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GERAÇÃO DE 45

TERCEIRA GERAÇÃO MODERNISTA


A terceira fase do modernismo brasileiro, também conhecida como Geração de 45 ou
fase pós-modernista, é o último momento do movimento modernista no Brasil. Ela
começa em 1945 e se estende até 1980, embora alguns estudiosos prefiram apontar o
fim do modernismo na década de 1960. Os escritores dessa fase possuíam uma atitude
mais formal, em oposição ao espírito radical, contestador e de liberdade desenvolvido
na Semana da Arte Moderna de 1922. A terceira fase do modernismo é marcada pela
deposição de Getúlio Vargas e o fim da Segunda Guerra Mundial, mas os tempos são
de Guerra Fria e Governo Juscelino Kubitschek no Brasil. A literatura brasileira entra na
fase que muitos críticos denominam de Pós-Modernismo, onde a poesia e ideias
propostas pela geração de 1922 passam a ser rejeitadas, surgindo a poesia voltada para
as relações sociais e as reflexões políticas, econômicas e morais. A terceira fase do
modernismo foi responsável pela elaboração de 6 das 10 melhores obras da literatura
brasileira, de acordo com o renomado professor Érico Nogueira. As obras dessa fase são
caracterizadas pelo seu caráter experimental, além da crítica sociopolítica e da
metalinguagem. Elas estão inseridas no contexto da Guerra Fria, conflito que acabou
estimulando o consumismo capitalista
CONTEXTO HISTÓRICO
Segunda Guerra Mundial: O conflito global impactou o mundo inteiro e teve reflexos
no Brasil. A participação do Brasil na guerra trouxe uma conscientização sobre as
questões políticas e sociais globais.

Ditadura de Getúlio Vargas: O governo de Getúlio Vargas, que se estendeu ao longo


da década de 1930 até 1945, teve um impacto significativo na política e cultura
brasileira. A censura e o controle estatal sobre a cultura foram uma preocupação para
muitos escritores da época.

Romantismo e Nacionalismo: A Geração de 45 valorizava a tradição e a cultura


nacional, em contraste com o Modernismo, que muitas vezes abraçava influências
estrangeiras. Eles buscavam uma literatura mais próxima das raízes brasileiras.

Crise do Modernismo: O movimento modernista, que havia sido revolucionário nas


décadas anteriores, começou a perder seu ímpeto. A Geração de 45 viu a necessidade
de uma mudança na literatura brasileira e se opôs a muitas das características
modernistas.
JOÃO
GUIMARÃES
ROSA
Vida, Carreira e Obras
João Guimarães Rosa foi um dos mais importantes escritores brasileiros do modernismo
fazendo parte da terceira geração modernista, chamada de "Geração de 45". Seguiu
juntamente a carreira de diplomata e médico, além de ter sido o terceiro ocupante da cadeira
n° 2 da Academia Brasileira de Letras em 1967. Ele era poliglota, sabia falar francês, alemão,
holandês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, russo, latim e grego.

Nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, no dia 27 de junho de 1908 e faleceu vítima de


infarto, no dia 19 de novembro de 1967

Guimarães já anunciava sua maestria com as letras pouco antes de entrar para a Universidade
em 1929, onde começava a escrever seus primeiros contos. Em 1930, com 22 anos, formou-se
na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, o mesmo ano em que se casa
com Lígia Cabral Penna, com quem teve duas filhas.

Guimarães Rosa escreveu contos, novelas, romances. Muitas de suas obras foram
ambientadas pelo sertão brasileiro, com ênfase nos temas nacionais, marcadas pelo
regionalismo e mediadas por uma linguagem inovadora.
Obras
Sagarana é o primeiro livro de João
Guimarães Rosa. Publicado em 1946, é
uma obra regionalista, com caráter
universal, já que trata de temas como a
violência, além do conflito entre o bem e
o mal. Traz nove contos, nos quais o
universo do sertão, com seus vaqueiros e
jagunços, surge em um estilo marcante

SAGARANA, 1946
Sua obra que merece maior destaque e a
mais premiada, é “Grande Sertão: Veredas”,
publicada em 1956 e traduzida para diversas
línguas. Grande sertão: É o seu livro mais
famoso e conta a história de amor entre
Riobaldo e Diadorim (ou Reinaldo). O ex-
jagunço Riobaldo relata, para um
interlocutor não nomeado na obra, sua
juventude em meio a um bando de
jagunços.

GRANDE SERTÃO:
VAREDAS, 1956
CLARICE
LISPECTOR
Vida, Carreira e Obras
Clarice Lispector foi uma romancista, contista e jornalista brasileira nascida na Ucrânia. Ela
nasceu em 10 de dezembro de 1920 na Ucrânia, em uma família judia que fugiu do país
devido à perseguição durante a Guerra Civil Russa. Clarice falece no dia 9 de dezembro de
1977, véspera de seu aniversário de 57 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de câncer de
ovário.
A família chegou ao Brasil quando Clarice tinha dois anos e se estabeleceu em Maceió,
Alagoas, onde morava a irmã de sua mãe. A escritora foi naturalizada brasileira e se declarava
pernambucana. Clarice Lispector é considerada uma das escritoras mais importantes do
século 20 no Brasil.

A escritora participou da Geração de 1945, que foi um dos momentos mais importantes e
produtivos da literatura brasileira. As obras inovadoras e idiossincráticas de Clarice Lispector
exploram uma variedade de estilos narrativos, e sua literatura é marcada por temas
introspectivos e psicológicos. Sua importância na literatura brasileira é inegável, e suas obras
foram tema de inúmeros livros, e referências a ela e sua obra são comuns na literatura e na
música brasileiras.
Obras
Considerado por alguns críticos como a obra-
prima de Clarice Lispector, A Hora da Estrela
foi lançado em 1977, poucos meses antes da
morte da autora.
O romance conta sobre Macabéa, uma simples
nordestina que vai para o Rio de Janeiro atrás
de oportunidades. Órfã e sozinha, a ingênua
Macabéa se vê desamparada em uma cidade
grande.

O romance foi transformado em filme em 1985


pela cineasta Suzana Amaral, sendo um sucesso
e um dos clássicos do cinema nacional.

A HORA DA ESTRELA, 1977


A HORA DA ESTRELA, 1985
Macabéa (Marcélia Cartaxo) é uma
imigrante nordestina, que vive em São
Paulo. Ela trabalha como datilógrafa em
uma pequena firma e vive em uma
pensão miserável, onde divide o quarto
com outras três mulheres. Macabéa não
tem ambições, apesar de sentir desejo e
querer ter um namorado. Um dia ela
conhece Olímpico (José Dumont), um
operário metalúrgico com quem inicia
namoro. Só que Glória (Tamara Taxman),
colega de trabalho de Macabéa, tem
outros planos após se consultar com uma
cartomante (Fernanda Montenegro).
A Maça no Escuro é um romance de Clarice que
traz como protagonista uma figura masculina,
Martim, que acabara de cometer um crime. O livro
foi vencedor de um importante prêmio literário na
época, o Prêmio Carmem Dolores Barbosa. Na
narrativa, a autora nos apresenta um homem
atormentado que, ao assassinar a esposa, larga
tudo e foge em busca de si mesmo.
Assim, Martim cria maneiras de tentar humanizar-
se, questionando as ideias que tem sobre vida,
morte, existência, transgressão, poder e
linguagem. O título da obra sugere uma relação
com a passagem bíblica em que a maçã é tida
como fruto proibido, mas aqui, a fruta é usada
como um símbolo de algo que não pode ser
nomeado, um sentimento "no escuro", mas que a
autora insiste em tentar traduzir em palavras.
A MAÇA NO ESCURO, 1961
JOÃO CABRAL
DE MELO
NETO
Vida, Carreira e Obras
João Cabral de Melo Neto foi um importante poeta brasileiro da Geração de 45, conhecido
por sua linguagem precisa e técnica. Nasceu em Recife, Pernambuco, em 1920, e faleceu em
1999, vítima de um ataque cardíaco. Suas principais obras incluem "Pedra do Sono" (1942),
"Morte e Vida Severina" (1955) e "A Educação pela Pedra" (1966). Sua poesia é marcada pela
objetividade e pela abordagem de temas sociais e culturais, especialmente relacionados ao
Nordeste do Brasil. Sua contribuição é fundamental para a literatura brasileira
contemporânea.

Essa geração rejeitou o estilo mais introspectivo e emocional dos modernistas e, em


contrapartida, buscou uma poesia mais objetiva e técnica. João Cabral foi um dos principais
representantes desse movimento, contribuindo com uma poesia marcada pela precisão na
escolha das palavras, pela construção rigorosa e pelo rigor formal.

João Cabral de Melo Neto foi agraciado com diversos prêmios ao longo de sua carreira,
incluindo o Prêmio Camões, um dos mais prestigiados da literatura de língua portuguesa.
Sua obra é considerada fundamental para a literatura brasileira, especialmente para
aqueles que valorizam a precisão da linguagem e a abordagem sóbria dos temas abordados.
Obras
Cabral explora a cultura e a história do Nordeste
do Brasil, bem como a formação da identidade
nacional. A pedra, como símbolo, representa a
solidez e a durabilidade, características que
Cabral associa à cultura popular nordestina. A
obra ressalta a importância do aprendizado a
partir do ambiente e da história de um lugar. A
linguagem é trabalhada de forma meticulosa,
ressaltando a habilidade do autor em escolher
as palavras de maneira precisa e evocativa. "A
Educação pela Pedra" é uma exploração
poética profunda e envolvente que demonstra
o compromisso de Cabral com a construção
meticulosa da sua poesia. A EDUCAÇÃO PELA
PEDRA, 1966
Este poema épico é uma narrativa
emocionante e comovente que segue os
passos de Severino, um retirante nordestino
em busca de uma vida melhor. Ao longo de
sua jornada, ele encontra a dura realidade
das secas, a fome e a desesperança que
assolam a região. João Cabral de Melo Neto
utiliza uma linguagem direta e precisa para
retratar os contrastes entre a vida e a morte,
a esperança e o desespero. A obra também é
notável pela sua estrutura, que segue um
rigoroso esquema métrico e estilístico.
Adaptada para o teatro, "Morte e Vida
Severina" continua a ser uma das peças mais
influentes na literatura brasileira.
MORTE E VIDA SEVERINA,
1955
Este poema longo é uma poderosa reflexão
sobre a relação entre o homem e o
ambiente em que vive, especificamente o
Rio Capibaribe em Recife. Cabral utiliza
uma abordagem descritiva e lírica para
ilustrar a beleza e a tragédia associadas a
esse cenário natural. Ao mesmo tempo, ele
critica a negligência e a exploração sofridas
pela população local em face das condições
adversas. A obra destaca a maestria do
autor em criar imagens vívidas e transmitir
uma mensagem social e ambiental
importante.

O CÃO SEM PLUMAS,


1950
ARIANO
SUASSUNA
Vida, Carreira e Obras
Ariano Suassuna nasceu em Paraíba do Norte, atual João Pessoa, na Paraíba, Brasil, em 16
de junho de 1927. Ele foi um escritor, dramaturgo e poeta brasileiro, tendo ficado mais
conhecido por sua produção em prosa. Suassuna faleceu em Recife, Pernambuco, Brasil,
em 23 de julho de 2014, decorrente das complicações de um AVC.

Ariano Suassuna filiou-se a geração de 45 e foi um dos seus principais representantes. Ele
fundou o Movimento Armorial, que visava à construção de um conjunto de obras
artísticas em que o elemento erudito fosse fundido ao elemento cultural popular,
principalmente o nordestino. Suassuna escreveu inúmeros textos teatrais, como o Auto
da Compadecida, obra que se apropria de um gênero clássico, o auto religioso, para
abordar temáticas ambientadas em cenários tipicamente nordestinos. A importância de
Ariano Suassuna na geração de 45 se dá pela sua contribuição para a literatura brasileira,
ao trazer elementos da cultura popular nordestina para a literatura erudita.
Obras
"Uma Mulher Vestida de Sol" é uma peça teatral
escrita por Ariano Suassuna em 1947, que
posteriormente foi publicada em formato de livro.
A obra apresenta como temas centrais o conflito
pela posse da terra e a luta pelo poder, além de
abordar questões como a honra, a vingança e a
justiça. A peça conta a história de uma mulher
que é acusada de adultério e é condenada à
morte pelo marido, que é o juiz da cidade. A obra
é uma crítica social e uma reflexão sobre a justiça
e a moralidade na sociedade brasileira. A peça é
composta por três atos e apresenta personagens
ricos em nuances e complexidades, que
representam a rudeza árida de pessoas movidas
pela ganância da terra, rixas familiares e
belicosidade à flor-da-pele. UMA MULHER VESTIDA
DE SOL, 1947
Auto da Compadecida foi escrito por Ariano
Suassuna e publicado em 1955. A obra é uma
comédia que se passa no nordeste do Brasil e
combina elementos da tradição da literatura
popular conhecida como cordel, uma
característica marcante do barroco católico
brasileiro, misturando cultura popular e
tradição religiosa. A peça é considerada uma
das obras mais importantes da cultura
brasileira e já foi adaptada para o cinema e
televisão diversas vezes. Algumas das
adaptações mais conhecidas incluem "A
Compadecida" (1969), "Os Trapalhões no Auto
da Compadecida" (1987), "Auto da
Compadecida" (1999) e "O Auto da
Compadecida" (2000). O AUTO DA
COMPARECIDA, 1955
LYGIA
FAGUNDES
TELLES
Vida, Carreira e Obras
Lygia Fagundes Teles foi uma das maiores romancistas e contistas da literatura brasileira
durante os movimentos pós-modernistas.
Nascida em São Paulo no dia 19 de abril de 1923 era filha de um promotor e uma pianista. Seu
interesse por literatura começou logo cedo na adolescência, onde com apenas 15 anos
publicou seu primeiro livro com a ajuda de seu pai, chamado "Porão e Sobrado".

Ela teve grande importância na luta pela democracia e contra a censura, tendo grandes
feitos ao trabalhar desde cedo durante sua faculdade onde colaborou com os jornais "Arcádia"
e "A Balança", além de ter sido eleita para a Academia de Letras Paulista, tornou-se a terceira
mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras, foi eleita para a Academia de
Ciência de Lisboa, recebeu o prêmio Camarões durante a oitava cúpula Luso-brasileira em
Portugal na cidade de Porto, e se tornou a primeira mulher brasileira a ser indicada a receber
o prêmio Nobel de literatura.

Lygia Fagundes Telles faleceu aos 98 anos em São Paulo em 3 de abril de 2022, de causas
naturais.
Obras
Ciranda de Pedra, publicado em 1954, foi um de
seus livros mais famosos, utilizado como base para
duas novelas da rede globo em 1981 e em 2008

Na obra, Virgínia, a protagonista, vive uma infância


difícil com pais separados, sendo criada pela mãe,
Laura, e seu médico neurologista, Daniel, que na
verdade, descobre-se depois que é seu verdadeiro
pai. Ela visita a mansão do ex-marido de sua mãe,
Dr. Natércio, que todos acreditam ser seu pai, mas
não consegue conviver bem com as irmãs Otávia e
Bruna, que vivem com o Dr. Natércio e com os
seus vizinhos: Letícia, Afonso e Conrado (pelo qual
nutre uma paixão).
CIRANDA DE PEDRA,
1954
Praia Viva é o segundo livro de contos de Lygia
Fagundes Telles, publicado no ano de 1943, pela
Livraria Martins Editora, sob o nome de Lígia
Fagundes. São 10 contos distribuídos em 136
páginas
A obra tematiza relacionamentos que não deram
certo e que estão esfacelados, além de apresentar o
primeiro conto macabro "Além da estrada larga" e o
primeiro com contorno político "O comício"
Á critica não recebeu bem o livro, apontando que
Lygia tinha qualidades qhe deviam ser mais
desenvolvidas e críticaram que Lygia, por ser
mulher, escreveu textos que não seriam propicios
ao seu gênero, uma óbvia falácia, afinal, genero não
define qualidade.

PRAIS VIVA, 1943


JOÃO
UBALDO
RIBEIRO
Vida e Carreira
João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) foi romancista, cronista, jornalista, tradutor e professor
brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras ocupou a cadeira n.º 34. Em 2008
recebeu o Prêmio Camões. Foi um grande disseminador da cultura brasileira, sobretudo a
baiana. Nasceu em 23 de janeiro de 1941, Itaparica, Bahia, e faleceu em 18 de julho de 2014 de
embolia pulmonar.

João Ubaldo formou-se em direito, por imposição do pai, mas nunca exerceu a profissão. Em
1964, foi para Califórnia fazer mestrado em administração pública e ciências políticas na
University of Southern. De volta ao Brasil, tornou-se professor da Escola de Administração da
Universidade Federal da Bahia.

Sargento Getúlio é um romance de autoria do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro,


publicado em 1971. Trata-se de uma obra regionalista, que tem como tema o banditismo no
sertão e que usa uma linguagem coloquial e repleta de regionalismos, alguns termos sendo
criação do próprio autor.

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