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do inimigo ou do irmo
desdenhar o elogio e o louvor
a este mero ato de fraterno amor
olhar para alm do egosmo
e da glria
abrochar no corao o ix da bravura
certos de que vitria
pouco significa nossa vida
e nada importa a sepultura
Tempo de viver
(ensina Ajac)
tempo de morrer
uns j esto mortos
vivendo
ns estaremos vivos
morrendo
Morrer enquanto cintila no meu peito
o ix ureo de Oxum
enquanto caminho a ancestralidade da minha
terra
nas pegadas temerrias de Ogum
ao fio do agad
transformo a queixa muda das irms negras
neste canto marcial de esperana
de cada soluo teu
irmo
fao uma bala de fuzil
impeo que a bondade amolea tua revolta
e tua dana perca o embalo da trincheira
tornando tua coreografia
grvida de smbolos
em vil moeda de espetculo mercantil
Vem do fundo escuro do tambor
esse aflito olhar magoado
(no vencido apenas derrotado)
das irms e irmos em frica
fixo olhar pungente
absorvendo a beleza vital do meu corpo
incrustao do ix
projeo amorosa de Oxum
em minha origem plantado
por desgnio paterno de Olorum
o olhar a devolvendo
intensidade e pungncia
da antiga luta comum
processada regncia
do agad transformador
e do nosso clido
recproco
e solidrio amor
Ogunhi!
Salvador (Bahia), 14 de janeiro de 1982
(Dia da lavagem do Senhor do Bonfim).