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Adalzira Bittencourt

Adalzira Cavalcanti de Albuquerque Bittencourt Ferrara (Bragança Paulista, 2 de novembro de


1904 - Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1976) foi uma advogada, poeta e escritora brasileira.

Adalzira Bittencourt
Nascimento 2 de novembro de 1904

Bragança Paulista, São Paulo, Brasil

Morte 28 de outubro de 1976 (71 anos)

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Cidadania Brasil

Ocupação Advogada, poeta e escritora

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Adalzira Bittencourt foi uma das primeiras a escrever sobre a importância da mulher brasileira na
literatura. Passou sua vida inteira dedicando-se a escrever sobre a capacidade das mulheres em
realizarem ações e feitos grandiosos e desafiadores em meio à sociedade machista.

Índice

1 Biografia
2 Campo da Escrita
3 Campo Político
4 Romance
4.1 Sua Excelência: a Presidente da República no Ano 2500 - (1929)
5 Obras
5.1 Poema
5.2 Romance
5.3 Não ficção
6 Falecimento
7 Cronologia
8 Escritoras relacionadas
9 Referências
10 Ligações externas

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Biografia WikiFox
Logo em sua adolescência, Adalzira foi fundadora, diretora e redatora do jornal Miosótis, em
Piracicaba (SP). Ainda jovem, ela mudou-se para a capital paulista, lugar onde iniciou seus estudos.
[1]
Desde a infância, ela é atraída pela poesia, mas foi apenas por volta dos 15 anos que ela
começou a ter seus primeiros poemas publicados na imprensa mineira e paulista. Começou a lançar
livros de poesia em 1919. Seu primeiro poema publicado foi Mal-me-quer, que contou com o prefácio
escrito por Vicente de Carvalho.

Em 1927, formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), sendo a única mulher de sua
turma.[2] Fez cursos de aperfeiçoamento na Europa (estudou Sociologia na Itália e Direito
Internacional na Holanda) e foi professora universitária em Buenos Aires (Argentina). Além disso,
como militante da divulgação e propagação da poesia brasileira, ela realizou conferências sobre
literatura brasileira no Brasil e também no exterior (Estados Unidos, México e Argentina).

Enquanto morou em Buenos Aires, ela promoveu a "Hora da poesia brasileira" na Associação
Cultural Argentina-Brasileira Júlia Lopes de Almeida. Além disso, foi redatora do jornal internacional
La Jeunesse et La Paix Du Monde.[3]

Em 1932, fundou uma escola para menores abandonados e a liga infantil Pró-Paz, considerada a
primeira organização pacifista do Brasil.[1] Interessada por aspectos educacionais, Adalzira fundou
uma escola destinada especificamente para menores abandonados, uma questão que a preocupava
muito. E que, inclusive, foi enfatizada no seu memorialístico Trinta e Sete Dias em Nova York. No
qual ela revela que tinha ideias de como lidar com essa questão: fundando uma escola que
oferecesse educação específica para eles.[1]

Nas Letras, Adalzira foi membro-fundador da Academia Feminista de Letras, no Rio de Janeiro,
sendo aclamada sua primeira presidente. Em 1943, Adalzira organizou a Primeira Exposição do Livro
Feminino no Rio de Janeiro e participou do 3º Congresso da Raça, promovido pela Sociedade
Brasileira de Urologia.[3] Em 1949, realizou o mesmo evento em São Paulo.

Foi membro da Academia de Letras das Três Fronteiras, da Academia Guanabarina de Letras, do
Pen (Poetry, Essay and Novel, isto é, Poesia, Ensaio e Romance) Clube do Brasil, da União
Brasileira de Escritores, e de outras entidades culturais, nacionais e estrangeiras.[4]

Mais tarde, em 1951, ela também fundou o jornal Mensageiro do Lar das Crianças, no Rio de
Janeiro. Anteriormente, já havia sido redatora do jornal internacional La Jeunesse et La Paix Du
Monde, além de fundar e dirigir o periódico O Miosótis, em São Paulo. Ainda na área da Educação,
criou o Clube Cruz Verde, no Rio de Janeiro, com o propósito de ensinar a juventude a amar e
respeitar a natureza, em uma antecipação das recentes preocupações ambientalistas.[1]

Campo da Escrita

Como escritora, publicou contos, romances, novelas, poemas, muitos deles traduzidos para o
espanhol ou alemão. Sob o pseudônimo de Alba Maguary, também contribuiu em jornais e revistas

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brasileiras. Sua extensa obra permaneceu praticamente desconhecida, até que, na década de 1990,
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grupos de estudos feministas em universidades brasileiras começaram a utilizá-la como base.[3]

Em 1929, publicou o seu primeiro romance: Sua Excelência: a Presidente da República no Ano 2500,
no qual o feminismo venceu e libertou o país das calamidades causadas pelos homens.

Dentre suas importantes produções literárias sobre a mulher brasileira, destacam-se Mulheres e
livros (1948), A mulher paulista na história (1954). Seu projeto de maior fôlego foi o Dicionário
bibliográfico de mulheres ilustres, notáveis e intelectuais do Brasil (1969), obra que pretendia
catalogar todas as mulheres de destaque no país. Adalzira publicou três volumes do Dicionário
(correspondentes às letras A e B), mas a obra ficou inacabada devido à sua morte em 1976.[4]

Campo Político

Mesmo não havendo registros de envolvimento direto de Adalzira nas lutas sociais das mulheres no
século XX - com o movimento organizado de mulheres da década de 1930, engajado na luta
sufragista, ou no pós-1945, participando dos embates pela afirmação da cidadania feminina -, ela
representou o feminismo em seu trabalho em prol da valorização da história feminina. Valores e
posicionamentos, como supernacionalismo, autoritarismo e fanatismo, presentes na obra Sua
Excelência: a Presidente da República no Ano 2500, fazem parte da posição da autora.[5]

Como membro de várias comissões governamentais durante a ditadura de Getúlio Vargas, Adalzira
participou de decisões políticas referentes a exames médicos pré-nupciais, aborto, eutanásia e
esterilização involuntária.[3]

Militante do Partido Republicano Feminino, que se apoiava predominantemente no ideário de


Auguste Comte, o qual valorizava a mulher como moralmente superior ao homem e verdadeira base
da nação, como esposa e educadora dos futuros cidadãos do mundo.[3]

Adalzira fez parte da primeira onda de feminismo brasileiro.[2] Em determinado momento, ela
defende o seu próprio conceito de feminismo: feminismo brasileiro. Não o feminismo importado, mas,
sim, o feminismo latino. É colocar a mulher no seu lugar. Ela deve saber ensinar o caminho reto do
dever, a aplicação de patrimônios, a honestidade e a justiça aos seus filhos.[3]

Romance

Sua Excelência: a Presidente da República no Ano 2500 - (1929)


Bittencourt não define seu livro como um romance, muito menos como ficção científica,[6] pois, para
ela, sua intenção não era narrar uma história em si, mas apresentá-la dentro de uma proposta
pedagógica, ainda que exista por trás uma história romântica tradicional no texto, mesmo que seja
um romance proibido.[1] O livro assemelha-se ao inventado por Monteiro Lobato em 1926 (O choque
de raças ou O presidente negro - Romance americano), exceto pela repercussão, que não foi nem
próxima deste.[3]

O livro de Lobato mostra como a divisão do eleitorado branco em 2228 permite a eleição nos EUA de
um presidente negro, o que faz os brancos se unirem novamente para colocar os negros “sob
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Ela retrata uma sociedade utópica, na qual o Brasil é governado por Mariângela de Albuquerque,
uma paulista de 28 nos formada em Medicina e Direito - que é a personificação dos seus ideais
positivistas de perfeição física e moral de Adalzira. A visão do progresso nacional de Bittencourt
estava baseada no movimento eugênico dos padrões americanos.

O feminismo[7] triunfara e, a partir de então, medidas radicais foram tomadas para efetivamente
transformarem o país. A principal delas foi a formação de uma super-raça, com homens que atingiam
a altura média de até 2,40 metros e mulheres até 1,80 metro, expectativa de vida variando na média
de 130 a 180 anos e cidadãos geneticamente bem constituídos.

A sociedade católica criada por Bittencourt buscava a perfeição. Nessa nova República a eutanásia
era permitida através de uma injeção narcotizante para os doentes da popularmente conhecida como
lepra (hanseníase). Além disso, não havia nenhum tipo de vício, mendicância - aos mendigos que
podiam trabalhar foi dado trabalho e, aos demais, a internação em sanatórios -, analfabetismo, luz
elétrica, rede de esgoto e saúde eram garantidas para todos os cidadãos.[2]

O divórcio era permitido e os prostíbulos foram fechados, pois o sexo existia apenas com a finalidade
de procriação e tinha lugar definido (o Palácio das Princesas do Brasil), no qual moças jovens e
eugenicamente perfeitas relacionavam-se sexualmente com homens em iguais condições para
gerarem filhos que seriam entregues a casais estéreis. As crianças, então, passariam aos cuidados
do Governo para serem educadas até o final da adolescência, (assim como representado em A
República, de Platão).[2]

Para demonstrar que as mulheres não são mais levadas por questões sentimentais, o romance
mostra a autora do projeto tendo um filho com lepra, porém, ela não volta atrás e seu filho também é
eliminado por não fazer parte do grupo de pessoas que eram dignas de viver.[1]

Com o tempo, o brasileiro se transformaria naturalmente em agricultor, industrial-inventor e


ecologista. A formação do homem é certamente uma preocupação central na obra e, principalmente,
na vida de Adalzira, que oscila entre posições conservadoras e progressistas, tanto nesse campo
quanto em toda a sua obra.[1]

Ponto crucial em sua vida pessoal: a educação. Ela defende que a educação do futuro deve ser
ativa, em consenso com as ideias do educador brasileiro Anísio Teixeira e do Manifesto da Escola
Nova de 1932. Aspecto tipicamente progressista para a época, mas, ao mesmo tempo, no futuro
imaginado em seu romance, o exercício mental da memorização é uma prática vigente. Tem-se um
fusão de propostas contraditórias e pouco compatíveis.[1]

Apesar de não haver pobreza extrema e mendigos, o governo de Mariângela impunha o poder
estatal através do medo, não promovendo, assim, a união pacífica entre todas as classes. Ao mesmo
tempo em que a protagonista defende a posição da mulher como um agente transformador da
sociedade, sua postura é conservadora em relação à maternidade e ao papel da mulher no lar.

Ao mesmo tempo em que defende um novo papel social para as mulheres, Bittencourt estabelece a
necessidade de uma “Escola das Mães”, para que “renasça em suas jovens discípulas a tradição de
que a mulher deve saber que a mais bela missão que tem sobre a terra é a de ser mãe”. Essa utopia

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biológica e moral, em que o homem brasileiro teria atingido seu ápice, seria a grande realização dos
eugenistas brasileiros.[1] WikiFox
O grande porém de todo o romance é que a presidente Mariangela de Albuquerque apaixona-se por
um pintor, Jorge, com quem não conhece pessoalmente, apenas troca cartas amorosas. Cansada de
esperar o amante, a primeira mandatária ordena que ele seja trazido, algemado, em sua presença. O
problema foi quando ela o encontrou pessoalmente, ele era o tipo de pessoa que Mariangela jamais
teria permitido que vivesse. “Era lindo de rosto, mas tinha não mais do que 90 cm de altura e tinha
nas costas uma corcunda enorme.” Após a sua surpresa, a presidente eugenista ordena, implacável
e imediatamente, a eutanásia no até então amado.[6]

Obras

Poema
1919 - Mal-me-quer
1929 - A corça e leão
1940 - Alegria
1943 - Surgiu no céu mais uma estrela
1948 - De rosas tapecei teus caminhos
1951 - Ofertório
1957 - Voltou a primavera
1963 - Galope de astros
1963 - Um violão ao luar
1964 - Cantigas e rosas para a noiva da colina

Romance
1929 - Sua Excelência: a Presidente da República no Ano 2500

Não ficção
1942 - Trinta e sete dias em Nova York
1942 - Liameradas
1946 - Louros e livros
1948 - Mulheres e livros
1951 - Coletânea de poetas paulistas (org Enéas de Moura)
1952 - Getúlio Vargas visto no estrangeiro
1954 - A Mulher Paulista na História
1969 - Dicionário bibliográfico de mulheres ilustres, notáveis e intelectuais do Brasil

Falecimento

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De volta ao Rio de Janeiro, Adalzira veio a falecer em 28 de outubro de 1976. Adalzira deixou uma
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obra inacabada: o Dicionário bio-bibliográfico de mulheres ilustres, notáveis e intelectuais do Brasil,
publicado em 1969. Bittencourt só conseguiu completar os três primeiros volumes, referentes às
letras A e B.

Cronologia

1904 - Nascimento em São Paulo.


1919 - Começou a lançar livros de poesia.
1927 - Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP).
1929 - Escreveu seu principal romance Sua Excelência: a Presidente da República no Ano
2500.
1932 - Fundou uma escola para menores abandonados e a liga infantil Pró-Paz, considerada a
primeira organização pacifista do Brasil.
1943 - Organizou a Primeira Exposição do Livro Feminino no Rio de Janeiro.
1943 - Participou do 3º Congresso da Raça, promovido pela Sociedade Brasileira de Urologia.
1949 - Realizou o mesmo evento em São Paulo.
1951 - Fundou o jornal Mensageiro do Lar das Crianças, no Rio de Janeiro.
1969 - Começou a escrever o seu último livro Dicionário bibliográfico de mulheres ilustres,
notáveis e intelectuais do Brasil.
1976 - Falecimento no Rio de Janeiro.

Escritoras relacionadas

Ercília Nogueira Cobra


Helena Pereira da Silva Ohashi
Júlia Lopes de Almeida
Margaret Sanger

Referências

1. ↑ a b c d e f g h i SMANIOTTO, Edgar Indalecio (2012). «QUANDO UMA MULHER FOR


PRESIDENTE: FEMINISMO E EUGENIA NA OBRA DE ADALZIRA BITTENCOURT» (PDF).
UNESP de Marília
2. ↑ a b c d QUINHOES, Elenara Walter (2015). «Entre o real e o imaginário: configurações de uma
utopia feminina em A Rainha do Ignoto, de Emília Freitas» (PDF). Universidade Federal de
Santa Maria
3. ↑ a b c d e f g COELHO, Nelly Novaes (2002). Dicionário crítico de escritoras brasileiras. São
Paulo: Escrituras
4. ↑ a b SCHUMAHER, Maria Aparecida; BRAZIL, Érico Vital (2000). Dicionário mulheres do Brasil:
De 1500 até a atualidade. Rio de Janeiro: Zahar

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5. ↑ BARCELLA, Laura; LOPES, Fernanda (2018). Lute como uma garota: 60 feministas que
mudaram o mundo. São Paulo: Cultrix WikiFox
6. ↑ a b «O futuro do presente no pretérito  : Revista Pesquisa Fapesp» .
revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 28 de novembro de 2018. Arquivado do original em 3
de agosto de 2018
7. ↑ RAMOS, Maria Bernardete (2002). «Ao Brasil dos meus sonhos: feminismo e modernismo na
utopia de Adalzira Bittencourt» (PDF). Revista Estudos Feministas

Ligações externas

Adalzira Bittencourt - Falando de Trova


SHARPE, Peggy. Trinta e sete dias em Nova York com Adalzira Bittencourt . Rev. Estud. Fem.
vol.16 no.3 Florianópolis Sept./Dec. 2008

Fonte

Data da informação: 21.09.2021 03:44:46 CEST

Fonte: Wikipedia (Autores [História])    Licença do texto: CC-BY-SA-3.0. Os autores e licenças das imagens individuais
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