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O arrebatamento de Psiquê

William-Adolphe Bouguereau – 1895


óleo sobre tela - 2014 × 2481

O mito de Eros e Psiquê conta a história de uma princesa humana, nascida com uma beleza tão grande que a faz ser conhecida como a nova
Vênus causando uma enorme diminuição no culto da deusa, pois Psiquê aceita ser reverenciada como deusa do Amor e da Beleza. Para ensinar
uma lição à moça, Vênus pede que seu filho Eros, a faça se apaixonar pelo mais abjeto dos mortais. Entretanto, ao encontrar Psiquê adormecida,
Eros fica tão encantado que acaba por acidentalmente se picar em uma de suas próprias flechas e a leva para um palácio celestial aonde ele só vai
durante a noite, na mais completa escuridão, uma forma de evitar que ela descubra o enlace proibido entre um deus e uma humana.

Certo dia, Psiquê resolve (apesar de todos os avisos de Eros) ver a face de seu amado, temendo que ele fosse, na verdade um monstro. Com uma
lâmpada de azeite em uma das mãos e uma adaga em outra, aproxima-se da cama em que ele dorme profundamente e fica tão extasiada com a
beleza do deus, que acidentalmente derrama o azeite quente em cima dele, queimando-o. Eros, ferido e triste por Psiquê ter quebrado sua
promessa, leva-a de volta a terra e a abandona. Ela então começa a vagar de templo em templo, implorando aos deuses que a ajudem a encontrar
seu amado, mas sem obter nenhum sucesso. Até que resolve se colocar como serva de Vênus, na esperança de que a deusa a perdoasse por sua
vaidade.

Vênus a submete então a uma série de provas que farão com que a moça se torne digna de desposar Eros. Ao final, seu amado intercede junto ao
deus dos deuses, Zeus, e com a bênção de Vênus, leva Psiquê ao Olimpo, onde esta toma a famosa Ambrosia, bebida dos deuses e se torna
imortal. Do casamento de Eros e Psiquê nasce uma filha, Volúpia.

O mito trata da evolução da alma humana através do amor. Em grego, Psiquê é o mesmo que alma, sopro e borboleta, uma alegoria à
potencialidade da alma humana de poder transformar-se de uma vida rastejante em um ser alado, livre e belo.

Pode-se ver ao longo da história o processo de evolução da alma que começa vaidosa e instável, passa por um período de semiconsciência em
que ama algo que ainda não vê e momento mais simbólico, talvez, seja o da tomada de consciência, em que munido do fogo (símbolo da
consciência), vê o rosto do divino diretamente e desde então submete-se a todas as provas da vida, encarando-as como oportunidades de
crescimento interior até atingir sua plenitude.

Muito longe de ser apenas mais um conto romântico, no mito, Eros simboliza o Amor como Ideal e a sua busca seria a busca pelo que há de mais
nobre e elevado dentro do ser humano: a busca do seu próprio coração.

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