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E.E.

Maestro Heitor Villa Lobos


Campo Grande, ____de _____________ de 2023.
Aluno(a):_________________________________
Série/turma: 1º D/E Profa: Hanelise Pautz

APC - Avaliação diagnóstica de Filosofia

O nascimento da Filosofia
Quando falamos em “nascimento” imediatamente percebemos o sentido de geração de alguma coisa a
partir de algo que se supõe como anterior (por exemplo: os pais são precedentes ao nascimento de um
filho). Assim, ao falarmos de nascimento da Filosofia poderíamos querer estabelecer não só as
condições materiais que permitiram que ele ocorresse, mas também a estrutura cultural que serviria de
base para um tal episódio. Muitas foram as discussões em que se tentou ou fazer um vínculo entre os
gregos e o Oriente ou evidenciar a originalidade dos gregos em relação à Filosofia. Mas segundo o
helenista Jean-Pierre Vernant, nem milagre, nem orientalismo em suas extremidades, definem o
surgimento da Filosofia. Isso porque claramente ela tem dívida com o Oriente em razão dos contatos
com persas, egípcios, babilônicos, caldeus – mas aquilo em que ela transformou esses conteúdos
resulta em algo totalmente inovador no pensamento humano. Enquanto muitas técnicas de previsão,
cálculo etc., já existiam como práticas exercidas nas culturas citadas acima, a pergunta filosófica é
inteiramente radical em relação àquilo que se tinha no cotidiano: a Filosofia pergunta sobre o que é a
coisa, como é constituída a coisa, qual sua origem e causa. Mas ainda aqui há uma problemática, pois
antes mesmo de se fazer essas perguntas, deslocando-as para um campo lógico-conceitual, já haviam
respostas dadas que satisfaziam, ao menos temporariamente, as consciências da época. É nesse
ínterim que se desenvolveu a chamada Cosmogonia (cosmos = mundo organizado, universo; gonia =
gênese, origem) que foi a primeira tentativa de se explicar a realidade. Esta era baseada em mitos
(narrativas) que criavam, a partir de imagens de deuses, de seres inanimados, animais, etc., a
estrutura hierárquica e organizada do mundo. No entanto, a Filosofia surge como Cosmologia (lógos =
razão, palavra, discurso, contar, calcular), ou seja, a compreensão de que o mundo é, sim, organizado,
mas os fundamentos de suas explicações não são meramente seres antropomórficos, mas conceitos
de nossa própria racionalidade. A Filosofia surge para substituir o modelo mitológico-cosmogônico, pelo
cosmológico-racional. Não quer dizer que o processo anterior seja irracional, mas apenas se constitui
como uma lógica imanente, no sentido de se atrelar ao psicológico ou a conteúdos que deem forma
aos argumentos, enquanto que a Filosofia, ao se fazer e se constituir, vai propor o modelo inverso, qual
seja, em que a forma lógica constitui melhor os conteúdos do pensamento, ascendendo ao verdadeiro
conhecimento. Portanto, com essa inversão, há duas consequências: a primeira é a de requerer a
autonomia do ouvinte ou em geral do indivíduo para si mesmo e não mais conferi-la à autoridade
externa dos poetas, rapsodos e aedos (artistas da época); a segunda é a de que esse processo de
conceitualização promove a distinção entre misticismo e racionalismo de modo a desvelar o homem a
si mesmo, com suas potências para conhecer e agir justificadas na razão, ou seja, finda o agonismo
(combate) entre deuses e homens e fica apenas o agonismo entre os homens, como superação do
trágico de nossa existência.
Disponível em: < https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/nascimento-filosofia.htm> Acesso em: 20 de
fevereiro de 2023.
Exercícios
1) Leia a fábula de La Fontaine, uma possível explicação para a expressão ¯ ”o amor é cego”. No amor
tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua chama e sua infância eterna. Mas por que o amor é
cego? Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego.
Surgiu entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeu então o Amor que se reunisse para tratar
do assunto o conselho dos deuses. Mas a Loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que
lhe privou da visão. Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. Diante de Júpiter,
de Nêmesis – a deusa da vingança – e de todos os juízos do inferno, Vênus exigiu que aquele crime
fosse reparado. Seu filho não podia ficar cego. Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença
do supremo tribunal celeste consistiu em declarar a loucura a servir de guia ao Amor. Fonte: LA
FONTAINE, Jean de. O amor e a loucura. In: Os melhores contos de loucura. Flávio Moreira da Costa
(Org.). Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. A fábula traz uma explicação oriunda dos deuses para uma
realidade humana. Esse tipo de explicação classifica-se como:
a) estética. b) filosófica. c) mitológica.
d) científica. e) crítica.

2) Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente.
Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água ar e fogo e as outras coisas que se
manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em
sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e
diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem
fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer
outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas.
Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em
outra, retomando sempre a mesma coisa. DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-
socráticos. São Paulo, Cultrix, 1967. O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores,
denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação filosófica era de ordem:
a) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da
natureza.
b) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras de democracia.
c) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.
d) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis.
e) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da realidade.

3) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a
matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três
razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em
segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora
apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. NIETZSCHE. F. Crítica
moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999. O que, de acordo com Nietzsche,
caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

4) A atividade intelectual que se instalou na Grécia a partir do séc. VI a.C. está substancialmente
ancorada num exercício especulativo-racional. De fato, “[...] não é mais uma atividade mítica
(porquanto o mito ainda lhe serve), mas filosófica; e isso quer dizer uma atividade regrada a partir de
um comportamento epistêmico de tipo próprio: empírico e racional”. SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-
socráticos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 32. Sobre a passagem da atividade mítica para a
filosófica, na Grécia, assinale a alternativa correta.
a) A mentalidade pré-filosófica grega é expressão típica de um intelecto primitivo, próprio de
sociedades selvagens.
b) A filosofia racionalizou o mito, mantendo-o como base da sua especulação teórica e adotando a sua
metodologia.
c) A narrativa mítico-religiosa representa um meio importante de difusão e manutenção de um saber
prático fundamental para a vida cotidiana.
d) A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões culturais típicas de uma mentalidade filosófica
elaborada, crítica e radical, baseada no logos.
e) A filosofia transformou tudo em fantasia, nada era lógico.

5) Analise os itens abaixo e marque a alternativa CORRETA em relação ao significado de


FILOSOFIA = PHILOS + SOPHIA:
a) Amor pelo saber, amizade à sabedoria, busca do saber.
b) Ideais, sabedoria, sábio.
c) Verdade, amor, convicções.
d) Caminho, saber, confiança.
e) Ilusão, conhecimento, veracidade.

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