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LIÇÃO 12
A CEIA DO SENHOR
Texto básico: 1 Coríntios 11.23-26
Introdução
Como aluno interessado em tornar-se membro da igreja você já observou que em
certos cultos acontece a Santa Ceia. Qual o significado dela? Primeiramente vejamos
o que não é Santa Ceia.
Santa Ceia não é mero formalismo ou ritual; não é um mero acréscimo ao culto, para
ser rapidamente liquidada; não é uma mera encenação para ser simplesmente
observada pelos espectadores, quer este papel seja desempenhado pelos músicos,
pelos presbíteros ou pastores; não é a repetição de chavões sem sentido e não é um
ato forçado, realizado com má vontade.
O ritual prescrito para a Ceia tem três níveis de significado para os participantes.
A) Transubstanciação
1
Mateus 26.26-28; Marcos 14.22-24; Lucas 22.19 e 20; 1 Coríntios 11.23-26
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Esta é a doutrina adotada pela Igreja Católica Romana. Em 12152 o Papa Inocêncio
III interpretou literalmente as palavras figuradas de Cristo "Isto é meu corpo... isto é
meu sangue..." (Mateus 26.26-28). Como consequência tardia disso, no ano 14143, o
papa João XXIII retirou o vinho da cerimônia e as Igrejas passaram a servir aos fiéis
somente a hóstiaii. E finalmente no ano 15514, foi definida e aprovada oficialmente a
doutrina da Transubstanciaçãoiii.
B) Consubstanciação
É a doutrina adotada pela Igreja Luterana. Lutero insistia na interpretação literal das
palavras da instituição e na presença corporal de Cristo na Ceia do Senhor. Ele não
cria que os elementos se transformavam em Cristo, mas que Cristo está fisicamente
presente na Ceia, ou seja, "em, com e sob" os elementos.
Apesar de Lutero ter sido levantado por Deus para a Reforma, no princípio não
pretendia separar-se da Igreja Católica, mas reformá-la por dentro. Tendo este pano
de fundo histórico podemos entender porque ele não abandonou de certas noções
católicas.
C) Memorial
Esta doutrina é adotada por várias igrejas evangélicas atuais e é defendida pelo
teólogo Zwínglio, que negou que o Cristo glorificado, agora no céu, esteja presente na
Ceia corporalmente, fisicamente ou localmente. A deficiência deste conceito está em
considerar a Ceia apenas como um memorial.
2
IV Concílio no palácio de Latrão em Roma.
3
Concílio de Constança.
4
Segunda fase do Concílio de Trento, que foi uma reação contra a Reforma Protestante.
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4 - AS BÊNÇÃOS DA CEIA
A Santa Ceia é para alimentar espiritualmente o crente. Todo homem está sujeito a
tentações e acomodação espiritual. Um dos modos dele se fortalecer, reanimar é a
comunhão com Deus por meio da Santa Ceia6.
5
Hebreus 12.22-24
6
João 6.48-59
7
As igrejas evangélicas sérias administram essa questão com base no compromisso com a
igreja local, que no caso da Igreja Presbiteriana se expressa pela profissão de fé.
8
Atos 2.38; 1 Coríntios 10.18-22; 11.29
9
1 Coríntios 11:28-31
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Embora as crianças tenham tido permissão para comer a Páscoa nos tempos do
Antigo Testamento, entendemos que o caso muda na Santa Ceia, visto que elas não
podem satisfazer estas exigências que se requerem para uma participação digna.
Observe:
• Paulo assinala para uma digna participação na ceia que é necessário discernir
o corpo, isto é, distinguir apropriadamente entre os elementos utilizados na
Ceia do Senhor e o pão e o vinho comuns, reconhecendo aqueles elementos
como símbolos do corpo e do sangue de Cristo e não uma mera refeição11.
10
1 Coríntios 11.28
11
Idem.
12
1 Coríntios 11.30
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CONCLUSÃO
"O dever dos crentes, depois de receberem o sacramento da
ceia do Senhor, é o de seriamente considerar como se
portaram nele, e com que proveito; se foram vivificados e
confortados, devem bendizer a Deus por isto, pedir a
continuação do mesmo, vigiar contra a reincidência, cumprir
seus votos e animar-se a atender sempre a esta ordenança; se
não acharem, porém, nenhum benefício, deverão refletir
novamente, e com mais cuidado, na sua preparação para este
sacramento e no comportamento que tiverem na ocasião,
podendo, em uma e outra coisa, aprovar-se diante de Deus e
de suas próprias consciências, esperando com o tempo o fruto
de sua participação; se perceberem, porém, que nessas coisas
foram remissos, deverão humilhar-se, e para o futuro participar
desta ordenança com mais cuidado e diligência"13.
Aplicação
Como devemos nos preparar espiritualmente, antes de participar da ceia do Senhor?
Temos o costume de separar um tempo antes dos cultos para participar deles
convenientemente? A ceia do Senhor tem aumentado nossa comunhão com ele?
13
Resposta à pergunta 175 do Catecismo Maior.
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NOTAS COMPLEMENTARES
i
COMO ERA CELEBRADA A PÁSCOA. Celebravam a Páscoa num grupo mínimo de
dez pessoas e nesta cerimônia havia ação de graças além beberem vinho. Bebendo
primeiro o líder, passava o cálice ao redor para que todos bebessem. Também
comiam ervas amargas, o cordeiro pascal e pão sem fermento. Logo que se bebia o
primeiro cálice, uma criança ou um prosélito que ali se encontrava fazia a seguinte
pergunta: Que ritual é este? (Êxodo 12.26) Isso dava margem para que o líder fizesse
uma exposição sobre o assunto.
ii
POR QUE OS CATÓLICOS NÃO BEBEM O VINHO? Só o Sacerdote Católico pode
beber o vinho. Os católicos acreditam que o corpo de Cristo está presente inteiro em
cada partícula e em cada gota do vinho. Portanto, o cuidado que se deve ter com o
vinho consagrado é enorme, e há possibilidade de que gotas possam cair do cálice
durante a comunhão; há também a questão prática da distribuição do vinho que torna
a comunhão dos fiéis complexa. Esses problemas foram resolvidos pela tradição da
Igreja Católica que definiu que a hóstia comporta o corpo e o sangue de Cristo. É o
princípio da concomitância: tanto o corpo quanto o sangue de Cristo estão em cada
elemento; daí quando o cálice é recusado aos leigos, o Cristo inteiro, o corpo e o
sangue, é recebido no pão isoladamente. Refutação: A Bíblia afirma claramente em
Mateus 26.27 e Marcos 14.23 que devem ser ministrados o pão e o vinho. A Confissão
de Fé de Westminster afirma que "a missa particular ou recepção do sacramento por
uma só pessoa, bem como a negação do cálice ao povo, a adoração dos elementos, a
elevação ou procissão deles para serem adorados e a sua conservação para qualquer
pretenso uso religioso, são coisas contrárias à natureza deste sacramento e à
instituição de Cristo" - Confissão de fé, cap. XXIX, IV”. Os apóstolos seguiram o
costume bíblico de ministrar a ceia sob os dois emblemas: pão e vinho. A igreja pós-
apostólica também seguiu o mesmo exemplo como vemos analisando as obras
patrísticas dos primeiros séculos. Os católicos precisam rodear e florear suas
explicações para argumentar o fato de o sacerdote dar apenas um dos emblemas
(pão) ao fiel, o que é uma clara desobediência ao mandamento do mestre. Jesus foi
taxativo ao dizer "bebei dele TODOS", esta ordem de fato não se pode cumprir na
Igreja Católica.
iii
O RITUAL DA IGREJA CATÓLICA ROMANA HOJE: [1] Princípio da
concomitância: tanto o corpo como o sangue estão presentes na hóstia. [2] A
consagração - é quando ocorre a transformação dos elementos, ato este que é
realizado exclusivamente pelo sacerdote. [3] Presença real de Cristo na Ceia - o
corpo, o sangue, a alma e a divindade, um sacrifício é oferecido a Deus; [4] O
sacrifício oferecido é propiciatório; [5] Os elementos consagrados, ou a hóstia, podem
ser reservados para uso posterior [6] Os elementos assim reservados devem ser
adorados como o Cristo vivo.
iv
PROBLEMAS TEOLÓGICOS DA DOUTRINA DA TRANSUBSTANCIAÇÃO. [1] Se
aplicarmos o mesmo literalismo da transubstanciação nas outras palavras figurativas
de Cristo, como interpretamos quando Jesus disse "Eu sou a porta"( João 10.7), "Eu
sou o caminho" (João 14.6), "Eu sou a luz do mundo?" (João 8.12)? Jesus seria
literalmente uma porta de madeira, um caminho de terra ou mesmo uma lâmpada ou o
sol? Obviamente Jesus disse em sentido figurado e espiritual, mostrando que o
literalismo da Igreja Católica Romana na Ceia é contra a interpretação idônea da
Bíblia. [2] Já que Cristo está presente de maneira corporal na ceia, corpo, sangue,
alma e a divindade, trata-se de mais um sacrifício oferecido a Deus. Ou seja, em todas
as ceias cristo é sacrificado novamente em favor de nós. Mas a Bíblia fala que Cristo
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morreu e ressuscitou uma vez (1 Pedro 3.18). [3] Quando Jesus instituiu a Santa Ceia
ele consagrou aquele pão e vinho. Seria correto então dizer que naquele momento
existiam no mesmo lugar dois corpos de Jesus? É certo que Jesus comeu e bebeu do
pão e cálice, então segundo a transubstanciação ele comeu e engoliu a si mesmo?
Isso é um absurdo teológico. [4] Se Cristo nos ordenou que celebrássemos a
cerimônia até que Ele voltasse, conforme 1 Coríntios 11:26 como pode estar presente
literalmente na hóstia? [5] O Papa Pio IX se vangloriava dizendo – “Não somos meros
mortais, somos superiores a Maria. Ela deu à luz só a um Cristo, mas nós podemos
fazer quantos Cristos quisermos; nós padres criamos o próprio Deus.”
v
PROBLEMAS PRÁTICOS E SUPERSTIÇÕES NA DOUTRINA DA
TRANSUBSTANCIAÇÃO. [1] É por esta crença que os católicos recebem a ceia “na
boca”, pois se cair no chão é o Corpo de Cristo que está cairá. E se tal hóstia for
comida por formigas ou por um rato, eles estariam cometendo sacrilégio? [2] E se tal
hóstia vier a apodrecer e estragar, seria o caso do Corpo de Cristo estar passando
pelo mesmo processo também? Como ficaria o texto de Atos 2.31 que afirma que o
corpo de Cristo não se corrompe? [3] Um padre de antigamente escreveu num livro
que se o fiel vomitasse a Ceia ele teria que comer de volta, pois é literalmente o corpo
e o sangue de Cristo. [4] Tendo em vista que os elementos consagrados podem ser
reservados para uso posterior, devem ser venerados como o Cristo vivo. Ou seja, a
hóstia é adorada como sendo o próprio Cristo. Isso explica a festa idólatra Corpus
Christi.
vi
A IMPORTÂNCIA DO AUTOEXAME NA SANTA CEIA. Entre os cristãos daquela
época existia a chamada "Festa Ágape" (Judas 12). Era comum entre os cristãos
celebrarem a ceia com esta refeição (esta prática perdurou até na época de Justino, o
Mártir) que era destinada a ajudar os pobres. Corinto era uma igreja problemática em
termos de doutrinas (véu, dons espirituais, batismo, brigas, divisões e Santa Ceia).
Eles não estavam discernindo o real objetivo de suas reuniões (v. 17,18,20). Para eles
aquilo era apenas uma festa como as demais festas mundanas da sociedade grega da
qual tinham vindo. Quando se reuniam, muitos se embriagavam, (v.21) como faziam
antes de se converterem e não discerniam que aquilo era muito mais que uma festa,
era "em memória" de Cristo (v.25). Por isso as pessoas deveriam se examinar antes
de tocar no pão e no cálice (v.28), pois correriam o risco de tomar a ceia de modo
indigno, fora do propósito para qual fora estabelecida, ou seja, para a comunhão e não
divisão dos fieis (v.18).
vii
O QUE OCORRE QUANDO UM DESCRENTE PARTICIPA DA SANTA CEIA.
Confissão de Fé de Westminster, capítulo VIII - "Ainda que os ignorantes e os ímpios
recebam os elementos visíveis deste sacramento, não recebem a coisa por eles
significada, mas, pela sua indigna participação, tornam-se réus do corpo e do sangue
do Senhor para a sua própria condenação; portanto eles como são indignos de gozar
comunhão com o Senhor, são também indignos da sua mesa, e não podem, sem
grande pecado contra Cristo, participar destes santos mistérios nem a eles ser
admitidos, enquanto permanecerem nesse estado". Ref.I Cor. 11:27, 29, e 10:21; II
Cor. 6:14-16; I Cor.5:6-7, 13; II Tess. 3:6, 14-15; Mat. 7:6.