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Tendências

contemporâneas
As tendências contemporâneas caracterizam-se pelas manifestações
literárias a partir de meados do século XX até os dias atuais. Há uma
vasta gama de autores que exploram as diferentes formas de
expressão na prosa, uma vez que não há mais “moldes” estéticos, a
intenção artística do momento é usufruir da liberdade e temática
textuais. É difícil agrupar todos os autores contemporâneos, pois
ainda estamos presenciando essas tendências em nosso dia a dia. 

Prosa
Rubem Braga

Considerado um dos maiores cronistas do Brasil, Rubem Braga


(1913 – 1990) nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito
Santo. O autor formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão e
foi no mundo das Letras que seu nome se consagrou. Entre as
temáticas abordadas, há a de cunho intimista, que retrata bastante
sobre a personalidade do autor associado aos momentos de
introspecção que viveu ao longo da vida. Rubem Braga conferiu
caráter poético à prosa e escreveu sobre temas amorosos e
reflexivos, sempre valorizando elementos do cotidiano e o prosaísmo.

Caio Fernando de Abreu


Caio Fernando de Abreu (1948 – 1996) ganhou o coração de
inúmeros leitores com seus textos de cunho intimista, linguagem leve
e temática amorosa. O autor nasceu em Santiago do Boqueirão, em
Rio Grande do Sul e, durante a década de 1970, período do regime
militar, foi perseguido pela força policial e fugiu para a Europa,
retornando ao Brasil alguns anos depois.

Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues (1912 – 1980) é tido como um dos maiores


dramaturgos do país. Nelson foi cronista, romancista, folhetinista e
teatrólogo. Muitos críticos o enxergam como um autor de cunho
Modernista, mas Nelson Rodrigues também conquistou grande
influência no que hoje se chama de teatro contemporâneo, uma vez
que entre as temáticas abordadas se encontram a questão do
adultério, da morte, do suicídio e do preconceito. 

Luis Fernando Veríssimo 

Luís Fernando Veríssimo, filho de Érico Veríssimo, é escritor,


cartunista, humorista, tradutor e além de cronista, músico. É
considerado um dos escritores mais populares do país e suas
crônicas ficaram conhecidas pelo caráter humorístico, sendo
publicadas em diversos jornais, como por exemplo, O Globo e
Estadão. Seus cartuns também abordam as temáticas sociais,
culturais e políticas vigentes, sempre incitando o humor e a ironia a
fim de provocar a reflexão no leitor. 

Lygia Fagundes Telles


Nascida em São Paulo, a autora Lygia Telles é uma grande
romancista e contista brasileira. Em 1985, tornou-se a terceira mulher
a fazer parte da Academia Brasileira de Letras e sua literatura
explora, de forma intimista, a psicologia feminina, o universo urbano e
as relações interpessoais. Além disso, em 2016, aos 92 anos de
idade, Lygia Fagundes Telles tornou-se a primeira mulher brasileira a
ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura.

Nélida Piñon

Membra da ABL (Academia Brasileira de Letras), Nélida Piñon


ganhou representatividade na literatura brasileira por abordar, tanto
em seus contos, como em seus romances, temáticas cotidianas que
envolviam as relações na pós-modernidade. Também com o
incentivo de renovação linguística e estrutural, reflete sobre as
inquietações humanas, desenvolvidas a partir de fragmentos de
emoções, ideias e pensamentos.  Suas obras mais conhedcidas são:
A República dos Sonhos, Vozes do Deserto, A Força do Destino e
Uma Furtiva Lágrima. 

Poesia
Tropicália

Ao final da década de 1960, o movimento Tropicália trouxe novos


ares à música brasileira, uma vez que o ritmo da Bossa Nova era
considerado o grande símbolo do país. Para promover o sincretismo
cultural, vários artistas incorporaram influências estrangeiras, como o
uso da guitarra elétrica e a psicodelia, porém, parte da população
rejeitou essa manifestação artística, incitando que os estilos musicais
deveriam ser puramente nacionais.  A intenção da inserção do
Tropicalismo no Brasil era promover a pluralidade cultural e
impulsionar a modernidade artística.

Poesia Marginal

A poesia marginal surgiu em um período de repressão nos anos 70:


a ditadura militar. Essa manifestação representa a voz das minorias,
dos grupos de artistas que nunca foram elevados pela imprensa e
que ficavam à margem da cultura considerada “elitizada”. A estética
dessa poesia é dada por textos pequenos e preza pelo apelo visual,
como quadrinhos e fotos associados ao texto verbal. Além disso, há a
presença de uma linguagem coloquial e de uma temática cotidiana,
que visa apresentar um caráter crítico, humorístico ou, até mesmo,
erótico. Os grandes representantes são Chacal, Cacaso, Paulo
Leminki e Torquato Neto.

Adélia Prado

A autora Adélia Prado, por exemplo, é um dos grandes nomes da


poesia contemporânea. Um dos focos de temática é dar destaque
para a voz feminina de forma leve e libertadora. Além disso, a autora
escrevia poesias em que depositava sua fé cristã e há, também,
poesias em que depositava uma maior sensualidade em relação à
mulher.

Manoel de Barros

O autor Manoel de Barros também é um dos nomes mais aclamados


da poesia contemporânea. Com uma preocupação enorme com a
estética do texto, subverteu a sintaxe e escrevia orações na ordem
inversa, valorizando neologismos e sinestesias. Sua poesia carrega
um caráter onírico e imaginativo, mas também relembra aspectos
regionais de sua terra natal, Cuiabá. Além disso, seus textos
apreciam as coisas simples da vida, fazendo uma leve crítica aos
anseios do indivíduo de sempre se apegar a bens materiais.

Cora Coralina

Anna Lins dos Guimarães Peixoto, ou também conhecida como Cora


Coralina, foi uma poetisa e contista brasileira. Apesar de ter sido uma
das principais representantes das tendências contemporâneas da
literatura brasileira, teve sua primeira obra publicada apenas aos 76
anos, mesmo escrevendo desde – e também sobre – sua infância e
adolescência. Abaxio, o poema “Mulher da Vida”:

Paulo Leminski

Por meio de trocadilhos, jogos de palavras e brincadeiras, Leminski


se tornou uma das principais referências literárias da
contemporaneidade, trazendo ao leitor certa aproximação da língua
falada, por meio de composições poéticas ricas em gírias e
palavrões, como forma única e individual de escrita. 

Racionais MC's

Considerado um dos álbuns mais importantes do rap brasileiro,


gravado em 1997, Sobrevivendo ao Inferno, embora seja uma
coletânea musical, engloba na atualidade uma das tendências
contemporâneas da poesia brasileira. De modo a caracterizar grupos
sociais em desfavorecimento, além de explicitar a desigualdade
vivenciada pelo povo brasileiro, as letras realistas aproximam o
leitor/ouvinte de temáticas esquecidas e invisibilizadas. 

O álbum, assim como outras músicas do conjunto, já estiveram


presentes em questões de vestibulares, assim como também em
listas de leituras obrigatórias (UNICAMP). 

O que é literatura contemporânea?

A literatura contemporânea é a que vivenciamos atualmente. Começou após o


encerramento do pós-modernismo, por volta da metade do século XX.

A transição de uma escola literária para outra se dá por meio de mudanças no


cotidiano de determinada época. Acontecimentos que envolvem a sociedade em
geral, e até mesmo a política, fazem com que os movimentos artísticos mudem,
com aspectos característicos de cada período.

Sendo assim, podemos afirmar que a literatura contemporânea brasileira é um


reflexo dos acontecimentos do momento: o desenvolvimento industrial e
tecnológico acentuado e a crise nos meios político e social.

Contexto histórico

Para compreender melhor o que é a literatura contemporânea, é interessante


entender o contexto histórico da época. Muitas características dessa escola, que
veremos quais são no próximo tópico, são explicadas pela sucessão de fatos
transcorridos.

Nos anos 60, sob o governo populista de Juscelino Kubitscheck, a população


brasileira foi tomada por uma euforia política e econômica. Isso refletiu na
cultura em diversos movimentos artísticos, como Bossa Nova, Cinema Novo,
Vanguarda, teatro de Arena e a chegada da televisão. Então, com o golpe militar,
que derrubou João Goulart, a euforia teve fim.

O clima de censura e o medo se instauraram no país. Com o fechamento do


congresso, jornais, revistas, filmes, músicas e peças de teatro censurados, o exílio
de intelectuais, políticos e artistas que se opunham à ditadura militar, foi
necessário usar disfarces na cultura.
Os movimentos artísticos precisaram encontrar formas diferentes para se
expressarem ou até mesmo acontecerem por “debaixo dos panos”. O
tricampeonato da seleção brasileira de futebol foi usado como motivo
nacionalista para silenciar o povo.

No final dos anos 70, o então presidente Figueiredo sancionou a Lei da Anistia,
que permitiu o retorno dos exilados para o Brasil. Assim, o clima de otimismo
voltou para os descontentes com a ditadura militar que, por sua vez, acabou em
1985 com movimento Diretas Já! Em 1898, foi eleito para presidente Fernando
Collor de Mello, sendo deposto 2 anos depois.

Características da literatura contemporânea

Nas últimas décadas, a multiplicidade é um ponto marcante da cultura brasileira.


Podemos dizer, que a literatura contemporânea brasileira é um apanhado de
diversas escolas literárias anteriores. Sendo assim, as características dela são:

 quebra do limite entre a arte erudita e a popular;


 intertextualidade: quando há o diálogo com outras obras que o autor presume
que sejam conhecidas;
 ecletismo: mistura de estilos, contemplando gostos diversificados;
 vários modos de narrativas;
 preocupação com o presente, sem planejamento para o futuro;
 temas do cotidiano;
 engajamento social;
 técnicas novas de arte e escrita;
 elaboração de contos e crônicas;
 obras reduzidas (minicontos, mini crônicas, etc).

Tendências contemporâneas da literatura brasileira

Antes de expor quais são as tendências contemporâneas da literatura brasileira,


é preciso conceituá-la. Tendências ou estilos literários são padrões de escrita, ou
outra manifestação de arte, que caracterizam uma escola.

As tendências contemporâneas da literatura brasileira são divididas em duas


linhas. A primeira é a tradicional, que conta com autores e características pós-
modernistas reformuladas. Como exemplo temos as vertentes do romantismo:

 regionalista;
 intimista;
 urbano-social;
 político;
 memorialista;
 experimentais e metalinguísticos.

A segunda é a alternativa, com autores que, de fato, queriam romper com o


tradicional, lançando novas maneiras e estilos de expressar a sua arte. O
destaque fica para a poesia, em que os sentimentos oprimidos pela ditadura
ganham espaço.

Concretismo
É um tipo de poesia que não tem forma, nem versos definidos, diferentemente
do lirismo. Ele pode ser lido de qualquer direção. Embora tenha surgido antes,
ganhou visibilidade após a Exposição Nacional da Arte Concreta de São Paulo.

Poema processo

Em 1964, dois autores — Décio Pignatari e o Luiz Ângelo Pinto — criaram o


poema semiótico ou código, dando início a esse estilo, que geralmente é
visual. O Poema Processo tem semelhança com o dadaísmo — movimento
artístico e literário considerado o mais radical da Vanguarda Europeia.

Poesia social

Os versos da Poesia Social saem do padrão da concreta e da lírica, impondo


temas de interesse social, como a Guerra Fria e o Neocapitalismo. Após o golpe
militar, ela é considerada um estilo de resistência, junto com outras expressões
culturais.

Poesia marginal

A poesia marginal vai na contramão da cultura do Brasil na época da ditadura


militar. Ela tinha o objetivo de expressar toda a violência diária sofrida pelos
opositores ao regime, e ir contra o conservadorismo da sociedade. Suas
características marcantes são a ironia, o sarcasmo, as gírias e o humor.

Autores da literatura contemporânea

Bom, agora que você já sabe o que é a literatura contemporânea brasileira, que
tal descobrir quais são os autores que fazem parte dessa escola literária? Confira
a seguir os grandes nomes e algumas de suas respectivas obras de sucesso:

 Ariano Suassuna (1927-2014): escreveu “Auto da Compadecida” (1955) e “O


Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”;
 Antônio Callado (1917-1997): escritor de “A Madona de Cedro” (1957),
“Quarup” (1967) e “O Tesouro de Chica da Silva” (1962);
 Caio Fernando Abreu (1948-1996): autor de “Morangos Mofados” (1982) e
“Onde Andará Dulce Veiga?” (1990);
 Cora Coralina (1889-1985): autora de “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias
Mais” (1965) e “Estórias da Casa Velha da Ponte” (1985);
 Ferreira Gullar (1930-2016): escritor de “Poema Sujo” (1976) e “Em Alguma
Parte Alguma” (2010).

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