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Fotomontagem: Jornal da USP

A ciência contra o
negacionismo
Cientistas ganham espaço nas redes sociais, mas ainda é preciso
crescer muito para superar a influência de grupos obscurantistas
22/01/2021

Por Herton Escobar

O
negacionismo científico e obscurantismo intelectual do governo federal tiveram ao menos um
efeito colateral positivo: um despertar da comunidade científica para a importância da
comunicação com a sociedade. É notável o aumento da participação de pesquisadores,
médicos e acadêmicos na divulgação da ciência e no combate às fake news no decorrer da
pandemia, tanto pelos meios tradicionais de comunicação (servindo como fontes de informações
confiáveis para a imprensa, por exemplo), quanto por iniciativas pessoais nas redes sociais.

A negligência no combate à pandemia, a negação das vacinas e a insistência na promoção de


tratamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19 suscitaram um verdadeiro levante de
pesquisadores e entidades científicas contra a praga da desinformação que se alastra com
consequências cada vez mais nefastas pelas mídias digitais. Na ausência de uma campanha oficial de
esclarecimento e incentivo à vacinação por parte das autoridades, diversas universidades,
organizações e entidades médico-científicos lançaram campanhas próprias sobre o tema nesta

semana — num embate semelhante ao que já vem sendo travado desde 2019 na área ambiental, frente
à negação sistemática de dados científicos sobre desmatamento e queimadas por parte do governo
federal.

“A defesa das vacinas é o nosso último front. Se não conseguirmos convencer as pessoas de que as
vacinas são seguras e que elas precisam se vacinar, vai ficar muito difícil defender qualquer coisa com
base na ciência daqui pra frente”, diz o analista de comunicação João Henrique Rafael Junior, membro
da União Pró-Vacina (UPVacina), da USP Ribeirão Preto, e um dos organizadores da campanha Todos Pelas
Vacinas (https://jornal.usp.br/universidade/todospelasvacinas-une-artistas-e-cientistas-em-acoes-pro-vacinacao-contra-a-covid-
19%E2%80%8B/), lançada na quarta-feira, 21 de janeiro.

Num esforço colaborativo que reúne mais de 20 entidades da comunidade científica e acadêmica, a
campanha oferece diversos arquivos de vídeo, áudio e ilustrações (https://www.todospelasvacinas.info/materiais) sobre
vacinas para serem compartilhadas nas redes sociais com a hashtag #todospelasvacinas. Várias
celebridades aderiram à iniciativa, incluindo o cantor de funk MC Fioti, cujo hit Bum Bum Tam Tam
acabou virando trilha sonora da vacina Coronavac, do Instituto Buntantan. O vídeo abaixo, publicado
com a hashtag da campanha no seu canal esta semana, inclui até uma “entrevista” com o pesquisador
Daniel Bargieri, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e coordenador do Núcleo de
Pesquisas em Vacinas (NPV) da USP — uma parceria inusitada no tradicionalmente polido e bem
comportado mundo da ciência.

#TodosPelasVacinas com MC Fioti - Vai Com o Bum Bum Tam Tam (KondZilla)

“A ciência está sendo demolida dia após dia no Brasil”, desabafa Rafael Junior. “Cada dia que a gente
tolera isso, mais vidas são perdidas sem necessidade.” A boa notícia, segundo ele, é que a resposta à
campanha nesses primeiros dias foi extremamente positiva. “Estamos muito longe de cantar vitória,
mas é um projeto que mostra a capacidade de mobilização da comunidade científica. Isso traz um
pouco de esperança”, diz.
A USP, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e outras entidades também lançaram
campanhas em defesa das vacinas nos últimos dias, buscando disseminar informações confiáveis e
mensagens positivas para a população.

A maior parte desse esforço está direcionado para as redes sociais, que é por onde transita a maior
parte das mentiras, distorções e teorias conspiratórias em geral. Assim como já fazem os políticos,
cada vez mais pesquisadores estão aprendendo a usar essas plataformas como um canal direto de
comunicação com a sociedade, aproveitando-se do dinamismo e da capilaridade delas para desfazer
mitos e disseminar informações de qualidade para a população, em sincronia com o noticiário.

Crédito: Marcos Muller / #todospelasvacinas


O médico e advogado Daniel Dourado (https://twitter.com/dadourado) é um exemplo disso. Apesar de ter uma
conta no Twitter desde julho 2009, até o início do ano passado ele só usava a plataforma para ler
notícias e comentários ligados à sua área de pesquisa (direito sanitário e políticas de saúde). Não
postava quase nada e raramente interagia com alguém na rede. Quando a pandemia chegou ao Brasil,
porém, ele começou a usar o Twitter para divulgar estudos científicos que estavam saindo sobre o
tema; e a atenção que as postagens receberam o surpreendeu.

“Percebi que as pessoas estavam totalmente desorientadas, com uma fome enorme de conhecimento”,
conta Dourado, que é pesquisador associado do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP e
atualmente faz doutorado na Universidade de Paris. Estimulado pelo feedback que estava recebendo,
ele começou a tuitar também sobre outros assuntos ligados à pandemia, e sua audiência cresceu. Em
maio de 2020, juntou-se a outros pesquisadores para formar o Infovid (https://twitter.com/grupo_infovid), um
grupo de especialistas dedicado à divulgação de informações científicas verdadeiras sobre a covid-19,
num esforço capitaneado pelo professor Paulo Lotufo (https://twitter.com/PauloLotufo), da Faculdade de
Medicina da USP (que também se tornou uma voz influente no Twitter). “Acho que muita gente pensou
como eu e começou a usar mais as redes a partir daí”, afirma Dourado, que agora tem mais de 60 mil
seguidores no Twitter. “A gente recebe muito xingamento, muitas ameaças, mas também muitos
agradecimentos.”

Faz parte do meu trabalho divulgar para a sociedade o conhecimento que ela me paga para
produzir"

Marcio Bittencourt

O cardiologista Márcio Bittencourt (https://twitter.com/MBittencourtMD), da Divisão de Clínica Médica do Hospital


Universitário da USP, é outro que foi sugado pelo vácuo de informações científicas sobre covid-19 nas
redes sociais. Assim como Dourado, até o início da pandemia ele só usava o Twitter para discutir
questões científicas com seus pares, principalmente em inglês. A partir daí, incomodado com a falta de
informações no Brasil, passou a postar mais coisas em português, e sua audiência cresceu
rapidamente de algumas centenas para alguns milhares de seguidores. “Nem foi só para enfrentar fake
news; foi para informar coisas que o público geral precisava ouvir, mas que não estavam sendo
informadas, inclusive por pessoas bem intencionadas”, relata Bittencourt.

As postagens atraíram não só a atenção do público no Twitter (onde ele tem 24 mil seguidores), mas
também da imprensa nacional e internacional, que passou a procurá-lo como uma fonte de referência
para questões clínicas e epidemiológicas ligadas à covid-19. No dia em que o Instituto Butantan
divulgou os dados do estudo clínico da Coronavac (12 de janeiro), uma postagem dele
(https://twitter.com/MBittencourtMD/status/1349049121206902785) explicando a importância dos resultados recebeu
milhares de compartilhamentos e também ajudou a pautar a cobertura da imprensa sobre o assunto.
“Foi um divisor de águas”, conta.

Construir uma reputação nas redes sociais é bem mais difícil e consome muito mais tempo do que se
pode imaginar à primeira vista. Ainda que cada postagem se resuma a apenas uma ou duas frases,
para falar com propriedade sobre ciência é preciso ler artigos, conferir dados, refazer contas, consultar
referências e pensar bastante antes de escrever ou dizer alguma coisa. Não basta entender do assunto
nem ter opiniões fortes. Também é preciso interagir com as pessoas, ter estômago para ouvir críticas
infundadas, ofensas, e muita paciência, também, para responder perguntas elementares ou
desprovidas de embasamento científico. Para um médico ou pesquisador que já vive sobrecarregado
de trabalho, pode ser difícil encontrar tempo e disposição para mais essa atividade.

Bittencourt, porém, vê a comunicação como uma obrigação profissional de todo pesquisador vinculado
a uma instituição pública — como ele. “Eu sou pago para produzir conhecimento e para que esse
conhecimento tenha impacto na sociedade”, diz. “Considero que faz parte do meu trabalho, portanto,
divulgar para a sociedade o conhecimento que ela me paga para produzir.” E se alguém usa esse
conhecimento de forma indevida, completa ele, também é obrigação da comunidade científica fazer as
correções necessárias. “Produzir conhecimento não é só publicar artigos científicos, é também traduzir
esse conhecimento para a população.”

Tanto ele quanto Dourado aparecem numa lista de divulgadores científicos que vêm se destacando no
debate sobre a pandemia do novo coronavírus no Twitter, segundo um estudo
(https://jornal.usp.br/ciencias/estudo-identifica-as-principais-vozes-da-ciencia-no-twitter-em-2020/) feito pelo Science Pulse
e o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD). No topo da lista, considerando todos
os critérios de avaliação, estão o biólogo Atila Iamarino (https://twitter.com/oatila) (formado pela USP), a


jornalista Luiza Caires (https://twitter.com/luizacaires3) (editora de Ciência do Jornal da USP), o epidemiologista
Otavio Ranzani (https://twitter.com/otavio_ranzani) (da Faculdade de Medicina da USP), a biomédica Mellanie Fontes-
Dutra (https://twitter.com/mellziland) (da UFRGS), e Bittencourt, em quinto lugar.


¹ Mais detalhes sobre as métricas utilizadas para elaboração do ranking na seção Metodologia.

² Os perfis foram classificados de acordo com as informações disponibilizadas no campo de biografia dos usuários.

Para entender por que há perfis internacionais no cluster brasileiro,

veja a explicação do slide 25 na Metodologia.

Ter muitos seguidores nas redes sociais é um indicador importante da capacidade de um cientista
influenciar o debate público sobre temas científicos, mas não o único. A colaboração com a imprensa é
outra via importante, que vem sendo bastante utilizada; e às vezes nem é preciso aparecer tanto. O
biólogo Helder Nakaya, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, por exemplo, gastou uma manhã de
trabalho em dezembro para produzir o vídeo a seguir, de três minutos, sobre o que significa o
“consenso científico”. A motivação: repetidas mensagens de parentes no grupo de WhatsApp da
família questionando a segurança das vacinas e defendendo o “tratamento precoce” defendido pelo
governo federal, com base em alegações sem fundamento feitas por uma minoria de cientistas
negacionistas. “Não é porque alguém é médico ou tem um título de doutorado que tudo que ele fala
está certo”, diz Nakaya.

Consenso científico

O vídeo não tem tantas visualizações no YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCRPfXpm0yxgPTOmUAR0P96Q/featured) (2,3 mil),


mas viralizou no WhatApp e outras plataformas. “Fiquei muito feliz de ver as pessoas repassando o vídeo para
responder às fake news”, comemora Nakaya.

Quando o governo estadual paulista ameaçou tirar recursos das universidades e da Fapesp no ano
passado, também, vários pesquisadores se engajaram numa campanha virtual em defesa dessas
instituições, gravando depoimentos, compartilhando notícias, dialogando com parlamentares e
escrevendo artigos na imprensa para alertar a população sobre o papel fundamental que a ciência
(financiada pela Fapesp e produzida pelas universidades) tem no desenvolvimento econômico, social e
ambiental do Estado. As propostas de corte, no fim das contas, foram revertidas.

“Foi um esforço que nasceu por questão de sobrevivência”, diz a professora Alicia Kowaltowski, do
Instituto de Química da USP, que ajudou a organizar o movimento e publicou vários artigos sobre o
tema na imprensa. Desde 2019 ela é colunista do jornal digital Nexo
(https://www.nexojornal.com.br/colunistas/autor/Alicia-Kowaltowski), onde escreve sobre ciência (por prazer) e política
científica (por obrigação). “Se não fizermos isso não vai ter mais ciência no Brasil e a gente não vai ter
futuro para o País.”

Avanço importante, mas ainda insuficiente


“As redes sociais, o Twitter em especial, são muito velozes na circulação de informações. Hoje temos
desde demissões de ministros até resultados de estudos de vacina sendo anunciados nas redes
sociais pelas próprias fontes oficiais; então cientistas e divulgadores de ciência precisam estar lá
também, não só para comunicar os acontecimentos que se relacionam com a ciência de uma forma 
correta, e desfazer enganos, mas também para dar o contexto e ajudar o público a entender o que
significam as notícias que estão recebendo”, avalia Luiza Caires, que tem 49 mil seguidores em seu
perfil pessoal (https://twitter.com/luizacaires3) no Twitter, e ainda gerencia a conta Ciência USP
(https://twitter.com/cienciausp), com 46 mil seguidores.

“Finalmente os cientistas estão entendendo a importância de ocupar esse espaço com informações
corretas”, diz a bioquímica, pesquisadora e divulgadora de ciência Laura de Freitas, pós-doutoranda no
Instituto de Química da USP e apresentadora do canal Nunca Vi 1 Cientista
(https://www.youtube.com/c/Nuncaviumcientista/featured) do YouTube (com 83 mil inscritos), em parceria com a
colega Ana Bonassa. “É um movimento muito positivo nesse sentido, mas que poderia ser mais
intenso”, ressalta ela. “Ainda estamos muito aquém do que precisaríamos ter.”

Atila Iamarino concorda. Mesmo com 1,1 milhão de seguidores no Twitter (https://twitter.com/oatila) e 1,3
milhão de inscritos no seu canal pessoal do YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCSTlOTcyUmzvhQi6F8lFi5w) (além
dos 3 milhões que acompanham o canal Nerdologia (https://www.youtube.com/user/nerdologia), que ele apresenta
desde 2010), e mais uma coluna quinzenal no jornal Folha de S. Paulo, ele garante que não chega nem
perto de equilibrar o jogo contra a gigantesca, produtiva, muito bem financiada e bem articulada rede
de desinformações que se instalou no Brasil nos últimos anos. “Não é nem de longe suficiente”, avalia
ele.

Apesar do aumento no número de pesquisadores envolvidos com divulgação científica ser uma
tendência positiva, a única maneira de enfrentar essa máquina de mentiras com alguma chance de
vitória, segundo Iamarino, é com um engajamento muito mais expressivo no debate público por parte
das instituições que esses pesquisadores representam — incluindo universidades e institutos públicos
de pesquisa, como Butantan e Fiocruz. “Nesse vácuo de decisões técnicas que estamos vivenciando,
quem tem o papel mais importante são as instituições. São elas que precisam ocupar esse espaço; e
nesse sentido elas ainda estão sendo muito omissas”, afirma o divulgador. “Não sou eu que deveria
estar recebendo toda essa atenção, são as instituições.”

Formado em biologia e doutor em microbiologia pela USP, Iamarino ganhou enorme projeção no início
da pandemia, com uma série de vídeos que apresentavam os riscos da covid-19 e a necessidade de
medidas urgentes contra a disseminação do vírus no Brasil. Vários desses vídeos tiveram mais de 1
milhão de visualizações, e um deles chegou a 5,7 milhões. Todo esse sucesso, segundo ele, não tem
tanto a ver com o seu currículo de cientista, mas com a experiência (e o público) que ele conquistou
em mais de dez anos fazendo divulgação científica nas plataformas digitais — cada uma das quais
exige uma estratégia de comunicação diferente. A confiança do público nas redes sociais, segundo ele,
é algo que precisa ser conquistado e cultivado a longo prazo. “Agora é um momento que as pessoas
estão muito dispostas a ouvir e entender como a ciência funciona”, diz. “Não podemos perder essa
oportunidade.”

“Acho que a comunidade científica percebeu duas coisas: como é importante fazer essa ponte de
comunicação com a sociedade, e como é difícil fazer isso”, diz a presidente do Instituto Questão de Ciência
(https://iqc.org.br) (IQC), Natalia Pasternak, que também é formada pela USP e também se tornou uma das
vozes mais influentes da ciência no decorrer da pandemia, tanto nas redes sociais quanto na imprensa.
Segundo ela, está na hora de as instituições de pesquisa começarem a tratar a comunicação da ciência
como uma atividade nobre, que precisa ser feita de forma profissional, “e não como um hobby que você
pratica nas horas vagas”. “A comunicação pública da ciência precisa ser valorizada como um objetivo
das universidades, tanto quanto o ensino e a pesquisa”, conclui.

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