Você está na página 1de 22

Trabalho de Literatura

Graciliano Ramos
Módulo 19 – Frente 1
Biografia
 Graciliano Ramos nasceu na cidade de Quebrângulo, Alagoas, no dia 27 de
outubro de 1892. 
 Passou parte de sua infância na cidade de Buíque, em Pernambuco, e parte
em Viçosa, Alagoas, onde estudou no internato da cidade.
 Em 1904 publicou no jornal da escola seu primeiro conto O Pequeno
Pedinte. Em 1905 mudou-se para Maceió, onde fez seus estudos
secundários no Colégio Interno Quinze de Março, desenvolvendo interesse
pela língua e pela literatura.
 Em 1928, Graciliano Ramos foi eleito prefeito da cidade de Palmeira dos
Índios, Alagoas.
 Em 1930, deixou a prefeitura e mudou-se para Maceió, onde assumiu a
direção da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado.
Vida na literatura
 Graciliano Ramos estreou na literatura em 1933 com o romance Caetés. Nessa
época mantinha contato com José Lins do Rego, Raquel de Queiroz e Jorge Amado.
  Em 1934 publicou o romance São Bernardo, e em 1936 publicou Angústia.
 Ainda em 1936 foi preso, sob a acusação de que era comunista. Ficou nove meses
na prisão, sendo solto, pois não encontraram provas.
 Em 1937, mudou-se para o Rio de Janeiro, e em 1939 foi nomeado Inspetor
Federal de Ensino. 
 Em 1945 ingressou no Partido Comunista.
 Em 1951 foi eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores, e no ano
seguinte viajou para os países socialistas do Leste Europeu, experiência descrita
na obra Viagem, publicada em 1954, após sua morte.
 Atualmente é considerado o mais importante ficcionista do Modernismo e o
prosador mais importante da Segunda Fase do Modernismo.
  Fez parte do grupo de escritores que inaugurou o realismo crítico,
representando os problemas sociais brasileiros em geral ou específicos de
determinada região.
 Vidas Secas (1938) é considerada sua obra-prima.
 Graciliano Ramos faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de março de 1953.
Contexto Histórico
 Graciliano Ramos viveu no período da Era Vargas. Em 1936, sob a acusação de ser
subversivo, foi preso pela ditadura Vargas, sofrendo horrendas humilhações –
experiências reveladas em sua obra “Memórias do Cárcere”.
 Os escritores de destaque dessa época enxergavam o Brasil como uma nação
composta por diferentes indivíduos e costumes. Por essa razão, a literatura se
concentrou na chamada literatura regionalista, que tentava criar personagens e
histórias ocorridas em regiões específicas do território brasileiro. Apesar de todas
essas manifestações artísticas de grande riqueza, o governo também limitou a
liberdade dos artistas dessa época. Entre os anos de 1937 e 1945, o governo proibiu
a divulgação e a publicação de qualquer tipo de notícia ou manifestação artística que
quisesse criticar o seu governo. Nessa época ele criou o Departamento de Imprensa
e Propaganda, o DIP, que tinha a tarefa de evitar as manifestações artísticas que
falassem mal do governo e investir em propagandas que falassem bem de Vargas.
Vidas Secas - Resumo do 1º capítulo

 https://www.youtube.com/watch?v=C5xnrRiuBGU
Exercícios
Texto 1
Franklin Távora (1842-1888), autor de Os Índios do Jaguaribe (1862), O
Cabeleira (1876) e O Matuto (1878), entre outros, é o criador da chamada
“literatura do norte" e o mais radical dos regionalistas românticos. Tematizou a
violência do Nordeste, numa antecipação da proposta de Euclides da Cunha (de Os
Sertões) e dos modernistas da década de 1930, como Graciliano Ramos e José Lins
do Rego.

Texto 2
A geração da década de 1930 equivale à Segunda Geração Modernista, na qual a
ficção ocupa um lugar de grande importância em relação aos novos estilos e
ideias. A década de 1930 é marcada pela publicação do romance regionalista A
Bagaceira, de José Américo de
Almeida, acompanhado por outros romances de caráter regional, como O Quinze,
de Rachel de Queirós, em 1930; Menino de Engenho, de José Lins do Rego, em
1932.
Mas o escritor que melhor representou a década de 1930 foi Graciliano Ramos,
com seus romances Vidas Secas e São Bernardo. Com ele, firmou-se o
regionalismo, embora sua obra transcenda essa tendência, pois suas narrativas
são isentas do pitoresco regional e superam em qualidade literária todas as obras
Texto 3
Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o
pai. Quando crescessem, guardariam as reses dum patrão invisível, seriam pisados,
maltratados, machucados por um soldado amarelo.

(Graciliano Ramos, Vidas Secas)

Texto 4
Emoções indefiníveis me agitam — inquietação terrível, desejo doido de voltar, de
tagarelar novamente com Madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora.
Saudade? Não, não é isto: é antes desespero, raiva, um peso enorme no coração.

(Graciliano Ramos, São Bernardo)


1) Ao refletirmos sobre a existência de um filão regionalista, que
percorre nossa literatura, desde o Romantismo até o Modernismo e os
dias atuais, em prosa e em verso, chegamos à conclusão de que

 I. a literatura pode ser estudada a partir da escolha de uma tendência ou temática, como o
regionalismo, e, ao longo da “sucessão" das várias “escolas" literárias, vamos observando as
distinções entre estilos de época e de autor, momento histórico, correntes ideológicas etc. V
 II. no interior de uma mesma vertente, como o regionalismo, o enfoque pode ser
diversificado, como se vê, por exemplo, nas obras Vidas Secas e  : a primeira focaliza as
dificuldades de uma família de retirantes em sua relação com o meio físico e social; a
segunda apresenta o drama psicológico de um homem “agreste", em conflito consigo
mesmo. V
 III. o sertanejo é, de fato, o verdadeiro representante da cultura brasileira, em virtude do
purismo de seus costumes e linguagem; o sertão é o meio em que as virtudes do homem
ainda não foram corrompidas, correspondendo o sertanejo à figura do “bom selvagem" de
Rousseau. X

 Resposta: A
MUDANÇA
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes
tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente
andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a
viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A
folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no
quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió 1 a tiracolo, a
cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira 2 no
ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se
a chorar, sentou-se no chão.
— Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
2) O chamado “ciclo nordestino" da moderna ficção brasileira compreende
obras inspiradas em motivos sociais, entre os quais o flagelo das secas.
Explique, com base em elementos do trecho do capítulo “Mudança", por
que Vidas Secas é considerado um romance regionalista.

 É considerado um romance regionalista devido à presença da


paisagem semiárida do sertão nordestino; menção a aspectos
da região nordestina com "juazeiros", "rio seco", "planície
avermelhada" e "catinga“; e utilização de termos da linguagem
regional, como "aió" e "pederneira".
Texto 1
Como não sabia falar direito, o menino balbuciava expressões complicadas,
repetia as sílabas, imitava os berros dos animais, o barulho do vento, o som
dos galhos que rangiam na catinga, roçando-se.
(...)
Não era propriamente conversa: eram frases soltas, espaçadas, com
repetições e incongruências. Às vezes uma interjeição gutural dava energia ao
discurso ambíguo.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
Texto 2
Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinhá Vitória pediu o binga ao companheiro
e acendeu o cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto estavam
sossegados. O bebedouro indeciso tornara-se realidade. Voltaram a cochichar projetos,
as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se. Fabiano insistiu nos seus
conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia morrer na certa, um animal
tão bom. Se tivesse vindo com eles, transportaria a bagagem. Algum tempo comeria
folhas secas, mas além dos montes encontraria alimento verde. Infelizmente pertencia
ao fazendeiro — e definhava, sem ter quem lhe desse a ração. Ia morrer o amigo,
lazarento e com esparavões, num canto de cerca, vendo os urubus chegarem banzeiros,
saltando, os bicos ameaçando-lhe os olhos. A lembrança das aves medonhas, que
ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Se
elas tivessem paciência, comeriam tranquilamente a carniça. Não tinham paciência
aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.
— Pestes.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
3)  O fato de as personagens centrais de Vidas Secas
expressarem-se conforme comenta o texto 1 levou
Graciliano Ramos, nesse romance, a
 a) ocupar-se com cenas basicamente descritivas, como um criador que não
tem a opção dos diálogos, tampouco acesso ao pensamento informe de
suas criaturas.
 b) compor um conjunto de episódios isolados, desconsiderando a cronologia
ou qualquer outro critério de encadeamento das ações.
 c) elaborar seu próprio estilo num registro imitativo, num discurso
entrecortado e vago, que inutilmente procura a expressão exata.
 d) adotar formas de discurso indireto livre toda vez que desejou traduzir o
pensamento nebuloso e fragmentário de suas personagens. V
 e) criar um narrador que, desvinculado dos desejos e sentimentos das
personagens, busca interpretá-las a partir de seus gestos ou expressões
faciais.
4) Justifique sua resposta ao teste anterior, apresentando
exemplos extraídos do texto 2.

 “Se elas tivessem... aquelas pestes vorazes que


voavam lá em cima, fazendo curvas."
Criança Morta (1944), de Cândido
Portinari (1903-1962).

Faz parte da série Retirantes.

Descrição patética da migração


de nordestinos, tangidos pela
seca e pela injustiça social.

Traços marcadamente
expressionistas.
Texto 1
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso
como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um
soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao
pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas.
Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de
um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas.)

Texto 2
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução
fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando
com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas,
elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador
em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o
debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre,
a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser
humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos
demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento
da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas
5. (ENEM) – A partir do trecho de Vidas Secas (texto 1) e das informações
do texto 2, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930,
avalie as seguintes afirmativas.

 I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo


pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de
30. V
 II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da
ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre
o intelectual e as camadas populares. V
 III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram,
com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade
nacional. X

Resposta: D
6) No texto 2, verifica-se que o autor utiliza

 a) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na


composição de, a relação entre o escritor e a personagem popular. V
 b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal,
dirige-se diretamente ao leitor.
 c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que
apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca.
 d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em
prosa, para analisar determinado momento de literatura brasileira.
 e) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura,
valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto.
7) Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que
abordam a problemática que é tema do poema.
 Resposta: B
Feito por: Bárbara Cazarré e Christian
Lavorenti
3º ano – E.M.
Professora: Mariana

Você também pode gostar