Você está na página 1de 23

O Pré-Modernismo

O Pré-Modernismo foi um período de intensa


movimentação literária, mas não constitui
verdadeiramente um estilo, e sim uma transição entre
as tendências modernas europeias e o Modernismo, a
se desenrolar no Brasil com a Semana de Arte
Moderna, em 1922.
Autores com estilos levemente
diferenciados

 Uns com raízes nos movimentos anteriores,


outros rumando para mudanças drásticas.
Euclides da Cunha, Lima Barreto e
Monteiro Lobato

foram autores que se preocuparam em


mostrar o Brasil que a população não
conhecia em suas obras.
Referências históricas

 Bahia - Guerra de Canudos;


 Nordeste - Ciclo do Cangaço;
 Ceará - milagres de Padre Cícero gerando clima de histeria fanático-religiosa
 Amazônia - Ciclo da Borracha;
 Rio de Janeiro - Revolta da Chibata (1910);
Revolta contra a vacina obrigatória (varíola) - Oswaldo Cruz;
 República do café-com-leite(grandes proprietários rurais);
 Vinda dos Imigrantes, notadamente os italianos;
 Surto de urbanização de SP - greves gerais de operários (1917);
 Contrastes da realidade brasileira - Sudeste em prosperidade e Nordeste na
miséria;
 Europa prepara-se para a 1ª Guerra Mundial - tempo de incertezas.
Características
Linguagem simples e coloquial

 Apesarde alguns conservadorismos, o caráter inovador


de algumas obras, que representa uma ruptura com o
passado, com o academiscismo;

 Lima Barreto ironiza tanto os escritores "importantes"


que utilizavam uma linguagem “pomposa” quanto os
leitores que se deixavam impressionar: “Quanto mais
incompreensível é ela (a linguagem), mais admirado é
o escritor que a escreve, por todos que não lhe
entenderam o escrito” (Os bruzundangas).
Realidade Brasileira

A denúncia da realidade brasileira, negando o


Brasil literário herdado do Romantismo e do
Parnasianismo;
O Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos
caboclos interioranos, dos subúrbios é o
grande tema do Pré-Modernismo.
Regionalismo, montando-se um
vasto painel brasileiro:

O Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha


;
O vale do Paraíba e o interior paulista com
Monteiro Lobato;
O Espírito Santo com Graça Aranha;
O subúrbio carioca com Lima Barreto.
Os tipos humanos marginalizados:

O sertanejo nordestino;

O caipira;

Os funcionários públicos;


Os mulatos.
Texto jornalístico e científico

Uma ligação com fatos políticos,


econômicos ou sociais
contemporâneos, diminuindo a
distância entre a realidade e a
ficção.
São exemplos:

 Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto


(retrata o governo de Floriano Peixoto e a Revolta
da Armada);
 Os Sertões, de Euclides da Cunha (um relato da
Guerra de Canudos);
 Cidades mortas, de Monteiro Lobato (mostra a
passagem do café pelo vale do Paraíba paulista);
 Canaã, de Graça Aranha (um documento sobre a
imigração alemã no Espírito Santo).
Augusto dos Anjos

Qualificado como simbolista, parnasiano e


pré-modernista, era na realidade, um poeta
solitário que pouco se via no contexto de
qualquer escola literária. Em 1912, publicou
seu único livro de poemas, Eu , contendo 56
poemas.
O Pré-Modernismo é uma fase de transição
e, por isso, registra :
Um traço conservador
 A permanência de características realistas/naturalistas
na prosa e a permanência de uma poesia de caráter
ainda parnasiano ou simbolista.
Um traço renovador
 Esse traço renovador — como ocorreu na música —
revela-se no interesse com que os novos escritores
analisaram a realidade brasileira de sua época: a
literatura incorpora as tensões sociais do período.
O regionalismo — nascido do
Romantismo —

Persiste nesse momento


literário, mas com
características diversas
daquelas que o animaram
durante o Romantismo.
Denúncia dos desequilíbrios nacionais

 Em Triste fim de Policarpo Quaresma, romance mais importante


de Lima Barreto, o escritor denunciou a burocracia no processo
político brasileiro, o preconceito de cor e de classe e incorporou
fatos ocorridos durante o governo do Marechal Floriano.

 Em Os Sertões, Euclides da Cunha fez a narrativa quase


documental da Guerra de Canudos.

 Em Urupês e Cidades mortas, Monteiro Lobato destaca a


decadência econômica dos vilarejos e da população cabocla do
Vale do Paraíba durante a crise do café.
Euclides da Cunha:
 Repórter da Guerra
 Tornar pública a realidade brasileira, em Os Sertões;
 Mostra a Guerra de Canudos de uma forma sem igual até
hoje;
 Enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo;
 Viu de perto a realidade da região e os esforços dos
moradores do local para se salvar dos ataques;
 Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o
subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasis
(litoral e sertão).
Tem o livro dividido em três
partes:
A Terra,
 descreve com uma riqueza às vezes até triste de
detalhes o sertão baiano;
O Homem,
 descreve com o mesmo nível de riqueza o
sertanejo;
A Luta,
 descreve a Guerra propriamente dita.
Monteiro Lobato:
 A Realidade Brasileira...
 Lutou através da imprensa e pessoalmente, pelo saneamento, pela
exploração do petróleo e o ferro, pela educação e saúde do país;
 Aproxima-se das ideias do Partido Comunista Brasileiro;
 Controvertido, ativo e participante;
 defende a modernização do Brasil nos moldes capitalistas;
 Faz uma crítica fecunda ao Brasil rural e pouco desenvolvido,
como no Jeca Tatu (estereótipo do caboclo abandonado pelas
autoridades governamentais) do livro Urupês.
Lima Barreto: “O marginal”

 De origem humilde, filho de pai português e mãe


escrava, Afilhado do Visconde do Ouro Preto,
conseguiu estudar e ingressar aos 15 anos na Escola
Politécnica;
 Foi um grande crítico social;
 Era negro, vítima de preconceitos, utilizava-se de
suas obras para denunciar a desigualdade social da
época, rompendo com o nacionalismo até então
constante em todos os autores pré-modernistas.
Triste Fim de Policarpo Quaresma,

o personagem do título é um fanático


nacionalista;
 termina por descobrir o quão obscura é a
realidade do Brasil.
A obra é dividida em três
momentos: no primeiro,

 Policarpo Quaresma, funcionário público, passa os


dias estudando sobre o seu amado país, o Brasil.
Envia um requerimento sugerindo que a língua
oficial do Brasil tornasse-se o tupi guarani, língua
nativa da região e teve o pedido negado e terminou
internado num manicômio.
No segundo momento,

 Policarpo, com a ilusão de que todas as terras de seu


amado Brasil fossem férteis, aventura-se em
comprar uma fazenda e plantar. Ele o faz numa
fazenda chamada Sossego. A realidade mais uma
vez lhe dá um tapa na cara, a terra não é tão fértil
como ele pensava e ainda não conseguiu lidar com
as represálias dos políticos da região.
No terceiro e último momento,

 Policarpo retorna ao Rio de Janeiro. Apoia o


presidente marechal Floriano Peixoto e participou
como voluntário da Revolta da Armada. Critica
como os prisioneiros eram injustamente tratados e
por isso, foi preso e condenado ao fuzilamento por
ordem do próprio presidente.

Você também pode gostar