Você está na página 1de 4

RESOLUÇÃO COMENTADA

PROVA DE FILOSOFIA - A1 15/03/2023

Professor: Vinícius Costa 3ª Série Valor: 10,0

(1,25)
01. (Vunesp–2021 / Adaptada) A filosofia não é mais um porto seguro, mas não é, tampouco, um continente de
ideias esquecidas que merece ser visitado apenas por curiosidade. Muitas pessoas supõem que a ciência e a
tecnologia, especialmente a física e a neurociência, engolirão a filosofia nas próximas décadas, sem saberem
que, ao defender esse ponto de vista, estão implicitamente apoiando uma posição filosófica discutível.
Certamente, muitas questões da filosofia contemporânea passaram a ser discutidas pelas ciências. Mas há
outras, no campo da ética, da política e da religião, cuja discussão ainda engatinha e para as quais a ciência
não tem, até agora, fornecido nenhuma solução.
TEIXEIRA, João de Fernandes. Por que estudar filosofia? 2016.

De acordo com o texto, a filosofia


A) mostra-se incapaz de lidar com os dilemas das ciências.
B) contribui para os questionamentos e debates científicos.
C) impede o progresso científico e tecnológico.

FILOSOFIA
D) evita desenvolver pesquisas e estudos em parceria com cientistas.
E) pretende oferecer respostas extremas aos problemas da ciência.

Alternativa B

Apesar de a filosofia não ser ciência, por ambas serem metódicas, as respostas dadas pela filosofia podem
ser úteis às discussões científicas.

(1,25)
02. (UEL-PR) Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si,
alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou para
a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?.
VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar.
São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.

O texto anterior é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma forma de conhecimento,
ASSINALE a alternativa CORRETA.
A) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação.
B) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas verdades.
C) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e autocrítica.
D) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de provas.
E) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de não contradição.

Alternativa D

As explicações míticas são formas de conhecimento que buscam explicar o mundo e o homem por meio
de narrativas e lendas que envolvem deuses, heróis, criaturas sobrenaturais e eventos extraordinários.
Elas não seguem critérios científicos de verificação e não se preocupam com a busca por explicações definitivas
e universais. Em vez disso, os mitos servem para ajudar as pessoas a compreender o mundo e o seu lugar
nele, oferecendo explicações simbólicas e poéticas para os fenômenos da natureza e os acontecimentos da
vida humana. Portanto, a alternativa D está correta. A alternativa A está incorreta, pois o mito não segue
critérios empíricos e científicos de comprovação. A alternativa B está incorreta, pois o mito não segue um
rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas verdades. A alternativa C está incorreta, pois as
explicações míticas não são construídas de maneira autocrítica.

Bernoulli Colégio e Pré-Vestibular 1


3ª Série Filosofia

(1,25)
03. (UEL-PR) LEIA o texto a seguir e RESPONDA à questão.
De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto,
em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo
de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, então essa outra coisa também devia ter surgido de alguma
outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum
dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é feito?
A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era
saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em
árvores frondosas ou flores multicoloridas.
GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Tradução de João Azenha Jr.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 43-44 (Adaptação).

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, ASSINALE a alternativa CORRETA.
A) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e porque a vida
é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do mundo
dos deuses.
B) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de que havia alguma substância básica, uma causa
oculta, que estava por trás de todas as transformações na natureza e, a partir da observação, buscavam
descobrir leis naturais que fossem eternas.
C) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século VI a.C.
partiram da ideia unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme capacidade
de transformação.
D) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do
mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios que
originam todas as coisas.
E) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único
denominado “o ilimitado”, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem observar
no nascimento e na degeneração das coisas.

Alternativa B

As afirmações presentes nas alternativas A, C, D e E estão incorretas. Os primeiros filósofos da natureza


(também conhecidos como pré-socráticos ou filósofos da natureza jônicos) buscavam explicações para os
fenômenos e as transformações da natureza, tendo como base a observação em busca de leis naturais que
fossem eternas. Eles não se baseavam em mitos ou histórias contadas sobre o mundo dos deuses, e tampouco
adotavam a imagem homérica do mundo ou reforçavam o antropomorfismo. A alternativa B está correta,
pois os primeiros filósofos da natureza buscavam uma substância básica, uma causa oculta, que estivesse por
trás de todas as transformações na natureza.
(1,25)
04. (UEMA) No amor tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua chama e sua infância eterna. Mas por que o
amor é cego? Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego.
Surgiu entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeu então o Amor que se reunisse para tratar do assunto
o conselho dos deuses. Mas a Loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe privou da visão.
Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. Diante de Júpiter, de Nêmesis – a deusa da
vingança – e de todos os juízos do inferno, Vênus exigiu que aquele crime fosse reparado. Seu filho não podia
ficar cego. Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença do supremo tribunal celeste consistiu em
declarar a Loucura a servir de guia ao Amor.
LA FONTAINE, Jean de. O amor e a loucura. In: COSTA, Flávio Moreira da (Org.).
Os melhores contos de loucura. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

A fábula traz uma explicação oriunda dos deuses para uma realidade humana. Esse tipo de explicação
classifica-se como
A) estética.
B) filosófica.
C) mitológica.
D) científica.
E) crítica.

2 Bernoulli Colégio e Pré-Vestibular


Filosofia 3ª Série

Alternativa C

A fábula traz uma explicação mitológica para a cegueira do Amor, atribuindo-a a uma brincadeira com
a Loucura e um suposto crime cometido por ela. A mitologia é um conjunto de lendas e crenças de um
povo que visa explicar ou justificar os fenômenos da natureza, os acontecimentos da vida humana e os
mistérios da existência. A alternativa A, “estética”, está incorreta, pois estética é a teoria da beleza e da arte.
A alternativa B, “filosófica”, também está incorreta, pois a filosofia é o estudo crítico e sistemático da realidade,
da verdade, da moral, da mente e do conhecimento. A alternativa D, “científica”, também está incorreta, pois
a ciência busca explicar os fenômenos da natureza por meio de métodos científicos rigorosos e testáveis.
E a alternativa E, “crítica”, também está incorreta, pois a crítica é o exame crítico e a avaliação de obras
literárias, artísticas, científicas, etc.
(1,25)
05. (UEL-PR) Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, considere as afirmativas a segui:
I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus componentes, já contêm características essenciais da
compreensão de mundo grega que, posteriormente, se revelaram importantes para o surgimento da filosofia.
II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade grega,
na medida em que nem homens nem deuses são compreendidos como perfeitos.
III. A humanização dos deuses na religião grega, que os entende movidos por sentimentos similares aos dos
homens, contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o desenvolvimento do
pensamento filosófico e científico.
IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico, devido à assimilação que os gregos fizeram
da sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta desvinculada de qualquer base religiosa.
Estão CORRETAS apenas as afirmativas:
A) I e II.
B) II e IV.
C) III e IV.
D) I, II e III.
E) I, III e IV.

Alternativa D

As afirmativas I, II e III estão corretas. Em relação à afirmativa I, é verdade que os poemas homéricos
já contêm características essenciais da compreensão de mundo grega que se tornaram importantes para
o surgimento da filosofia. Esses poemas já apresentavam uma visão do mundo baseada na razão e no
naturalismo, o que contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega e para o surgimento da
filosofia. A afirmativa II também é correta, pois o naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia,
já se evidencia na própria religiosidade grega, na medida em que nem homens nem deuses são compreendidos
como perfeitos. Isso significa que os gregos já tinham uma compreensão do mundo baseada na razão e
no naturalismo, o que contribuiu para o surgimento da filosofia. A afirmativa III também é correta, pois
a humanização dos deuses na religião grega, que os entende movidos por sentimentos similares aos dos
homens, contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o desenvolvimento do
pensamento filosófico e científico. Isso significa que os gregos já tinham uma compreensão do mundo baseada
na razão e no naturalismo, o que foi importante para o surgimento da filosofia.
(1,25)
06. (UEL-PR) Mais que saber identificar a natureza das contribuições substantivas dos primeiros filósofos é
fundamental perceber a guinada de atitude que representam. A proliferação de óticas que deixam de ser
endossadas acriticamente, por força da tradição ou da “imposição religiosa”, é o que mais merece ser destacado
entre as propriedades que definem a filosoficidade.
OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Pré-socráticos: a invenção da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.

Assinale a alternativa que apresenta a “guinada de atitude” que o texto afirma ter sido promovida pelos
primeiros filósofos.
A) A aceitação acrítica das explicações tradicionais relativas aos acontecimentos naturais.
B) A discussão crítica das ideias e posições, que podem ser modificadas ou reformuladas.
C) A busca por uma verdade única e inquestionável, que pudesse substituir a verdade imposta pela religião.
D) A confiança na tradição e na “imposição religiosa” como fundamentos para o conhecimento.
E) A desconfiança na capacidade da razão em virtude da “proliferação de óticas” conflitantes entre si.

Bernoulli Colégio e Pré-Vestibular 3


3ª Série Filosofia

Alternativa B

De acordo com o texto, a “guinada de atitude” promovida pelos primeiros filósofos é a proliferação de óticas
que deixam de ser endossadas acriticamente, por força da tradição ou da “imposição religiosa”. Isso significa
que os primeiros filósofos promoveram uma mudança de atitude em relação às explicações tradicionais e
às verdades impostas pela religião, passando a questioná-las e a buscar outras formas de compreensão
do mundo e do lugar do ser humano nele. Isso implica em uma discussão crítica das ideias e das posições,
que podem ser modificadas ou reformuladas, em vez de serem aceitas de maneira acrítica.

(1,25)
07. (Unicentro-PR) A passagem do mito ao logos na Grécia Antiga foi fruto de um amadurecimento lento e
processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que se traçasse um
corte temporal mais preciso. Com base nessa afirmativa, é CORRETO afirmar:
A) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a passagem do mito ao logos.
B) A passagem do mito ao logos, na Grécia, foi responsabilidade dos tiranos de Siracusa.
C) A economia grega estava baseada na industrialização, e isso facilitou a passagem do mito ao logos.
D) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava com outros povos com as mesmas preocupações e culturas,
o que contribuiu para a passagem do mito ao logos.
E) A atividade comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações / conhecimentos,
a observação / assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo,
para a construção da passagem do mito ao logos.

Alternativa E

De acordo com a afirmativa apresentada, a passagem do mito ao logos na Grécia Antiga foi fruto de
um amadurecimento lento e processual, ou seja, ocorreu de maneira gradativa e não de forma abrupta.
Isso significa que o mito e o logos coexistiram por um período, sem que houvesse um corte temporal mais
preciso entre essas duas maneiras de explicação do real. Nesse sentido, é correto afirmar que a atividade
comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações / conhecimentos, observação /
assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção da
passagem do mito ao logos. A passagem do mito ao logos não foi influenciada pelo modo de vida fechado do
povo grego, pela economia grega baseada na industrialização ou pelos tiranos de Siracusa.

(1,25)
08. (Enem) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a
matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões:
em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque
o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora apenas em estado de crisálida,
está contido o pensamento: Tudo é um.
NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?


A) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.
B) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
C) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
D) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
E) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

Alternativa C

Nietzsche faz referência ao surgimento da filosofia por meio dos pré-socráticos que buscavam na natureza
(physis) uma justificativa racional para a origem de tudo. Inicialmente, encontravam um elemento essencial
(arché) como solução primordial.

4 Bernoulli Colégio e Pré-Vestibular

Você também pode gostar