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PROBLEMAS METAFÍSICOS
APRESENTAÇÃO
Professora Especialista Francielle Freire Favareto.
Prezado(a) aluno(a), que satisfação ter você nesta disciplina. Iniciaremos uma
grande jornada ao conhecimento filosófico, elementar para a construção de um
pensamento reflexivo e crítico no assunto que tange até hoje a mente de grandes
pensadores, que é a questão do Ser. Iremos percorrer o caminho que a metafísica
trilhou desde o seu nascimento, ápice e declínio, dando espaço para uma nova forma
de pensar o Ser.
Na Unidade I, começaremos nossa jornada conhecendo a forma que os gregos
clássicos se relacionam com questões cotidianas, histórias fantasiosas para explicar
a própria realidade, denominado de Mitologia, ponto inicial para o pensamento
cosmogônico.
Na Unidade II vamos inserir um novo conceito. Se a Unidade I, com a
descoberta da metafísica, palpitou nossa mente, será na Unidade II que
conheceremos a ontologia, que, em poucas palavras, significa “o estudo do ser”.
Nesta unidade, a metafísica já é um conceito – estudo para tudo que está além da
física – e o estudo do ser começa a ganhar corpo.
Na Unidade III veremos a filosofia cristã surgir e fundamentar-se no
pensamento das autoridades Platão e Aristóteles. Neste momento, a filosofia será
suprimida pela revelação.
Por fim, na Unidade IV, veremos o declínio da metafísica e o nascimento da
fenomenologia, momento este em que o sujeito volta a ser dono da sua própria
experiência e sendo auxiliado pela ciência. Aqui, a filosofia deixa de ser subordinada
e passa a ser fator essencial para busca e compreensão da dualidade corpo-mente.
É neste momento que lanço a mão para reiterar o convite de juntos trilharmos
o caminho do conhecimento sobre os temas propostos neste material. Espero
alcançar o objetivo de instigar em você o pensamento filosófico.
Plano de Estudo:
• Mitologia – Pensamento Cosmogônico;
• Pré – Socráticos – A busca pela Arché;
• Permanência e Devir – Parmênides e Heráclito;
• Pensamento Cosmológico.
Objetivos de Aprendizagem:
• Compreender a relação do pensamento mítico com o pensamento racional no
contexto grego;
• Compreender a importância dos filósofos pré-socráticos para a busca da origem das
coisas "arché";
• Estabelecer a diferença entre a Cosmogonia da Cosmologia.
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
1 MITOLOGIA – PENSAMENTO COSMOGÔNICO
Outra característica do mito é que, por não necessitar de provas e por não
haver contestação dos fatos relatados, era considerado como um conhecimento
dogmático, pois sua aceitação dependia da fé ou da crença. Como suas normas
atendiam o coletivo, não respeitar os rituais, por exemplo, não afetava só o indivíduo,
mas sua família também, e, por necessidade de impor medo caso houvesse
transgressão, foram criados os tabus (proibição).
Mas do que se tratava o mito de fato? Como os mitos chegaram ao
conhecimento de todos? Quem os contava?
O que versava os mitos eram narrativas sobre as origens ou o fim das coisas,
sobre a formação do universo. Os mitos eram recheados de narrativas de lutas,
intrigas, trabalho, numa tentativa de explicar situações costumeiras no cotidiano,
utilizavam as narrativas com o intuito de educar e as histórias eram contadas
oralmente.
O nome dado às narrativas sobre a origem do universo é cosmogonia – “gonia”
significa engendrar, gerar e “cosmo” quer dizer “o universo organizado”.
Parmênides de Eléia
3.1 Permanência
3.1.1 Devir
A teoria do Devir, que tudo vir-a-ser, diz que tudo muda, transforma, tanto o
homem quanto o mundo, tudo flui. E essa concepção aconteceu após eleger o fogo
como arché. O fogo é, para Heráclito, o elemento que é menos consistente e o que
mais muda.
O dilema de Heráclito passa pela questão: se tudo muda, se transforma, como
posso afirmar que conheço algo verdadeiramente? Para o pré-socrático é perceber a
mudança que se instaura o conhecimento.
Por isso, acreditando na mudança, é que sua teoria apresenta a doutrina da
“harmonia dos contrários” pois é através da luta dos contrários que o mundo se
apresenta de forma harmônica.
4 PENSAMENTO COSMOLÓGICO
SAIBA MAIS
#SAIBA MAIS#
REFLITA
Fonte: A Autora.
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FILME/VÍDEO
Título:Tróia
Ano: 2004
Sinopse: Filme conta a história épica da guerra de Tróia, narrativa contada por Homero
na obra Ilíada.
REFERÊNCIAS
Os Pré-Socráticos. Trad. José Cavalcanti de. Souza et al. São Paulo, Abril, 1989
(Coleção Os Pensadores).
Plano de Estudo:
● Dialética Socrática;
● Teoria das ideias - Platão;
● Metafísica aristotélica;
● Escolas helênicas.
Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o pensamento filosófico após o advento da
metafísica;
● Compreender os tipos de filosofias de acordo com a necessidade de interpretar
o homem;
● Estabelecer a importância da racionalidade para compreender a vida humana.
INTRODUÇÃO
Bons Estudos!
1 DIALÉTICA SOCRÁTICA
https://www.shutterstock.com/image-photo/statue-socrates-academy-athensgreece-118040215
Sócrates: 470/469 – 399 a.C., não se sabe ao certo a data de nascimento e morte,
pois nada escreveu. O que se tem registrado são seus saberes em forma de diálogos,
que seus discípulos escreveram após sua morte.
Por não haver nenhum registro de punho de Sócrates, seus sucessores reproduziam
seus diálogos da forma que entendiam, ou seja, a interpretação de seus saberes
ficava à mercê de quem reproduzia, como exemplo, Platão e Aristófanes.
Platão interpreta Sócrates de forma idealizada, reproduzia os diálogos socráticos de
forma séria ao contrário de Aristófanes, que ridiculariza Sócrates em sua peça As
Nuvens, confundindo Sócrates com os sofistas.
Apesar desses contratempos com os diálogos de Sócrates, o importante é entender
por que Sócrates é um marco no pensamento filosófico. Mesmo Platão idealizando
seu mestre ou Aristófanes o ridicularizando, o importante são as filosofias que
nasceram depois de Sócrates.
O pensamento socrático tornou-se um marco no pensamento filosófico por distanciar-
se do pensamento naturalista que foi concebido pelos pré-socráticos e se tornando
mais próximo a conhecer e identificar no homem suas ações, ou seja, diferenciando o
homem da natureza o tornando mais especial.
Os pré-socráticos se preocupavam em entender a natureza, procuravam descobrir o
princípio das coisas – arché. Sócrates estava em busca de justificação filosófica,
fundamentos para desvendar a natureza ou essência do homem.
Na condução das suas conversas, Sócrates, nos seus diálogos articulados, criava dois
momentos: o irônico-refutatório e a maiêutica. Mas antes, caro(a) estudante, vamos
entender o que é a “Dialética Socrática”.
Dialética, traduzindo de forma literal, significa “caminho entre as ideias” (WIKIPÉDIA,
2020, on-line). O método que Sócrates usava em seus diálogos caminhava por ideias
na figura do “não-saber”, a partir de perguntas e respostas, método que foi inaugurado
pelo filósofo.
Percebe-se, caro aluno, que Sócrates inaugura um método e, como todo método, tem
que chegar em uma finalidade.
Chegamos agora, querido (a) aluno (a), na finalidade do método socrático. É
necessário entender a finalidade para depois compreender sua estrutura e a função.
A finalidade era de natureza ética e educativa, ou seja, era por meio do diálogo, no
formato de pergunta e resposta, que o homem tinha a oportunidade de fazer um
“exame da alma”, um acertar de conta da própria vida, um olhar interior, afastando-se
das paixões. Navegaremos agora na estrutura do método.
A estrutura da dialética socrática era indagar, perguntar, questionar a confiança do
interlocutor, ou seja, questionar suas crenças.
Sócrates propõe diálogo, se colocando na figura do “não-saber”, atitude não comum
aos sofistas, pois estes tinham a modéstia de quem sabia de tudo, ao contrário de
Sócrates, pois sua atitude era de quem não sabia de nada e que estava disposto a
aprender com o outro.
Sócrates, quando toma essa postura do “não-saber”, mostra que a sua filosofia
buscava algo diferente dos outros pensadores, como os naturalistas, sofistas e
políticos. Os saberes dos naturalistas eram em vão, dos sofistas demonstravam
convencimento e dos políticos, sem conteúdo.
Como apontado, chegou a hora de falarmos dos dois momentos que acontecem na
dialética socrática: a ironia e a maiêutica.
Em um primeiro momento, dentro da conversa, da dialética, do jogo de perguntas e
respostas, acontecia o irônico-refutatório, momento que Sócrates caminhava para
as ideias do interlocutor a partir de perguntas a cair em contradição, chegando sozinho
a reconhecer sua própria ignorância.
O momento irônico só acontecia, porque Sócrates se apresentava na figura do “não
saber”, indagando certezas estabelecidas, forçando uma definição, refutando
(dizendo o oposto) as ideias postas pelo interlocutor, utilizando de forma irônica as
mesmas palavras.
Esse momento de ironia e refutação, causava, nos soberbos, irritabilidade já para as
pessoas humildes causava uma certa purificação1, pois descobriram, com a ajuda de
Sócrates, certezas que eram concebidas como verdadeiras, porém depois de refletir
notavam que não podiam tomar como verdadeiras.
Agora, caro(a) aluno(a), chegamos no segundo momento da dialética socrática, a
maiêutica. Na concepção grega, “maiêutica” é a arte obstétrica, é o parir. Sócrates
apropriou-se do termo “maiêutica” para explicar como se dá o nascimento da verdade.
Vamos entender como ocorreu esse processo?
O termo “maiêutica” foi apropriado por Sócrates em decorrência de sua mãe ter sido
parteira, considerando também que a parteira grega era a mulher estéril, que não
podia ter filhos e que, mesmo assim, tinha a propriedade em julgar o recém-nascido,
1Purificação neste sentido significa “catarse” purificação da alma, termo utilizado pelos gregos na época da
Grécia Antiga.
se eram perfeitos ou não, de acordo com Cabral (2021). Através dessa analogia,
Sócrates julgava não saber de nada e que sua função, através do método, era a de
fazer nascer a verdade. A Maiêutica Socrática era um “parir” conclusões embasadas
em reflexões e não em tradições já estabelecidas sem o crivo da razão.
Sócrates apenas conduzia seu interlocutor a encontrar a verdade que estava dentro
de si, ceifando tradições que fugiam da luz da razão.
2 TEORIA DAS IDEIAS - PLATÃO
2.1 Platão
Platão (428/427 a.C.) nasceu em Atenas e teve como primeiro mestre Crátilo, depois
Heráclito e, por último, Sócrates. Idealizava os saberes socráticos. Vivenciou a
política, porém decepcionando-se com métodos violentos aplicados por dois parentes
que depositavam confiança. O ápice de sua frustração foi com a condenação de
Sócrates, afastando-se por completo da política. Sua maior contribuição foi a “teoria
das ideias”.
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Aristóteles (384 – 322 a.C.) Nasceu em Estagira, na Grécia, ficou órfão com 18 anos
e mudou-se para Atenas; frequentou a escola de Platão por 20 anos. Após a morte de
seu mestre, Aristóteles fundou sua própria escola. Foi preceptor de Alexandre até este
tomar posse do trono. Neste momento, Aristóteles volta para Atenas e funda o Liceu,
permanecendo por dez anos.
Para Aristóteles, não há separação dos mundos, como teorizou Platão, para ele só
existe a essência o que faz uma coisa ser o que é, o que a define. O que existe para
o Estagirita é uma única realidade onde as coisas e a essência estão juntas. Momento
este que inicia a ontologia aristotélica, conceito que veremos adiante.
A Metafísica aristotélica está composta por três estudos, são elas: o “divino”, o estudo
dos “primeiros princípios” e, por último, os atributos dos seres.
Para Aristóteles, o divino é a realidade primeira, a perfeição, que não muda, o
“Primeiro Motor”. Todos os seres procuram aproximação, transformando-se na própria
vontade de encontrar sua essência divina e perfeita.
O segundo estudo são os “primeiros princípios” e as causas primeiras de tudo que
existe.
O terceiro estudo está relacionado aos atributos dos seres buscarem sua essência,
que faz dele o que é.
Dentro do estudo aristotélico sobre a metafísica existem conceitos que definem e dão
corpo ao seu estudo, são as causas primeiras, lógica, a definição do ser e o que faz o
ser como é. Iniciaremos pela lógica aristotélica.
São três os princípios da lógica, a identidade, não contradição e terceiro excluído. São
conceitos que demonstram que o ser é e não pode deixar de ser de forma racional.
As causas primeiras são compostas por quatro causas, a causa formal que a sua
substância, a causa material que a matéria da substância, causa eficiente que é o que
faz existir, que dá forma e a causa final que é a finalidade, para que existe.
Há definições que fazem um ser ser o que é, estamos falando da matéria que é do
que as coisas são feitas, a forma que particulariza a matéria, a potência que dá força
para algo vir a ser e o ato, o processo da matéria em uma forma.
Para completar a metafísica aristotélica, o estagirita 2 apresenta conceitos para
explicar o que faz um ser ser como é, os conceitos são: essência, acidente, substância
e os predicados.
A essência é o que define, que faz o ser o que é. Acidente são atributos que podem
existir ou não, não se fazem necessários; a substância é o que determina o ser, é o
que o diferencia de todas as outras coisas. O predicados são o que estrutura o ser,
são as qualidade, quantidades, e não afetam a própria natureza do ser.
2 Nome dado a quem nasceu em Estagira (onde nasceu Aristóteles), utilizado muitas vezes para se
referir a Aristóteles.
4 ESCOLAS HELÊNICAS
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O Cinismo, termo que deriva do grego kyôn - cão, e explica a forma que os cínicos
entendiam a existência. Entendiam que era necessário desprezar o mundo material,
os prazeres. Pregavam que cultivar a virtude bastava, pois os prazeres do mundo não
tinham importância. Andavam apenas com uma túnica e uma sacola, demonstrando
desprezo pelas “coisas do mundo”, passando uma imagem de superioridade, porém,
as pessoas não acreditavam e julgavam esse comportamento de falsidade, que não
era verdadeiro, era apenas fingimento.
A Filosofia Cínica focava na Autarquia, o indivíduo é capaz de se bastar, de ser
independente.
4.2 Epicurismo
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O Epicurismo, escola fundada por Epicuro de Samos (341 a.C.), em Atenas, traz uma
bagagem de filosofias extensa, como a de Demócrito, com a teoria atomista, de
Sócrates, com a arte de viver, e com a Escola Cirenaico, a relação entre felicidade e
prazer.
O prédio onde os epicuristas estudavam já era uma revolução, um prédio com jardim
no subúrbio, não no formato de palestras no tumulto da cidade, por isso a escola é
chamada de “Jardim” e os epicuristas de “filósofos do jardim”.
A filosofia epicurista se resume em: 1º. o homem consegue entender a realidade; 2º.
dentro dessa realidade há um espaço para a felicidade; 3º. a dor não é compatível
com a felicidade; 4º. a felicidade não depende do outro, só de si mesmo; e 5º. por não
depender do outro para alcançar a felicidade, as instituições, as cidades e a riqueza
contribuem para obter felicidade.
4.3 Estoicismo
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Sócrates foi acusado de “corromper” os jovens gregos e como punição tomou cicuta
(veneno). Sócrates teve a oportunidade de exílio, porém não aceitou pois estaria
contradizendo sua filosofia.
Fonte: A autora.
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SAIBA MAIS
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REFLITA
Será que na atualidade estamos na caverna, cegos pela luz do sol ou tentando voltar
para caverna para avisar aos outros sobre a verdadeira realidade?
Fonte: A autora.
#REFLITA#
REFLITA
Fonte: A autora.
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Título: Ficções
Autor: Jorge Luis Borges
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Contos que abordam questões metafísicas.
FILME/VÍDEO
Título: Baraka
Ano: 1992
Sinopse: Um mundo além das palavras. Baraka é uma antiga palavra que pode ser
traduzida como o sopro ou a essência da vida, de onde se desencadeia o processo
de evolução da vida. Com imagens captadas em 24 países, nos seis continentes do
globo, Baraka busca traduzir visualmente a ligação do ser humano com a Terra.
Baraka é um espetáculo visual deslumbrante que deve ser visto, sentido e vivido para
ser compreendido.
REFERÊNCIAS
Plano de Estudo:
● A questão da finitude e infinitude no pensamento medieval;
● Patrística e a existência do mal;
● Escolástica - Fé x Razão;
● Provas da existência de Deus.
Objetivos de Aprendizagem:
● Entender o processo de ruína que levou o pensamento grego e a metafísica
grega ter sido reelaborada pelos medievais.
● Compreender a problemática que os pensadores da Idade Média se
debruçaram a resolver.
● Estabelecer a importância da metafísica e ontologia conceitos que foi elencado
pelos filósofos gregos e que serviu de modelo para os pensadores medievais.
APRESENTAÇÃO
Olá, caro(a) estudante. A nossa viagem pelo conhecimento será no período da Idade
Média, palco do nascimento da Filosofia Cristã e nossos principais personagens serão
Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino.
Vimos na Unidade II a consolidação da Metafísica e a busca em explicar a Ontologia.
O estudo do Ser foi o objeto de observação e estudo dos filósofos antigos. Platão e
Aristóteles teorizaram e conceituaram o ser sem desvincular do sagrado.
Porém, estudante, entraremos em um período em que a preocupação maior era unir
a filosofia dos gregos com a fé cristã, que estava sendo instaurada.
Com o advento do Cristianismo, surgiu a Patrística, que leva esse nome por ser
estudada pelos Padres da Igreja, padres estes que tinham a herança intelectual dos
filósofos gregos. A função desses padres era conciliar a fé e a razão como base do
conhecimento.
Além da Patrística estudaremos a Escolástica, filosofia que fundamenta a fé como
instrumento de conhecimento. Primeiro a fé, depois a razão, considera que o homem,
denominado por criatura, não é capaz de chegar ao conhecimento das coisas na sua
totalidade pela razão.
Questões como existência do mal, fé versus razão e a prova da existência de Deus
são assuntos que serão abordados nesta viagem.
Bons Estudos!
1 A QUESTÃO DA FINITUDE E INFINITUDE NO PENSAMENTO MEDIEVAL
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1A expressão “ser-mais, crescer no ser” demonstra que a ação dos seres finitos é um processo que
engrandece o ser finito, com meta de se aproximar do Infinito.
Finitude caracteriza-se por condição humana, seja na concepção cristã, por oposição
à transcendência e à perfeição divina, “[...]o infinito vai ser filosoficamente pensado
como positivo – por oposição à finitude (humana), que é doravante compreendida
como negação (ou carência) do ser” (DUROZOI; ROUSSEL, 1993, online), Deus é o
que dá vida às criaturas segundo Meier (2014).
No pensamento medieval, Deus é o criador de tudo que existe, sendo assim, o ato
puro, ser por essência, configurando, portanto, que tudo que existe, é derivado desse
Deus. No pensamento medieval, a criação do mundo e das criaturas se deu a partir
de uma iniciativa de amor gratuito, ao contrário do pensamento grego, que Deus não
é gerador da matéria (MEIER, 2014).
Vale ressaltar, caro(a) aluno (a), que a metafísica medieval não dialoga com a
metafísica do classicismo, pois ela deixou de ser indagação passando para questões
e respostas dogmáticas.
2 PATRÍSTICA E A EXISTÊNCIA DO MAL
Querido(a) aluno(a), agora iremos estudar o período conhecido por Escolástica, que
surge no final do século V, sobrevivendo até o século XVI. Foi neste período que
surgiu a primeira Universidade atuando como ponto de partida para difundir o
conhecimento cristão. Neste período, o aristotelismo se fez presente nos estudos de
São Tomás de Aquino.
Tomás de Aquino nasceu em 1225, na Itália, em uma família abastada. É o pensador
mais importante para a doutrina cristã, responsável por “cristianizar” a filosofia de
Aristóteles, fundamentando o aristotelismo a serviço da fé.
Haja vista que na filosofia cristã, Tomás também busca conciliar a fé e a razão. Tem
como tese a possibilidade que o homem pode alcançar em provar a existência de
Deus através da mente, embora não consiga decifrar por completo, pois os sentidos
não têm condições de alcançar. Faz-se necessária a intervenção da fé.
Tomás de Aquino teve como objeto de estudo a conciliação da fé com a razão.
A fé, para Tomás de Aquino, é a verdade que ultrapassa a razão, seguindo a
concepção que a razão demonstra, de forma racional, o que a fé revela, ou seja, a
razão é o caminho para a fé.
4 PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
NEOESCOLÁSTICA
Fonte: A Autora.
SAIBA MAIS
Fonte: A autora.
#SAIBA MAIS#
REFLITA
“Procurei o que era o mal e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão
da vontade desviada da substância suprema – de vós – ó Deus.”
REFLITA
Fonte: A autora.
#REFLITA#
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), concluímos a Unidade III, superando temas que foram o alimento
para fundamentar a Filosofia Cristã.
Viajamos pelo período da Idade Média, época em que a filosofia foi posta à prova,
resultando subordinação à crença – a fé.
Com a passagem do pensamento clássico antigo para a Idade Média, aprendemos
que a metafísica grega sofre alterações, sendo reelaborada pelos padres, teólogos.
O homem medieval, principalmente aquele que estava incumbido de instaurar e
fortificar a nova metafísica, utilizou os pensamentos dos filósofos antigos e readequou
às necessidades da Igreja.
Filósofos pertencentes ao Classicismo como Platão e Aristóteles foram considerados
“Autoridades”, pois Agostinho banhou-se da filosofia platônica e Tomás de Aquino,
da filosofia aristotélica.
LEITURA COMPLEMENTAR
O objetivo deste texto é analisar as principais reflexões que Sto. Tomás de Aquino
faz, de modo particular na Suma Teológica e na Súmula Contra os Gentios, acerca da
natureza de Deus e sua criação, bem como das observações referentes à fé e a razão,
a fim de compreender as objeções e alguns propósitos da ciência teológica de São
Tomás.
São Tomás procura conciliar a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo;
desta forma, Tomás utiliza o discurso filosófico para abordar assuntos teológicos:
refutar os argumentos dos adversários, esclarecer, defender e transmitir os
ensinamentos da Doutrina Sagrada, ou ciência divina, a qual equivale a conteúdos de
verdades reveladas pelo próprio Deus a fim de corrigir, educar os homens na justiça
e ordená-los ao caminho da salvação (Suma T., art. 1, p. 138).
Todavia, vale questionar: até que ponto o discurso argumentativo ou racional é
vantajoso e útil para a teologia? Considerando que o conhecimento humano tem seu
princípio na sensibilidade e depende da experiência, é possível conhecer e
demonstrar a natureza e essência de Deus: um ser transcendental e finito? O nosso
intelecto é suficiente e capaz de entender as verdades divinas, e estas são acessíveis
aos homens?
Diante dessas dificuldades convém analisar a primeira objeção do artigo 1 referente à
primeira questão da Suma Teológica, onde São Tomás declara que: “na verdade, o
homem não deve esforçar-se por alcançar aquilo que está acima da razão humana.
“Não te afadigues com obras que te ultrapassam”, diz o Eclesiástico” (Suma T., art. 1,
p. 137); logo, fica claro que a razão humana é limitada e insuficiente para alcançar um
conhecimento pleno das coisas divinas, e como nos afirma ainda a seguinte
passagem: “a verdade sobre Deus pesquisada pela razão humana chegaria apenas a
um pequeno número, depois de muito tempo e cheia de erros” (Suma T., art. 1, p.
138). Nesta linha de raciocínio, é possível perceber uma semelhança entre Tomás e
o pensamento cartesiano, como em suas meditações, Descartes também admite as
imperfeições e os limites da razão natural em relação a realidade de Deus - um ser
independente, infinito e absoluto Ora, o que sustenta e garante, portanto, ao homem,
a existência e a plenitude de Deus?
Nessa medida pode-se inferir que a questão em pauta está, pois, no âmbito da fé,
conforme São Tomás pontua: “embora não se deva investigar por meio da razão o
que ultrapassa o conhecimento humano, contudo, o que é revelado por Deus, deve-
se acolher na fé” (Suma T., art. 1, p. 139). Percebe-se que Sto. Tomás faz uma
articulação entre a fé e a razão e sustenta que elas são distintas uma da outra, mas
não opostas; como já havia mencionado anteriormente: Tomás serve-se da razão
natural para explicar os “preâmbulos da fé”, contestar e mostrar o erro dos que
criticaram o pensamento cristão, defender e manifestar os ensinamentos religiosos e
divinos; neste sentido, vê-se que o objetivo não é provar os princípios divinos: porque
estes são indemonstráveis e verdadeiros por si mesmos - uma vez que recebem a
certeza da luz divina, ou seja, são revelados pelo próprio Deus.
Nota-se, com efeito, que, para São Tomás, a razão e a fé possuem cada uma a sua
ordem, mas ambas não podem opor-se. E ponderando que a verdade é una - e que
Deus é a verdade absoluta - a verdade segundo a razão e a verdade segundo a fé
devem, pois, coincidir nos seus resultados e ajudar-se mutuamente. Vale enfatizar
ainda que a razão trabalha sobre os dados factuais para abstrair, caracterizar,
fornecer conclusões e conhecimentos - segundo a sua ordem -; contudo, deve ser
deixado de fora das suas indagações o campo da fé e da Revelação. Todavia, isso
não significa dizer que o conhecimento divino, e os ensinamentos religiosos não
possuem bases sólidas; pois, conforme São Tomás nos mostra no artigo 5 da Suma
Teológica: “a dúvida que pode surgir em alguns a respeito dos artigos de fé não deve
ser atribuída à incerteza das coisas, mas à fraqueza do intelecto humano” (Súmula
Contra os Gentios, cp. 5, p.68); e considerando que Deus é assunto e objeto Doutrina
Sagrada (Suma T., art. 3, p. 141), conclui-se assim, que ela supera as outras ciências,
e estas são subordinadas a ela, porque enquanto as outras ciências concebem suas
verdades pela luz natural da razão que pode conduzir o homem ao erro, a Doutrina
Sagrada, por sua vez, recebe a sua da luz da ciência divina, que não pode enganar-
se” (Suma T., art. 5, p. 143).
Quanto à existência de Deus cabe analisar a seguinte passagem:
[...]embora não possamos saber de Deus quem Ele é; contudo, nesta doutrina, utilizamos, em
vez de uma definição para tratar do que se refere a Deus, os efeitos que Ele produz na ordem
da natureza ou da graça. Assim como em certas ciências filosóficas se demonstram verdades
relativas a uma causa a partir de seus efeitos, assumindo o efeito em lugar da definição dessa
causa. (SUMA T; art. 7, p. 148).
Sob esse raciocínio pode-se dizer, portanto, que o homem não é capaz de encontrar
razões para justificar todas as coisas - sobretudo porque é limitado a conhecer apenas
as coisas sensíveis; e no caso de Deus, não é possível ter experiências dele, e nem
demonstrar sua existência, pois ele é um ser transcendental, invisível, que excede e
ultrapassa o conhecimento natural do ser humano – ou seja: é algo muito superior a
tudo que pode ser pensado. Entretanto, São Tomás nos mostra que é possível
compreender Deus a partir das coisas do mundo ou dos efeitos da sua criação; assim,
Deus é, pois, causa primeira de tudo o que existe, conforme nos lembra São Paulo na
Carta aos Romanos: “sua realidade invisível (...) tornou-se inteligível, desde a criação
do mundo, através das criaturas” (Rm.1, 20).
No Capítulo Quarto da Súmula Contra Os Gentios São Tomás analisa se é justo que
as verdades divinas acessíveis à razão nos sejam propostas como objeto de fé, e
neste sentido o filósofo observa que há duas espécies de verdades em Deus: algumas
das quais são acessíveis à nossa inteligência e outras que ultrapassam as nossas
capacidades (Súmula Contra os Gentios, cp. 4, p. 66); ora, de que vale, pois, o esforço
dos homens em buscar o conhecimento de coisas infinitas, que ultrapassam a razão
natural? Por que as verdades divinas não poderiam ficar restritas à razão natural, ao
invés de serem propostas e transmitidas como objetos de fé?
Quanto à primeira dificuldade, Sto. Tomás adere a uma reflexão feita por Aristóteles
no livro X de sua Ética e pontua que: “o conhecimento das realidades mais nobres,
por mais imperfeito que seja, confere à alma uma perfeição muito alta” (Súmula Contra
os Gentios, cp. 5, p. 68); ou seja: por mais limitada que seja a razão humana – para
apreender as verdades suprassensíveis - essa busca é importante e proporciona
alegria e perfeição à alma. É, pois, “útil que o espírito humano
São Tomás observa que haveriam três inconvenientes caso as verdades divinas
estivessem restritas exclusivamente à força da razão humana: primeiramente, poucos
homens desfrutarem do conhecimento de Deus, devido a preguiça – vício que os
afastam de Deus, uma vez que tal busca exige muito esforço e estudo- , a má
disposição de temperamento das pessoas e o fato de muitos ficarem presos aos bens
materiais e não reservarem um tempo para a vida contemplativa. O segundo
inconveniente consiste no seguinte: os homens que descobrissem as verdades
divinas só as alcançariam com dificuldades e após muito tempo de busca, devido a
profundidade dessas verdades, e isso exigiria ainda conhecimentos preliminares; e o
terceiro grande inconveniente que surgiria, caso Deus não houvesse revelado
sobrenaturalmente suas verdades que, em si, são acessíveis à razão natural, é que
as investigações segundo a ordem da razão humana seriam contaminadas de erros –
pois temos mais dúvidas do que certezas sobre as coisa, devido a fraqueza do
intelecto. Sendo assim, cabe inferir que é justo, pois, que Deus - com sua misericórdia
– tenha provido o homem em aceitar como objeto de fé as coisas que são acessíveis
à razão natural.
Portanto, era necessário que Deus transmitisse aos homens, pelo caminho da fé, seus
ensinamentos e suas verdades, pois estas ultrapassam a força da razão natural. Vale
enfatizar que, como nos mostra São Tomás no Capítulo Quinto da Súmula Contra os
Gentios, é pelo fato de Deus propor certezas superiores à razão natural que o homem
reconhece e confirma sua crença em Deus, um ser que “é superior a tudo quanto se
possa pensar” (Súmula Contra os Gentios, cp. 5, p. 68).
Vê-se que é nessa linha de raciocínio que Tomás expõem a função principal da
religião cristã, ou seja: a partir dos seus ensinamentos -revelados por Deus – atrair os
homens a buscar aquilo que supera o estado de vida terrena, uma vez que a
Providência divina revela uma felicidade bem maior do que a fraqueza humana pode
experimentar no decorrer da vida presente, isto é: a salvação e a vida eterna.
Fonte: A Autora.
LIVRO
Título: Ágora
Ano: 2009.
Sinopse: Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-
romana, os cristãos se apoderam, aos poucos, da situação, e enquanto Orestes se
torna prefeito e se mantém fiel ao seu amor, o ex-escravo Davus (que recebeu a
alforria de Hipátia) se debate entre a fé cristã e a paixão. O líder cristão Cirilo de
Alexandria domina a cidade e encontra na ligação entre Orestes e Hipátia o ponto de
fragilidade do poder romano, iniciando uma campanha de enfraquecimento da
influência de Hipátia sobre o prefeito, usando as escrituras sagradas para acusá-la
de bruxaria.
REFERÊNCIAS
AGOSTINHO, Confissões. Livro VII, 16, 22. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
Plano de Estudo:
Objetivos de Aprendizagem:
● Compreender os conceitos básicos da Metafísica moderna.
● Entender o dualismo na Filosofia Moderna.
● Conhecer o que levou a reelaborar a Metafísica.
● Estabelecer a distinção entre Ontologia e a Nova Ontologia na Filosofia
Contemporânea.
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
1 CORPO E ALMA: LIBERDADE VERSUS DETERMINISMO
Figura - Representação da discussão sobre corpo e mente
2 METAFÍSICA MODERNA
Figura - Immanuel Kant, filósofo alemão que estava alinhado com a Revolução Científica, na
introdução da obra “Crítica da Razão Pura”, Kant faz uma crítica praticada até o momento,
rompendo com o pensamento medieval. Sua filosofia consiste em encontrar um caminho para
a metafísica
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Friedrich Nietzsche (1844 - 1900) atacou a metafísica tradicional através do
conceito da verdade, pois o que acreditamos conhecer não alcança um “em si”, porque
a afirmação de verdade só existe para garantir a paz e acabar com os conflitos com
as outras pessoas.
Nietzsche afirma, na sua filosofia, que o intelecto colabora para dar valor à
existência, criando um tipo de ilusão. O conhecimento é igual a invenção, e a verdade
é a ferramenta que o ser humano usa para a dissimulação.
O ponto que marca a ruptura da metafísica clássica com o pensamento
aristotélico: “Todos os homens têm por natureza, desejo de conhecer: uma prova
disso é o prazer das sensações, pois, até fora da sua utilidade, elas nos agradam por
si mesmas e, mais do que todas as outras, as visuais” (ARISTÓTELES, 1984, p. 11).
Para Aristóteles (1984), o ser humano desejar conhecer faz parte do desejo
natural. Nietzsche faz dura crítica dizendo que o conhecimento é uma forma de
sobrevivência não é de teor natural, o que existe é luta para sobreviver, por isso a
invenção do conhecimento.
Nietzsche (1844 - 1900) atacava com a afirmativa de que o conhecimento não
é “em si”, mas uma manobra social, política e até moral. O ato de conhecer é mais
uma invenção histórica e o conhecimento pode até ter ligação com o instinto, mas não
faz parte.
5 ONTOLOGIA CONTEMPORÂNEA - FENOMENOLOGIA
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Existe uma história que perambula (não confirmada) de que Nietzsche ao ver
um cavalheiro batendo em um cavalo. O filosofo vai até o cavalo, abraça e chora e diz
baixinho “Mãe, eu sou um idiota”. O cavalo apanhava porque não andava devido ao
cansaço, fome, exausto.
Não se sabe se esta situação aconteceu de fato porque depois desse
acontecimento o filósofo parou de falar até a sua morte. Nietzsche foi detido pela
polícia com a alegação de perturbação da ordem pública, “o filósofo entrou em
colapso”.
SAIBA MAIS
Fonte: A autora.
#SAIBA MAIS#
REFLITA
Pensar na liberdade, ou condicionar ao que está posto?
Fonte: A Autora.
#REFLITA#
LEITURA COMPLEMENTAR
O QUE É RACIONAL É REAL, E O QUE É REAL É RACIONAL
O que está em causa aqui é a manobra que Hegel visa na dialética, pois a
tarefa filosófica da dialética Hegeliana consiste na tentativa de estabelecer o estatuto
do ser presente na relação sujeito e objeto tendo em vista uma racionalidade negativa
que só pode ser propriamente entendida ao se lançar luz do pensamento “destrutivo”.
É a partir desta racionalidade que transcendemos o deserto da região pura dos
conceitos. Nós somos externamente estimulados em referência ao que movimenta o
nosso pensar, contudo, isto não pode ser de uma maneira afastada do negativo. O
pensar se faz enquanto instância afirmativa pela “destruição” (negação) do imediato
dados pelos sentidos.
A figura de destruição, portanto, a da negação, sobre a qual tal tarefa filosófica
estará fundamentada, norteará o sentido de uma possível transcendência,
vislumbrada por Hegel resultando no processo de constituição da dialética junta a
experiência filosófica. Como vimos a forma de pensamento da tradição entende o
mundo como entidades finitas que se organizam mediante o princípio de identidade e
de contradição. Cada coisa é idêntica a si mesma, a predicação atribuída ao sujeito
é, segundo a lógica tradicional, a essência da coisa e, as qualidades “mutáveis” são
vistas como contingentes. As operações do entendimento desta lógica dividem o
mundo em polaridades conceituais que se relacionam. A crítica hegeliana encontra-
se na observação isolada deste entendimento, o autor aponta o erro no complexo
desta oposição, a verdade do ser não se restringe às oposições fixas, estas são na
verdade estados de existência das coisas, no qual o ser toma posse para confirmar-
se. Isto nos dá base para compreender a unificação dos opostos, pois a estrutura do
ser é a mesma, ele simplesmente perpassa por todos os seus estágios de existência.
Assim Hegel dá ao ser uma posição privilegiada em seu estatuto ontológico, pois como
vemos, não existem qualidades predicáveis, existe sim estados de ser, ou seja,
unidades mais ou menos duradouras do mesmo sujeito. Em outras palavras: tudo se
passa no reino do sujeito. E é papel do pensamento abstrato ou especulativo encontrar
esta unidade. É por meio da razão em que a identidade se dá pela ação consciente
do conhecimento, “o pensamento especulativo compara as formas dadas pelas coisas
às potencialidades, distinguindo assim, nas coisas, a essência, do estado acidental
de existência.” (Marcuse, 2004)
O pensamento especulativo vê o mundo como o vir-a-ser, e seu ser como um
produto e produzir. É possível ver nas palavras de Hegel em sua “alegoria do floreio”,
o autor diz:
Fica claro então que cabe à filosofia tratar da realidade, somente esta pode por
meio de seu conteúdo, a saber, o pensamento puro – alcançar a verdade. Desta
forma, o autor em estudo pode resolver o problema em que apresentava a perspectiva
ontológica da tradição e apresentar um sistema que entende a dissolução da
verdadeira forma da realidade e dizer que o que é racional é real, e o que é real é
racional. Como dito anteriormente na citação acima, a consciência tem por conteúdo
a realidade e, mais adiante apresentado que a consciência deste conteúdo é chamado
experiência. Contudo, Hegel deixa claro em sua filosofia o tratamento que dá ao
espírito; este é visto pelo filósofo através de sua essência que junto ao processo
dialético avança do abstrato ao concreto. No interior da concepção, a teoria e a
experiência da consciência não parecem encontrar repouso algum, pois apresenta
dificuldades na relação entre a realidade e o pensamento. No âmbito da filosofia, a
operação do entendimento é, segundo o autor, constituída pelas ideias abstratas que
têm seu conteúdo limitado no campo mental, ou seja, que não se encontra na
realidade efetiva, pois, ao que parece o conteúdo encontrado na realidade não pode
ser o mesmo encontrado na mente. Há, no presente momento, um abismo entre a
realidade e a ideia, então, como entender o vínculo entre a realidade e a experiência?
Para Hegel, o que está na consciência é resultado do empírico, o pensamento
especulativo não deixa de lado os conteúdos empíricos das outras ciências, todavia,
é complementado com outros conteúdos. Desta forma, os conceitos podem alcançar
o infinito, como Descartes que afirma não podermos imaginar a figura de mil lados,
contudo, podemos concebê-la. O espírito como ser ciente tem consciência de si, este
como autoconsciente tem em si o conhecimento do objeto, o problema se estabelece
nas outras formas de pensar da consciência na qual ela se perde. Sendo a dialética a
natureza do pensar, esta deve superar a confusão elaborada para estabelecer o
sistema racional. Na concepção de Hegel, a atividade empírica se encontra no
pensamento do indivíduo e é uma atividade do pensar, porém, de uma forma
autônoma.
Como podemos ver as coisas só atingem sua própria verdade quando negam
suas condições determinadas. Portanto, o processo dialético de Hegel constitui de
forma circular.
Fonte: A Autora.
REFERÊNCIAS
INWOOD, Michael. Dicionário Hegel, trad. Álvaro Cabral; revisão técnica de Karla
Chediak. Rio de Janeiro; Ed. Jorge Zahar, 1997.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FILME/VÍDEO
Prezado(a) aluno(a),