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LITERATURA - GRUPO 5 (2015)

PRIMEIRO AUTOR:

FERREIRA GULLAR (1930-2016)


Ferreira Gullar nasceu em São Luís, em 10 de setembro de 1930, com o nome de
José Ribamar Ferreira. É um dos onze filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro
Goulart. Sobre o pseudônimo, o poeta declarou o seguinte: "Gullar é um dos sobrenomes
de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família,
eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é
Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar
que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart
francês; é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome".
Segundo Maurício Vaitsman, ao lado de Bandeira Tribuzi, Lucy Teixeira, Lago
Burnett, José Bento, José Sarney e outros escritores, fez parte de um movimento literário
difundido através da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi
um dos fundadores. Até sua morte, muitos o consideravam o maior poeta vivo do Brasil e
não seria exagero dizer que, durante suas seis décadas de produção artística, Ferreira
Gullar passou por todos os acontecimentos mais importantes da poesia brasileira e
participou deles. Morando no Rio de Janeiro, participou do movimento da poesia concreta,
sendo então um poeta extremamente inovador, escrevendo seus poemas, por exemplo, em
placas de madeira, gravando-os. Em 1956 participou da exposição concretista que é
considerada o marco oficial do início da poesia concreta, tendo se afastado desta em 1959,
criando, junto com Lygia Clark e Hélio Oiticica, o neoconcretismo, que valoriza a expressão
e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo. Posteriormente, ainda no início dos
anos de 1960, se afastará deste grupo também, por concluir que o movimento levaria ao
abandono do vínculo entre a palavra e a poesia, passando a produzir uma poesia engajada
e envolvendo-se com os Centros Populares de Cultura. Em 2014, ele foi considerado um
imortal na Academia Brasileira de Letras, passando a ocupar a cadeira de número trinta e
sete antes ocupada por Ivan Junqueira.
Ferreira Gullar morreu em 4 de dezembro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro em
decorrência de vários problemas respiratórios que culminaram em uma pneumonia. O
velório do escritor foi realizado inicialmente na Biblioteca Nacional, pois esse era um desejo
de Gullar. Dali, o corpo foi levado em um cortejo fúnebre até a Academia Brasileira de
Letras no Rio de Janeiro. Uma semana antes de morrer, Ferreira Gullar pediu à filha
Luciana para que o levasse até a Praia de Ipanema. O enterro foi no Cemitério de São João
Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Gullar ocupava a trigésima sétima cadeira da ABL.

PRINCIPAIS OBRAS:

JOÃO BOA-MORTE, CABRA MARCADO PRA MORRER (1962)


O personagem João Boa-Morte, de “João Boa-Morte, cabra marcado pra morrer”,
trabalha sob más condições nas terras do Coronel Benedito. É expulso, juntamente com a
mulher e quatro filhos, após queixar-se e conclamar seus colegas para que se livrem do
cativeiro. Vagando pelo sertão, não consegue emprego e um de seus filhos morre. Decide
matar a família e suicidar-se, entretanto é impedido por Chico Vaqueiro, que chega
procurando levá-lo para a Liga Camponesa.

POEMA SUJO (1976)


Em 1975 Gullar encontrava-se limitado à Argentina; seu passaporte cancelado em
todas as páginas, pois havia sido limitado pelo Brasil por lutar contra a ditadura militar,
inclusive seu livro trata-se disso, lutas, miséria e pobreza. Pensando ser iminente sua
morte, escreve convulsivamente, remetendo ao passado e dissecando sua condição e a
situação em que se encontravam Brasil e América Latina. A obra, escrita durante o exílio
imposto a grande parte da intelectualidade brasileira, foi inicialmente lida pelo autor na casa
de Augusto Boal em Buenos Aires, no ano de 1975, a pedido do poeta Vinicius de Moraes
(que gravou o recital e, a partir daí, promoveu uma série de recitais onde os versos eram
ouvidos por plateias diversas). Essa divulgação antecedeu sua efetiva publicação em livro,
que ocorreu em 1976, ainda durante o exílio do autor, pelo editor Ênio Silveira. Em 2011, a
obra inspirou a vídeo-instalação "Há muitas noites na noite", dirigida por Silvio Tendler. Em
2015, o poema inspirou uma série documental, também denominada: "Há muitas noites na
noite", com sete episódios com 26 minutos cada, exibida na TV Brasil entre dezembro de
2015 e janeiro de 2016, também dirigida por Silvio Tendler. No mês de agosto de 2016 o
livro é reeditado pela editora Companhia das Letras com textos de apresentação do próprio
Gullar e do poeta Antonio Cícero.

MUITAS VOZES (1999)


Após doze anos sem publicar nenhum poema em livro, Ferreira Gullar volta em 1999
com a obra “Muitas Vozes”. Esse livro representa uma ruptura temática dentro da biografia
do escritor, diferenciando-se de grandes obras anteriores. É uma poética mais madura.
Nesta obra faz-se muito presente reflexões sobre a vida, a morte, memórias da infância, o
silêncio e outros temas. É um livro em que a fúria presente em outras obras suas aparece
mais amenizada e o tom geral do livro é de reflexão. O tema da morte, muito frequente no
livro, pode ser reflexo das perdas enfrentadas pelo autor durante a década de 1990, pois
seu filho e sua primeira esposa haviam falecido nessa época. Porém, a morte não é vista
com medo ou horror, mas sim como objeto de reflexão. Em contraste ao sentimento de dor
e perda que o tema da morte traz, vê-se também a celebração da vida e do amor.

EM ALGUMA PARTE ALGUMA (2010)


Detendo-se ao seu percurso poético, alertando para uma possível volta à sua
própria trajetória poética, no que diz respeito aos temas dos poemas e à maneira de
concebê-los, embora haja sempre uma forma particular e com um prisma diferente a cada
volta. Assim, o que se busca não é remontar as imagens da infância e paisagens de São
Luís do Maranhão ou retomar a poesia de cunho memorialista de Ferreira Gullar que
dialoga com aquilo que antecede em busca de algo que mantenha o sujeito lírico no
presente por meio de uma jornada arqueológica em seu passado. O livro de Gullar foi eleito
"O Livro do Ano" de ficção no 53° Edição do Prêmio Jabuti em 2011 para lançamento
editoriais dentro do ano de 2010. O livro revela 58 novos poemas organizados como
memórias do autor em relação a sua leitura de poemas de autores consagrados na
literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, entre
outros.
SEGUNDO AUTOR:

MONTEIRO LOBATO (1882-1948)


Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. Era
filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato. Alfabetizado pela mãe,
logo despertou o gosto pela leitura, lendo todos os livros infantis da biblioteca de seu avô, o
Visconde de Tremembé. Desde criança, Monteiro Lobato já mostrava seu temperamento
irrequieto e aos 10 anos escandalizou sua família, tradicionais fazendeiros do Vale do
Paraíba e amigos do Imperador Pedro II, quando se recusou a fazer a primeira comunhão.
Monteiro Lobato fez seus primeiros estudos em sua cidade natal. Em 1896, com 14
anos, foi estudar em São Paulo no Instituto de Ciências e Letras. Em 1898 ficou órfão de pai
e logo em seguida, perdeu sua mãe, ficando aos cuidados do avô. Ao nascer, Lobato foi
registrado com o nome de José Renato Monteiro Lobato, mas após a morte do pai em 13 de
junho de 1898, queria usar a bengala que pertencera ao pai e tinha as iniciais J.B.M.L.
gravadas no topo do castão. Por isso, resolveu mudar de nome para que suas iniciais
ficassem iguais às do pai e desde então passou a se chamar José Bento Monteiro Lobato.
Sob a imposição do avô, em 1900, Lobato ingressou na Faculdade de Direito de São
Paulo, embora preferisse estudar Belas Artes. Nesse período, morava em uma república de
estudantes localizada no centro de São Paulo, junto com os amigos Godofredo Rangel, Lino
Moreira e Raul de Freitas. O grupo se reunia para cuidar da vida literária e escrevia para um
jornal publicado em Pindamonhangaba, de propriedade de Benjamin Pinheiros. Usando
vários pseudônimos faziam oposição ao prefeito da cidade. Monteiro Lobato manteve uma
amizade duradoura com Godofredo Rangel e trocaram correspondência por 40 anos, que
mais tarde foram reunidas em um livro chamado “A Barca de Gleyre”. Lobato escrevia
também para o jornal da faculdade onde já mostrava sua preocupação com as causas
nacionalistas. Na festa de formatura, em 1904, fez um discurso tão agressivo que vários
professores, padres e bispos se retiraram da sala. Nesse mesmo ano voltou para Taubaté.
Prestou concurso para a Promotoria Pública, assumindo o cargo na cidade de Areias, no
Vale do Paraíba, no ano de 1907. Monteiro Lobato casou-se com Maria Pureza da
Natividade em 28 de março de 1908. Com ela teve quatro filhos, Marta (1909), Edgar
(1910), Guilherme (1912) e Rute (1916). Em 1911 perdeu seu avô, herdando a fazenda
Buquira para onde se mudou, pretendendo ser fazendeiro. Começou a escrever o conto “O
Boca Torta” que seria o primeiro de uma série que mais tarde foram reunidos sob o nome
de Urupês.
"O Sítio do Pica-pau Amarelo'' é sua obra de maior destaque na literatura infantil.
Criou a "Editora Monteiro Lobato" e mais tarde a "Companhia Editora Nacional". Foi um dos
primeiros autores de literatura infantil do país e de toda América Latina. Ao lado da literatura
infantil, Monteiro Lobato também deixou extensa obra voltada para o público adulto.
Retratou os vilarejos decadentes e a população do Vale do Paraíba, quando da crise do
café. Situa-se entre os autores do Pré-Modernismo, período que precedeu a Semana de
Arte Moderna. Lobato foi também jornalista, tradutor e empresário. Fundou a Companhia
Petróleo do Brasil, à qual se dedicou por dez anos.
PRINCIPAIS OBRAS:

CIDADES MORTAS (1919)


Através dos contos, é retratada a decadência do Vale do Paraíba, em decorrência
da abolição da escravatura, e principalmente do declínio cafeeiro da região devido a
nematóides, pragas, e ao uso errático do solo. As personagens dos contos são típicos
brasileiros, e os acontecimentos e situações que os envolvem são cômicos e engraçados,
com a intenção de fazer uma crítica sutil aos valores da sociedade e ao comportamento das
pessoas. Em alguns momentos, os contos também são um tanto saudosistas, quando o
autor recorda acontecimentos de sua infância, e em outros momentos traz desfechos
surpreendentes.

NEGRINHA (1920)
Muitos consideram que neste livro estão os melhores contos escritos por Lobato.
Sem dúvida são os mais emotivos e que mais agradaram ao público. Alguns contos foram
escritos antes de sua viagem aos Estados Unidos, outros depois do retorno. O livro contém
verdadeiras preciosidades no tratamento do idioma e os personagens são mais urbanos e
mais mundanos que os dos livros anteriores. "Aqui encontramos um painel que vai da farsa
à tragédia, do sarcasmo à compaixão, passando pelo drama pungente da filha de uma ex-
escrava.”

O PRESIDENTE NEGRO (1926)


Ayrton, desastrado cobrador da empresa Sá, Pato & Cia. sofre um acidente
automobilístico na região de Nova Friburgo, no atual estado do Rio de Janeiro, e é
resgatado pelo recluso professor Benson, que o leva para sua residência. Ali, ele trava
contato com Miss Jane, a bela e racional filha do cientista, e com a grande invenção de
Benson, o "porviróscópio", um dispositivo que permite ver o futuro. Através de Jane, Ayrton
é posto a par da disputa pela Casa Branca nos Estados Unidos da América do ano 2228,
onde a divisão do eleitorado branco entre homens (que querem reeleger o presidente
Kerlog) e mulheres (que pretendem eleger a feminista Evelyn Astor), transforma o candidato
negro, Jim Roy, no 88° presidente dos EUA. A alegria dos negros, contudo, dura pouco.
Incapazes de aceitar esportivamente a derrota, os brancos (agora novamente unidos)
elaboram uma "solução final" para o "problema negro", muito mais sutil e eficaz do que
aquela que foi elaborada por Hitler para os judeus, pouco mais de uma década e meia após
o lançamento do livro de Lobato. James Roy Wilde (Jim Roy) é encontrado morto em seu
escritório, e então Kellog é reeleito.

A BARCA DE GLEYRE (1944)


É um livro que reúne as cartas que Monteiro Lobato enviou, no decorrer de quarenta
anos (1903 a 1943), ao amigo e também escritor Godofredo Rangel, publicado pela
Companhia Editora Nacional em 1944. Embora as cartas abordam assuntos variados, o
tema central é a literatura e a criação artística. Consciente do seu valor como fonte de
memória histórica, Rangel convenceu Lobato a publicá-las. Mas Rangel não quis publicar
suas próprias cartas, alegando que seu único mérito era provocar excelentes respostas do
companheiro. A obra também constitui excelente fonte para se conhecer a trajetória de vida
e pontos de vista de Lobato. O nome do livro provém do quadro "As Ilusões Perdidas" do
pintor Charles Gleyre, que mostra um barco atracando no cais com um velho na proa
segurando uma lira. Lobato escreve para Rangel, em novembro de 1904, que em sua
"aventura de arte pelos mares da vida em fora", os dois amigos talvez retornem como o
velho do quadro de Gleyre, "cansados, rotos". "Nossos dois barquinhos estão hoje cheios
de velas novas e arrogantes, atadas ao mastro da nossa petulância. São as nossas ilusões.
Que lhes acontecerá?” Quando Godofredo Rangel sugeriu pela primeira vez a publicação
das cartas, Lobato rejeitou a ideia: "Que ideia sinistra a tua, de publicarmos as minhas
cartas! Seria dum grotesco supremo, porque cartas só interessam ao público quando são
históricas ou quando oriundas de, ou relativas a grandes personalidades." (26 de maio de
1919) Anos depois, muda de ideia: "Desconfio, Rangel, que essa nossa aturada
correspondência vale alguma coisa. É o retrato fragmentário de duas vidas, de duas
atitudes diante do mundo – e o panorama de toda uma época. Literatura, história e mais
coisas." (5 de setembro de 1943)

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