos leitores para afirmar a
Necessidade de também ser fera. impossibilidade de uma vida feliz;
 Além da morte dos sonhos, as pessoas estão
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, condenadas à mais irremediável solidão;
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
 É esse o contexto que explica o terrível conselho
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, final: “Escarra nessa boca que te beija!”
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
 Linguagem: ciência e símbolos
 Surpreende os leitores;
 O poeta recorre à ciência para melhor definir suas Profundissimamente hipocondríaco,
preocupações com a origem da angústia moral que, ao seu
Este ambiente me causa repugnância...
ver, atormenta a humanidade;
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
 Adotou como modelo os estudos de Ernest Heckel,
biólogo alemão que publicou uma obra relacionando Que se escapa da boca de um cardíaco.
teorias de natureza biológica a interpretações filosóficas
sobre a alma e a existência humanas;
Já o verme – este operário das ruínas –
 Os versos do poeta apresentam termos como psicogênese,
trama neuronial, sinergia, morfogênese, carbono e Que o sangue podre das carnificinas
amoníaco; Come, e à vida em geral declara guerra,
 Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
Monstro de escuridão e rutilância, E há de deixar-me apenas os cabelos,
Sofro, desde a epigêneses da infância, Na frialdade inorgânica da terra!
A influência má dos signos do zodíaco.
Principais Obras

 Saudade (poema) - 1900

 - Eu e Outras Poesias (único livro de poemas) - 1912
 - Psicologia de um vencido (soneto)
 - Versos íntimos