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g Cultura

Negta e
tdentidades

Decolonialidade
e pensamentoO
afrodiaspórico
Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres
Ramón Grosfoguel (Orgs.)

autêntica
EVRAC
4rlaNevs
APA

Aerto Bittewort (wye hetr,f

DAGRAMAA
lan'ssa Caval/o Mazai
Renet t (ke Sa Dal Ausso
ia Vas-As (UFRI), Marnel
Audent kaol M*e Feattherstne
e y ofLondon Carkis Beredito
Mertins (inS Lus Roerto Cardso Oivera
UnS Gerart Delandy (Uniersity of Sussex)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Camara Brasileira do Livro, SR Brasil)
Decolonalidade e pemsamento afrodiaspöric organizadores Joaze
Nelson Maldonado-Torres, Ramon Grosfoguel. 1
Sernardino-Costa,
ed 1 remp - 8elo Horizonte Autêntica Editora, 2019. (Coleção
Cuitura Negra e ldentidades)

Vanos autores
Bibliografia
SBN 978-85-513-0337-5

5
1Antropologia 2 Colonialismo 3.Diaspora africana 4. Episternologia
Negros Condiçbes sociais 6. Relaçdes raciais 7. Sociologia I. Bernardino-
Costa, Joaz2e . Maldonado-Torres, Nelson. Il Grostoguel, Ramon. IV Serie.

18-14715 CDD-305 896

indices para catálogo sistemático:


1Decolonialidade Populaçôes afrodiaspóricas
Ciências sociais 305 896

Marie Pauia( iyuzo Bhoterdra RB &76 19

GRUPO AUTENTICA
Belo Horiaonte Sao Paulo
Rua (arios lurie, 420 Av. Paulista, 2.073 Conyunto NahMmal
Silvesa 31140-520 Horsa. 23°alidat Co) 2310 2312
beso Hornz0nte MG Cerquena (ésar 01311940 Sao Paulo SP
Tel 55 31) 3465 4500 lei (55 1 1) 3034 4468

www.grupoautentiua com br
Analitica da colonialidade e da
decolonialidade: algumas
dimensoes básicas'
Nelsom Aaledomado- lorres

Em sua breve. porén generalizada explicação sobre a descolonizaçao,


Chamberlain (1985, p. 1) observa que ela "é comumente entendida como o
processo pelo qual os povos do terceiro mundo ganharam a independência
de seus governantes coloniais. Em contraste com outros pesquisadores nas
ex colonias que argumentavam que a ideia de descolonização "poderia ser
empregada para descrever que as iniciativas para a descolonização |.. foram
tomadas pelos poderes nmetropolitanos", e que preflerem, como alternativa, o
conceito de libertação, Chamberlain (1985, p. 1) afirma que um historiador
"deve tentar manter o equilibrio" entre a verificação das"políticas dos pode-
res coloniais e as ideias e iniciativas que vieram do colonizado. Ela também
argumenta que historiadores devem "ver o problema em uma perspectiva
mais longa", traçando, diferentemente de libertadores e ativistas decoloniais
nao historiadores, as raízes dos movimentos de descolonização ocorridos

entre 1947 e 1965.


O apelo de Chamberlain para o equilibrio e para uma perspectiva
mais longaé adequado. Entretanto, limites muito óbvios aparecem em seu
Cstudo quando se considera que: a) os impérios europeus pernmanecem como
Sla principal unidade de análise; b) grande parte do seu livro concentra-se
no Império Británico; e c) os vastos impérios espanhol e portugues são

encionados somente brevemente, principalmente no capitulo intitulado

ersão modificada deste capitulo sairá publicada no livro Critical Transitions:


enealogies and Trajectories of Change, organizado por Marc Botha e Patricia Waugh.
bloomsbury Press. Tradução de Dionisio da Silva Pimenta, doutorando em Sociologia,
m bolsa FAPESP pelo PPGS-UFSCar (2015-2019), e visiting scholar, com bolsa
FAPESP, na Rutgers University (2017-2018).

27
O texto não
olerece consicde
"Os impérios
dos menores poderes curopeus.
doutrinas da
"descoberta", bem Tentarei abordar aqui alguns
considere desses problemase oferecer uma visão
relevåncia das
aprofundadas sobre a
das formas idade que
da decolonialida
anizado. Isso envolverá um signifcado da colonjizacão
raçoes na transformação
o
e dos
conlitos anteriores
c o m o das expediçöes virada da centralidade do ação e a agéncia do
de conquista e colonizaçào que
emergiram
com a

na história e
no comércio europeu
que Chamberlain invoca,engajamento
qual a
sério com
tern sido "perspectiva maisa

Oceano Atlântico mas também dodo esforço parte da luta por


Mar
Mediterråneo parao
Novo Mundo.
Essa "perspectiva maislonga"
é crucial para para libertação,
roduzidas por pensadores do compreend-la por meio das lentes teóricas
do
ena formação
especialmente quando grupos
dns quais foram antigoe do atual mundo
se entendera colonização
e a descolonização,
partes dessa história
ou såo ativistas
artistas. Esse
e colonizado, muitos
outroracolonizados tendem a experimentar menos duas contribuições insight teórico oferece ao
colonizadose
existe como um traço,
mas sim como um presente importantes. Primeiro, ajuda combater
APidade da temporalidade gue a
nào c o m o um passado que histórico-cronológico integra logica das a line a

empiricismoe positivisno. Essas correntesciencias


em si, de tempo
vivo, Essa
transformaçåo do tempo
um

anacrônica por meio da


ricismo, europeias: histo-
s e r u m a forma
de temporalidade abordar do
pensamento tendem
para o que parece
a lógicas e conflitos que são
considerados como
a
conhecimento
o
como uma soma
de dados
qual grupos são expostos e um alvo central da
auantificados analisados. Os dados tém sido modo säo observados,.
e que
o

não mais existentes, é parte


dos legados da colonização referir aos potenciais objetos de predominante de se
isso a perspectiva do
ativista decolonial conhecimento, eles como se
aparecessem
critica dos esforços decoloniais, Por
um campo de
intelectual, incluindo aquele do
em
temporalidade linear, que torna extremamente dificil
a qualquer esforço explorar fenômenos
torna-se indispensável que retletem ou são encontrados na
pode ficar satisfeito com relação que
a
historiador, e também por isso não se
temporalidades, Desse ponto de vista, intersecço de
Chamberlain coloca entre libertação e descolonização
ou entre investigação
a soma do visível elou dos eventos
e colonizagão descolonizaçãd
såo
um certo período de
quantificáveis
que aparecem dentro de
histórica e ativismo. tempo, ambas fundamentalmente
condenados da terra, de Frantz Fanon (2004) pertencentes a um
Tomando como exemplo Os momento do passado. A decolonialidadg,
está fundamentalmente alinhado
como
uma luta viva no meio de
descolonização como um
conceito
que visões e maneiras competitivas de
eu uso

nos modos que tem sido


usado pelos experienciar o tempo, o espaço e outras
com oconceito de libertação, pelo menos
coordenadas básicas de subjetividade e sociabilidade humana.
expressa os desejos do precisa de
movimentos que se opõem à colonização. Libertação uma abordagem diferente.
maturidade e tornar-se emancipado como
colonizado que não quer atingir a A teoria decolonial, como abordarei aqui, criticamente reflete sobre
condenam a tradição não que essa seja a única sobre
os europeus iluministas que
nosso senso comum e
pressuposições
cientiicas referentes
a tempe.
mas sim organizar e obter sua própria
forma de conceber a emancipação -, espaço,conhecimentoesubjetividade,entre outras áreas-chave da experiència
tanto a independência
liberdade. Um objetivo típico desses esforços tem sido humana, permitindo-nos identificar e explicar os modos
pelos quais sujeitos
não necessariamente colonizados experienciam a colonização, ao mesmo
politica quanto a económica. Independncia, todavia, tempo em que fornece
implica descolonização na medida em que há lógicas
coloniaise representações ferramentas conceituais para avançar a descolonização. Esse simultäneo en-
podem continuar existindo
depois do clímax especifico dos movimentos gajamento construtivo e crítico é a segunda contribuição fundamentale uma
que
de libertação e da conquista da independência. Nesse contexto, decoloniali; função-chave do pensamento e da teoria decolonial. Mais especificam
conceito oferece dois lembretes-chave: primeiro, mantém-se a o pensamento e a teoria decoloniais exigem um engajam-n
dade como um

colonização e suas horizonte de luta; segundo, serve


várias dimensões claras no as
teoriasdamodernidade. que tendema ervir como estnutufas cpistemo
como uma constante lembrança de que a lógica e os legados do
colonialismo lógicas das ciências sociais e humanidades europeias. O tempoiespaço da
podem continuar existindo mesmo depois do fim da colonização formal e da descolonização nãoé considerado pela modernidade curopeir a0 contrário,
conceito de promove uma ruptura com ela. De uma perspectiva modern.
Conquista da independência cconómica e politica. E por isso que o
decolonialidade é frequentemente representada como tentativa de retorno ao
decolonialidade desempenha um importante papel em várias formas de trabalho
passado ou como um esforço em retroceder a formaçóes culturais e sociais
intelectual, ativista e artístico at ualmente.

29
2%
Tentarei abordar aqui alguns desses problemas e oferecer uma visão
da decolonialidade que considere o significado da colonizaçãoeaagéncia do
colonizado. Isso envolvera um engajamento sério com a "perspectivamais
lo
nga que Chamberlain invoca, a qual tem sido parte da luta por libertaço,
mas também do estorço para compreend-la por meio das lentes teóricas
nroduzidas por pensadores do antigo e do atual mundo colonizado, muitos
dos guais foram ou são ativistas e artistas. Esse insight teórico oferece ao
menos duas contribuições importantes. Primeiro, ajuda a combater a linea
aridade da temporalidade que integra a lógica das ciências europeias: histo-
ricismo, empiricismo e positivismo. Essas correntes do pensamento tendem

a abordaro conhecimento como uma soma de dados que são observados,


quantificados e analisados. Os dados tém sido o modo predominante de se
referir aos potenciais objetos de conhecimento, como se eles aparecessem
em um campo de temporalidade linear, que torna extremamente difícil
explorar fenômenos que refletem ou são encontrados na intersecção de
temporalidades, Desse ponto de vista, colonização e descolonização são
a soma do visível e/ou dos eventos quantificáveis que aparecem dentro de
um certo período de tempo, ambas fundamentalmente pertencentes a um
momento do passado. A decolonialidade. como uma lutaviva no meio de
visões e maneiras competitivas de experienciar o tempo, o espaço e outras
coordenadas básicas de subjetividade e sociabilidade humana, precisa de
uma abordagem dilerente.
A teoria decolonial, como abordarei aqui, criticamente reflete sobre
nosso senso comum e sobre pressuposições cientihcas reterentes a tempp,
espaço, conhecimentoe subjetividade,entre outras áreas-chave da experiência
humana, permitindo-nos identificar e explicar os modos pelos quais sujeitos
colonizados experienciam a colonizaç o, ao mesmo tempo em que fornece

ferramentas conceituais para avançar a descolonização. Esse simultâneo en-


fundamentale uma
gajamento construtivo e critico é a segunda contribuição
função-chave do pensamento e da teoria decolonial. Mais especificamente,
o pensamento e a teoria decoloniais exigem um engajamento critico com
as teorias da modernidade, que tendem a servir como estruturas epistemo-

logicas das ciências sociais e humanidades europeias. O tempo/espaço da


ao contrario,
descolonizaçãonão éconsiderado pela modernidadeeuropeia:
moderna, entretanto, a
promove uma ruptura com ela. De uma perspectiva
tentativa de retorno ao
decolonialidade é frequentemente representada como
Passado ou como um esforço em retroceder a formações culturais e sociais

29
clariticar a relaçåo
bAta
u m cstorçocm

Entào. cu
começarci
aquicom cansequentemente, 5pberania, toi
quase inevitàvel que o direito
pre-modecrnas. c
riasse por grandé projeto de salvação de levar os internacion!
si só 'o
entre
modernidade e
colonizaçào.

como
dominio da soberanja, civilizando marginalizados a0
incivilizado desenvolvendro as insti-
o
e
ocidental ssicÖCs técnicas juridicas
e
Civilização
moderna

128). Mais
necessárias para essa grande missäo" (BowDEN,
modernidade/colonialidade 2009. p. especificamente, "os precedentes leis
scguindo çontato de europeus com pessoas do Noro
o
as
estabelecidas. e

cntendida como
a época da Mundo, informariam
ocidental é
comumente
depois disso natureza dos subsequentes encrntros entre
a

A modernidade a outros arranjos sócio- europeus pessoas e


em comparação indigenas redor do globo" (Bow DEN, 2009, p. 131).
ao

forma de civilizaçåo civilizados, não


mais avanada
queaparecem
cconómicos
como
menos
Para
fundamentar sua tese, Bowden
considera várias
politicos e
culturais

primitivos.
A rejeição
das teses de uma hierarquia
descoberta das Américas. Uma delas é ideia de Tzvetan opinies sobre a
a
ilizados, selvagens ou

modernidade
ocidental pode ser necessária, Todoro.
que adescoberta da América, ou dos americanos, é certamente que afirma
superioridade da
de culturas e da encontro mais o
bases de uma ordem
de forma alguma
suficiente para
desafhar as
Surpreendente da nossa história europei. Nós no temos mesmo senso de o
m a s nåo é
tipo de lógica
e ethos colonizante.
renca radical na'descoberta de dife
internacionalc deinstituiçoes que
tm esse

de instituições, práticas e outros continentes de outros povos" (ToDOROV,


e

e a estrutura
1999 apud BowDEN, 2009, p. 48). Os próprios intelectuais
isso é que o signiñcado de ingleses dos séculos
já pressupõem conceitos
A razão para
simbólicas ocidentais modernas XVIle XVll atestaram o enorme signiicado do evento. Borwden cita
representações entre muitas john Locke.
sociedade, subjetividade,
gêneroe razão, que afirmou que "no inicio todo o mundo era América"
soberania, (LocKE. 1965 [1690]
pressuposto de uma distin-
progresso,
ideias-chare que tèm sido
definidas como apud BowDEN, 2009, p. 48). Podemos adicionar Adam Smith,
outras que argumentou
entre o moderno e o selvagem ou primitivo, hierarquica- que "a descoberta da América e a passagem
para as Indias Orientais pelo Cabo
cão fundamental múltiplos nos
não. E, sendo assim,
há caminhos outros da Boa Esperança são os dois maiores e mais
mente entendidas ou
têm sido definidos por
importantes eventos registrados
e de modernidade na história da humanidade (SmITH, 2005 [1776], 508). As
quais os conceitos de civilização p. impressöes no se
essencialistas. E portanto necessário refletir atenuam quando se chega mais perto do momento da
meio de dicotomias
e deDnições "descoberta". Em 1551.
com ideias
c r i t i c a m e n t e sobre o
enredamento de marcadores de civilização Francisco López de Gómara afirmava que "loj maior evento desde a
criação do
ou selvagens, e sobre as formas mundo, salvo a Encarnação e morte Daquele que o criou, é a descoberta
outros povos com0 primitivos
que postulam das
nas quais a modernidade
ocidental sempre pressupõe definições e distinções Indias, assim chamadas de Novo Mundo" (LóPEZ DE GóMaRA, 1979. 7
p.
Os ecos dessas visões sobre a
coloniais dessa natureza. importància da "descoberta" das Americas
às podem ser encontrados
Tipicamente, o luminismo europeué considerado o principal e, vezes, trabalho de Simon L. Lewis e Mark A. Maslin,
no

o único periodo histórico relevante para oentendimentodo idealde civilização que propuseram que "[o]s impactos do encontro das populações
Velho e do Novo Mundo (..] podem servir
humanas do
ocidental moderna, E por isso que a análise do colonialismo moderno tende para marcar o inicio do Antro-
a focar nos impérios e nas formações dos estados-nações dos séculos XVIle poceno (LEWIs; MAsLIN, 2015, p. 175). O
Antropoceno retere-se à época da
história mundial em que os seres humanos se tornam os
XIX, que desempenharam importante papel nesse processo nomeadamente, agentes principais
da mudança geológica. Uma data usual
Jnglaterra e França. Entretanto, como Brett Bowden (2009) demonstra, a chave para o começo de tal momento é a
para o estabelecimento do "padrão de civilização". característico de todos os Revolução Industrial, mas Lewis e Maslin a rejeitam, porque, como outros
impérios europeus modernos volta-se para a "descoberta" do Novo Mundo e momentos históricos propostos, a Revolução Industrial "no resultou de um
marcador globalmente
para a conquista das Américas. sincrônico (p. 177). Depois de se reierir às várias
A descoberta" teve implicações profundas múltiplas, bem como implicações da "chegada dos europeus no Caribe em 1492" (p. 174) e às mu-
um grande impacto sobre a noção de sercivilizado. Como Bowden coloca: danças massivas que ocorreranm desde então, eles sugerem "nomear a queda
"Uma vez que foi determinado de CO2 atmosfera de 'órbita
que ao mundo colonial faltava civilização e, na
spike' e nomear as mudanças, que fazem de
0
aSMS

palavra orhis, cm la.


OtbiaA humanos Primeira tese: Colonialismo,
Apiocenodehipolcse

a partir
de 1192,
os
descolonizaçãoe
relacionados provocam ansiedade conceitos
do isso é que, alguns
0sDne

mun
ra0para comero
lorpou seglobaje do
t i m sghi conectados.
o

tempo
comO 0 começo
impérios ocidentais Estado naçies modernos usaram
Os e os

des hemisteraos
toram
reteriram
a csse

t e s e s såo
claraspara
ara ccanismos para incutir un senso de segurançae múltipios
n proemincntes
se
destas legit1midade ern seus
sujeitos
SLas constituiçóes. olonialismo,
a r s
implicaqoes
CTnt stas 151. As o comércio

modca(p. o
colonialismo,
descolonidacão conceitos relacionados e

stema
mundo
spike
eles. a ogbita.
implica que
(p. 177).
atestionam esse senso de legitimidadg no qualo sujeito cidadao moderno,
tores Pare Antropoccno
o diz que "contra
a
Jahn, que moderno Estado-nação outras instituiçóes modernas são construidas.
e
promoveram

de Beate
afirmayão do ucrando,
arvào
c o
desse modo,
Siobal a adescoberta
desestabilid ade, Isso inclui narratras
propósito5 das instituiçies modernas. Nesses reiatos,hercicas
apoam
Essas
consaierayies
curopcus,loi
das
de iquase
todos) os
pesquisadores

ou
talvez
mesmo
a emer. origens e os
"direito" o
comaics

2000 está sempre do lado do poder que propiciou


modernas"(JAHN,
dcscnsadcOuarevoluao,

as
igcnmcrane
quc
asciéncias
sociais

Territórios in
a sua formaçao.
tarde revojuçãooperou:
epis. no digenas, sáo apresentados como descobertos,
gen1a do gue
se
tornaria mais
nsiaihosquaisessa dialogam romo um veículo de colonizaçao representada
a é

Bcate lahn
adenttficaus
2000, p. 95).
Esses níveis
(JAHs,
civilização, a'èscravidg é interpretada como um meio
e

para ajudar
p9
e no cticg pelos teóricos primitivo e sub-humano 3 se tornar
o

temoiogun
no ontologico
ical1dade que
foram
identifhcadas

colonialidade no auestão sobre signifhcado importància da colonização


o
disciplinadoLevantar
e a
a

asmasie basicasda da constitui- num se


om
ativistas
comocixos fundamentais DO-ToRRES, 2007 desafio ao usual conceito de "descoberta" traz a tona caráter e
artistas e
MALDONA problemáti- o

eser(LANDER,2000;
decokoniais,

poder co da apropriação de terras e


mundo
moderno
saber,
WYNTER, 2003).
trabalho coletivo
O recursos e suas implicações ate hoje. Também
191, 2000;
MiGNOLO,2000,
QUIANO,
ao invës de conceber o
desafia legitimidade das fronteiras dos Estados e respeitabilidade de
a

autores leva
em
consideração que,
quer conceito normativo
qual a

deses c de outros
conjunto com outros
em qualquer prática mediante as quais os cidadãos e
e

a c o n t e c e n a modernidade

oionialismo
c o m o algo que
modernidade si só, como por
as instituições modernas justiicam a ordem moderno/colonial, incluindo o
a
é mais
sensato afirmar que sentidonormativo de raça, género, dasse esexualidade, entre outros marca-
historicos, "descoberta, tornou-se
comoparadigma da
periodos
revolução
imbricada
no modo de se referir
dores da diferença sociogenicamente gerados, Em resumo,
uma grande
Isso leva a u m a mudança levantar questão a

desde seu
nascedouro.
do colonialismo perturba tranquilidade a
do e a
colonial
ocidental: de
modernidade simplesmente, como oposto ao segurança sujeito-cidadão
a
modernidade
como oposto
modernoe das instituições modernas.
pré
moderno ou para modernidade/colonjalidade,
não moderno,
em vez de sim-
A segunda razão
pela qual colonialismo, descolonização concei-
o a e os
modernidade. Eessealémda modernidade",
an que está além da tos relacionados despertam ansiedade é que,
por trás da questão do signiñcado
piesmerite independéncia, que torna-se
oprincipal objetivodadecolonialidade do colonialismo da descolonização, esta
e
ocolonizado como um questio-
nador e potencial agente. Isso é notavelmente diferente da
colonialidade e decolonialidade posição esperada
Dez teses sobre deles como entidades sub-humanas dóceis. A ordem das coisas no mundo
A mudança no modernidade, descoberta, colonialismo
entendimento de moderno/colonial étal que as
questões sobre colonização e
descolonizaç ão
ideias como parte de uma não podem aparecer, não curiosidade histórica.
e descolonização requer a definição múltiplas é
de a ser como mera
Espera-se
analitica de colonialidade c decolonialidade. Também preciso
uma noção da que o colonizado ex-colonizado seja tão dócil quanto
ou
grato. Conotações
básica que i
Telagao ideias ao menos uma arquitetura
cntreessas
conceitual
patológicas especificas são dadas para diferentes corpos e diferentes práticas,
possa servir como referéncia no esforço de avançar a decolonialidade. Aqui dependendo do gênero especifico, do sexo, da raça de outros marcadores. e L
D
trabalho." Como ficará claro nas outras teses, trazer a
apresento dez teses quc objctivam contribuir para esse questão do signifhicado e da Yodof.
importancia do colonialismo indica um giro decolonial no temae o começo de
umaatitude decolonial que levanta questóes sobre o mundo moderno/colonial
Uma versáo resumida dessasdez teses aparece no site da Fundação Frantz Fanon.
(MALDONADO-ToRRES, 2011a, 2011b, 2016a, 2016b). Não há nada mais terrivel
desse giro. A
a possibilidade
modern0s do que Scria normal para a majoria dos leitores
reivindicações cair em várias formas de
para os
sujeitos-cidadäos
comimagens de
vinganga
e
as a0 passar por cada uma das decadència
deles é preenchida de discriminação
reversa teses, engajamento justo com as teses seria
Um
imaginação
são vistas
como
evid ncia
de fato um ato impossi vel dentro de uma ordem
descolonizaçáao normativa de
mais básicas de
justiça conceitos de colonizaçao
e
colonialidade. Pensadores, artistas e ativistas
modernidade
ansiedadet razida por
esses
colonizadas e decoloniais
preparados para lidar ou decidir não lidar com essa situação. precisam
escravizadas e estar
A
à fobia em relação às pessoas colonizado Mas, desde que
está. portanto, ligada eles c o n c e b e m
o
se queira talar sobre esses tópicos no
sentem quando mundo modernolcolonial, a atitude a
objetivam relativj.
sujeitos-cidadãos
os
que viscerais e
ao terror
situação são priori será de evasão e má fé.
a essa

como um agente Respostas descolonização,


bem como mitigar a
colonialismo e a
zar a questão sobre
o
questionador:
1550 aconteceu no passado e Segunda tese: Colonialidade é diferente de colonialismo
como um e decolonialidade é
posição do
colonizado
meus
antepassados foram
também diferente de descolonização
frente, mas
precisamos
nos mover para minoria, "na verdade, Se a primeira tese' aborda atitude básica
a
que está jogo confron-
também sou

pobres, eu
em na
eram
colonizados, meus pais
(meu marido ou meu melhor ami. tação com as questoes sobre o signihcado.e aimportànciada colonizaço e
racistas, "minha esposa
rejeitam, etc., etc., são da descolonização, a segunda introduz uma clarifcação conceitual que torna
todos somos
nós me
vOcés
vocé, eu tento me juntar, mas
go) é
como relacionada muito popular mais dificil se envolver em simpliicações excessivas. Tendéncias usuais no
Outra resposta
das respostas.
de que "vidas negras esforço de fazer o colonialismo e.a descolonizaçao parecerem irrelevantes
amostras
algumas face à afirmação
atualmenteé "todas as vidas importam', desproporcionalmente incluem suas relativizações e interpretações como assuntos que somente se
são
contexto em que os negros
importam, em um
referem ao Colonialismoe descolonização são às vezes definidos
passado.
mortos pela policia. o Discurso de modo tão generalizante, que acabam se aplicando a todas as formas de
consideração uma pista Césaire, que começa
de
Levando em
sobre civilização e decadéncia, po- construção do império e de resistêncja, desde o começo da humanidade. Mas
uma explicação
sobre colonialismo com
colonizados apontam para a relevància da colonização e da
o
como formas de
uma decadéncia genocida quando sujeitos
repostas
referir
descolonização, eles tendem a se referir particularmente às formas modernas
a essas
demos nos
colonial decadente
Presa em uma atitude
e homicida (CÉSAIRE, 2000, p. 29). de colonização. A confusão massiva começa a ser feita quando
o interlocutor
também decadente, a maio-
promovida pela civilização ocidental moderna imagina um conceito trans-históricodecolonialismoque aplicaria
se tanto a
chamou de jogo degato
sujeitos-cidados engaja que Fanon se no
impérios não europeus anteriores
Império Romano na antiguidade quanto
aos
ia dos
momento em que questões
as
Mundo. A estratégia simples: fazer do colonialismo
o
e rato,cujo objetivo é arasar para sempre como verdadeiramente
à descoberta do Novo
sobre colonialismo e descolonização sáo tomadas um conceito geral para que ele perca especihcidadg quaisquer
e implicaçoes
colonizado aparece como um
fundamentais (FaNON, 2008, p. 99) e em que o nao há laços importantes entre di
sobre presente, Isso não signihca que
o
do império, bem comoentre
legitimo questionador. ferentes formas de colonialismoe construção
caracterizar conceitos de do
entanto, a relevância contemporânea
os
Oporqué de a produção de ansiedade vários modos de desumanização; no
como um agente
olonialismo descolonização, as5im como o colonizado
e colonialismo e da descolonização é perdida se esses conceitos são abord
deve-se ao fato de essa chamar a atenção
guEstionador, ser a primeirates: apenas dessa forma.
ir rtáncia
em relaçäo a todas as
teses
esclarecimento sobre significado e a
para o que representa um a priori pertormativg
o
No esforço de obter colonia-
subequentes. Oaprioriperformativo é uma demonstração da atitude
colonial do colonialismo e da descolonização, distinguircolonialismo,
é útil
como
através de múltiplas formas de evasão e pode compreendido ser
decadente que tende a ser expressa lismo moderno colonialidade. Colonialismo
e
colonialismomoderno
po
mudam no esforço de fazer
má-fé, em que os padrÓes da razào Constantermente a histórica dosterritórios colonjais; o
formaçao ocident
impérios
aus
irrelevantes. Nesse quais os
os modosespecíficospelos"descoberta;
inertes e
as questoes sobre colonialismo e descolonização ser entendido como
e colonialidade
primeira tese é o resultado de uma metarreflexäo sobre próprio desde
o mundo a
sentido, esta Colonizaram a maior parte do
a descolonizaçao.
aty de pronunciar alguma tese considerando a colonizaçåo e
35
desumanização que ée
é ca
como umalogca global de
pode ser compreendida de colonlas tormajs. A "descoberta"do
até mesmo na ausencia
Par de existir imediatamente resultaram daauel
Novy Mundoe as tormas de escraviddo que
eventos-chave que serviram como fundac o
sdo alguns dos
pelo uso da
acontecimento
se reterirà
colonialidade é
maneira de
da colonialidade. Outra
uma torma mais completa de se dirigin
modernidade/colonialidade,
termos
moderniulade ocidental.
tambem à
descolonização
retere-se a momentos históricos m
Desse modo, se a
contra os ex-impérios e reivindica.
coloniais se insurgiram
os sujeitos
que
independència, a decolonialidade à luta contra a lógica da
retere-se
ram a
As vezes a
efeitos materiais, epistèmicos simbólicos.
e
colonialidade e seus
sentido de decolonialidade. Em tais casos
descolonização é usado
no
termo
não como uma realização ou unm
a descolonização é tipicamenteconcebida
sim como um projeto inacabado. Colonialismo é tam.
objetivo pontual, mas
sentido de colonialidade.
bém usado às vezes no

Um dos resultados desta


tese é que, ao contrário do padräo e do conceito
do colonialismo, colonialidadeé uma lógica
histórico ou puramente empirico
uma luta que busca
namodernidade, e decolonialidade é
que está embutida
akançar nåo uma diterente
modernidade, mas alguma coisa maior do que a
número de ideias e práticas que usu-
modernidade. Isso nào significa que um
almente consideramos "modernas" não fará parte dessa outra ordem mundial,
de modernidade eliminou tudo
bem como nào significa que o que chamamos
seu discurso autorreferido concebeu como
o que a própria modernidade no
medievais. A
diterente dela, como a filosofia antiga e uma variedade de ideias
identidade
diferença é que, enquanto a modernidade ocidental atingiu uma
ao inventar uma narrativa tenmporal e uma concepção de espacialidade que
a fez parecer como o espaço privilegiado da civilização em oposição a outros

tempos e espaços, a busca por uma outra ordem mundialé a luta pela criação
de um mundo onde muitos mundos possam existir, e onde, portanto, diferentes

concepções de tempo, espaço e subjetividade possam coexistir e também se


relacionar produtivamente.

Terceira tese: Modernidade/colonialidade é uma forma de


catástrofe metafisica que naturaliza a guerra que está na raiz
dasformas moderno/coloniais de raça, gênero e diferença sexual

E frequentemente reconhecido que "por todos pontos de vista, a conquista


das Américas levou a uma das maiores catástrofes demográficas, se não a maior

6
que o mundo já viu" (/anN, 2000, p. 73). Tudo indica que foi a maior catástrofe
demográfica ao menos até aquele ponto, e que serviu como uma fundação de
modelos para outras formas de catástrofe demográfica até a atualidade. Essa
"descoberta" e conquista tem esse caráter massivo e paradigmático porque não
representou uma catástrofe somente demográfica, mas também metafisica.
Com isso eu quero dizer que a "revolução"' que foi a "descoberta"' das Américas
envolveu um colapso do edifício da intersubjetividade e da alteridadee uma
distorção do significado da humanidade. Essa catástrofe metafisica está no cerne
da transformação da "epistemologia, ontologia e ética", que é parte da fundação
da modernidade/colonialidade e das ciências europeias.modernas.
As divisoes bastante radicaislentre sereshumanos já existiam no Oci-
dente, tais como as diferenças entrecristãos.e não cristãos, homens
e mulheres,
sujeitos saudáveis e leprosos, entre outras distinções. Entretanto, as divisões
tenderam a ser limitadas
contidas pela ideia monoteísta de um Deus
e
que
criou todos e de uma Cadeia dos Seres que ligava a criação inteira entre si e
o divino. A "descoberta" não só colocou em questão o caráter englobante da
Escritura e dos Antigos - nenhum dos quais parece ter dito algo sobre a exis-

téncia de tais terras -, como também erodiu o entendimento do universo em


termos de uma Cadeia dos Seres tendo Deus como sua cabeça. A "descoberta"
agora apareceu com0 um agente histórico com o direito e dever de nomear o
mundo, classificá-lo e usá-lo para o seu próprio bem-estar (ToDOROV, 1999
WYNTER, 1991; 1995). Por isso, a observação, ao invés da revelação, seria cada
vez mais a chave. O desencantamento do mundo e sua concepção utilitária são
partes dessa mudança, como é também o reordenamento de todas as
relações
humanas existentes e formas de
dominação.
Um ponto de partida
para essa modernidade foi, portanto, o postulado de
uma
separação que quebrou com, ou pelo menos começou a tornar irrelevante,
a
noção de uma cadeia que conectava todos os seres ao Divino. Isso é o
que eu
nomeio de catástrofe metafisica, uma catástrofe que é ao mesmo tempo onto-
lógica, epistemológica e ética. A catástrofe metafisica incluio colapso massivo
e radical da estrutura Eu-Outro de
da
subjetividade e sociabilidade e o começo
relação Senhor-Escravo. Isso introduz o que eu denominei em outro lugar
de
diferença subontológica ou diferença entre seres e aqueles abaixo dos seres
MALDONADO-TORREs, 2008). Isto é, aprincipal diferenciação entre sujeitos será
menos uma
questão de crença e mais de essência nessa nova ordem mundial.
A catástrofe metafísica ea emergência da diferença
Se dao no subontológica não
váuo. Se a diferença subontológica fosse apenas uma questão de
37
levaria à relação
de violência
ia
necessariamente

ela não Entre os séculoe


que nao são
metafisica.
separaão
ordem abaixo
dos seres. a fonte da vinlência
ondem do ser e a
an adotar ce
costumese modos de
que existe entre a
estava cada vez maisengajado em
guerras
colonizadores. Iss ss leva alguns des cooniiz.ados pensar do
mundo cristào ocidental a se
juntarem ans coloniza
NTle XV.e reinos de
mulçumanos e outros dores para perpetrar ou justific ar
detender a terra
santa e seus mais vinlëncia.
para
supostamente
Península lbérica, onde
reinge A naturalinaçàn da
na guerra nan ajuda a explicar swomente o
seu climax
cristàos Essa
t r a i e t ó r i a atinge
onde cristãos comeca. ista da separação ontolózica e giro manige
Otomano, o caráter náo dialético da
estavam em oposição ao Império
potenciais também certas dinàmicas de género e sexo. colonialicdade. como
Tstaos ajudar a controlar
para ruerra e gènern estão inextrinca-
doutrina de "limpeza de sangue novas velmente ligados, e os pad röes de sexe
ram uma
tinham começado a viajar para zénero na modernidade/cokonialidade

onde os portugueses tem uma conexão profunda com o modo
dissidentes e MALDONADO-TORRES.
pessoas
(WYNTER. 1995;
em contextos de conflito
como
zënero e sexaalidade aparecern
Africa c a
escTavizar

t e r r a s na
de ser justihcadas em termos que fossem ((GotDsTEIS, 2091: MALDONADo-ToazEs. Z007,
tiveram
2014) Todas essas praticas SHARONI et al.,
2016). Ao mesmo tempo,
e a noção de
Cadeia dos Seres. A catástrofe naturalizacão da zuerra ervoive
a

reronciliados com o
monoteismo

piores ações fossem


uma transformação de como sexoe gënero operam, não
mesmas e, até mesmo as
sonente em contextos
metafisica tornou possivel que as
vivendo tora dos reinos europeus,
sem
pacihcos, como também em guerras tradicionais. Há uma operacão complexa
nao crist s referente a sexo e
nfigidas contra pessoas
as ações excepcio-
gènero na modernidadelcoionialidade.
legal. Isso fez com que Em
necessidade de justificativa nivel, a produção da diferenca
um
muita
toram exibidos durante os tempos subontoiogica ocaiiza os coion
modos de comportamento que zados abaixo das categorias de género. uma vez
nais e os
natural de se comportar que elas pertencem x0s eres
uma maneira
t o r n a s s e m parte de humanos. Os colonizados são preterencialmente concebdos como
de guerra agora se
especies de
descobertos e escravizados e às
outras pessoas no
animais agressivos ou pacifñicos
em relação aos
n o v o s povos
apesar de compietamente racionais
-

nunca -.

classiñcadas usando o mesmo paradigma. que podem sempre se tornar violentos. Isso leva
planeta que s e r i a m a dimensào da experi-
uma
ocidental e à guerra, que
Essa catastrofe metafisica. ligada à civilização ência do ser colonizado em que estes são
despoiados de seu gènero eiou de sua
ieva a naturalização do combate, explica porque as condições coloniais na
diferença sexual (CoRNELL. 2015: DAIs. 1983: GoRDON. 2015: LvGONES, 2007).
assemelham a zonas de guerra perpétuas, onde a extrema e
Ao mesmo tempo, em outro niveli, assim como tem sido
modernidade se
tipico nas guerras
violéncia baixo nivel são continuamente direcionadas às po- ocidentais, os corpos dos inimigos masculinos e temininos são
a constante em
interpretados
puiacóes coionizadas e àqueles que são identificados como seus descendentes diferentemente. Inimigos masculinos tendem a ser percebidos como guerreiros
(MALDONADo-TORRES, 2008). Também explica porque a diferença subontológica ou potenciais guerreiros que representam uma ameaca imediata, enquanto os

toma a forma de um dualismo maniqueista por meio do qual o colonizador é inimigos femininos. que podem ser tào ou mais ameaçadores que qualquer
identiicado como bom e o colonizado como mal. O maniqueismo resiste ao homem, são vistos como aqueles que permitem que os inimigos se reproduzam
movimento dialetico, 0 que signiDca que, na colonialidade, o mundo moderno e, em alguns casos, carreguem a tradição e a memoria do grupo. Nesse cenário

est instalado numa guerra permanente contra o povo colonizado, seus costumes é comum que os homens sejam trequentemente mais torturados e mutilados
e um vasto conjunto de suas criações e seus produtos como alvos mais diretos. do que mortos; enquanto as mulheres são igualmente mutiladas, torturadas,
A modernidade/colonialidade é um paradigma de guerra que se coloca como estupradas e/ou mortas.
Justo e que faz o contexto colonial sempre violento, uma situação que normaliza Um terceiro nivel inclui os resqucios das relações de gènero e concep-
avioléncia bem alem das fronteiras das colónias e ex-colónias (MALDONADO- çoes de sexo que existiram entre colonizados antes da colonizaço. Em alguns
contextos, esses são mais reais e presentes que outros.
TORRES, 2008),. A violéncia é desencadeada em mültiplas direções, mesmo na
Por hm, em um quarto aivel, sexo e gènero emergem como resultado
metropole, sendo que os sujeitos colonizados tendem persistentemente a ser os
do maniqueismo e da diterença subontologica: aqueies que aparecem abaixo
alvos diletos da violéncia sistemática. Entretanto, medida em que
na
qualquer da zona do ser geram ansiedade e medo, mas tambem desejo. Essa dimensão é
Violéncia é reconhecida nesse contexto, os próprios sujeitos colonizados sao
construida sobre uma certa "tradição pornò-tropica" de exploradores europeus,
percebidos como razao final para tal violencia. Espera-se que eles demonstrem
39
8
excesso
protótipo da aberração
e

dentro da qual "mulheres figuravam


como o

os homens,
cono propensas à
A colonialidade näo se refere somente à
sexual folclore as via, até
mcsmo mais que
1995, p. 22). Esse
lentais sobre o
colonizado, como tambémimposição dospapéis de género
(McCLINTOCK,
limite do bestial"
lascivia. promiscuas
no

de "descoberta" e colonizacão
AS múltiplas deformas
desgenerificar regenerificar
à
combinação dessa prática
próprio contexto e
porno-tropico cstava presente
no
aniqueismo, à diterença subontolkógica que estão ligadas ao
do Now Mundo
(McCuNTOCK. 1995. p. 22) 21- inda existentes de sexo de gênero. Isso aos
e
e
entendimentos não ocidentais
dos colonizados e escravizados podem ser
é parte do
resultado, os corpos
qua sujeitos colonizados säoy
Como
como sem géênero ou com uma torma particular destruidos em pedaços processo por meio do
oncebidos, em um momento,

supersexualizados no sentido patológico de seus


o que quer que a
descolonização signiique nesse quando não são mortos.
de diterença de gênero,
isto é,
dehnirem o ser deles com ou sem
não é
simplesmente afirmaçãco de formas contexto, está evidente que
a

patriarcado como se ele indigenas


sexualizadas do corpo de conceber
orgãos partes
sexuais e sCXO Ou a rejeição do
modalidades básicas, certamente não tivesse sido gènero e
genero propriamente
dito. Essas sào quatro
na colonialidade, produzindo
colonialidade gènero do sexo no mundo
do e modificado pela
entre outras, nas quais géneroe sexO trabalham
est udo da colonialidade da colonizado. Essas são
e a naturalização da guerra.
no

decolonialidade.e áreas-chave
a diterença subontologica. o maniqueismo do papel constitutivoe constituinte particularmente na análise
de
moderno/colonial (ESPINOSA M1aoso; gênero,
sexualidade também tomam dinâmicas particulares na parte raça
Genero e e
sexualidade no mundo
certos conceitos de masculi- CoRREAL;
"civilizada" do mundo. No mundo "civilizado", MU`oz, 2014).
eles demonstram
nidade e feminilidade adquirem status proeminente quando Quarta tese: Os efeitos imediatos da
ser centrais, não só tolerando, mas
também perpetuando aguerra sobre bases incluem a naturalização do extermínio,modernidade/colonialidade
expropriação, dominação,
constantes. A masculinidade agressiva torna-se uma norma junto com o sen-
exploração, morte prematura condições e
são
so de feminino. pensado para dar apoio e reproduzir tal masculinidade. O que a morte, tais que piores
como a tortura e o
modelo de feminilidade é o da esposa que cuida do seu marido e que ajuda a estupro
Exterminio, expropriação,
criar a proxima geração de homens. As mulheres que se desviam desse script dominação,
perdem respeitabilidade e podem ser suscetiveis à violência tanto ou mais que
e
condições que so piores que morte, taisexpioração,
como
a
morte
prematura
a
tortura
são ações predominantes nos conflitos estupro, e o

as mulheres que desempenham seus papéis como esposas e reprodutoras de


vezes consideradas beligerantes. Algumas delas são às
homens/guerreiros. Ao mesmo tempo, esse modelo de relação entre homense legalmente legitimas até um certo
ponto,
tidas no máximo como e outras são
mulheres éimposto sobre os sujeitos colonizados, o que adiciona aindaoutro
não
temporárias ou são concebidas como tendo efeitos
nivel aos modos nos quais género e sexualidade funcionam no mundo coloni- pretendidos. Na modernidade/colonialidade, todas essas
ações ocorrem
zado. Essa imposição é sistemática e ocorre de modo explícito e contundente, permanentemente, não como uma resposta contlitos especiñcos, mas como
a
formas de estar em acordo coma
mas, talvez, mais efetivamente de modo sutil por meio da ordem percebida da natureza e do mundo.
internalização de Como o colonialismo, a
ideias e ideais de normatividade de gênero via e mídia. O resultado
educação colonialidade envolve
recursos, isso acontece não somente
mas
a
expropriação de terras e
é
que modelo de género e sexo do colonizador é tomado pelos
o através de
apropriação estrangeira,
sujeitos co- mas também
pelos mecanismos do mercado e dos
lonizados como direcionador de suas
próprias performances em seus esfor- nos. Isso leva a uma Estados-nações moder-
ços de parecerem normais em um mundo que os considera essencialmente situação de ex-colònias, em que os sujeitos nativos
estão
anormais, deficientes e maus. Isso leva
formas agressivas de masculinidade
a
despossuidos. Não somente terras e recursos são tomados, mas as
mentes também são dominadas
beligerante entre aqueles considerados como perpétuos derrotados e por tormas de pensamento que
promovem
inimigos a
colonização e a autocolonizaçio. Os corpos são
sub-humanos.Também leva homens e mulheres colonizados procurarem a
trabalho de maneira que os mantèm em
também explorados pelo
modos de escapar dessa
vários um status interior ao da
condição, buscando estar com colonizadores proletariado
maioria do
masculinos ou
assunmir lugar deles, uma situação da qual colonizadores
o metropolitano.
Por causa disso, seja o
que tor a
descolonização,
frequentemente preciso incluir a luta por redistribuição de
tiram suas
vantagens. ela não pode estar limitada a terras e recursos. Entretanto,
isso.

41
tans/ormaçdo
nulical
uma
emohv
mlonialidade
wlonialiudaude do saber Comum àstrêsdimenshesé
A d
Quina tee:
do podrn,
levamdo
poute
a
subp:tividade. ( que quer que um sujeito
do volonialudade do seja, ele é constituido e sustentado
ser e
do vaber, ed pela sua iocaliza, io no tempo e no espaço,
do ser

qUA posiçào na estrutura de


colomialidade

apenas pela virtud poder e na cultura, e


ser
sustenladas
no9 modos como e posic ona
mundo nào odem
r e c i s a m ser partos em relaçào à produção do saber
As Nes de
consentimento
V'arias
formas de acondo e qualiaade
da cxperiência Fanon mostrou esse tipo de
relaçio entre o subjetivo e o objetivo em
pader coneitosea

deas sobre o sentido dos ou pOntos de vista válu.


sua consideraçào sobre
sociogênese (FANON, 2098, p xv). Fanon também
a
delas conhecinmento

viu o sujeito tanto como produto


INda (ser), sobre o quevonstituio
representa
a ordem
cconomica e politica quanto como um ger ador da estrutura so
sobre o que sdo concebida. cial e cultural, além de possuidor de uma
dos
onheo imento) e
dehnir como as coisas completa visáo de mundo de um
basn as que
ajudam a
atividade (subieti. tempo. Outro modo de enunciar isso é identifhcar o sujeito não
A idetidade e
sao arvas a como
ier apenas
caveitas em
uma dada visào de mundo.
dentro de contextos elemento-chave na constituição do ser, poder e saber, mas também como o
tambem produzem e
sedesenvolvem ser e elemento que mais obviamente conecta essas dimensóes
humana
de concepçôes de principais das quais
niade) de poder, noçoes nós tomamos como real uns para os outros. O
precisos
que tem
funcionamentos

sere poder é inlormada, se näo sujeito, portanto, é um campo


colonialidade do saber, de luta e um espaço que deve ser controlado e dominado
onheimento. A
pela naturalizaçãoda
guerra e pelas para que a coerència
pela
catastrote
metatisica.
de uma dada ordem e visão de mundo continue estável.
onstituda. tornaram parte da experi.
humana que se Ao trazer as dimensões básicas de uma
da diterença visão de mundo
arias
modalidades

moderna/colonial enquanto,
a o m e s m o tempo,
ajudam a diferenciar
saber), que também foram identificadas como chave (ser. poder,
énia
civilizatórios e a explicar os caminhos pelos geral e ampla de áreas
de o u t r o s projetos de análise na teoria da colonialidade e decolonialidade. em
madernidade
de desumanização dentro
conexão com a
quais a
colonialidade organiza multiplas camadas sociogènese fanonianae pela identificação profunda de alguns dos elementos
da modernidade colonialidade. mais básicos do saber, poder e ser,
"descoberta" não consistiu ape-
chega-se a este diagrama:
C o m o eu ja apontei, a "revoluçào" da
despossessão sem precedentes
nas de ações particulares, tais

humana,
como uma

mas também concebeu uma catástrofe


ANALÍTICA DA COLONIALIDADE
ea
eliminação da vida ALGUMAS DIMENSÖES BÁSICAS
de guerra)
metafisica emergéncia de um paradigma (um paradigma
ea

saber, ser, poder e subjetividade no seu centro. Estrutura


com formas particulares do Objetividade
em virtude da articulação de formas do ser, poder e saber que a
E somente
Colonialidade do
modernidade/colonialidade poderia sistematicamente produzir lógicas co Poder
Colenialidade
loniais, práticas modos do ser que apareceram, não de modo natural, mas
do Saber
e
Subjetivdade
como uma parte legitima dos objetivos da civilização ocidental moderna.
Cultura
Colonialidade, por isso, inclui a colonialidade do saber, a colonialidade do Metodoiogta

poder e a colonialidade do ser como três componentes fundamentais da


0wETIVOS E EFEITOS
modernidade/colonialidade. Tempo Espaço
ExploraçàeP
Cada uma dessas principais dimensões do que constitui uma visão Dorminaçào
Expropriação
de mundo tem ao menos très componentes básicos, e cada um deles inclui Extemin
Naturalizdo da Morte,
referència ao sujeito corporificado: furtura e Estupro
Colonialidade do Ser
Saber: sujeito, objeto, método.
Ser: tempo, espaço,
subjetividade. A colonialidade do ser envolve a
introdução da lógica colonial nas
Poder: estrutura, cultura,
sujeito. concepgoes e na experiència de tempo e espaço, bem como na subjetividade.

42 43
da visão c dos demais sentidos
colonialidade
inclui
A colonialidade do ser a
sujeitos têm um senso de si e do se auc um dos objetivos principais do livraéestudar
virtude dos quais os as"várias
at itudes mentais
que são meios em
portanto, requer uma ave.
que pessoas negras adotam 'em face da civilizacão
colonialidade do ser, branca". Atitude é tanto um
exploraçao da obieto da análise quanto um
mundo. Uma
e espaço,
bem como da subjetividade. elemento chave na concepção do conhecimento
riguação da
colonialidade do tempo
A colonialidade avançado no livro. Nåo acidentalmente Fanon refere
do do sentir e do experienciar. se as atitudes
lugr depois
incluindo a
colonialidade ver,
em relação
de fazer sua afirmação frequentemente citada sobre métodos
envolvem a m e s m a operação "Nós deixamos
do saber e a
colonialidade do poder
óbvio fio que unifica a colo.
os métodos para botànicos e matemáticos. Existe um
os

as
constituem. O mais direto e
todos se dissolvem" (PA NON, 2008. p. 16). Fanon ponto em que os mé-
elementos que
aos
do é o sujeito colonizado, que
eu proponho pode "deixar os métodos ans
nialidade do poder. do saber e
ser
botanicose matemáticos", mas cle nåo pode
Fanon, como um damné, ou condenado.
trás; a atenção aos
igualmente deixar atitude para a

que
concebamos, seguindo
localizados fora do espaço e do sujeitos negros como náo
patológicos requer uma ruptura
os sujeitos que são com atitude moderno/colonial
a
Os condenados são que é predominante
humanos, o que signitica. por
exemplo, que eles
säo descobertos junto
em outros A ciências europeias
lugares. partir disso, Pele negra oferece
nas e

tempo descobrirem algo ou de analitica dupla


uma rota
terem o potencial para por meio da qual o autor reflete sobre atitudes
terras em vez de
suas
com
de seu conde território. Os enquanto tambem descreve o
empecilho para a conquista
um drama do processo pelo qual ele rompe com a atitude
representarem
do conhecimento, e a eles
dade moderna e emerge como um
antinegra da coloniali-
assumir a posição de produtores
nados não podem
mesmo modo, os condenados são
pensador e escritor. Pele negra é menos um
objetividade. Do livro sobre sujeitos negros e mais uma narrativa
é dito que não possuem
mantidos abaixo catalizadora com dimensões
formas que os fazem se rejeitar e, enquanto poéticas, analiticas e performativas, que busca ilustrar a
representados em profundidade da
e exploração, podem apenas aspirar colonialidade
das dinamicas usuais de acumulação
como um
problema e,
contrapartida, animar a formação
em
modos de assimilação que nunca são de atitude decolonial e gerar a ideia de decolonialidade
ascender estrutura de poder pelos
na
uma
como um pro-
saber objetiva manter
exitosos. A colonialidade do poder, ser e ieto. Entender o drama doloroso na busca pela atitude certa toma o
inteiramente
inferno. Esse lugar da
lugares, fixos, como se eles obsessão por métodos. A partir dessa
estivessem no
os condenados em seus perspectiva fanoniana, a atitude é mais
o céue a salvação do
civilizado são concebidos fundamental que o método.
éo inferno em relação ao qual

e sobre os quais ele está acoplado. Steve Biko também entendeu o caráter fundamental da atitude
quandoo
definiu consciência negra como "uma atitude da mente e um caminho da vida.
Sexta tese A decolonialidade está enraizada em um giro
o mais
positivo chamado que emana do mundo negro ao longo tempo" (Bixo.
decolonial ou em um afastar-se da modernidade/colonialidade 2002 [1978), p. 91). Enquanto método define a
relação entre um sujeito e um
básica expressåo do giro decolonial est no nível da atitude, le-
A mais objeto, atitude refere-se à orientação do sujeito em relação ao saber, ao poder
vando à formação de uma atitude decolonial. O condenado, como entidade que e ao ser. Portanto, uma
mudança na atitude é crucial para um engajamento
da colonialidade do saber, poder e ser, tem o potencial crítico contra a colonialidade do poder, saber e ser e
para colocar a decolonia-
é criada no cruzamento
de se distanciar dos imperativose normas que são impostos sobre ele e que lidade como um
projeto. A atitude decolonial é, então. crucial para o proieto
buscam manté-lo separado de si. É o desejo do Eu de "tocar o outro, sentir o decoloniale vice-versa.
outro, revelar-me no outro", contra os efeitos devastadores da catástrofe meta- Ao contrário da concepção habermasiana de modernidade como um pro-

fisica, que faz a formação dessa atitude possível, mesmo diante dos obstáculos jeto inacabado e da proposta foucaultiana de modernidade como uma atirude

apresentados pela lógica da modernidade/colonialidade (FANON, 2008, p. 206). histórico-critica, a decolonialidade é tanto uma atitude como um proieto ina-
cabado que busca "construir o mundo do Ti" (MaLDONADO-ToRRES, 20163).
Explicar a formação da atitude decolonial requer uma fenomenologia
que eu estou elaborando em outro texto em diálogo com Pele negra, máscaras
brancas, de Fanon, masque parcialmente aparece aquie nas teses remanes- No original de Peau noire, masques blane, "pour edifer le monde du To:" Na versão
centes. O tema da atitude é crucial em Pele negra, de Fanon. Basta considerar brasileira dessa obra, esse trecho toi traduzido conmo "construir o mundo do T

44
de questoes ser tão importante nos trabalhos dos agentes da descolonizaçåo,
tais como Aime Césaire. que em seu Discurso sobre o colonialismo colocou "o
que. fundamentalmente, é a colonização?" como "uma questào inicialmente
inocente. que deve ser vista e respondida "francamente", o que a torna tam-
béem perigosa" (CÉsAIRE, 2000, p. 32). Fanon também considerou o momento
do questionamento como chave; como narrador e analista em seu Pele negra,
máscaras brancas, ele conclui o texto com uma prece para fazer com que ele
seja sempre alguém que questione (FANON, 2008. p. 206). Como a mente do
colonizado está dominada por histórias e ideias que o fazem confirmar a
colonialidade do saber, poder e ser, Fanon reza para que seu corpo o torne
alguém que sempre questione. Ele concebe o corpo como uma "porta aberta de
toda conscincia e, portanto, sua prece é para que o corpo permaneça aberto
contra qualguer imperativosociogenicamente gerado que queira fechá-lo.
Essa é uma concepção de subjetividade e de formação de questöes bastante
diferente da que se encontra em René Descartes. Aqui, o questionamento
critico emerge não pela virtude da dúvida hiperbólica, mas, pelo menos par-
cialmente, como um efeito de sofrimento hiperbólico. Em vez de se tornar um
agente em seu próprio sofrimento, Fanon reza para que seu corpo permaneça
aberto e desvie-se criticamente de qualquer coisa que promova isolamento,
fechamentoe sofrimento sistemático.
A decolonialidade requer um
compromisso corpo como algo
com o

aberto, como uma zona de contato, como uma ponte e zona de fronteira que,
segundo Cherrie Moraga e Gloria Anzaldúa, aproximam um amplo número
de mulheres negras que avançam em várias formas do
que poderiam ser con
siderados feminismos decoloniais (MoRAGA; ANZALDÚA, 1981; ANZALDÚA;
KEATING, 2002). Isso é parte do que Walter Mignolo tem se referido como
corpo-politica do conhecimento, em adiço à geopolítica do conhecimento
e em oposição à teo-e-eg0-política do conhecimento, e é tambémo que ele
e Madina Tlostanova concebem como uma forma de "teorizar a partir das
fronteiras" (MIGNOLo, 2006, 2010; MIGNOLO; TLoSTANOVA, 2006). A crítica
decolonial encontra sua åncora no corpo aberto. Quando o condenado co-
munica as questões críticas que estão fundamentadas na experiência vivida
do
corpo aberto, temos a emergência de um outro discurso de
outra
e uma
Torma de pensar. Por essa razão, a escrita para muitos intelectuais negros e
de cor é um evento fundamental. A escrita é uma forma de reconstruir a si
mesmo e um modo de combater os efeitos da separação ontológica e da ca-
tastrofe metafisica. Por isso Fanon escreveu Pele negra, apesar de "ninguém
47
àAtAstvte etatisica, a Ao impnrtante nos
yek dn
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e s t i e ss e r

afn 11 inmvih a
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Fesa utae buec ada cvm amo
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tshgika w AimeCesaire, qie erm e t iertnren ohrdauentee
d
da
descolonstty, t
radigmn sda girita
etaita m n m a foma de n e g a c h .
e, ndanentaliente, é a colonizac iesrome uma
ealaninltema tt' ceoee
Pm attfe oitva drevwndenad amr Amore raiva såo quest in inicialmente
wentada jvla atitnde pnsitina ihr
te"que leve ser vista e reaprrila frane
inoen

yr mNnada e primáriasda agóneia (AIRP, amente,nue a torna tarm


lamon hfentith a v hem perieva ( s 2000, p 12 Fanon
kim' n ye
tamhem
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da atitde
r
sdnwhnial
consideron
Jo atiotnamento como chave; com narr dore analista rniimento
niale
uma geneaogin que enm u Pele negra
ahadn, "ginv
dovhnial myuer drd bramas, ele conci textoo com uma
o

om phmiehoina da histhoria untamente com uma


tena. prece para farer com qe ele
nmmenhx atraves ela sepre alguem que quetsne tFANON, 2008. p 206)
mt ws VRN
uira p'arte dessa analitic C.one a
mente do
rarte de
sua
analiha colonizado
estádominada por histórias e
ideias que
mnakagra. ambas
me
do saber, poder e ser farem confirmar o

hientih a ào ddo gin


dovlmial o
åmbito
aldade do salber. poder ser, Fanon reza e
a

NIN na
ditenentes exprswes da atitude decolonial c do para que
u e sempre questione. Ele concebe ocorpo como umases corpn totne o

apyuram
A ow rvtantes

um sicses
nieis o m amor e raiva, 0 condenado a consciência portanto, SUa prece e para que
c,
porta aberta de
aia
gn nnknial ent
artista, u n atinista. Eu nåo pretendo cor po permanect aherto o

um riahr oltra qualquer imperativo


ten wn um pnsakr, s0ciogenicamente gerado que queira
subjetividade de formação de questóes fecheio
ao ativismo, mas eu
o er d arte
eo pOder Essa é uma con de
miurr saher ar Nnsament e
sdcstas principais areas na luta contra a
da que bastante
usual diferente se encontra em René Descartes.
nN guc proiminånnia
a
Aqui, o

nknza ao paaic eaplkada ser


pnialmente pelas relaqoes próxinmas delas critico emerge nao pela virtude da dúvida hiperbolica, mas. questionamento
damensbes hNNas da colonialidade: saber, poder ser. A
e
ialmente.,como um efeito de sotrimento hiperbólico. pelo menos par
cada uma das Em
om
do condenado conmo de se tornar um
vez

ieoknialndaie. portanta tem a ver com a emergëncia agente em seu proprio sotrimento, Fanon reza
para que seu corpo permaneça
ativista e om a tormaçao de comunidades que se juntem aberto e desvie-se criticamente de qualquer
Nnador, riador e
coisa que promova isoBamento.
projeto inacabado. fechamento e sofrimento sistemático.
i a desolonizaçàocomo
um
luta

cnvolhve um giro epistêmico


A decolonialidade requer um
compromisso com o
corpo
Sctima tec Davlonialidade
como
algo
davionial por meio do qual o condenado emerge aberto, como uma zona de contato, como uma pontee zona de fronteira
que

como qucstionador. pcnsador, teórico e escritor/comunicador segundo Cherrie Moraga e Gloria Anzaldua, aproximam um amplo numero
de mulheres negras que avançam em varias tormas do que
brancas, Fanon não decide somente estudar
poderiam ser con-
Em Peie negra. máscaras
siderados feminismos decoloniais (MoRAGA: ANZALDEA, 1981:
próprios sujeitos negros, mas também ANzALDEA:
atitudes antinegros encontradas
nos
KEATING, 2002). Isso é parte do que Walter Mignolo tem se reterido como
mostrar urn caminho que
incua a emergncia da atitude decolonial, e com ela a corpo-politica do conhecimento, em adiço à geopolitica do conhecimento
possibilidade de o condenado escrever e comprometer com a decolonialidade
se
e em oposição teo-e-ego-politica
à do conhecimento, e é tambem o
que eie
cerne do que eu tenho chamado, em algum lugar, de
come um projeto. Esse eo e Madina Tlostanova concebem como uma forma de "teorizar a partir das
meditacões tanonianas, em que o condenado corporihcado, e não o ego cogito
fronteiras" (MiGNOLO, 2006, 2010; MiGNOLO: TLoSTANOVA, 2006). Acitica
o trarscendental, aparece análise, näo simplesmente para
no centro da
decolonial encontra sua àncora no corpo aberto. Quando o condenade co-
ou
ego
melhor conhecer, mas tambem para
mais radicalmente mudar o mundo.
munica as questões críticas que estão tundamentadas na experiència vivida
A transição da solidão da condenação para possibilidade
a da comunica-
do corpo aberto, temos a emergència de um outro discurso e de uma outra
cao passa pela formulação de questões criticas. E esse o porqu de a formulação
forma de pensar. Por essa razão, a escrita para muitos intelectuais negros e
de cor é um evento fundamental. A escrita e uma torma de reconstruir a si
mesmo e um modo de combater os efeitos da separação ontologica e da ca-
FANON,Frantz. Peau noire, masques blancs. Paris: Editions du Seuil, 1973; FANON,
Frantz Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EdUFBA, 2008.) (N.T.) tástrofe metafisica. Porisso Fanon escreveu Pele negra, apesar de "ninguem

46
an

orma de vida"
a CNCrita
"uma
Nona tese: A decolonaldade envolve um
Anzallia
considerou
circularem coOm giro
a ler itado"ipor
solic
iswo
revohuclonáro
os
CNcrilon de Biko decolonlal ativlsta por melo do qual
o condenado

issoera
tho emerge coNO um agenle de mudunça social
também por
e
(2002 |1978|)
quero
o1ifulo
Esrevo o que eu

Decolontalldade
envolveum glro O penamento criatividade nåo podem por si sh mudar o
e a
mundo
Oltava tesr:
esplrtual) por
melo Podemos também acdicionar outras atividades, tal como a espiritualidade, e,
(efreguentemente
decolonal estéthco crlador
nCIo asim, elas naO podem mudar o
comdenado
do qual o
surge
como
mundo. Ocondenado precisa aprovei
1ar a multiplicicdacle de alividades, pensamento, criatividade, etc., e torná ls
abertura do corpo laz parte
da atl.
alirme a
Viver de uma
mancira que
do qucsllonamento
narte de cstraléglan e eslorços para cfetivamente decolonizar poder,
o o saber
possbllikdade
nao somente permite a eo er. INO Cxige a emergenela
condenado como um agente de mudança,
do
tude decolonial que oulros e do mundo
visóes do eu, dos
também a emergênclu de como alguém que evita a lentaçáo de lazer das atividades do pensamento e da
ritico, mas
modernidade/colonlalidade.
O corpo aberto
desaam os conceltos de criativicdade zonas de relúgio cda colonialidacde. Nesas posigoes, o ac adèmico,
que modos artistican sáo
Criaçóen
bem c o m o crlativo, leórico eo artista podem lacilmente
um corpo
questionador,
de dilerenten
maneiras de conceber e
a ser
cooptados quando buscam reco
aulorrctlexio e proposiçho ahecimento de arcnas cspecilicas, tais cono o mundo académico coartistico
de critica, comunidade, entre outras áreas.
o espaço, a
subjetividade e a O viro decolonial requer uma suspensáo da lógica de reconhecimento e uma
viver o tempo,
de uma mentle crítica,
decolonialidade nåo sonenle a cmcrgênca renúncla das instituiçoese práticas que mantêmamodernidadelcolonialidade
A requcr
alirmar conexão em um
mas também de
sentidos reavivados que objetivem A plataorna decolonial para muitos sujeitos criticose criativos
A criaçhoartistica
decoloial busca manter o cooptados pela
mundo delinido por separaçdo. logica do reconhecimento talvez, lermine aqui, e cles se tornam, em uma ocasião
sentido aguçado de mancira que melhor
mente abertos, bem com0 0 ou mais quue cm uma ocasido, agenles da colonialidade.
corpo e a
onto
criticamente a
responder que objetiva produzir separação
algo O ativismo tradicional também
possam
pode ser entendida como pode cair em tais formas de cooptaçào e
logiea. Nesse sentido, a criaçho arthstica decoonial decadéncia. Isso acontece quando ativistas se consideram mais radicais que os
forma de eslender a prece que Panon la7 ao seu corpo. A perlormance
uma
teóricos e artistas, por exemplo, como se o verdadeiro ativismo nåo
un rilual quc busca manler o corpo procurasse
cstética decolonial é, cntre outras coisas,
juntar cssas árcas e mobilizá-las contra os muros de separaçåo criados
aberto, como uma fonte continua de questocs. Ao meso lempo, essC corpo pela
nodernidacle/colonialidade. O ativismo nào é, porlanto, algo que existe fora
aberto é um corpo prejparado para agir.
O giro estético decolonlal é um distanciamento da colonialidade da
dopensamento ou da criação. O ativismo ocorre através deles, assim como
na discussåo de
estratégias para mudar instituiçöes específicas na sociedade.
visao edo sentido. Eu aspecto-chave da dlecolonialidade do ser, incluindo Mas, para que o giro decolonial se torne um projeto, nenhuma dessas áreas
a decolonialidade do lempo, espaço e subjetividade. Ele está também co
de atividades pode existir isoladamente. A
nectado à decolonialidade da espiritualidade, um ponlo que é bem expresso agência
do condenado é definida
pelo pensamento, pela criação e pela açåo, de um modo que busque trazer
por Anzaldúaquando cla escreve que, "na etnopotica e perlormance do juntas as várias expressöes do condenado para mudaro mundo.
xamà, meu povo, os indigenas, nào separavam o artistico do funcional, o

sagrado dosecular,a arteda vida cotidiana. Os propósitos religiosos, sociais Décima tese: A decolonialidade é um
cesteticos da arte estavam todos interligados" (ANzAL DÚA, 2007, p. 88). A projelo coletivo
espiritualiadade está em grande parte conectada à decolonialidade do ser e A emergéncia do condenado questionador, um orador.
como um
lambém ao abarcamento da unidade de saber,
poder
e ser. A estética de- um escritor e um sujeito criativo é evento impossível dentro da lógiea
um
colonial tem também esse caráler: liga e interliga, conecta dos ternmos do
e reconecta o eu e mundo moderno/colonial. O impossível ocorre toda vez
consigo mesmo, o conhecimento com as ideias, ideias que o condenado aparece dessas maneiras, A resposta é previsível: a ordem
as com as
questöes,
as
questocs com os modos de ser.
moderna/colonial busca descartar a anomalia tanto rejcitando, minimizando
estereotipando o condenad
humilhando,
matando e
exotizando quanto
valores que permites
.A
sistemas de
decolonial envolhe
renuncia aos que BIKO, Steve Write hat I Libr
atitude como uma anomalia funcio ne ago Pres, 20M12. Selerte Writreg h
busca desqualithcar
o
condenado
f1977 agr Unrer ty
resposta que
a
sozinho não pode ir muito longe. sNDEN, Brett. The Empie of
Mas um
condenado
entretanto, não é um projeto de salvação individ.al vihz stiom
Chicago:The Unverssty of (hic agr fhe Farrlution of
A decolonialdade, Prers, 214
sn
Imperis ld
e s i m um projeto que
aspira
construir o mundo
do Ti.Opensament.
a cÉSAIRE. Amé. 1Hroutie on
olonialhm. New
realizados não quando se busca reconhec 20MK York Mrnthy A evneu
são todos
criatividade e a ação Pres
estendemos as mãos
aos outros condenado. CHAMBERL LAIN, ME
mento dos
mestres m a s quando
também renunciam à modernidad. Blackwell Publishers. 1985Derolonization. Tio Fail of the fargeam
São os condenados
e os outros. que
juntos em várias formas de c o cORNELL, Drucilla. Afterwerd Fmp1res.fuf r
c r i a m e agem
in:
colonialidade. que pensam.
desestabilizar a colonialidade do saber
ber, Philosophical Introduction to his
Lije and
(ORON1ers a t Fzron aá A
munidade que podem perturbar
e
Press, 2015. p. 143-147. Thought. Niew tork. Foriram
assim mudar
mundo. A decolonialidade é, portanto, não nvr
poder e ser. e final representa
DAVIS. Angela. Women, Pace, and (la:s.
a ser teito. O diagrama
um evento passado, mas um projeto Books, 1983. New Yrk Random Honse. "V istaz
fundamentais.
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Karina Ochoa (Eds.). ana
Tejiendo de otro mo do. jemintcmo. Gomez. MUOZ
ANALÍTICA DA DECOLONIALIDADE tas decoloniales Abya Yala. Popayán, eprstemologa
Colomba Editora Cnzverdadsyziei
en
y
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Mais do que New York. Gxe Pres,
FANON, Frantz. Black Skin, White Masks.
ume outre estrutura Objetividade
New York: Grov
GOLDSTEIN. Joshua S. War and Gender. How ender Shape Press,
21

Deczioniakde tie iWar Sy:tem arnd


Vice Versa.
do Poder Persal
Decolonialidade
do Saber
Cambridge: Cambridge Universiry Press. 211
Concenadols GORDON, Lewis. What Fanon Said:.A Philosophical Introduton to Fi: Lte
knare Ra
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sn

Umaoutra cuture Mais do que


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Metodologia
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oro Tems
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Outro Espao
08JETIVOSE EFEITOS
perspectivas latinoamericanas. Caracas: Facultad de Ciencias Económicas, IES ALC
2000.
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Race in the ards the Human. After Mat, its of
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