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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nacionalidad brasileira
e
Prêmio
Prêmios
Jabuti (1966, 1974, 1996 e 20
01)
Prêmio da Associação
Paulista dos Críticos de
Arte (1973, 1980, 2000
e 2007)
Prêmio Camões (2005)
Prêmio Juca Pato (2008)
Magnum Ciranda de Pedra (1955)
opus Antes do Baile Verde (1970)
As Meninas (1973)
Assinatura
Lygia em 1945
Aos 20 anos, financiada pelo pai, Lygia publicou seu primeiro livro, Porão e
Sobrado (1938), o qual foi bem recebido pela crítica.[12] Cursou, em 1939, o pré-jurídico
e a Escola Superior de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP). Começou
a participar ativamente de debates literários, nos quais conheceu Mário de
Andrade e Oswald de Andrade, Paulo Emílio Salles Gomes, entre outros nomes da cena
literária brasileira. Além disso, fez parte da Academia de Letras da Faculdade e
escreveu para os jornais Arcádia e A Balança.
Em 1941, matriculou-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, sendo uma
das seis mulheres em uma classe com mais de cem homens; lá, conheceu a poeta Hilda
Hilst, que veio a ser a sua melhor amiga.[9][15] A escritora afirmou, em entrevista, que
sofreu deboche por ser mulher e por estar na faculdade e querer seguir a profissão de
escritora, considerada masculina, dizendo que os rapazes perguntavam para ela e suas
outras colegas de classe com irônico espanto o que elas foram fazer lá, "casar?" Para
ela, esse começo foi difícil era um desafio, pois estavam na moda as poetisas, mas
escrever um livro com a liberdade de abordar todos os temas, era outra coisa. "Sim, foi
um duro desafio porque o preconceito era antigo e profundo. Enfim, eu sabia que na
opinião de Trotsky os que vão logo na primeira fila são os que levam no peito as
primeiras rajadas. A solução era assumir a luta, sair da condição de mulher-goiabada,
[que é] a mulher caseira, antiga 'rainha do lar' que sabe fazer a melhor goiabada no
tacho de cobre".[10] Ela decidiu que seria advogada por causa do pai, que também se
formou na São Francisco. Para custear os estudos, começou a trabalhar na Secretaria de
Agricultura. Seu segundo livro, Praia Viva, saiu em 1944, um ano antes de
seu bacharelado.[9][12] Em 1949, três anos depois do término do curso de Direito, a
escritora publicou, pela editora Mérito, seu terceiro livro de contos, O Cacto Vermelho,
o qual recebeu o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras.[16][17]
Em 1947, casou-se com Gofredo Teles Júnior (filho de Gofredo da Silva Telles), seu
professor de direito internacional privado, de quem adquiriu o sobrenome. Na ocasião,
Gofredo era deputado federal, e em virtude desse fato, o casal mudou-se para o Rio de
Janeiro, onde funcionava a Câmara Federal. Lygia exerceu a profissão na Secretaria de
Agricultura durante algum tempo, mas a abandonou pelas letras, tornando-se
colaboradora do jornal carioca A Manhã, para o qual escreveu uma coluna de crônicas
semanal.[17] Em 1954, nasceu o único filho do casal, Goffredo da Silva Telles Neto.[9]
"Fico aflita só de pensar nas novas gerações lendo esses meus livros (os dois primeiros)
que não têm importância. Eu não quero que os jovens percam tempo com eles. Quero
que conheçam o melhor de mim mesma, o melhor que eu pude fazer, dentro das minhas
possibilidades".
Lygia Fagundes Telles sobre Ciranda de Pedra.[15]
Com seu retorno à capital paulista, em 1952, começou a escrever seu primeiro
romance, Ciranda de Pedra (1954), que a tornou conhecida nacionalmente.[17] Na
fazenda Santo Antônio, em Araras - São Paulo, de propriedade da avó de seu marido,
para onde viajava constantemente, escreveu várias partes desse romance. Essa fazenda
ficou famosa na década de 20, pois lá reuniam-se os escritores e artistas que
participaram do movimento modernista, tais como Mário e Oswald de Andrade, Tarsila
do Amaral, Anita Malfatti e Heitor Villa-Lobos. O crítico Antonio Cândido o considera
o romance como o marco de sua maioridade como escritora, e ela própria, crítica severa
de seus primeiros escritos, gosta de assinalar a publicação desse romance como sua
estreia como escritora,[15] afirmando, sobre aqueles, que "a pouca idade não justifica o
nascimento de textos prematuros, que deveriam continuar no limbo", completando: "o
que ficou pra trás são juvenilidades".[14] Os críticos Paulo Rónai, Otto Maria Carpeaux e
Carlos Drummond de Andrade também aclamaram-no.[18] O livro foi adaptado com
sucesso pela Rede Globo para a televisão em duas ocasiões: a primeira em 1981 e
a segunda em 2008.[12][19] Em 1958, a escritora publicou Histórias do Desencontro, o qual
ganhou o Prêmio Artur Azevedo do Instituto Nacional do Livro.[20]
Em 1960, Lygia se separou, mas não se divorciou, de Goffredo; no ano seguinte,
começou a trabalhar como advogada no Instituto de Previdência do Estado de São
Paulo. Ela trabalhou nesse escritório e continuou suas publicações simultaneamente até
1991.[9] Seu segundo romance foi Verão no Aquário, lançado em 1963, que novamente
foi bem recebido pela crítica e ganhou o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.
Naquele mesmo ano, casou-se com o crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes, a
quem descreveu como "um homem encantador, inteligente, vibrante, irônico". Foi um
escândalo: embora oficialmente continuasse casada (a lei brasileira não admitia
o divórcio) com Goffredo, ela juntou-se com Paulo Emílio, enfrentando a maledicência
da sociedade da época. Viveram juntos até a morte do escritor, em 1977.[15] Com ele,
escreveu o roteiro para cinema Capitu (1968), inspirado no romance Dom Casmurro,
de Machado de Assis. Esse roteiro, que fora encomenda de Paulo César Saraceni,
recebeu o Prêmio Candango, concedido ao Melhor Roteiro Cinematográfico.[9] Ainda em
1963, Lygia começou a escrever o romance As Meninas, inspirado no momento político
em que passava o país. Em 1964 e 1965 foram publicados seus livros de
contos Histórias Escolhidas e O Jardim Selvagem, respectivamente.[17]
Consagração internacional
Embora tivesse estreado na década de 1940, foi apenas da década de 1970 que Lygia
alcançou a plena maturidade de seus meios de expressão e marca o início da sua
consagração na carreira, tornando-se um nome fundamental na ficção brasileira
contemporânea.[21] Publicou, então, alguns de seus livros mais importantes, os quais
foram um êxito no exterior e traduzidos para várias línguas.[10] Antes do Baile
Verde (1970), cujo conto que dá título ao livro, foi um sucesso internacional,
conquistando, em Cannes, o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros,
em língua francesa, pelo qual concorreram 360 manuscritos de 21 países.[22] O
escritor Caio Fernando Abreu avaliou que Lygia "[é] basicamente uma contadora de
histórias, no melhor e mais vasto significado da expressão".[23] Antonio Candido,
professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo, ressaltou que a escritora "sempre teve o alto mérito de obter, no romance e no
conto, a limpidez adequada a uma visão que penetra e revela, sem recurso a qualquer
truque ou traço carregado, na linguagem ou na caracterização".[10] O professor e
ensaísta Silviano Santiago afirmou que "uma definição curta e sucinta dos contos de
Lygia dirá que a característica mais saliente deles é a dificuldade que têm os seres
humanos de estabelecer laços".[24] O revisor e crítico Paulo Rónai também opinou
favoravelmente sobre os dezoito contos de Antes do Baile Verde: "essas obras-primas,
de tão fremente inquietação íntima e que exalam um desespero tão profundo, ganham a
clássica serenidade das formas de arte definitivas".[25] Na versão original, é apresentada
uma carta escrita por Carlos Drummond de Andrade, em 1966, à Lygia em relação a
obra:[26]
Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1966.
Lygia querida:
[...] O livro está perfeito como unidade na variedade, a mão é segura e sabe sugerir a
história profunda sob a história aparente. Até mesmo um conto passado na China você
consegue fazer funcionar, sem se perder no exotismo ou no jornalístico. Sua grande
força me parece estar no psicologismo oculto sob a massa de elementos realistas,
assimiláveis por qualquer um. Quem quer a verdade subterrânea das criaturas, que o
comportamento social disfarça, encontra-a maravilhosamente captada por trás da
estória. Unir as duas faces, superpostas, é arte da melhor. Você consegue isso. Tão
diferente da patacoada desses contistas que se celebram a si mesmo nos jornais e
revistas e a gente lê e esquece o que eles escreveram! Conto de você fica ressoando na
memória, imperativo.
Tchau, amiga querida. Desejo para você umas férias tranquilas, bem virgilianas.
Carta de Carlos Drummond de Andrade.
Em 1973, Lygia ganhou vários e importantes prêmios brasileiros com o romance As
Meninas, publicado em Nova Iorque, em 1982, com o título de The girl in the
photograph.[27] O romance recebeu o Prêmio Jabuti; o Prêmio Coelho Neto, da Academia
Brasileira de Letras e o prêmio de Ficção da Associação Paulista de Críticos de Arte.[13]
[17]
Ele conta a história de três jovens no início da década de 1970, um momento difícil
na história política do Brasil devido à repressão da ditadura militar. Sobre a obra, Otto
Maria Carpeaux afirmou: "Lygia tem realmente algo da delicadeza atmosférica de
uma Katherine Mansfield. A diferença é apenas a seguinte: ela também sabe escrever
romance e As Meninas é mesmo um romance de alta categoria".[28] A escritora estava
entre os intelectuais que foram para Brasília em 1977, para entregar o "Manifesto dos
Intelectuais". O protesto foi a maior manifestação de intelectuais, desde 1968, contra o
regime militar e censura da imprensa.
A censura vinha exorbitando em relação ao teatro, ao cinema, às artes plásticas, livros e jornais. Nós
fomos nos sentindo frágeis. É bonito isso, o sentimento do homem fragilizado politicamente, a sua
vontade de se reunir, de formar seus círculos. Em 1976, jovens escritores em Belo Horizonte, em
mesas de bar, já estavam se levantando, tentando também armar não se sabe bem o quê, não se sabe
se um manifesto ou um memorial. As ações estavam coincidindo, embora não houvesse ainda entre
nós contato mais profundo. O movimento de Belo Horizonte acabou liderando grupos esparsos de
São Paulo e do Rio, que tinha à frente Rubem Fonseca e José Louzeiro. Eu me sentia dentro de uma
nova inconfidência, de origem mineira e âmbito nacional.[13]
— Lygia falando sobre o motivo do manifesto
— As Meninas.[49]
Dentre os autores brasileiros, a escritora se diz influenciada por Machado de
Assis especialmente por sua "ambiguidade, o texto enxuto, a análise social e a ironia
fina".[50] Em 1967, ela realizou a adaptação cinematográfica do romance Dom
Casmurro com Paulo Emílio Sales Gomes, intitulado Capitu, com direção de Paulo
Cesar Saraceni.[9]
Linguagem
A sinestesia é uma das principais figuras de linguagem utilizadas nos contos de Lygia: a
cor verde é constantemente citada como referência à passagem da vida à morte; às
vezes, alude à esperança, à inveja e ao dinheiro.[51] As variações linguísticas são também
usufruídas como representação das personagens retratadas de acordo com seu nível
social e com a situação da comunicação. Outros dois traços marcantes na literatura de
Lygia são a ambiguidade e a ironia, presentes em Ciranda de Pedra (1954), Antes do
Baile Verde (1970) e As Meninas (1973), nas quais a escritora estabelece conflitos
internos do homem vivendo em sociedade.[52]
Antes do Baile Verde
Ver artigo principal: Antes do Baile Verde
A linguagem de Antes do Baile Verde modifica conforme a temática de cada conto. Em
geral, há um tom engajado como denúncia velada à desigualdade social e uma oposição
ao regime militar no Brasil;[53] há presença ampla do discurso indireto livre para enfatizar
a análise psicológica feita das personagens e o uso de inúmeras figuras de linguagem,
como metáfora, personificação e sarcasmo.[54] A autora utiliza linguagem clara, concisa,
descartando tudo o que poderia ser considerado desnecessário para a ficção. O emprego
dos diálogos, por meio dos quais autor e narrador constroem as personagens,
desenvolvem o enredo, transmitem as informações ao leitor, é feito de maneira
primorosa e também contribui para a rapidez narrativa de Lygia.[55]
Sempre que possível, mostra os fatos ao invés de contá-los para o leitor, tirando
proveito das características determinantes do modo showing de narrar, a imitação
verdadeira, a mimese, as falas diretas, o modo dramático, como que propiciando que a
história se conte por si mesma. Assim, em grande parte dos contos, o leitor tem a
sensação que o narrador se esconde e que ele, leitor, é também personagem e observa os
fatos acontecerem diante dos próprios olhos. Existem momentos de ousadia e coragem,
principalmente com relação à seleção de temas, mas, na maioria das vezes, a escritora
pode ser classificada como prudente no ato de escrever, não explorando todos os
artifícios narrativos que os recursos retóricos da linguagem disponibilizam. Lygia, de
certo modo, limita o uso de recursos praticados na "modernidade", ou seja, aqueles que
buscam uma ruptura radical com os moldes tradicionais.[55]
As meninas
Ver artigo principal: As Meninas (livro)
Em As Meninas, a escritora não cai na futilidade, não se banaliza, e a linguagem
é coloquial e expressiva e os diálogos abandonam os padrões formais. A narração em
primeira pessoa é manipulada de forma primorosamente cambiante: ela se desloca
constantemente para o fluxo de consciência das três amigas, que se entrevistam, que se
apresentam umas às outras e ao leitor, que refletem continuamente sobre si mesmas e
umas sobre as outras, arrastando-os nessas frequentes invasões à privacidade de Ana
Clara, Lorena e Lia, que vão se revelando gradativamente diante do leitor. Cada
personagem tem um estilo peculiar de expressar-se, pois cada uma delas se exprime
dentro de seu "dialeto" coloquial - o discurso mais elaborado e culto de Lorena,
o regionalismo politicamente engajado de Lia e o pensamento confuso e truncado de
Ana "Turva".[56]
Outro ponto na forma de expressão das três moças é que elas falam em primeira pessoa;
Lorena, Lia e Aninha usam o pronome Eu. Cada moça é sempre um Eu observador, que
mostra sua própria posição, quando fala das outras. O narrador da obra nada fala de si,
só fala das três, logo, é um narrador onisciente (que tudo sabe) e de terceira pessoa,
como costumam ser os oniscientes, e deixa que as elas falem por si mesmas, dando a
impressão de um teatro com alguns diálogos e muitos monólogos. O narrador, no
entanto, é desconhecido, e nem pode se dizer que seja Lygia, pois ela é a autora, a
pessoa física e real que escreveu o romance, e nele concebeu um narrador sobre o qual
se sabe muito pouco ou nada. A seguir uma das passagens do romance em que esse
narrador se mostra um pouco:
Inclinou-se [Lorena] para os lados, numa profunda reverência, os braços em
arco para trás, as mãos se tocando como pontas de asas entreabertas.
Agradeceu recuando um pouco, o sorriso modesto posto no chão. Mas
empolgou-se ao colher uma flor no ar, beijou-a, atirou-a triunfante para as
galerias e voltou rodopiando à janela. Acenou para a jovem que esperava de
braços cruzados no meio da alameda. Levou as mãos ao lado esquerdo do peito
e suspirou com ênfase.
— As Meninas, páginas 11-12.[57]
Aqui, por exemplo, o narrador se revela, porque ele está em sua função de falar
sobre a personagem. Mas, nesses raros momentos em que se mostra, tal narrador
revela a manipulação das técnicas "românticas" de apresentação das meninas-
moças. "Isso acaba se harmonizando bem com o realismo dos monólogos, onde as
confissões tendem a ser mais brutais e mais modernas".[56]
Temática
Para escrever, você precisa se dedicar de corpo e alma a seu personagem, a seu
enredo e à sua ideia. É preciso que seja um ato de amor, uma doação absoluta, e
é impossível sair do transe enquanto não dá a história por acabada, enquanto não
decifra o humano. O detalhe é que o ser humano é indefinível. Por mais que
tente, você não consegue defini-lo totalmente. O ser humano é inalcançável,
inacessível e incontrolável, ele está sujeito a esses três 'Is'.
Lygia a falar sobre escrita.[6]
Vivendo a realidade de uma escritora do terceiro mundo, Lygia considera sua obra
de natureza engajada, comprometida com a difícil condição do ser humano em um
país de tão frágil educação e saúde, e procura apresentar em seus textos a realidade
envolta na sedução do imaginário e da fantasia.[13][58] Especialmente em seus
romances, as personagens principais tendem a ser mulheres, dotadas de um
psicologismo intenso e de comportamentos muito marcantes, como Virgínia,
de Ciranda de Pedra, Raíza, de Verão no Aquário e Lorena, Lia e Ana Clara, de As
Meninas. Essa recorrência poderia ser interpretada como um evidente
engajamento feminista.[59][60] O choque do desconhecido no cotidiano aparece em
vários textos da escritora, o qual provoca um sentimento de dúvida, medo e
ambiguidade. Entre os contos que lidam com o sobrenatural estão As
Formigas, Natal na Barca, e Noturno Amarelo.[59]
Crítica literária
A obra lygiana já foi elogiada por renomados escritores da literatura nacional e
internacional, os quais se renderam à sua elegante escrita. Clarice Lispector, Carlos
Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu, José J. Veiga, José Saramago, entre
outros, já expuseram opiniões importantes e fizeram parte do público de
admiradores da obra da escritora. Segundo o crítico José Castello, ela "é uma
escritora que se dedica aos temas universais: a loucura, o amor, a paixão, o medo, a
morte".[6]
"Lygia é a maior escritora brasileira viva e a qualidade de sua produção é inquestionável."
Durval de Noronha Goyos[61]
Para João Ubaldo Ribeiro, "é a grande dama da literatura brasileira". Milton
Hatoum destaca a magnitude e a perenidade dos contos de Antes do Baile
Verde e Seminário dos Ratos, livros publicados nos anos 1970. Já Ignácio de Loyola
Brandão garante não "existir, na literatura brasileira, uma pessoa mais adorável".
Muitos livros se tornaram clássicos, como o romance As Meninas (1973), "livro até
hoje muito lido nas escolas, pois reflete o impasse de jovens que viveram numa
época obscura", observa Hatoum. "O destino das personagens é, de algum modo, o
destino de uma geração movida por sonhos de liberdade sexual e política, ou por um
desejo de ascensão social. É um romance que opera com o equilíbrio entre o
psicológico, o social e o político. Sem dúvida, um dos melhores livros da autora."[6]
Lispector afirmou que Lygia é uma das maiores escritoras de contos do país;
"inclusive entre os homens". J. Veiga foi outro nome a escrever sobre o domínio da
sua técnica narrativa: "De que tratam os contos de Lygia Fagundes Telles? Ora, do
que acontece ao redor dela e ao redor de nós e também do nosso interior, claro. Em
suma, tratam dos ‘naturais tormentos dos quais a condição humana é herdeira’,
como já descobrira ou suspeitara o príncipe da Dinamarca. E o que foi que viu ao
seu redor, ou ao redor de sua mente ou dentro dela e que disparou o mecanismo
lygiano da criação? Obviamente o que a sua inteligência e a sua sensibilidade
focalizaram em dado momento — instantes, lampejos, sementes, pensamentos,
lembranças". O português José Saramago foi outro reconhecido autor que admirava
sua obra: "Recentemente estava eu a folhear alguns livros de Lygia Fagundes Telles
que desde há muito me acompanham na vida, a afagar com os olhos páginas tantas
vezes soberbas. Releio-os uma vez mais, palavra a palavra, sílaba a sílaba,
saboreando ao de leve a pungente amargura daquele mel".[62] Wilson Martins, crítico
literário brasileiro, observou que a escritora ultrapassou o "círculo de giz
autobiográfico" no qual giram desesperadamente tantos contistas modernos, uma
vez que "ela possui, pois, a primeira qualidade do ficcionista, a de saber colocar-se
na pele dos outros. Essa é mais uma ambiguidade do conto, que ela assume com a
mesma autoridade de Machado de Assis ou de Joaquim Paço D'Arcos".[25] Tal-
qualmente, Caio Fernando Abreu escreveu: O texto de Lygia prima pela unidade,
pela densidade, pela extraordinária dignidade que confere à língua portuguesa,
mesmo quando trata de temas ou situações sórdidas, perversas, violentas. Ler Lygia
Fagundes Telles, para quem é dado a esses requintes, traz o prazer da descoberta da
beleza, da sonoridade e da expressividade".[25]
Perspectivas
Política Faço política ao
Lygia era conhecida por ser adepta da liberdade ampla poder político. [...]
Denuncio de forma
e irrestrita. Em uma entrevista, confessou sua
romanceada
decepção com a fórmula usada pelos profissionais as torturas, os vícios,
da política brasileira, e contou também que conseguia as feridas, os mandos
fazer política sem participar do poder público, estando e desmandos de
sua mensagem política por inteiro em sua obra nossa sociedade.
literária, na qual denuncia de forma embelezada
vários problemas da sociedade, os quais podem ser — Lygia Fagundes, [63]
Religião
Apesar de ter algumas imagens de santos guardadas no apartamento, Lygia não se
considerava religiosa, mas acreditava na reza e tinha paixão por alguns deles,
como santa Teresinha, a quem descreveu como não sendo "essa água-com-açúcar
que dizem", mas que era forte, densa, quase tão densa quanto a própria Teresa
de Ávila, que foi uma santa filósofa e intelectual. Quando mais nova, sua mãe lhe
colocava nas festas como anjo de procissão. Apesar de ter parado de ir à igreja, por
vezes, na Semana Santa, Lygia gostava de ir ver a imagem de Jesus morto e achava
a Páscoa a festa mais linda que existe, pois isso a anima e fortalece, tornando sua a
vida "suportável".[64]
Em uma entrevista, declarou não ser tão ligada a Deus, e disse que a natureza
humana é misturada demais, e que alguns, como Agostinho de Hipona, conseguiram
que aquele lado, a banda podre, desaparecesse, sendo esse o triunfo do
próprio cristianismo: "Jesus Cristo também conseguiu". Citou o romance O
Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago, como dos quais mais gosta em
se tratando de religião, afirmando que gosta dos agnósticos, pois, em suas palavras,
eles são apaixonados por Deus. "É uma negação da paixão. Negam e se dedicam a
isso, se entregam. É a forma de paixão mais revolucionária que existe. Judas tinha
paixão por Cristo. Roía as unhas, arrancava as orelhas, entregou Cristo e se matou.
Só a morte, só a desaparição, poderia acabar com aquela fonte de sofrimento dele,
aquela fonte de amor e de ódio". Também afirmou que às vezes acredita
em reencarnação, às vezes, em transmigração das almas.[64]
Vida pessoal
Em 1947, aos 24 anos, Lygia casou-se com o jurista Gofredo Teles Júnior, seu
professor de direito internacional privado, de quem adquiriu o sobrenome; no
entanto, o casal separou-se poucos anos depois. Ela teve seu segundo casamento em
1962 com o crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes, seu ex-colega
da Universidade de São Paulo (USP).[48] Sobre Carlos Drummond de Andrade, ela
revelou que teve apoio dele no começo de sua carreira. "Ele percebeu que eu era
uma jovem sozinha, sem dinheiro, com ambições, escrevendo, e ele então foi
afetuoso, foi ouvinte. Ele fez a terapia que eu jamais teria dinheiro para pagar. Ele
me aceitou, me estendeu a mão".[66]
Morte
Lygia morreu em 3 de abril de 2022, aos 103 anos, de causas naturais.[67] O velório
foi aberto ao público, na Academia Paulista de Letras, no Largo do Arouche, e
decorreu das 18h às 20h30. Na manhã do dia seguinte, seu corpo
foi cremado no Cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste de São Paulo, tendo a
cerimônia sido restrita aos familiares.[68] Sua morte teve grande repercussão na
mídia, e diversas personalidade e figuras políticas prestaram suas homenagens nas
redes sociais e/ou em aparições públicas, como Cícero Sandroni, Daniel
Munduruku, Valter Hugo Mãe, Luiz Schwarcz, Raimundo Carrero, João
Doria, Luiza Erundina e Jandira Feghali.[69][70] Em entrevista, Merval Pereira,
presidente da Academia Brasileira de Letras, descreveu-a como uma "figura
exponencial" e declarou que a escritora "foi fundamental não só para a literatura, ela
foi uma grande líder feminista, ela relatava a sua vida moderna, e fazia isso
colocando as mulheres em uma posição de destaque. Então, além de grande
escritora, ela era uma grande figura humana. [...] A literatura brasileira perde uma
grande mulher",[69][71] enquanto José Renato Nalini, em nome da Academia Paulista
de Letras, escreveu:
"A mais notável personalidade da literatura brasileira, patriota e democrata, já era
lenda em vida. Permanecerá no Panteão das glórias universais e, para orgulho
nosso, era mais academicamente bandeirante. Não faltava aos nossos encontros
semanais no Arouche. A gigantesca e exuberante obra continuará a ser revisitada,
enquanto houver leitor no mundo".[70]
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, decretou luto oficial no estado por três
dias pela morte da escritora.[72]
Prêmios
Ao longo de sua carreira, Lygia recebeu importantes prêmios literários nacionais e
internacionais, como o Prêmio Camões; o Prêmio Jabuti na categoria de Contos e
Crônicas em 1966,[73] 1996[74] e 2001[75] e na categoria Romance em 1974;[76] o Prêmio
Coelho Neto;[17] o Grande Prêmio Internacional Feminino para Estrangeiros na
França, em 1971;[22] e o Troféu APCA em 1973,[13] 1980,[32] 2000[77][78] e 2007.[79][80] No
dia 13 de outubro de 2005, escritora recebeu o Prêmio Camões, o mais importante
da literatura em português, na cidade do Porto, no norte de Portugal, país que disse
amar profundamente e onde afirma possuir antigas raízes familiares. O ato
solene contou com a presença dos então presidentes do Brasil e Portugal, Luiz
Inácio Lula da Silva e Jorge Sampaio, respectivamente, onde Lula agradeceu a
contribuição da escritora à cultura brasileira e à língua portuguesa através de uma
linguagem que definiu como "iluminada".[81] Ela recebeu cem mil euros da
premiação.[82] Em 2015, venceu o Prêmio Cultura da Fundação Conrado Wessel e
ganhou trezentos mil reais.[83]
Em 2016, mais de 30 anos depois da última indicação brasileira, a escritora tornou-
se a primeira mulher brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura. Logo
após a publicação dos nomeados, o crítico Marcelo Gouveia, do Jornal Opção,
notou que, apesar do talento de Lygia, seria pouco provável ela ganhar porque, além
do eurocentrismo, a lista de premiados também é marcada pela supremacia da
presença masculina. A escritora também demonstrou consciência total desta
realidade: "Como eu digo no texto sobre o meu processo criativo, sou uma escritora
do Terceiro Mundo, uma escritora engajada nos horrores das diferenças sociais,
uma escritora num país de miseráveis e analfabetos. [...] Aqui, os que sabem ler, não
leem. Os que compram livros também não leem. [...] Fala-se muito em prêmios.
Ora, os prêmios... Escrevemos numa língua desconhecida. Desprestigiada. Não
somos lidos nem na América Latina, quem nos conhece na Venezuela? No Chile?
Na Colômbia? [...] Participei em Cáli de um encontro da nova narrativa sul-
americana, fui para falar do meu trabalho. E acabei informando ao público de
escritores sul-americanos que a nossa língua era o português. Português?
Sim, português com estilo brasileiro".[62]
Outros prêmios incluem:
As Meninas, 1982 As Pérolas, 1961
Ciranda de Pedra, 1986 As Horas Nuas, 1993
Seminário dos Ratos, 1986
Edições em Portugal Para o sueco
Prosa intimista.
Conflito existencial.
Fragmentação da narrativa.
Contextualização sociopolítica.
Acessos: 422541
DADOS BIOGRÁFICO
Maria da
Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946. De origem humilde,
migrou para o Rio de Janeiro na década de 1970. Graduada em Letras pela UFRJ,
trabalhou como professora da rede pública de ensino da capital fluminense. É Mestre
em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação Literatura
Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996), e Doutora em Literatura
Comparada na Universidade Federal Fluminense, com a tese Poemas malungos,
cânticos irmãos (2011), na qual estuda as obras poéticas dos afro-brasileiros Nei Lopes
e Edimilson de Almeida Pereira em confronto com a do angolano Agostinho Neto.
Participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país,
estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na
série Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. Desde
então, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores. A escritora participa de
publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Seus contos vêm sendo
estudados em universidades brasileiras e do exterior, tendo, inclusive, sido objeto da
tese de doutorado de Maria Aparecida Andrade Salgueiro, publicada em livro em 2004,
que faz um estudo comparativo da autora com a americana Alice Walker. Em 2003,
publicou o romance Ponciá Vicêncio, pela Editora Mazza, de Belo Horizonte.
Com uma narrativa não-linear marcada por seguidos cortes temporais, em que passado e
presente se imbricam, Ponciá Vicêncio teve boa acolhida de crítica e de público. O livro
foi incluído nas listas de diversos vestibulares de universidades brasileiras e vem sendo
objeto de artigos e dissertações acadêmicas. Em 2006, Conceição Evaristo traz à luz seu
segundo romance, Becos da memória, em que trata, com o mesmo realismo poético
presente no livro anterior, do drama de uma comunidade favelada em processo de
remoção. E, mais uma vez, o protagonismo da ação cabe à figura feminina símbolo de
resistência à pobreza e à discriminação. Em 2007, sai nos Estados Unidos a tradução
de Ponciá Vicêncio para o inglês, pela Host Publications. Vários lançamentos são
realizados, seguidos de palestras da escritora em diversas universidades norte-
americanas. Já sua poesia, até então restrita a antologias e à série Cadernos Negros,
ganha maior visibilidade a partir da publicação, em 2008, do volume Poemas de
recordação e outros movimentos, em que mantém sua linha de denúncia da condição
social dos afrodescendentes, porém inscrita num tom de sensibilidade e ternura próprios
de seu lirismo, que revela um minucioso trabalho com a linguagem poética.
Em 2011, Conceição Evaristo lançou o volume de contos Insubmissas lágrimas de
mulheres, em que, mais uma vez, trabalha o universo das relações de gênero num
contexto social marcado pelo racismo e pelo sexismo. Em 2013, a obra antes
citada Becos da memória ganha nova edição, pela Editora Mulheres, de Florianópolis, e
volta a ser inserida nos catálogos editoriais literários. No ano seguinte, a escritora
publica Olhos D’água, livro finalista do Prêmio Jabuti na categoria “Contos e
Crônicas”. Já em 2016, lança mais um volume de ficção, Histórias de leves enganos e
parecenças.
Nos últimos anos, três de seus livros, que continuam recebendo novas edições no Brasil,
foram traduzidos para o Francês e publicados em Paris pela editora Anacaona. Em
2017, o Itaú Cultural de São Paulo realizou a Ocupação Conceição Evaristo
contemplando aspectos da vida e da literatura da escritora. No contexto da exposição,
foram produzidas as Cartas Negras, retomando um projeto de troca de
correspondências entre escritoras negras iniciado nos anos noventa. Em 2018, a
escritora recebeu o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de
sua obra.
Traduções
Ponciá Vicêncio. Trad. Paloma Martinez Cruz. Austin-TX: Host Publications, 2007.
L'histoire de Poncia. Trad. Patrick Louis. Paris: Anacaona, 2015.
Banzo, mémoires de la favela. Trad. Paula Anacaona. Paris: Anacaona, 2016.
Insoumises. Trad. Paula Anacaona. Paris: Anacaona, 2017.
Poèmes de la mémoire et autres mouvements. Édition bilingue. Trad. Rose Mary Osorio
er Pierre Grouix. Paris: des femmes-Antoinette Fouque, 2019.
Ses yeux d'eau. Trad. Izabella Borges. Paris: Des Femmes-Antoinette Fouque, 2020.
Ponciá Vicêncio. Trad. para o italiano por Dalva Aguiar Nascimento. Inédito.
Antologias
Cadernos Negros 13. Org. Quilombhoje. São Paulo: Ed. dos Autores,1990.
Cadernos Negros 14. Org. Quilombhoje. São Paulo: Ed. dos Autores,1991.
Vozes mulheres – mural de poesias. Niterói/RJ: Edição coletiva, 1991.
Cadernos Negros 15. Org. Quilombhoje. São Paulo: Ed. dos Autores,1992.
Cadernos Negros 16. Org. Quilombhoje. São Paulo: Ed. dos Autores,1993.
Gergenwart. Org. de Moema Parente Augel. Berlin: São Paulo: Edition Diá, 1993.
Cadernos Negros 18. Org. Quilombhoje. São Paulo: Quilombhoje: Ed. Anita, 1995.
Moving beyond boundaries. International Dimension of Black Women’s Writing. Edited
by Carole Boyce Davies and Molara Ogundipe-Leslie. London: Pluto-Press, 1995.
Finally US. Contemporary Black Brazilian Women Writers. Edited by Miriam Alves
and Carolyn R. Durham. Edição biblingue português/inglês. Colorado: Three Continent
Press, 1995.
Callaloo, vol. 18, number 4. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1995.
Cadernos Negros 19. Org. Quilombhoje. São Paulo: Quilombhoje: Ed. Anita, 1996.
Cadernos Negros 21. Org. Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa e Sônia Fátima da
Conceição. São Paulo: Quilombhoje: Editora Anita, 1998.
Cadernos Negros: os melhores contos. São Paulo: Quilombhoje, 1998.
Cadernos Negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, 1998.
Cadernos Negros 22. Org. Quilombhoje. São Paulo: Quilombhoje: Editora Okan, 1999.
Cadernos Negros 25. Org. Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa. São Paulo:
Quilombhoje, 2002.
Fourteen Female Voices from Brazil. Austin-Texas: Host Publications, Inc., 2002.
Cadernos Negros 26. Org. Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa. São Paulo:
Quilombhoje, 2003.
Abdias Nascimento, 90 anos de memória viva. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, ed.
bilingue, 2004.
Women righting: afro-brazilian Women’s short fiction. Edited by Miriam Alves and
Maria Helena Lima. London: 2005.
Cadernos Negros 28. Org. Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa. São Paulo:
Quilombhoje, 2005.
Brasil e África - como se o mar fosse mentira. Org. de Rita Chaves, Carmen Secco e
Tânia Macedo. São Paulo-Luanda: UNESP/CAXINDE, 2006.
A Section from Ponciá Vicêncio. In: The Dirty Goat, Austin, Texas, Host Publications,
2006.
Cadernos Negros 30. Org. Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa. São Paulo:
Quilombhoje, 2007.
Revista Callaloo Colorado, USA: Three Continetal Press, 2007.
Textos poéticos Africanos de Língua Portuguesa e Afro-Brasileiros. Org. Elisalva
Madruga Dantas et alli. João Pessoa: Idéia, 2007.
Cadernos Negros: Três Décadas. São Paulo: Quilombhoje: Secretaria Especial de
Promoções da Igualdade Racial, 2008.
Cadernos Negros/ Black Notebooks – Contemporary Afro-Brazilian Literary
Movement. Edited by Niyi Afolabi, Márcio Barbosa & Esmeralda Ribeiro, Asmara,
Eriteia, Africa Word Press, 2008.
Questão de pele. Org. Luiz Ruffato. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2009.
Contos do mar sem fim: Angola, Brasil, Guiné-Bissau. Org. Eduardo de Assis Duarte
(Brasil). Rio de Janeiro: Pallas; Guiné-Bissau: Ku Si Mon; Angola: Chá de Caxinde,
2010.
Cadernos Negros 34. Org. Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa. São Paulo:
Quilombhoje, 2011.
Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Org. Eduardo de Assis
Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. Vol. 2, Consolidação.
Je suis Rio. Paris: Anacaona, 2017.
Do Índico e do Atlântico: contos brasileiros e moçambicanos. Organização de Vagner
Amaro e Dany Wambire. Rio de Janeiro: Malê, 2019.
Amor e outras revoluções, Grupo Negrícia: antologia poética. Organização de Éle
Semog. Rio de Janeiro: Malê, 2019.
Clarice Lispector, personagens reescritos. (Conto: "Macabéa, flor de Mulungu"). Org.
Mayara Guimarães e Luis Maffei. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2012.
Cartas Negras - Ocupação Conceição Evaristo. São Paulo: Itaú Cultural, 2017.
Livre. (Conto: "Do lado do corpo, um coração caído"). Org. Beatriz Leal Craveiro. Belo
Horizonte: Moinhos, 2018.
Olhos de azeviche. (Contos: "Di Lixão" e "Amores de Kimbá"). Org. Vagner Amaro.
Rio de Janeiro: Malê, 2018.
Do Índico e do Atlântico: contos brasileiros e moçambicanos. (Conto: "Os pés do
dançarino"). Org. Vagner Amaro. Rio de Janeiro: Malê, 2019.
Escritoras de Cadernos Negros: contos e poemas afro-brasileiros. (Poema: "Eu-
mulher"; Conto: "De Mãe"). Org. Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa. São Paulo:
Quilombhoje, 2019.
Vozes insurgentes de mulheres negras. (Poema: "Vozes-mulheres"). Org. Bianca
Santana. Belo Horizonte: Mazza, 2019.
Cartas para Conceição. Org. Camila Baccine Sara Maria Fontes. São Paulo: UNESP;
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Não Ficção
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Prefácio. In: DUARTE, Mel (Org.). Querem nos calar: poemas para serem lidos em
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"Terra à vista": descobrimento ou apagamento do outro? In: Jeni papos: diálogos sobre
viver. Organização de Daniel Munduruku, Darlene Yaminalo Taukane, Isabella Rosado
Nunes e Maurício Negro. Rio de Janeiro: Mina Comunicação e Arte, 2022.
TEXTOS
CRÍTICA
FONTES DE CONSULTA