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João Cabral de Melo Neto

Biografia

João Cabral de Melo Neto, um poeta e diplomata brasileiro e autor da obra dramática Morte e
Vida Severina, poema que o consagrou.
•Nasceu em Recife, Pernambuco, em 9 de janeiro de 1920.
•Filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro Leão Cabral de Melo era
irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do
sociólogo Gilberto Freyre.
•Estudou no Colégio Marista, em Recife. E era apaixonado pela leitura.
•Em 1941, participou do primeiro Congresso de Poesia de Recife.
•Em 1942 publicou sua primeira coletânea de poemas com o livro Pedra do Sono. Logo
depois se mudou para o Rio e prestou concurso para funcionalismo público.
• Em 1945 publicou seu segundo livro, O engenheiro, custeado pelo empresário e poeta
Augusto Frederico Schmidt
•Realizou seu segundo concurso público. Em 47 ingressou na diplomacia e passou a morar
em várias cidades ao redor do mundo até 1987, momento em que se estabelece com sua
família no Rio.
• Em 15 de Agosto de 1968 é eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Mesmo
mediante as incubências da carreira diplomática, João Cabral produziu prolíficas obras
literárias.
• Em 9 de Outubro de 1999 o escritor é vitimado por um ataque cardíaco, já agastado pela
cegueira e depressão.

Obra

Em síntese, a obra literária retrata a vida de Severino, um migrante sertanejo que, em busca de
condições de vida favoráveis, vagueia pelo Sertão nordestino em direção à capital de
Pernambuco.

É importante enfatizar que durante o período de 1930-1980, a região sudeste, principalmente


São Paulo, passavam por um largo processo de industrialização devido às políticas
econômicas nacionalistas de Vargas que visavam o crescimento da indústria nacional em
detrimento do capital estrangeiro e da importação. Tais fatores se traduziram na intensa
imigração para a região - assim como a de Severino e de seus compadres - enquanto que a
região nordestina ainda era suscetível à seca, concentração fundiária, agricultura e indústria
pouco desenvolvida. Além disso, vale citar a construção de Brasília, que atraiu um contingente
relevante de mão de obra.
Severino encontra no caminho outros nordestinos que, como ele, passam pelas privações
impostas ao sertão. A aridez da terra e as injustiças contra o povo são percebidas em medidas
nada sutis do autor. Assim, ele retrata o enterro de um homem assassinado a mando de
latifundiários.
Assiste a muitas mortes e, de tanto vagar, termina por descobrir que é justamente ela, a morte,
a maior empregadora do sertão. É a ela que devem os empregos, do médico ao coveiro, da
rezadeira ao farmacêutico.
Nota, ao vagar pela Zona da Mata, onde há muito verde, que a morte ninguém poupa. Retrata,
contudo, que a persistência da vida é a única maneira de vencer a morte.
No poema, Severino pensa em suicídio jogando-se do Rio Capibaribe, mas é contido pelo
carpinteiro José, que fala do nascimento do filho.
A renovação da vida é uma indicação clara ao nascimento de Jesus, também filho de um
carpinteiro e alvo das expectativas para remissão dos pecados.

Contextualização

A obra “Morte e vida severina” (1955) foi encomendada por Maria Clara Machado,
diretora da companhia teatral “O Tablado”, posteriormente, alcançando um sucesso estrondoso.
No entanto, a partir de considerações feitas da análise biográfica do autor, Ivan Marques,
professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a produção
da obra não se tratou de mero acaso, muito menos de um texto feito às pressas do qual o autor
se envergonharia pelo resto da vida.
Vale ressaltar que “Morte e vida severina”, assim como outros textos de cunho social
produzidos, foram indiretamente influenciados pelo contexto social em que o autor se inseriu,
marcado pelo contato com Carlos Drummond Andrade, esse em sua fase social, bem como
com a ditadura franquista na Espanha. Nesse sentido, o interesse de João Cabral por tal
temática é associado a seu convívio com Drummond durante sua estadia no Rio de Janeiro em
1940. Deve-se dizer que Drummond, durante a primeira metade dos anos 1940, assume uma
posição política voltada para a esquerda e ao comunismo internacional, reflexo da Batalha de
Stalingrado em 1942, fase em que o sucesso do levante soviético contra as tropas nazistas
condiciona o retorno dos valores revolucionários socialistas sob o facismo e o nazismo.
Tais influências são ainda mais relevantes a partir de sua estadia na Espanha, como
vice-cônsul, momento em que mergulha na realidade espanhola durante a ditadura franquista.
Assim, é válido apontar que o Franquismo foi um regime político ditatorial entre os anos de
1939-1976 que, dentre as características comuns a regimes análogos, está a sua inclinação
para o conservadorismo nacional pautado na limitação dos direitos civis, tal como a repressão
de manifestações contrárias. No entanto, mesmo sob o presente contexto, ainda, João Cabral
pode desfrutar do meio intelectual circundante, como por escritores catalães, com uma
abordagem poética materialista, e artistas de vanguarda, como Antoni Tápies, um dos maiores
opositores ao franquismo que faziam uso de conceitos marxistas.
A obra de João Cabral sofre intensa influência da realidade espanhola, principalmente
do realismo, anti idealismo e materialismo que lhe permitem uma descrição do nordeste
brasileiro mais clara e pessimista.
Em Londres, uma carta sua endereçada a outro diplomata, a qual requisitava um artigo
sobre a economia brasileira para um periódico britânico, é vazado para fontes do jornal Tribuna
da Imprensa, do ferrenho opositor de Vargas, Carlos Lacerda, acusando João Cabral e outros
colegas de instalar uma célula comunista internacional. Diante disso, o poeta é afastado do
cargo de diplomata em 1952 e só admitido posteriormente em 1955 devido à pressão sob
Vargas manter uma célula comunista no Itamaraty.

Referências bibliográficas
https://jornal.usp.br/cultura/biografia-entrelaca-vida-e-obra-de-joao-cabral-de-melo-neto/
https://revistadaanpoll.emnuvens.com.br/revista/article/view/1448/0
https://www.todamateria.com.br/franquismo-na-espanha/
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1299877115_ARQUIVO_SNHANPUH2011.p
df
https://www.todamateria.com.br/morte-e-vida-severina/
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/a-migracao-nordestina.htm
https://web.archive.org/web/20160203053317/http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado
//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=642

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