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Amália Augusta Pereira de Carvalho – nome de solteira.

Amália Augusta era a filha bastarda do patrão de sua mãe, recebeu o


sobrenome do pai e a educação como os outros filhos.

João Henriques conhecia a família, faz o pedido de casamento quando


Amália tinha apenas 15 anos de idade, um ano depois eles se casam, ela com 16 e
ele com 19 anos.

Os primeiros momentos a vida do casal foram de extrema felicidade, João


Henriques ganha na loteria, e constrói uma escola para meninas para Amália poder
lecionar. A felicidade do casal começa a terminar no final do primeiro ano de
casamento, quando Amália engravida de Nicomedes, o parto foi de extrema
dificuldade, pois o corpo de Amália não estava preparado para gravidez, o bebê
nasce e falece oito dias depois, sendo cadáver jogado no rio.

Amália passa meses doente, andando de muletas até se recuperar por


completo. Um ano depois em 13 de maio de 1881, nasce Afonso Henriques de
Lima Barreto. Um ano depois, em 1882 nasceu Evangelina de Lima Barreto, a única
irmã do futuro escritor.

A saúde de Amália Augusta começa a piorar e ainda assim em 1884, nasce


o quarto filho chamado Carlindo, e em 1886 nasceu o quinto filho chamado Eliezer.

Exausta, Amália se vê obrigada a parar de trabalhar como professora, para


cuidar dos 4 filhos e da casa em que moravam e que se mudaram várias vezes, a
cada vez que a vida financeira decaia. Amália falece em 1887 de tuberculose,
quando Lima Barreto tinha 7 anos de idade.
João Henriques de Lima Barreto.

João Henriques era um homem negro nascido liberto, trabalhava em um


jornal como tipógrafo. Filho de escrava, sua mãe chamava Carlota Maria dos
Anjos, seu pai era um português madeireiro que não reconheceu a paternidade.
Estudou humanidades e sabia francês.

João Henriques tinha uma estrutura financeira baixa, por outro lado, tinha
muitos amigos influentes que o ajudavam nas horas difíceis.

Com a mudança da monarquia para a República, ele perde o emprego de


tipógrafo, e vai trabalhar numa colônia de loucos em dois setores administrativos
num período de 10 anos.

O primeiro surto psicótico, ele teve ao pedir em noivado Amália Augusta,


sendo internado por seis meses e recuperado.

Após a morte de Amália Augusta teve um novo surto psicótico e nunca


mais voltou a ser sã, desestruturando a família. Lima Barreto se viu só, com três
irmãos adolescentes e um pai doente para cuidar.
Turma colegial na Escola Politécnica.

Lima Barreto estudou na escola politécnica a melhor, daquela época


graças a seu padrinho que bancava os custos. Ele era o único negro no local e sofria
racismo tanto de alunos como de professores que muitas vezes o repetia, por essa
questão. Ele odiava ser chamado de mulatinho, pois muito inteligente sabia que tal
palavra era derivado de mula.

Lima Barreto foi obrigado a sair da escola para poder trabalhar.


Lançamento do Livro Recordações de Isaías Caminha (1909).

Escritor e jornalista.

Lima Barreto passa no concurso e consegue um emprego burocrático na


secretaria da guerra, ao mesmo tempo ele era um jornalista precariado e tinha a
necessidade de escrever como forma de aliviar os sapos que engolia socialmente
e na sua vida familiar.

A sua literatura é caracterizada por ser em trânsito, retratava o limiar entre


o centro da cidade e o subúrbio. Seus personagens davam a voz as pessoas negras
e pobres, fazia questão de descrever as cores negras e seus tipos. A linguagem nos
livros era do dia a dia e muitas vezes debochado e de certo bom humor.

Como persona literária fazia “o terror”, ao compor os personagens de seus


livros, ridicularizava seus rivais, a exemplo dos jornalistas, escritores, Membros da
Academia Brasileira de Letras e cutucava o cenário político e a sociedade de então.

Era uma pessoa bipolar em suas assertivas, como ir contra o movimento


feminista, e ao mesmo tempo colocar a mulher como protagonista em seu
romance e escrever crônicas contra o feminicídio. Odiava os estrangeirismos na
literatura, mas ao mesmo tempo colocava palavras estrangeiras em suas crônicas.

Lima Barreto era homofóbico, ridicularizou o escritor João do Rio, por ele,
ser gay e estar na Academia Brasileira de Letras, ao mesmo tempo que após a morte
do escritor, tentou pegar a sua vaga e perde, além desta mais duas vezes que tentou
entrar na Academia e não conseguiu.

Jornalistas e Membros da Academia tinham uma rixa contra Lima Barreto,


pois ele falava mal de todos em suas crônicas nos jornais, criticando -os por serem
demais conservadores e de fazer uma escrita não social.

Lima Barreto escreveu 17 livros entre romances, crônicas e contos.


Os contos, Lima Barreto publicava em revistas diversas; as crônicas ele
publicava nos jornais de renome da época e todos os romances ele publicava
primeiramente em capítulos nos folhetins, e depois em formato de livro, para isso
fazia empréstimos. Recordações de Isaías Caminha conseguiu ser publicado
também em Portugal e junto com Triste fim de Policarpo Quaresma foram mais
aclamados na crítica literária, depois da briga com Membros da Academia, ele foi
colocado por estes no esquecimento.

Lima Barreto flertava com o anarquismo, não se casou e não se sabe se


namorou mulheres, dedicou sua vida para a família e para a escrita, seu xodó era
a Limana, sua biblioteca particular de 600 unidades, amava Fiodor Dostoievski e
Gustave Flauber.

Lima Barreto fundou uma sociedade anti-futebol, na sua premissa, o


futebol iria trazer a alienação na população, no entanto essa mágoa era pelo
escritor Coelho Neto que amava o futebol, e tinha melhores condições de vida, e o
futebol na República era apenas para a alta sociedade.

Barreto ficava pasmo quando via que os imigrantes estrangeiros, os quais


tinham mais facilidade de conquistar empregos que os ex-escravizados.

A sua decadência se inicia com a doença do pai, de um dia para o outro,


ele vira arrimo de família, para cuidar do pai e de seus três irmãos adolescentes:
Evangelina, Carlindo e Eliezer.
1ª internação (1914).

2ª internação (1919).

1ª e 2ª internação no hospício.

O hábito de beber cachaça veio do pai, este vício o levou a ser internado
no hospício por duas vezes, trazido pela polícia que o encontrava na rua bêbado e
totalmente alienado.

Com o tratamento, Lima Barreto, tinha momentos de sanidade, e refletia


que as tristezas acumuladas durante a vida, de sofrer racismo, de vir do subúrbio,
a doença do pai, a mágoa por não ser aceito na sociedade literária tudo influiu para
o seu descontentamento. Ele chamava sua casa de desgraça e dizia que o subúrbio
era lugar para os infelizes.

Nos momentos serenos, ele voltava a escrever seus livros, e buscava ajuda
de colegas para publicá-los, a bebedeira lhe tirou o emprego e nos últimos anos
sobrevivia de bicos.

Lembrete: Em 2022 foi lançado o filme chamado Lima Barreto ao terceiro


dia, que conta a os três últimos dias da segunda internação.
Voltando:

Em 1 novembro de 1922, Evangelina estava em casa, com seu pai doente


de 70 anos, ela vai até o quarto em que Lima Barreto estava sentado na cama, lendo
e disse-lhe:

-- Nosso pai, não passa de hoje!

Lima Barreto consola a irmã... ela escuta um barulho, e volta para a sala
para ver o pai. Um tempo depois quando retorna ao quarto, encontra Lima Barreto,
morto, a qual teve um infarto fulminante.

48 horas depois, João Henriques também faleceu. O crítico de arte José


Marianno Filho, pagou o enterro e por troca ficou com a Limana, sua coleção de
600 livros, que anos mais tarde se perdeu tudo, numa enchente em Jacarepaguá.

No velório tinha apenas as crianças que Lima Barreto era padrinho, família
e vizinhos sendo realizado dentro da casa.

Filho e pai foram enterrados na mesma sepultura no cemitério São João


Batista em Botafogo e fora do subúrbio. Último pedido de Lima Barreto.
As obras de Lima Barreto entram no limbo, por mais de 30 anos, quando o
historiador, Francisco de Assis Barbosa, entra em contato com Evangelina, e
começa a organizar os romances, contos e crônicas e os comentários de Lima
Barreto escrevia nos versos das folhas quando trabalhou na secretaria da guerra.

Francisco de Assis Barbosa, em primeiro momento encontra dificuldade


das editoras de aceitar a fazer as reedições, ora por racismo, ora porque nas obras
Lima Barreto era crítico aos estrangeiros. Francisco consegue uma editora, após
três tentativas e lança também a biografia A vida de Lima Barreto, após 3 anos de
pesquisa em conversa com a família, amigos e conhecidos de Lima, sendo
publicado a primeira edição em 1952, hoje se encontra na 6ª edição, de 2017.

Os 17 livros de Lima Barreto foram vendidos a Biblioteca Nacional que


pagou 24.000 mil cruzeiros, a qual fazendo a conversão para os dias de hoje dá
total de R$ 8,73.
Capa do inventário.

Em 15 maio de 2023, a Biblioteca Nacional lançou no site BNDigital o


Inventário do Lima Barreto, na qual temos acessos digitalizados aos seus 17
volumes.

Os livros de Lima Barreto foram traduzidos para muitas línguas durante


anos posteriores e hoje já se encontra em domínio público.

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