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WEB 2: A formação do pensamento ocidental 

 
UNIDADE 1: O pensamento mitológico 

 
Vamos partir da frase a seguir: 
  
O homem sempre tentou dar sentido às coisas e colocar ordem no seu mundo
para que pudesse saber como agir no seu cotidiano. “O  espírito do homem
não  suporta a desordem porque não pode  pensá-la” (ARAGON, 1996, p.
215 ).   
  
Mas, como organizar a realidade? A humanidade seguiu por dois
caminhos diferentes: 
  
1. Fabulação: mitos

   

2. Razão: filosofia      
  
 
Disponível em: http://carendilima.blogspot.com.br/2009/01/filosofando.html 

 
Na busca de explicar e ordenar o mundo estão presentes tanto o mito, que
utiliza a representação do pensamento por meio de figuras quanto a
racionalidade que se empenha em pensar por conceitos. 

Desde os inicio, os fenômenos do dia a dia instigaram a curiosidade do ser


humano a encontrar explicações para as diversas situações. Como a ciência
ainda era inexistente, a alternativa para entender o mundo foi durante muito
tempo o conhecimento mitológico (ou cosmogonia). Dessa forma, temos o
conhecimento mitológico como uma das primeiras formas de organizar um
conhecimento sobre a realidade. 

Mas o que é o conhecimento mitológico?  


 
São características do pensamento mítico: uso do sobrenatural, do símbolo, na
explicação das coisas, como a origem do universo, da natureza e dos valores. É
crença sem fundamento justificável, com a utilização de representações
simbólicas para a transmissão de suas idéias. Pertence à tradição cultural e
representa a visão de mundo de determinada sociedade, sendo aceita e
interiorizado pelo povo.  
   
Veja no vídeo a seguir um exemplo de um mito utilizado  para explicar  a
existência do sol:  
  
  

  
http://www.youtube.com/watch?v=NzGzjqb2p5c  
  
  
O mito grego de Hélios conta que esse deus tinha a função de trazer luz e calor
aos homens. Percorria o céu num carro de fogo puxado por 4 cavalos brancos,
soltando fogo por suas narinas. Todas as manhãs, depois que a Aurora aparecia
de madrugada no horizonte no seu carro dourado, Hélios saia do Oriente com
seu carro e subia até o ponto mais alto do Meio-Dia. Então começava a descer
para o Ocidente e mergulhava no oceano ou descansava atrás das montanhas.  

Então com o vídeo que você acabou de assistir, fica fácil entender a
função e a linguagem que caracterizam  o mito, não é mesmo? Mas
vamos saber um pouco mais.  

Mitos (mithos) - palavra grega que significa contar, falar alguma coisa para
os outros. Mitos são explicações descomprometidas com a racionalidade que
usam do fabuloso, da simbologia para explicar as coisas e os eventos no
mundo.  
   
Segundo Mircea Eliade, pode-se  definir mito como:  
   
O mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser
abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares [...] o
mito conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar no
tempo primordial, o tempo fabuloso dos começos...O mito conta graças aos
feitos dos seres sobrenaturais, uma realidade que passou a existir, quer seja
uma realidade tetal, o Cosmos, quer apenas um fragmento, uma ilha, uma
espécie vegetal, um comportamento humano, é sempre, portanto uma
narração de uma criação descreve-se como uma coisa foi produzida, como
começou a existir... (ELIADE,M 1992).  
   

 
 
   
O mito foi o primeiro passo que o homem deu para conhecer a si mesmo e o
meio em que vivia. Ele traduzia não apenas as forças da natureza como a
chuva, o dia e a noite, as secas, mas também questões de ordem humana, vida
e morte, dor, angústia, felicidade.  O homem primitivo enxergava a si mesmo
(enquanto pessoa) no mundo, e assim atribuía alma às coisas do mundo.
Deuses foram criados com a dualidade pertinente aos seres humanos, ou seja,
possuíam defeitos e virtudes.  
  

Zeus (mitologia grega) é conhecido como o deus dos


raios. É casado com a deusa Hera, mas teve diversos casos extraconjugais que
resultaram no nascimento de filhos bastardos. Sua constante infidelidade fazia
com que sua esposa, enfurecida,  se vingasse das amantes.  

 
 Loki era traiçoeiro, e de pouca confiança.

Disponível em: http://www.fanpop.com/spots/greek-mythology/images/687267/title/zeus-
wallpaper   
  

Outra característica do conhecimento mitológico é seu caráter dogmático. Não


há necessidade de comprovar sua veracidade, não pode ser contestado, basta
apenas que o indivíduo creia na sua explicação.  

 
 
Funções do mito  
   
De acordo com Chauí, o mito tem três frentes de funções: explicar,
organizar e compensar(CHAUÍ,1995).  
   
1. Mito com função de explicar : O mito tem por função explicar a realidade
de maneira a tranquilizar o homem em um mundo assustador.  
 
Exemplo disso é o mito de Perséfone, que tem por característica explicar o
surgimento das estações do ano como você pode ver no vídeo a seguir.  
  
  
http://www.youtube.com/watch?v=qPpQLU7ru6k&feature=related  
  
O mito de Perséfone simboliza a divisão das estações do ano. Nos seis meses
em que Perséfone está com sua mãe, se faz na terra primavera - verão, é o
tempo de felicidade pra terra, as flores nascem à paisagem se enfeita, e
quando está com seu marido, se faz outono - inverno, a terra fica triste, gelada
e sem emoção.   
   
2. Mito com função de organização - Determina o que pode ou não pode ser
feito nas relações entre as pessoas. Como exemplo o mito de Édipo com a
explicitação da proibição do incesto nas relações sociais,que você já aprendeu
na webaula 1.  
   
3. Mito com função compensatória - Segundo Chauí (1995),o mito com
função compensatória narra uma situação passada, que é a negação  do
presente e que serve tanto para compensar os humanos de alguma perda como
para garantir-lhes que um erro passado foi corrigido no presente, de modo a
oferecer uma visão estabilizada e regularizada da Natureza e da vida
comunitária.” (CHAUÍ, 1995).  
Como exemplo, entre os mitos gregos, encontra-se o da origem do fogo, que
Prometeu roubou do Olimpo para entregar aos mortais e permitir-lhes o
desenvolvimento das técnicas. Numa das versões desse mito, narra-se que
Prometeu disse aos homens que se protegessem da cólera de Zeus realizando o
sacrifício de um boi, mas que se mostrassem mais astutos do que esse deus,
comendo as carnes e enviando-lhe as tripas e gorduras. Zeus descobriu a
artimanha e os homens seriam punidos com a perda do fogo se Prometeu não
lhes ensinasse uma nova artimanha: colocar perfumes e incenso nas partes
dedicadas ao deus.   

Com esse mito, narra-se o modo como os humanos se apropriaram de algo


divino (o fogo) e criaram um ritual (o sacrifício de um animal com perfumes e
incenso) para conservar o que haviam roubado dos deuses.
Loki é o deus do fogo da mitologia nórdica. É conhecido por ser mentiroso,
traiçoeiro e de pouca confiança.  
   

Quais são as diferenças entre Filosofia e mito? 


  
Podemos apontar três como as mais importantes: 
  

1. O mito se preocupava em narrar histórias de um tempo passado que não


era possível precisar a época,  sem explicar o  presente. A Filosofia,
diferentemente, procura explicar  como e por que, no passado, no
presente e no futuro as coisas são como são.

2. O mito narrava a origem através de genealogias conflitos ou acordos


entre deuses, já a filosofia se preocupa em explicações com bases
racionais.

3. O fabuloso, o contraditório são características do mito, sendo a


autoridade do  narrador inquestionável, pois acreditava-se que era
escolhido dos deuses para transmitir os mitos às pessoas. Já a  Filosofia
tem como princípio as explicações coerentes, racionais, não abrindo
espaço para a fabulação. Não há autoridade divinamente estabelecida.

Veja o vídeo a seguir para  saber mais  sobre o que é mito:  


http://www.youtube.com/watch?v=ofcKTYvKAYo&feature=fvwrel   

Continuando nosso percurso sobre os mitos vamos juntos entender  um pouco


mais sobre  sua finalidade. 
 
Como o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe? De três
maneiras principais: 
  
1. O principio de todas as coisas -  toda existência é oriunda das relações
sexuais entre os deuses e destes com humanos, surgindo os titãs (seres semi-
humanos e semidivinos), os heróis (filhos de um deus com uma humana ou de
uma deusa com um humano), os humanos, e a natureza. 
 
 
        Exemplos: 

 Sobre a origem do amor, deus do amor, Eros (Cupido) há o seguinte


relato, exemplo extraído doBanquete 203a, de Platão, após a observação
das atitudes de uma pessoa apaixonada, sempre insegura, ansiosa e
disposta a tudo para conseguir seu intento.

Houve uma grande festa entre os deuses. Todos foram convidados, menos a
deusa Penúria, sempre miserável e faminta. Quando a festa acabou, Penúria
veio, comeu os restos e dormiu com o deus Poros (o astuto engenhoso). Dessa
relação sexual, nasceu Eros (ou Cupido), que, como sua mãe, está sempre
faminto, sedento e miserável, mas, como seu pai, tem mil astúcias para se
satisfazer e se fazer amado. Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha,
esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e sedento de amor, inventa
astúcias para ser amado e satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora rico
e cheio de vida.” 
 
Disponível em: http://people.tribe.net/71246863-4184-4906-8732-d4b755d29f94/photos/
7bfb1dc7-4b5d-4c0f-8baf-8dc96c39f6fb 
  
 
2. A a guerra de Tróia. Justifica o motivo pelo qual  em certas batalhas, os
troianos eram vitoriosos e, em outras, a vitória cabia aos gregos. Havia  divisão
entre os deuses e na medida que Zeus se unia a um grupo de deuses ou outro,
determinava na terra quem vencia a batalha. 

Já de início, a guerra começou em função de rivalidade entre as deusas. Por


disputa do titulo de mais bela aparecem em sonho para o príncipe troiano Paris,
oferecendo a ele seus dons e ele escolheu a  Afrodite. Isso gerou ciúmes nas
outras deusas, o fizeram raptar a grega Helena, mulher do general grego
Menelau, promovendo a guerra. 
  
 
 
 
3. Exigência de submissão:  recompensas ou castigos que os deuses dão
a quem os desobedece ou a quem os obedece. 
 

   
 
 
 
Disponível em: http://www.cizgidiyari.com/forum/sanatsal-tablolar/15139-gustave-moreau.html 

Vamos ver a seguir a explicação para a origem mal no mundo: a caixa


de Pandora.  
  
 
 
A explicação para a origem mal no mundo: a caixa de Pandora    

Prometeu, com pena dos homens que passavam necessidades, resolveu furtar
uma centelha de fogo dos deuses e doa-la aos homens juntamente com a
orientação de como acendê-lo.Zeus ficou furioso com essa atitude de Prometeu
pois, o fogo deveria ser um segredo mantido entre os deuses. Por essa razão
acorrenta prometeu numa montanha e todos os dias uma águia vinha devorar-
lhe o fígado que, durante a noite se reconstituís para ser novamente devorado
pela manhã. Aos homens detrminou outra punição. 

  
Disponível em: http://mundodaslendasgregas.blogspot.com.br/2010/08/o-ladrao-do-
fogo-sagrado.html  

 
Ordenou a  Hefesto, que criasse uma mulher  perfeita, e que a levasse à
reunião dos deuses. Hefesto a conduziu pessoalmente aos deuses, e todos
ficaram admirados; cada um lhe deu um dom particular: 
  
Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher ricamente e 
enfeitou sua cabeça com uma guirlanda de flores, montada sobre uma coroa de
ouro. Atena lhe ensinou as artes das mulheres como a arte de tecer; Afrodite
lhe deu o encanto, que despertaria o desejo dos homens; As Cárites, deusas da
beleza, e a deusa da persuasão ornaram seu pescoço com colares de
ouro; Hermes, o mensageiro dos deuses além de lhe dar o dom da fala  de
falar, ensinou-lhe  a arte de seduzir os corações por meio de palavras
insinuantes. 
  
Ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer "todos os dons". 
Zeus lhe entregou uma caixa fechada, e mandou que ela a levasse como
presente a Prometeu. Ele porém, não quis receber nem Pandora, nem a caixa,
e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que também não aceitasse nada vindo
de Zeus. Mas  Epimeteu, ficou encantado com a beleza de Pandora e casou-se
com ela. 
  
Pandora não resistindo à curiosidade abre a caixa  de lá escaparam  todos os
males que afligem a humanidade:  Loucura,  Doença,  Inveja,  Paixão,  Vício, 
Praga,  Fome e todos os outros males, que se espalharam pelo mundo e
tomaram miserável a existência dos homens a partir de então. Epimeteu tentou
fechá-la, mas só restou dentro a Esperança, e é graças a ela que os homens
conseguem diante dos sofrimentos não desistem de viver. 
 
 
 
Hesíodo conta duas vezes o mito de Pandora; na Teogonia  não lhe dá nome,
mas diz (590-93): 
  
Dela vem a raça das mulheres e do gênero feminino: 
  
dela vem a corrida mortal das mulheres 
que trazem problemas aos homens mortais entre os quais vivem, 
nunca companheiras na pobreza odiosa, mas apenas na riqueza. 
  
Hesíodo segue lamentando que aqueles que tentam evitar o mal das mulheres
evitando o casamento não se sairão melhor (604-7): 
  
Ele chega a velhice mortal sem ninguém para cuidar de seus anos, 
e, embora, pelo menos, não sinta falta de meios de subsistência enquanto ele
vive, 
ainda, quando ele está morto, seus parentes dividem suas posses entre eles. 
Hesíodo admite que, ocasionalmente, um homem encontra uma mulher boa,
mas ainda assim o "mal rivaliza com o bem." 
  
Veja o filme a seguir para ter uma nova visão do mito da caixa de pandora. 
 
 

 
http://www.youtube.com/watch?v=dOvuTjkWSzU&feature=fvsr   
 
A curiosidade matou o gato.  Caixa de Pandora é uma expressão
utilizada para designar qualquer curiosidade que nos move  mas que
é sensato não tocar.

 
Disponível em: http://www.prhenrique.com/wp-content/uploads/2012/08/A-culpa-%C3%A9-
sua.jpg   
Você já participou de um rito?  
   
O rito é a linguagem em ação do mito. Considera  os opostos como a
possibilidade mudança de condição.  De acordo com a crença mitológica, para
que algo novo seja construído é preciso que haja uma destruição da forma
anterior. A morte, por exemplo, seria uma eterna condição de renascimento.  
   
Para ligar os humanos aos deuses, organizando o espaço e o tempo, são
criados os ritos. Lévi - Strauss diz que o ritual coloca em prática o mito, não se
tratando apenas de formalidades. O seu estudo permite melhor compreensão
da sociedade.  
  
Quando o missionário e etnólogo Strehlow perguntava aos arunta por que
celebravam determinadas cerimônias, obtinha invariavelmente a mesma
resposta: "Porque os ancestrais assim o prescreveram". 
  
Essa é também a justificativa invocada pelos teólogos e ritualistas hindus:
"Devemos fazer o que os deuses fizeram no princípio"; "Assim fizeram os
deuses, assim fazem os homens". 
 
Veja o filme : Fúria de titãs  que é uma grande oportunidade para entender
melhor os conceitos. 

  
 
 

 
 
Vamos agora aprofundar nosso conhecimento sobre o que são os ritos,vamos
lá.  
  
O rito é uma cerimônia repetitiva em que   imita-se o ser sagrado que em
algum tempo realizou a ação que os humanos buscam repetir e perpetuar. Para
isso tudo é pré determinado: gestos, palavras, objetos, pessoas e emoções
adquirem o poder  misterioso de promover a ligação entre os humanos e a
divindade.  
  
O ritual é um sistema cultural de comunicação simbólica . A simbologia de um
ritual, deverá ser seguida pois a sua eficácia dependerá da  repetição minuciosa
e perfeita do rito, tal como foi praticado na primeira vez, porque  nela os
próprios deuses orientaram gestos e palavras dos humanos. 

  
   
Nas famílias cristãs, católicos, e evangélicos existe o momento de repetir o
gesto de Cristo na última ceia. Os alimentos são consagrados e portanto fazem
parte de um mundo simbólico em que representam o próprio Cristo.  
   
Já teve medo de algum objeto? Um patuá, um amuleto de religião que você
não conhece?         
 

 
Disponível em: http://muraldecristal.blogspot.com.br/2011/11/amuletos-e-talismas.html   
    
A religião sacraliza o espaço e o tempo, seres e objetos do  mundo, que se
tornam símbolos de algum fato religioso.  

 
Cheios de carga simbólica, os objetos são retirados de seu  lugar habitual,
passando a ter novo sentido  para toda a comunidade - protetor, perseguidor,
benfeitor, ameaçador. Sobre esse ser ou objeto recai a noção de  tabu (palavra
polinésia que significa  intocável): é um interdito, ou seja, não pode ser tocado
nem manipulado por ninguém  que não esteja religiosamente autorizado para
isso. É assim, por exemplo, que certos animais se tornam sagrados ou tabus,
como a vaca na  Índia, o tucano para a nação tucana, do Brasil. 
 
   

http://
www.odiariocristao.com/2008/10/adorao-vaca.html  
 
É assim, por exemplo, que certos objetos se tornam sagrados ou  tabus, como
o pão e o vinho consagrados pelo padre cristão, durante o ritual da missa.  
 

http://phyllis-
sather.com/wp-content/uploads/2008/08/bread-and-wine.bmp  
 
A figuração do sagrado se faz por emblemas: assim, por exemplo, o emblema
da deusa  Fortuna era uma roda, e uma cornucópia; o da deusa Atena, o 
capacete e a espada.   
 
http://www.hottopos.com/convenit5/08.htm  

Ex.: Tipos de ritos.

Ritos de passagem -  estes relacionados às mudanças mais significativas


pelas quais passamos em nossas vidas: nascimento, entrada na vida adulta,
casamento, morte. Estes quatro acontecimentos são marcados por rituais em
quase todas as culturas e, num certo sentido, “simbolizam uma iniciação”, nas
palavras dos autores. 
 
 
 http://www.youtube.com/watch?v=gEYiDPr9JF0&feature=related   
 
O vídeo abaixo apresenta o ritual da tucandeira, que são os  adolescente que
estão em transição para a idade adulta (guerreira) para poder mostrar que são
pescadores, caçadores. 

Esse ritual, representa o casamento, o homem tem que passar por esse ritual
da tucandeira, tem que passar por esse ritual para se tornar guerreiro.
Vejam !!! 
 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=G1rqW5ya96c  
fenômeno natural' (a vida - ou a alma - abandonando o corpo ), mas também
de uma mudança de regime ao mesmo tempo ontológico e social:
o defunto deve afrontar certas provas que interessam ao seu próprio
destino post-mortem,mas deve também ser reconhecido pela comunidade dos
mortos e aceito entre eles"'.  

 
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Stonehenge 
  

  

São exemplos de ritos, o casamento, o batizado , entre tantas outras cerimônias que ocorrem em
nosso dia a dia. 

  

Sem os ritos, é como se os fatos naturais descritos não pudessem se concretizar de fato. Hoje, a
televisão, o cinema e a internet são os divulgadores de mitos. Embora sejam as histórias de sempre,
aparecem com a roupagem que essa geração se identifica. Narcisos, apaixonados por si mesmo,
Cinderelas, esperando um bom casamento, e tantos outros quanto nos mitos antigos. 

A atualidade dos mitos  


 
Hoje, buscamos os heróis, da mesma forma que nossos antepassados.  

 
http://www.revistaogrito.com/page/blog/2007/07/  
 
Shakespeare, diz que heróis são pessoas que fizeram o que era preciso ser feito
e pagaram o preço essa escolha.    
 
http://
www.BR&q=martin+luther+king&tbm=isch&tbs=simg:CAQSZxplCxCo1NgEGgQIFwg9DAsQsIynCB
o8CjoIARIU7ATEAZMC0wXNBfEEkgLmBJACvgEaIMmMdYg6kDV1olg_1ZIC3nNrpuLzOef  

 
http://hid0141.blogspot.com.br/2009/02/nelson-mandela-biografia.html  

 
http://passaportedavelocidade.blogspot.com.br/2012/02/sonic-na-formula-1.html  
 
Morin parte da idéia de que o cinema é o atual difusor de mitologias. Ao cinema
agregamos a televisão e a internet. Se na antiguidade os mitos eram narrados
pessoalmente, hoje a distancia foi desconsiderada frente a internet.  
 
http://www.dgcs.unam.mx/boletin/bdboletin/multimedia/WAV111119/683.jpg   
  
 
                              Para Tavola (1985:12),  

A mitologia, as lendas, os contos de fadas, a comunicação de massas, servem-


se de mitos por ser mais fácil para a mente expressar os conteúdos (valores)
através das histórias e narrativas do que de conceitos. O mito serve para tal
captação. Tudo o que não se torna (jamais) claro para a mente ou é
inconsciente ou transcendente emerge sob a forma de mito. Expressar-se por
meios simbólicos é a forma de as mentes individual e coletiva fazerem emergir
ao consciente o que nelas jaz ou lateja em profundidade, oclusão, alcance,
memória ancestral ou futura” 
  

Nesse livro vocês podem encontrar inúmeras curiosidades e explicações


importantes sobre os mitos, além de ilustrações belíssimas sobre o tema.  

 
E  aí pessoal,  
leia agora o texto de Danilo Marcondes: A passagem do pensamento mítico
para o filosófico para saber um pouco mais sobre o assunto.  
 

 
 
http://sociologiaromero.blogspot.com.br/2010/01/passagem-do-pensamento-
mitico-para-o.html 

 
 
 

  TE AGUARDO NO FORUM! 

WEB 2: A formação do pensamento ocidental 


 
Unidade 2 - O pensamento pré-socrático  
 

 Fatores de transição do pensamento mitológico para o pensamento


racional-filosófico. 

 Principais características do período pré-socrático. 

 O mobilismo e a dialética de Heráclito e o conceito de Ser em


Parmênides.

  
 

 
  
A MUDANÇA NO PENSAR  
   
A passagem do pensamento mítico para o filosófico: o surgimento da
racionalidade  
   
Com o  surgimento do pensamento racional, conceitual, entre os gregos, a
conquista da autonomia da razão (lógos) diante do mito,  a historia do
pensamento e do desenvolvimento alcança inúmeros setores da vida social. Um
desses setores é a experiência política, a escrita, o comércio, dentre outros.  

A filosofia, diferentemente do mito, busca respostas lógicas para os eventos,


Coerência e racionalidade são quesitos indispensáveis para organizar a vida real
de modo que fique compreensível. Essa mudança no pensamento ocorreu de
forma lenta, influenciada pelas mudanças na sociedade, na política e na
economia.  

A palavra Filosofia vem do grego (philo: aquele ou aquela que tem um


sentimento amigável; e sophía: sabedoria). Ou seja, amigo da sabedoria.  
  

Para aprofundar o conhecimento, acesse o material  - A passagem do pensamento mítico para


o filosófico: o surgimento da racionalidade

Texto: A PASSAGEM DO PENSAMENTO MÍTICO PARA O FILOSÓFICO


   
Diversos fatores contribuíram para o estabelecimento do pensamento
racional.:  
   
Viagens marítimas - Com o desenvolvimento das tecnologias para viagens
marítimas, os gregos puderam conhecer outros  povos, nos lugares em que
pensavam ser habitados por seres mágicos. No encontro com outros homens,
iguais a eles, tiveram a oportunidade de aprender outros modos de vida. Diante
disso, começam a refletir sobre a sua própria existência, questionar seus
próprios costumes.. e ver outras possibilidades de conduzir a vida.  
   

    
http://fontedaarte.arteblog.com.br/image/131211386305-jpg/  
   
Calendário - Um calendário com base nos movimentos dos astros permitiu a
compreensão do tempo, não sendo mais necessário esperar pela boa vontade
dos deuses.  
 
Moeda - A moeda desempenha papel revolucionário, pois está vinculada ao
nascimento do pensamento racional crítico. 
 
  
http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=38164.0  
   
Vida Urbana -  A pólis se faz pela autonomia da palavra, não mais a palavra
mágica dos mitos, palavras dadas pelos deuses e, sim pela palavra comum a
todos, a palavra humana, do conflito, da discussão, da argumentação.  Os
comerciantes foram bem sucedidos nos negócios, destacando-se na sociedade e
passaram a patrocinar  as artes, as técnicas e o conhecimento. Esse ambiente
foi determinante para o surgimento da filosofia. 

  
   
Escrita - Na  palavra escrita exige-se uma abstração grande para comunicar as
ideias e debatê-las.  
Política - Do Grego pólis que originariamente significa “cidade organizada por
leis e instituições”. Todos os atos públicos do estado subordinados à lei que
expressa a vontade do cidadão da polis, dá a esse cidadão também a
responsabilidade pelo destino da cidade e, por conseqüência, pelo seu próprio
destino.Na convivência em liberdade espera-se conduta ética, sempre sujeita à
questionamentos.  
   
O conhecimento de como isso se deu e quais foram as condições  que
permitiram a passagem do mito à filosofia elucidam uma das questões
fundamentais para a compreensão das grandes linhas de pensamento que
dominam todas as nossas tradições culturais.  
   
Deste modo, é de fundamental importância conhecer o contexto histórico e
político do surgimento da filosofia e o que ela significou para a cultura. Esta
passagem do pensamento mítico ao pensamento racional no contexto grego
ainda é importante  pois os mesmos conflitos entre mito e razão, vividos pelos
gregos, são problemas presentes, ainda hoje, em nossa sociedade, na qual a
própria ciência depara-se com o elemento da crença mitológica ao apresentar-
se como neutra, escondendo interesses políticos ou econômicos em sua
roupagem sistemática, por exemplo.  
   
Frente a essa nova  realidade histórica, fica difícil aceitar as explicações
sobrenaturais e misteriosas.  
É preciso compreender essa nova realidade. Por esses motivos, surge a filosofia
e os filósofos foram modificando as narrativas míticas e passaram a dar
explicações racionais para os fenômenos, porém, não houve  uma ruptura
brusca nessa passagem do conhecimento mítico ao conhecimento racional.  
Com essa nova forma de pensar a sociedade foi impactada em todos os
setores: Criaram a organização social e política que conhecemos hoje, ou seja,
as sociedades até então desconheciam a separação entre poder publico,
privado e religioso. Foram os gregos que fizeram essa separação através da
organização de leis e instituições como forma de poder e governo. Criaram a
ideia de justiça e lei, características da organização política atual.  
  

 
Em relação aos conhecimentos, os gregos transformaram em ciência o que era
prática para uso na vida: as curas viraram a medicina. Criaram a ideia de que o
pensamento segue regras, normas e leis universais, ou seja, que o pensamento
pode ser racional.  
  

 
http://philosophiagrega.no.comunidades.net/index.php?pagina=1162110321  
  
A relação com outros povos trouxe estremecimento nas crenças de verdades
absolutas proclamadas pelos mitos, pois, percebeu-se que cada povo tinha o
seu próprio repertório de narrativas primordiais, sua bagagem cultural,
entendida como tradições e valores.  

 
Não fazia mais sentido para aquela sociedade preocupada com  o comércio   e 
aos  interesses  pragmáticos,  as  tradições míticas  e  religiosas propostas pela
visão mítica, que passa a perder  progressivamente sua  importância.  Este
cenário sócio político econômico parece ser hipótese razoável para  justificar  a
instauração do tipo de pensamento  inaugurado  por Tales  e  pela  chamada
Escola  de Mileto,  naquele momento  e  naquele contexto.    

 
De acordo com Aristóteles, Tales de Mileto, no séc. (640-548 a.C.) teria
inaugurado o pensamento filosófico-científico, cuja ênfase esta em argumentos
racionais , já que as respostas oferecidas pelos mitos não eram mais aceitáveis.
Por esse motivo,  é considerado por muitos como o “pai da filosofia”.   
 

 
http://oqueeh.com.br/tales-de-mileto-biografia  
Aristóteles   

 
Diante desse conflito  entre o mito e a razão os   primeiros  filósofos 
estudaram possíveis explicações do mundo natural, a physis, de onde decorre
o  termo “física”,  com base em  causas estritamente naturais.  Acreditavam
que as respostas para às indagações humanas poderiam ser encontradas no
próprio mundo e não fora dele, em alguma realidade misteriosa e
incompreensível como rezava o mito.   
  
Essa mudança na forma de pensar a realidade (séc. VI a.C) se dá de forma
radical com o pensamento mítico, apesar de não acontecer de forma completa
e imediata. As novas explicações conviveram com as antigas através das
supertições, crenças, objetos do nosso imaginário, tendo -se perpetuado até os
dias atuais.  
   
Mas, o mito, com suas características de apelo ao sobrenatural  vai ficando
distanciado das necessidades sociais calcadas na realidade concreta, num
momento em que o comércio toma grandes proporções e a política torna-se
intensa, cobrando pensamento racional  para atender as novas demandas.
Assim, houve um contexto favorável para o nascimento do pensar filosófico.   

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO OU COSMOLÓGICO  


   
O período pré-socrático ou cosmológico,  é um  momento na história da
humanidade  em que aconteceram mudanças radicais na forma de conceber  o
mundo e tudo que nele há. Ocorre no final do séc. V e início do VI  a. C.,  e é
visto como o tempo do  nascimento da Filosofia, momento em que se investiga
o mundo e as transformações naturais. Alguns filósofos relevantes desse
período são: Tales de Mileto, Anaximandro  de Mileto, Anaxímenes de Mileto,
Pitágoras de Samos, Heráclito de Éfeso, Parmênides de Eléia, e Zenão de Eléia,
oriundos de  várias escolas. 
  
A preocupação dos pensadores do  período cosmológico gira em torno da busca
de explicações racionais e sistemáticas (uma cosmologia) para o mundo (o
cosmo), que ficasse no lugar da antiga cosmogonia (explicação mítica).
Procuraram estruturar uma  visão ordenada do mundo, com explicações
racionais e sistemática sobre o inicio, a ordem e  a transformação da natureza e
seres humanos além de investigar o princípio universal, imutável e eterno que
gerou todas as coisas e seres: de onde tudo vem e para onde tudo retorna. 

   
http://filosofiametodo.blogspot.com.br/2010/09/escola-de-atenas_7019.html  
 
 
OS PRIMEIROS FILÓSOFOS  

 
Bom, já sabemos como a Filosofia nasceu, e os motivos que levaram a essa
forma de pensar. Mas quais foram os primeiros filósofos? O que
fizeram?  

  
Tales de Mileto (cerca de 625/4-558/6 a.C.) e considerado o primeiro
filósofo,mas, infelizmente,  não temos materiais escritos por ele. 
 

 
http://www.dialogocomosfilosofos.com.br/category/platao/  
 
Aristóteles escreveu sobre ele: 
  
 “A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de
todas as coisas os que são de natureza da matéria. Aquilo de que todos os
seres são constituídos, e de que primeiro são gerados e em que por fim se
dissolvem, enquanto a substância subsiste mudando-se apenas as afecções, tal
é, para eles, o elemento, tal é o princípio dos seres; e por isso julgam que nada
se gera nem se destrói, como se tal natureza subsistisse sempre… Pois deve
haver uma natureza qualquer, ou mais do que uma, donde as outras coisas se
engendram, mas continuando ela mesma. Quanto ao número e à natureza
destes princípios, nem todos dizem o mesmo. Tales, o fundador da filosofia, diz
ser água [o princípio] (é por este motivo também que ele declarou que a terra
está sobre água), levando sem dúvida a esta concepção por ver que o alimento
de todas as coisas é o úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive
(ora aquilo de que as coisas vem e, para todos, o seu princípio. Por tal observar
adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes de todas as coisas terem a
natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas úmidas
(…).” 
 
ARISTÓTELES. Metafísica, I, 3.983 b6 . 
 

 
 
Você já parou para pensar qual é o princípio das coisas?  

  
Esse era o desejo de Tales: encontrar o segredo do princípio do mundo  
Há alguns motivos que levaram Tales a pensar que o princípio de todas as
coisas fosse a água ou o úmido: 
  
a) Havia uma explicação mítica de que o oceano que estava em volta do
mundo o teria criado.   
  
b) A mudança do estado físico da água de liquido para sólido ou gasoso  abriu
a curiosidade do filósofo quanto a possibilidade de que esse elemento natural
pelas suas qualidades pudesse ser o principio fundador de todas as coisas.  
  
c) De acordo com Simplício, Tales teria observado que existe umidade nos
seres vivos que  ao morrerem, secam;  

 
d) Tales fez uma viagem pelo Egito. Lá ele notou que, após a cheia do Nilo as
plantas apareciam;  

  
e) Fósseis de animais marinhos identificados em lugares  montanhosas,
contribuíram com a sedimentação da  idéia em Tales de que, um dia, tudo era
água.  
  
 

 
  
 
LEIA OS QUADRINHOS ABAIXO SOBRE TALES DE MILETO   
 
http://fessormauro.blogspot.com.br/2011/03/fonte-httpveele.html  
  
   
 

 
  Lembre-se: 

  Tales faz uso do pensamento cosmológico: explica o mundo de forma racional


fundamentado nas observações que fez sobre ele.  

Na mesma época, outros pensadores explicaram o mundo da mesma forma,


mas fazendo uso de diferentes elementos como princípio:  

Enquanto Tales de Mileto  fizera da água o princípio de  todas as coisas,


e Anaximandro escolhida o ar, Pitágoras de Samos o número, Heráclito
opta vê no fogo o elemento explicativo dos diferentes fenômenos.   

Dessa forma, os pré socráticos procuraram fugir das explicações fabulosas dos
mitos e partiram do que aparecia para eles  como fundamental:  os elementos
da natureza.  A partir de uma cosmologia: a ordem (cosmos) do mundo passa a
ser vista racionalmente , sendo que  o modelo de pensamento calcado na   
genealogia a partir dos deuses, foi substituído por outro fundado na razão  da
ordem do mundo. Temos aí o nascimento da filosofia. Vejamos quais foram
estas noções, mencionadas por Marcondes (2005, p.24-27),  aponta algumas
noções estudadas por eles que aqui apresento de forma sucinta:  

1. A physis  
O objeto de investigação era o mundo natural. A compreensão da realidade
natural está nela mesma e não no mundo sobrenatural  

2. A causalidade   

Procuravam explicar, relacionando um efeito a uma causa que antecedia outra.


Tomavam um fenômeno como efeito de uma causa. O nexo deve ser dado
entre os fenômenos naturais, e não através de causas sobrenaturais, é isto que
distingue o discurso mítico do filosófico-científico. Mas há um problema! A
explicação causal pode ir ao infinito em caráter regressivo, desta forma
chegaríamos a um momento inexplicável, a um mistério. Assim acabaríamos
novamente no mito. Para isso não ocorrer se estabelece uma causa primeira,
um ponto de partida para o processo racional a arqué.  

3. A Arqué (elemento primordial)  

Procuravam o elemento primeiro, gerador de todas as coisas . Como já vimos,


para  Tales de Mileto,  essa noção, diz ser a água (hydor) o elemento
primordial. Para Anaxímenes e Anaximandro, o ar e o apeiron (algo ilimitado,
indefinido, subjacente à própria natureza); Já Heráclito defendia a ideia de  ser
o fogo; Demócrito dizia que era o átomo e assim ; Empédocles que dizia ser:
terra, água, ar e fogo.  Dessa forma escapariam do infinito causal. A química
hoje supõe que o hidrogênio, esteja presente em todo o universo. Estes
filósofos buscavam um princípio básico permeando toda a realidade, um
elemento natural, inaugurando a ciência.  

 
4. O cosmo  
 

 
http://monada7.com.br/O_COSMOS_E_O_EU_SOU.htm  
O cosmo para os pré-socráticos, vincula-se a ideia de  mundo  natural  regido 
por  uma  ordem,  por  princípios  racionais  inteligíveis,  no  qual  se  percebe 
uma  ordem hierárquica, na qual alguns princípios estão na base. A falta de
uma ordem e organização da matéria é conhecida com a expressão caos.  A
noção de  kosmos, para os pré-socráticos  trata-se de ordem, harmonia e
mesmo beleza (considerando que a beleza resulta da harmonia das formas; daí
o termo “cosmético”).  
 
 
5. O logo  
 
O termo logos significa literalmente discurso, mas de forma diferente do
discurso do mythos.  É  um discurso racional, crítico, argumentativo e sujeito à
superação durante a discussão racional.   

  

 
http://releitura.files.wordpress.com/2008/01/dialogo.jpg  

 
6. O caráter crítico  

 
Os pré socráticos partiam da ideia de que nada pode se transformar em
verdade absoluta, dogma inquestionável. Tudo estava sujeito às divergências ,
as  discordâncias eram aceitáveis pois  abriam a possibilidade de novos
entendimentos. Isso se as novas ideias estivessem pautadas  na racionalidade
racionalmente,  e postas nos debates,  
submetendo-se às a análises de seus argumentos.  
  
 
http://www.dignow.org/post/o-julgamento-de-s%C3%B3crates-2271901-64017.html  
 

 
Como nos lembra Hadot (2004 p. 43)  

 
“Tales de Mileto (fim do século VII-VI) possui, antes de tudo, um saber que
poderíamos qualificar de científico: prevê o eclipse do sol de 28 de maio de
585, afirma que a Terra repousa sobre a água; mas ele tem igualmente um
saber técnico: se lhe atribui o desvio do curso de um rio”.  

 
“Parmênides (c.530 a 460 a.C.) Esse pensamento de Parmênides está exposto
num poema filosófico intitulado Sobre a Natureza, dividido em duas partes
distintas: uma que trata do caminho da verdade (alétheia) e outra que trata do
caminho da opinião (dóxa), ou seja, daquilo onde não há nenhuma certeza. De
modo simplificado, a doutrina de Parmênides sustenta o seguinte: Unidade e a
Imobilidade do Ser; o mundo sensível é uma ilusão; o Ser é uno, eterno, não-
gerado e imutável. “  
 

 
 
FRAGMENTOS:  
   
Veja a seguir algumas partes que foram conservadas dos textos
de Heráclito e Parmênides.  
  

   
http://www.franciscorazzo.com/2012/06/  
  
Heráclito: (544-484 a.C.) Nascido em Éfeso, na Jônia (atual Turquia) Heráclito
(540-480 a. C.) pertencia à aristocracia,  sua  família remontava ao fundador
da colônia de Éfeso. Primogênito, herdou privilégios reais e tinha direito ao
ofício honorário de sacerdote do rei, porém o transferiu a seu irmão. Recusou
também o convite para fazer parte da corte do rei em exercício da Pérsia,
Dario. Heráclito era defensor veemente da aristocracia e, após a
implementação da democracia em Éfeso, retirou-se para sua residência de
campo. Entretanto, foi sepultado em Éfeso, na praça do mercado, e por séculos
sua imagem pôde ser vista nas moedas da cidade.  

 
Heráclito, é conhecido como o filósofo do movimento. Platão descrevia a visão
de mundo de Heráclito com a famosa expressão Panta rhei - Tudo flui. Para
Heráclito, todas as coisas se encontram em fluxo contínuo, nosso mundo se
encontra em contínua mudança. A única certeza é a mudança interminável.
Nada permanece o mesmo. O mundo é um perpétuo  renascer e morrer, 
rejuvenescer e  envelhecer.   

 
O sol é novo a cada dia. Não se pode tomar banho duas vezes no mesmo rio
pois, a pessoa já mudou e o rio também.  

 
Da mesma forma que não é possível tocar duas vezes uma mesma substancia
mortal no mesmo  estado,  porque  se  recompõe  e  se  reconstitui  de  novo 
através da rapidez da mudança, ou melhor, não é de novo, nem em seguida,
mas ao  mesmo tempo que surge e desaparece.  

 
Quando acreditamos ter reconhecido uma constância, significa que fomos
enganados por nossos próprios sentidos. A permanência é só uma ilusão. Não
apenas o ambiente, mas nós mesmos vivemos em incessante processo de
mudança.  
  
É  aqui,  no  campo  do  devir,  que  a  luta  dos  contrários  acontece  e  nos 
possibilita  conhecer  algo.  Exemplificando,  sabemos  o  que  é  a  alegria 
porque  experimentamos  a  tristeza,  e  vice-versa.  “As  coisas  frias  se 
reaquecem,  o  quente arrefece, o úmido seca e o árido umedece”  (p.23)  

 
Heráclito  é  o  filósofo  do  devir.  Mas  não  é  um  devir  do  Ser,  mas  no 
Ser.  Pois  as  mudanças  sempre  acontecem no interior mesmo do Ser.  É lei
do universo, tudo nasce, se transforma e se dissolve. Contudo, não se  trata de
um puro devir linear, o que seria o mesmo que negar o Ser. A vida acontece
num circulo.  

 
Enquanto Tales de Mileto  fizera da água o princípio de  todas as coisas, e
Anaximandro escolhida o ar,  Heráclito opta vê no fogo o elemento explicativo
dos diferentes fenômenos.  
Heráclito recebeu o nome de filósofo do fogo, por que defendia a idéia de que o
agente transformador é o fogo: ele purifica e faz parte do espírito dos homens.
Esses conceitos inspiraram os primeiros cientistas que exploraram na prática a
união do material e o imaterial através do fogo: os famosos Alquimistas.  
  
O  fogo  transforma-se primeiro em mar; do mar, metade  torna-se  terra e a
outra metade sopro  ígneo  [.../ O fogo, sob o efeito do Logos divino que
governa  todas as coisas,  transforma-se através do ar em umidade, germe de
toda a ordem do universo e a que chama mar. Deste nascem de novo a terra, o
céu e tudo o que contém. Como  o mundo  volta  de  novo  atrás  e  é 
devorado  pelo  fogo,  explica-o  claramente  assim:  a  terra dissipa-se em mar
e a sua massa é conservada segundo a mesma medida que possuía antes de
se  tornar terra. ( p.31)  

 
A vida do fogo nasce da morte da terra, a vida do ar nasce da morte do fogo, a
vida da água nasce da morte do ar e a terra nasce da morte da água. A morte
do fogo engendra o ar e a morte do ar engendra a água. A morte  da  terra 
faz  nascer  a  água,  a morte  da  terra  faz  nascer  o  ar,  a morte  do  ar 
engendra  o  fogo.  
  
A única certeza permanente que temos é a mudança. Tudo esta em constante
devir, sendo até mais adequado dizer que alguma coisa está de alguma forma
pois não sabemos como será no futuro. Por isso Heráclito disse que tudo é
fogo, porque este modifica todas as coisas.  

 
 

 
http://www.youtube.com/watch?v=7DzR0xtp_UE&feature=player_embedded 

Afinal, o que existe? A mudança ou a permanência?  

   
http://humoreideias.blogspot.com.br/  
   
Parmênides.  

Parmênides (século V a.C.). nasceu em família socialmente privilegiada e foi


influenciado pela escola de Pitágoras. Escreveu um poema, “Da Natureza”, o
qual não chegou inteiro à posteridade. Visitou Atenas por volta de 450 a. C.,
onde teria encontrado-se com Sócrates.No tempo em que viveu Parmênides a
filosofia estava começando a se desenvolver. Havia grande  otimismo e a
crença na razão exagerada.  Neste período Tales e Pitágoras trazem grandes
contribuições à matemática que  fascinava.  O desafio de ter um problema
posto com uma alternativa correta universalmente motivava os estudiosos de
então. O pensamento e a razão seduziam os  filósofos gregos que buscavam
uma ordem racional para entender o mundo, o lógos.  
De  acordo com Parmênides a mente vê o mundo conceitualmente, ela
classifica e organiza a realidade a partir de conceitos. Os sentidos captam as
informações do mundo de forma desarticulada  como uma multiplicidade, sem
ordenação, categorização das informações captadas.Pelos sentidos vejo
diferentes tipos de árvores. Umas altas, outras baixas, umas frutíferas, outras
não.  Pelos sentidos temos uma grande variedade de informações sem ordem,
sendo, portanto caótica.O pensamento diferentemente dos sentidos,
hierarquiza conceitos, classifica, trazendo ordem e sentido.Por isso Parmênides
trabalha com a ideia de que a razão  é superior aos sentidos reflexão  que
influenciou inúmeros pensadores  inclusive  Platão.  

Observe a figura. Onde começa? Onde termina?  


  

 
  http://catandopixels.wordpress.com/category/design-e-os-cinco-sentidos/   

  

Leia o texto a seguir e prepare-se para ir ao fórum :

http://www.celitomeier.com/anexos/Os%20primeiros%20fil%C3%B3sofos%20naturalistas.PDF
  
  

 
 
No fórum, procure responder as perguntas a seguir:  

 Afinal, o que existe? A mudança ou a permanência? 


 
 Você está mais inclinado a pensar com Heráclito ou Parmênides? 
 
 Ou você buscará fazer o que fez Platão alguns anos depois: conciliar os
dois, dizendo que a essência não muda, e o que muda são as
aparências? 
 

 Aguardo vocês, nos encontramos lá!  

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