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Encontro Didático Para Professores da EBD da IEADTC

Escola Bíblica Dominical

IEADTC

Encontro Didático Para


Professores da EBD na IEADTC

Ensina-nos a Orar

Fortaleza
Dezembro de 2020

Ensina-nos a orar

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Encontro Didático Para Professores da EBD da IEADTC

SUMÁRIO

Apresentação da Presidência..................................................................................04

Uma palavra aos docentes.......................................................................................05

Lição 01 – O que significa orar ............ ...................................................................06

Lição 02 – Abraão: A vida de oração de um home de fé ........................................14

Lição 03 – Moisés: Um líder de oração....................................................................20

Lição 04 – Ana: A oração de uma mulher angustiada ............................................26

Lição 05 – Neemias: A oração de um construtor ....................................................32

Lição 06 – Jeremias: A oração e o lamento de um profeta .....................................37

Lição 07 – Daniel: Um estadista que orava .............................................................45

Lição 08 – Habacuque: A intercessão de um homem cheio de esperança ............55

Lição 09 – A oração do fariseu e do publicano .......................................................62

Lição 10 – Jesus e a oração do Pai Nosso .............................................................67

Lição 11 – A oração sacerdotal de Jesus ...............................................................74

Lição 12 – A oração de Paulo pelos Efésios ...........................................................79

Lição 13 – A oração de Paulo em favor do seu espinho .........................................86

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Apresentação da Presidência

Amigo docente seja bem-vindo a mais um trimestre de nossa Escola Bíblica


Dominical. Com esse subsídio, estamos dando início a mais uma “fonte de pesquisa”
para os professores de Jovens da Escola Bíblica Dominical – Uma escola
acolhedora.

Nessa obra estudaremos uma temática fundamental para todos os cristãos dos
nossos dias: “ENSINA-NOS A ORAR” - Exemplos de pessoas e orações que
marcaram as Escrituras.

Estamos vivenciando um momento de pandemia desafiador e desejamos através do


ensino das Escrituras, percebermos uma geração de Jovens comprometida com as
verdades inegociáveis do Reino em especial com a oração e a intercessão.

Boa leitura e feliz 2021.


Pastor Antônio José Azevedo Pereira
Em Cristo Jesus, e por que Ele vive!

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Uma palavra aos docentes de Fortaleza da IEADTC!

Apresentamos um subsídio elaborado por vários professores de nossas igrejas, para


auxiliar o corpo docente da ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL, objetivando à melhoria
da prática de ensino.

Esse apoio didático visa trazer um conteúdo complementar de cada lição, buscando
proporcionar ao professor um melhor entendimento dos objetivos gerais e
específicos referente ao conteúdo do 1º Trimestre de 2021.

Alinhados com a visão geral da igreja, estabelecemos como enfoque a seguinte


temática: “EBD- Uma escola acolhedora”. Como missão, temos a seguinte
proposição abaixo:

“o ensino como amar a Deus, ao próximo e servir a sociedade”.

Desejo a todos um feliz ano novo!


Pastor Antônio Sérgio Costa Lima

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LIÇÃO 01

Ensina-nos a orar

Prof. Nícolas

Texto do dia: “Perto está o SENHOR de todos os que o invocam em verdade.” (Sl
145.18).

SÍNTESE

A oração não é opcional para o cristão; é exigência.

OBJETIVOS

Compreender o conceito bíblico de paciência e longanimidade.


Mostrar que Abraão foi um intercessor em favor de Sodoma e Gomorra.
Saber que a oração nos protege de nos enganar a respeito da vontade de Deus.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I – Desenvolver o ensino sobre o Espírito Santo como promessa nas Escrituras:


II – Destacar o Espírito Santo como “Consolador” e “Ensinador”;
III – Asseverar que o Espírito Santo tanto reprova como convence o mundo.

INTERAÇÃO

Foco no aluno. Do leitor, espera-se que processe, critique, contradiga ou avalie a


informação que tem diante de si, que a desfrute ou a rechace, que dê sentido e
significado ao que lê. Essa concepção de leitura, que põe o foco leitor e seus
conhecimentos em interação com o autor e o texto para a construção de sentido,
vem merecendo a atenção de estudiosos do texto e alimentando muitas pesquisas e
discussões sobre a importância para o ensino da leitura.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Tenha o cuidado de sempre consultar a bíblia. A leitura bíblica é primordial e


insubstituível. Quanto mais o professor conhecer o texto bíblico pela leitura diária,

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mais facilidade terá na compreensão de estudos que lhe auxiliarão no conhecimento


e na exposição dela.

INTRODUÇÃO GERAL

Com alegria e boa vontade comento mais uma lição da EBD. Desta vez, a lição
introdutória da revista destinada aos jovens. O assunto em pauta faz parte daquilo
que chamamos “Teologia Prática”. São quatro as áreas que a Teologia abrange:
Bíblia, História, Prática e Temas. Mesmo aqueles que não simpatizam com a tal
Teologia, são, sem querer, “Teólogos”. A Teologia se propõe a “arrumar” o saber
teológico que todos possuímos. Temas específicos são organizados de uma forma
que venhamos ter um conjunto de pensamentos esboçados com lógica, precisão e
organização. Para a excelência no trabalho para o Mestre

INTRODUÇÃO

Etimologicamente “orar” vem do latim oratĭo, orationis, (f.). (oro). Significa: fala,
linguagem, discurso. Eloquência, recurso oratório. Estilo de fala. Discurso. Frase,
sentença. Prosa. Correspondência, carta, mensagem imperial. “Orationes” é
encontrado na Vulgata nos livros de Samuel, Reis (2ºSm 7.27; 1ºRs 8.28; 2ºRs 19.4;
Jó 16.18, etc.).

O vocábulo hebraico é “tepfilâh” significando: súplica, oração, rogo, petição,


preces. Frequente em salmos e outros textos, (1ºRs 8.28,29,38,45; Dn 9.3,17 2ºCr
19.4; 20.5;). A Septuaginta (LXX) traduziu “proseúkhomai” significando:
orar, rezar Mt 5.44; 6.5-7; Mc 1.35; 14.38; Lc 1.10; 20.47; At 6.6; Rm 8.26; 1ªCo
11.4s, 13; 14.14ª, Hb 13.18; Tg 5.17.

A oração é uma prática de qualquer religião, pois é um modo de comunicação com o


ser superior. Para a vida cristã, a oração é fundamental para o relacionamento
pessoal com Deus, que é irradiado na igreja e na comunidade à qual o crente
pertence. Podemos observar nos relatos bíblicos como a prática da oração se
desenrolou ao longo da história do cristianismo. Contrariando a atual cultura da
excessiva ênfase no indivíduo e nas práticas da autoajuda, o resultado da oração
não é o crescimento da fé para obter ganhos pessoais, mas para abençoar a igreja,
a comunidade e o mundo no geral a fim de que o nome de Jesus seja proclamado.

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I. Qual o objetivo da oração e por que precisamos orar

Primeiro, o objetivo do orante é falar com o Criador. É relacional. Jeová orienta o


profeta em pleno exílio: “Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos
ouvirei.” (Jr 29.12). Mais importante que a oferta, o ofertante deve desenvolver uma
familiaridade com o Pai eterno.

Segundo, precisamos orar para conservar, consolidar e ampliar a intimidade com


Deus. O texto bíblico registra: “E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais,
porquanto Deus para si o tomou.” (Gn 5.24).

1. Qual a finalidade da oração? A finalidade da oração é manter um estado de


reconciliação, relacionamento, familiaridade e intimidade com o Pai, recebendo o
auxílio do Espírito Santo em todo o tempo, em toda a vida. Os pedidos precisam ser
ditados pelo Espírito, devem vir da alma, do contrito. Paulo exclama: “E, porque sois
filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba,
Pai.” (Gl 4.6).
A oração é fundamental para a vida cristã, e o texto bíblico mostra diversos
exemplos de homens e mulheres que oravam. Encontramos diversos modos de orar
ao longo da história do cristianismo. Pode ser uma prática privada ou pública,
individual ou coletiva. Pode expressar intercessão, agradecimento, louvor, petição ou
confissão. Pode ser espontânea, responsiva, contemplativa ou confissão. Pode ser
em pé, de joelhos, com o rosto em terra, com os braços levantados ou deitados.
Pode ser silenciosa, voz baixa ou gritando. Essa diversidade nos mostra que não há
desculpas para não nos comunicarmos com Deus.

2. Oração, um desejo de relacionamento com Deus. O Criador amoroso declara:


“Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR;
pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.” (Jr 29.11).
Portanto, desejar o desejo de Deus é responder positivamente ao seu amor. Os
pensamentos do Senhor para quem o ama e o teme serão realizados independente
das adversidades. Mesmo que se levantem adversários, não podem impedir os
desígnios de Deus. Pensamentos muitas vezes desconhecidos até para nós que

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fomos iluminados. “Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não
ficaram confundidos.” (Sl 34.5).
3. O que nos leva a orar? Um coração ou uma alma angustiada, atribulada,
oprimida, devedora ou agradecida. São vários os motivos. Ana, a mãe de Samuel,
orou atribulada e agradecida (1ºSm 1.15,26-28). Josué orou e o “tempo parou” (Js
10.12-14). Davi era um orante por todos e vários motivos. Suas orações contribuíram
para a produção do hinário hebreu.

O amor deve ser o motivador número um para orar. Embora pareça “piegas”,
atentem para o “deve ser”. Jeremias proclama: “Há muito que o SENHOR me
apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade

te atraí.” (Jr 31.3). O que motiva o Senhor a nos amar é o seu olâm” ‘ahêv
“eterno amor”. Isto é muito relevante. Por isso, deve ser o “eterno amor” do Senhor o
que nos leve a orar.

A oração deve ser como a água que tira a sede do sedento, devolve a respiração do
arquejante e as forças perdidas do corpo desidratado. Através da oração solicitamos
mudança nas estruturas, nos fundamentos, nos alicerces da nossa vida. A nossa
história muda através do diálogo com o Criador. A oração é o meio. No caminho da
“regeneração”, da procura da restauração de nossas almas, a oração é deve ser a
companhia. Deus completa a obra que começa as nossas vidas, nos dando um novo
coração, um coração segundo o coração de Deus.

II – Deus responde todas as orações?

“Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e
ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos
estão cheias de sangue.” (Is 1.15).

No contexto deste texto, Israel (Judá) transgredia as leis do Senhor. Esse típico
gesto de oração consistia em estender as mãos com as palmas para cima, em
atitude de súplica, na esperança de receber algo. Os olhos estavam abertos e
olhavam para o céu. Muitas orações eram feitas, bem no meio da apostasia, mas
elas não seriam ouvidas; pelo contrário, seria até desprezadas por Jeová, objeto
dessas súplicas. Alguém disse: “A oração está onde a ação está”. Quando homens
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bons oram, começam a acontecer coisas inesperadas. Oremos pela manhã todos os
dias, pois cada dia pode trazer um milagre.

“Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá;” (Sl 66.18). A
retidão interna deve acompanhar o ritual externo, para que esse ritual signifique
alguma coisa para Deus. Deus não atende todas as orações.

1. “[...] Segundo a sua vontade [...]”. Na oração do Senhor (Mt 6.9-13), Jesus
ensina: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;”
(Mt 6.10). A questão é: a minha vontade é a vontade de Deus? Jesus orou no
Getsêmani: “Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça
a minha vontade, mas a tua.” (Lc 22.42.).

Na oração do Senhor, Jesus refere-se a obediência dos anjos a Deus, o que fazem
com perfeição. Jesus deseja que a vontade de Deus fosse totalmente cumprida
nesta terra, a fim de que assim fosse elevada a vida terrena, c os homens fossem
transformados. “No céu” significa a perfeição ou ideal mais elevado daquilo que deve
ser feito. No céu é que esta o exemplo perfeito. O padrão perfeito daquilo que
precisa ser feito.
2. Diálogo, não uma lista de pedidos. “E, orando, não useis de vãs repetições,
como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.” (Mt 6.7).

João Ferreira traduziu a palavra desconhecida battalogéô, por “vãs


repetições”. William Tyndale (1494-1536) traduziria “tagareleis demais”. A Vulgata
traduziu por multi loqui, que John Knox (1514-1572) traduziria para “useis muita
frases”. A antiga Versão Siríaca a entende no sentido de “não digais coisas ociosas”.
Parece provável que a palavra indica mais o falar sem sentido do que o falar
repetitivo. O próprio Jesus repetiu-se ao orar (Mt 26.39,42); portanto se se mantiver
a tradução da VA (versão autorizada inglesa “King James), a ênfase deverá ser dada
a “vãs” antes que a “repetições”. A tradução de Tyndale é provavelmente tão boa
como qualquer outra.

3. Tudo tem o seu tempo determinado. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há
tempo para todo o propósito debaixo do céu.” (Ec 3.1). O Antigo Testamento
comumente vê perfeito propósito na vida que depende da supervisão dele. Cada
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aspecto da vida tem seu “tempo”: a chuva (Lv 26.4); a queda dos inimigos de Deus
(Dt 32.35); a concepção (2ºRs 4.16s). Daí a grande necessidade de “visão das
épocas” (1ºCr 12.32). A sabedoria envolve o conhecimento dos “tempos” (Et 1.13). O
salmista Davi ora: “Os meus tempos estão em tuas mãos:” (Sl 31.15).

Um inconveniente para muitos que querem orar, é a pressa. Mas justamente e


somente na oração, criam-se as condições para o melhor e mais rápido início,
desenvolvimento ou término de qualquer coisa que envolva a vida cristã. Após um
período de oração e espera, percebemos que o tempo envolvido na oração, foi o
melhor tempo.

III. O dever de orar sempre e não desfalecer

“E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca


desfalecer.” (Lc 18.1). Os que oram a Deus devem ser persistentes na oração não
apenas em relação à intervenção decisiva de Deus na história, mas devem busca-lo
sempre que Ele parecer distante e a confiança e espera desvanecer. A solução para
o medo é a oração. Uma piedade simples expressa em uma oração confiante é
recomendada como solução para o medo que aborda o cristão e tenta roubar sua
tranquilidade. A persistência na oração fará com que não haja desistência e trará
força para suportar tudo.

1. “[...] que clamam a Ele de dia e de noite [...]”. “E Deus não fará justiça aos seus
escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (Lc
18.7). Examinando o versículo seguinte (v.8), e considerando o contexto inteiro,
podemos pensar que a interpretação permite-nos conservar o paralelo tencionado
entre Deus e o juiz injusto. O juiz iníquo adiava a vingança contra aqueles que
haviam prejudicado a viúva pobre, por motivo de sua indiferença na administração
da justiça. Mas Deus se demora na resolução do problema a fim de testar a nossa
fé. A fim de ensinar-nos melhor na perseverança, e, além disso, de acordo com o
elemento tempo, ele sabe o momento mais vantajoso para nós, sem importar se
sabemos disso ou não. De qualquer maneira, O supremo juiz sempre decide
baseado em seu amor e na sua justiça.

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O texto de Lucas também faz alusão a desesperadora condição em que viviam


alguns dos cristãos primitivos: muitos estavam sendo mortos, ou pelos romanos ou
pelos judeus. Roma declarava que o cristianismo era alta traição política, porque os
cristãos se recusavam a reconhecer os deuses pagãos que eram tidos como
protetores do estado. Os cristãos, por isso mesmo, olhavam para Deus pedindo
justiça e livramento, e os vss. 6-8 refletem a confiança que Deus finalmente julgaria
a causa de seus filhos.

2. Quando as lutas parecem não ter fim. “Tenho-vos dito isto, para que mim
tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (Jo
16.33).

Duas esferas de existência: em Cristo ou no mundo. O testemunho consistente dos


escritores do N.T. é que aqueles que estão em Cristo inevitavelmente sofrem
perseguição no mundo. Estes crentes são até incentivados a receber bem estas
tribulações, como sinal de que o Senhor os aceita, e como garantia da felicidade
eterna (cf. Rm 8.17, Fp 1.28). Com esta certeza, os crentes podem muito bem ter
paz interior. Uma comparação entre os versículos 33 e 1 sugere que o fato de ter
paz em Jesus é a antítese de escandalizar-se nele ou abandoná-lo. A paz que o
povo de Deus tem em Jesus não é só a paz que ele dá, é a paz que ele mesmo tem,
e que partilha conosco. Temos esta paz estando nele, participando da sua vida. O
mundo que inflige tribulação é inimigo de ambos. A comunhão, a vida de oração e
de fé nos faz participantes do triunfo de Cristo e de sua paz.

3. Oração e fé. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe: porque é necessário que


aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o
buscam.” (Hb 11.6). O relacionamento entre o homem e seu Criador é edificado
numa confiança mútua, e o relacionamento verdadeiro não pode existir sem ela.

O autor da carta aos hebreus indica algo elementar na lista dos heróis descritos
como exemplos de fé, mas, percebeu claramente o que era essencial mencionar: é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe. Talvez pareça
estranho que numa epístola que começa com uma asseveração de Deus (Hb 1.1), o
escritor considere necessário indicar a necessidade de crer na Sua existência. Está,

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porém, argumentando a partir da experiência humana da comunhão com Deus para


o fato de que sua fé na existência de Deus deve ser verdadeira.

CONCLUSÃO

Os oradores também devem crer que o Senhor é galardoador dos que o buscam.
Esta declaração visa renovar a certeza daqueles que estão duvidando se a busca de
Deus sempre é bem-sucedida. Aceitar isto requer fé, mas a convicção de que Deus
galardoa aquele que o procura com sinceridade está em plena harmonia com a
natureza de Deus conforme Ele se fez conhecer através de todas as suas
revelações aos homens. Não há receio de que qualquer pessoa que a busca deixará
de achá-lo, se agir com fé. Um meio de expressar essa fé é através da oração.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

- Pfeiffer, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro : CPAD, 2007.


- Harris, Laird R. Dicionário internacional de teologia do antigo testamento. 2ª ed.
São Paulo : Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 2000.
- Champlin, Russell Norman, O Antigo Testamento interpretado, versículo por
versículo, Joel, volume 3, 2ª Edição, São Paulo : Hagnos, 2001.
- Koch, Ingedore Villaça. Ler e Compreender: os sentidos do texto. 3ª ed. São Paulo
: Contexto, 2015.
Jose Nicolas de Oliveira – Educador – Primavera de 2020

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LIÇÃO 02

Abraão: A Vida de Oração de um Homem de Fé

Prof. Márcio Renê Rodrigues

Texto do dia: “Então, me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei”. (Jr
29.12).

SÍTENSE

Abraão nos ensina que a oração, além de possuir importância indizível, é algo
simples e extremamente necessário à caminhada do crente.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compreender o conceito bíblico de paciência e longanimidade.


Mostrar que Abraão foi um intercessor em favor de Sodoma e Gomorra.
Saber que a oração nos protege de nos enganar a respeito da vontade de Deus.

INTERAÇÃO

Estudar a vida de Abraão se revela algo maravilhoso em diversos aspectos. As


lições de fé extraídas do exemplo desse homem, que viveu numa cultura muito
diferente da nossa, servem para nos orientar sobre oração, intercessão, confiança e
longanimidade. Faz-se extremamente importante esclarecer que, apesar do frenético
ritmo de vida a que estamos submetidos, não podemos abrir mão de um tempo a
sós com Deus. Ao final da aula, os alunos devem estar conscientes de que, apesar
das dificuldades enfrentadas por Abraão, esse homem foi vitorioso através da
oração - seu diálogo contínuo com Deus, e da seu exemplar obediência.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Método de Perguntas e Respostas ou Método Socrático. Segundo Gilberto, “O


Método de Perguntas e Respostas leva o aluno a participar ativamente da aula.
Pode ser usado em todos os grupos de alunos” (A Escola Dominical, CPAD, 77).
Esse recurso apresenta diversas vantagens, sendo que as principais são: (a) serve
de ponto de contato entre professor e aluno – recurso de comunicação; (b) ajuda a
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avaliar o conhecimento do aluno; (c) estimula o pensamento – à medida que o aluno


pensa, relaciona conceitos e ideias para responder à questão formulada. Para se
obter sucesso, o professor deve fazer perguntas resumidas e claras, evitando
formular questionamentos em que as respostas possíveis sejam limitadas a “sim” ou
“não”. Por experiência própria, posso afirmar: as aulas se tornam muito mais
dinâmicas e atrativas.

INTRODUÇÃO

Mesmo aqueles que nunca tiveram a oportunidade e o privilégio de ler a Bíblia toda,
de Gênesis a Apocalipse, sabem da importância de Abraão. E não é sem motivo,
pois esse homem é visto como patriarca das três maiores religiões monoteístas do
mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo. Nas páginas das Escrituras Sagradas,
Abraão surge no capítulo 11 de Gênesis (vv. 27-32), trecho este que trata de seus
ancestrais e seu nascimento. A partir desse ponto, o “Pai da fé” ocupa a narrativa
até o capítulo 25, ensinando-nos diversas lições preciosas, dentre as quais estão as
seguintes: é Deus quem toma a iniciativa na chamada do homem; a oração –
diálogo com Deus – estimula a obediência; as promessas de Deus não se cumprem
exatamente no tempo em que queremos, o cumprimento pode demorar anos; e, por
fim, o caminho da maturidade espiritual não é curto e sem percalços, é um processo
que, além de longo, requer perseverança.

I. ORAÇÃO NOS TORNA PACIENTES, LONGÂNIMES

Oração é, também, processo.

A história de Abraão (na época se chamava Abrão) começa em Ur dos Caldeus, sua
terra de nascimento. Ele foi filho de Tera, descendente de Sem, e tinha como
irmãos, Naor e Harã (Gn 11.26-28). Nessa época, o patriarca de Israel era um gentio
que habitava uma cidade tomada pela idolatria e cultuava diversos deuses,
especialmente Nanna, sua padroeira. Ur, naqueles dias, era uma das maiores
cidades-estado da antiga Suméria e ficava nas cercanias da atual Tell el-Muqayyar,
na província iraquiana de Dhi Qar. Foi desse lugar que Deus chamou Abraão para
viver uma vida de peregrino, inicialmente em Harã, e depois por diversos lugares
dentro de Canaã (Gn 12.1,4,5. cf.: At 7.2).
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Uma vida de oração.

O livro de Gênesis narra a chamada de Abraão quando este tinha 75 anos. As


palavras que lhe foram pronunciadas eram ousadas, envolviam um convite para uma
vida totalmente diferente da que ele levara até ali. A ordem dada ao patriarca era
tríplice: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai” (Gn 12.1). Tomar
uma decisão que implicasse em deixar de lado tais coisas, ouvindo a voz de um
Deus então desconhecido e partindo para uma terra ainda não especificada, não
seria fácil, exigiria fé e confiança. Abraão, a partir desse momento se destaca, não
somente por suas orações, seus diálogos com Deus, mas também, por sua
obediência.

Pacientes e longânimes.

O Novo Testamento declara que Abraão é o “pai” de todos aqueles que confiam em
Deus (Rm 4.1-4; Gl 3.6-18). Por acreditar na Palavra de Deus que lhe fora revelada
pessoalmente, o patriarca pôde partir em busca de uma terra prometida (Gn 12.4);
acreditar que ele e sua esposa, em idade avançada, gerariam um filho (Gn 15.6); e,
entregar em obediência a Deus seu filho como holocausto (Gn 22.1-9). Porém, não
devemos nos enganar, tudo isso não ocorreu em pouco tempo. Abraão teve de
passar por um longo processo, que envolveu esperar com paciência o cumprimento
de cada uma dessas promessas, confiando, sendo moldado pelo seu diálogo com
Deus. É muito importante entender isto: a perseverança na oração é uma
necessidade nossa. Somos nós que precisamos de disciplina, somos nós que
precisamos valorizar aquilo que o Senhor nos promete. Deus, na sua onisciência,
sabe exatamente o momento certo de nos dar o que precisamos. Os grandes erros
de Abraão ocorreram exatamente no momento em que ele tentou “apressar” o tempo
de Deus, especialmente quando desceu ao Egito sem consultar a Deus e quando se
relacionou com Agar, a fim de gerar um filho (Gn 12.10-20; 16.1-14).

Orando em favor dos perversos.

Os capítulos 18 e 19 de Gênesis retomam o conteúdo dos capítulos 13 e 14, cujo o


foco é a fortuna e os infortúnios de Ló na cidade de Sodoma. No capítulo 18, temos
a visita de três personagens a Abraão, dois anjos e o próprio Senhor, em aparência
humana (teofania). Inicialmente, a visita daqueles homens era para anunciar uma
grande bênção: a concepção de Sara, que esperou muito tempo, antes, sem

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qualquer indício de período específico para o nascimento do filho esperado.


Ironicamente, a resposta dela foi a dúvida (Gn 18.1-15).

O segundo aspecto da visita era desagradável: anunciar juízo sobre as cidades de


Sodoma e Gomorra (Gn 18. 16-21). Inicialmente, destaca-se o nível de
relacionamento que havia entre Deus e Abraão, a ponto de o Senhor não desejar
ocultar tal episódio do velho patriarca (Gn 18.17,18). O texto é carregado de
antropomorfismo. Fica claro que Deus não era ignorante sobre as condições
daquelas cidades, mas demonstra que Ele tem profunda preocupação com os males
sociais (Gn 18.21), a ponto de inspecioná-los pessoalmente.

Vivendo em meio ao pecado.

Abraão e Ló (ainda que este inicialmente tenha escolhido habitar Sodoma, pensando
principalmente nas riquezas do lugar) servem bem para ilustrar o papel que os
cristãos têm nesse mundo: são peregrinos em terra hostil (Jo 17.15,16). No entanto,
a responsabilidade dos servos de Deus aqui é encher a terra com o conhecimento
do Senhor. Uma das promessas feitas a Abraão claramente tinha um propósito
missionário: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

Abraão, um intercessor em favor das cidades.

A Palavra de Deus direcionada a Abraão no capítulo 18, indicando a destruição das


cidades de Sodoma e Gomorra, não foi apenas para sua angústia, mas
principalmente um incentivo para orar. O diálogo construído nos versículos 23 a 33
constitui a primeira intercessão detalhada nas Escrituras. O patriarca, à semelhança
do que recomendou Jesus, muitos séculos depois, amou e intercedeu por homens
que não eram seus amigos. Ele mesmo, Abraão, abominava os pecados daquelas
cidades. Porém, temos aqui outra importante lição: o pecado deve ser odiado, e não
o pecador. Abraão orava pela preservação da cidade, por amor aos justos (Gn
18.24). Outra coisa importante que deve ser notada neste episódio é que o mundo é
um grande “campo”, que desde o seu início, congrega o “joio” e o “trigo”, justos e
injustos. Na iníqua Sodoma habitava um Ló, que foi preservado do juízo. Abraão
estava consciente disso, ainda que tenha sido otimista, achando que ali habitaria
algumas dezenas de justos. No fim, as cidades foram destruídas, mas Deus, em sua
justiça, não condenou o justo juntamente com o injusto. Ló foi preservado.

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II. A ORAÇÃO NOS PROTEGE DE NOS ENGANAR A RESPEITO DA


VONTADE DE DEUS

Boa.

Neves explica que "A vontade de Deus é boa porque Ele é bom, e sua
misericórdia se estende de geração em geração" (Justiça e Graça, CPAD, 132).
Na vida de Abraão, temos um exemplo da bondade de Deus na vida do ser humano.
Ele foi chamado, mesmo sem contar com qualquer mérito. Pelo contrário, era
homem pecador, que vivia no meio de um povo pagão (Js 24.2). Deus o conduziu
pelo caminho das promessas durante muitos anos, e os erros de Abraão devem ser
creditados somente a ele. Mentir duas vezes, de forma vergonhosa, foi uma decisão
pessoal (Gn 12.11-13; 20.2). Tomar Agar para lhe gerar um filho foi outro passo
errado. No entanto, mesmo que não sejamos fiéis, Deus permanece fiel (II Tm 2.13).
Graças à boa vontade de Deus, o resultado final foi alcançado.

Agradável.

A vida de Abraão, conforme já dito, não foi livre de dificuldades das mais diversas
modalidades. A própria peregrinação não é um estilo de vida desejável para a
maioria das pessoas. No entanto, esse homem era grato. Ele adorava, reverenciava
o seu Deus (Gn 12.8; 13.4; 17.3). O patriarca de Israel experimentou o gozo da
vontade do Senhor quando estava no lugar certo para isso: no centro dessa
vontade.

Perfeita.

As promessas que Deus fez a Abraão foram cumpridas no tempo certo, no tempo
determinado por Deus. A forma como se cumpriram também revelam a perfeição da
vontade divina. Mesmo que em alguns momentos, Abraão e Sara tenham se
mostrado impacientes e conscientes das suas dificuldades, especialmente quanto à
velhice, tudo aconteceu de modo a resultar em maior glória para o Senhor. Esse é
um aspecto muito importante ao se falar de vontade perfeita de Deus. Devemos
descansar nisto: mesmo quando tudo parece estar errado, Deus tem o controle e
sabe o momento certo de agir.

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CONCLUSÃO

A vida de Abraão nos ensina a importância de viver em diálogo com Deus. Dessa
forma, fortalecemos nossa confiança no Senhor. A rotina diária de oração e
meditação na Palavra de Deus também é passo fundamental para a obediência, que
foi característica marcante do patriarca de Israel. Além disso, aprendemos com ele a
não olhar com ansiedade para o nosso futuro, visto que Deus tem um tempo
determinado para cada coisa.

Referência Bibliográfica

ALMEIDA, Abraão; CABRAL, Elienal. Abraão, As Experiências de Nosso Pai na Fé.


Rio de Janeiro-RJ. CPAD. 2ª edição, 2002.

ANDRADE, Claudionor Correia de. O Começo de Todas as Coisas – Estudos no


Livro de Gênesis. Rio de Janeiro-RJ. CPAD. 1ª edição, 2015.

GILBERTO, Antônio. A Escola Dominical. Rio de Janeiro-RJ. CPAD. 2ª edição,


2001.

NEVES, Natalino das. Justiça e Graça. Rio de Janeiro-RJ. CPAD. 1ª edição, 2015.

DOUGLAS, J. D. (organizador). O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo-SP. Vida


Nova. 2ª edição, 1995.

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LIÇÃO 03

Moisés: Um líder de Oração

Prof. Edejorge Fagner Barreto dos Santos

Texto do dia: “E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com
seu amigo; depois, tornava o arraial; mas o moço Josué, filho de Num, seu servidor,
nunca se apartava do meio da tenda.” (Êx 33:11)

SÍNTESE

A intimidade com Deus, gerada pela oração, nos coloca em posição de destaque.

OBJETIVOS

Identificar o efeito da oração na vida de um líder.


Descrever a intima relação entre Deus e Moisés.
Enfatizar a importância de definir prioridades.

INTERAÇÃO

A lição desta semana vem retratar a vida do grande líder que foi Moisés, grande não
apenas por seu feito de conduzir o povo, porém por fazer isto através de sua
intimidade com Deus! E você tem a grande oportunidade de apresentá-lo mais uma
vez aos seus alunos, contudo desta vez, tornando esse momento único, de modo a
motivá-los a sentirem-se a vontade ao ponto de compartilhar suas experiências, e de
terem o desejo da presença constante de Deus em suas vidas, não apenas pelo
conteúdo apresentado, mas principalmente por seu exemplo inspirador!

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

O conhecimento aprofundado de qualquer que seja o conteúdo, dá ao transmissor,


nesse caso você professor, a liberdade, facilidade e confiança de expor a classe o
assunto proposto, portanto a leitura diária da Bíblia somada ao exercício constante
da oração, lhe capacitará a promover junto aos alunos, a proposta da formação de
um grupo de oração, onde juntos ou não, poderão estar intercedendo uns pelos

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outros, dentro de suas necessidades (famílias, relacionamentos, dificuldades


financeiras entre outras), que inclusive poderão ao decorrer do trimestre estar sendo
relacionados e acrescentados.

INTRODUÇÃO

Ao estudar esta lição, conheceremos características marcantes da trajetória de


Moisés, que enquanto menino, passa da condição de condenado a morte a viver a
no palácio como príncipe, porém quando adulto, resolve fazer escolhas que o levou
a ser íntimo de Deus, ao ponto de ser reconhecido e mencionado como um dos
personagens bíblicos, ao qual devemos ter como exemplo de liderança a ser
seguido até os nossos dias! É preciso buscarmos semelhante intimidade com Deus,
para que possamos entender as suas vontades, e assim desfrutar de uma vida
plena.

I. Moisés fala com Deus

No capítulo 3 do livro de Êxodo, vemos aquele homem que apesar de suas falhas,
conflitos pessoais, e até mesmo pecados, Deus olha para ele, enxerga o seu caráter
de servo e resolve revelar-se, e torna-lo útil em suas mãos para cumprir os seus
propósitos para com o povo de Israel.

1. Um homem experimentado. Ao lermos e analisarmos atentamente a história de


Moisés desde seu nascimento, percebemos o quanto ele se enquadra dentro daquilo
que Paulo escreve aos Romanos no capitulo 5.3,4 “a tribulação produz a paciência;
e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança”, as diversas fases da
vida de Moisés serviram para moldar o seu caráter. O seu chamado começa antes
mesmo dele falar com Deus, ao ver um hebreu sendo ferido por um egípcio (Êxodo
3.11,12), ele dá início a sua missão e faz a sua escolha de estar ao lado de um povo
escravo vs. 15, e abre mão da nobreza que obtivera por adoção, contudo ao mesmo
tempo ele Chama a atenção do Deus de Israel a ponto de ser escolhido a libertar o
povo das mãos de Faraó (Êx. 3.10).

2. Um povo Obstinado. No diálogo que Moisés teve com os dois escravos


hebreus, enquanto ainda estava no Egito (Êx. 2.13,14), era possível perceber o tipo
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de caráter e personalidade do povo que haveria de conduzir no deserto, povo difícil,


pessimistas. O Próprio Deus conhecendo a índole do povo, evita o caminho mais
perto para que não desistam e retornem ao Egito (Êx. 13.17), e ainda declara que
não irá com eles, para que não os venha a consumir por conta de seus atos (Êx.
33.2,3). Contudo foi essa a missão que Deus confia a Moisés, lidar com a obstinação
desse povo, e ainda assim, conduzi-los a terra prometida!

3. Um líder de oração. Assim que Deus declara a Moisés que ele era o escolhido
para a tão grande e difícil missão de libertar o povo das mãos do Faraó, Moisés
entende e reconhece que nem mesmo as mais diversas e incríveis experiências
humanas por ele vividas até aquele momento, eram suficientes para que o tornasse
totalmente capaz de realizar aquela grande obra. “Então Moisés disse a Deus: Quem
sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?” (Êx. 3.11). Após vermos
nos tópicos anteriores o perfil de Moisés somada as qualidades e personalidades do
povo de Israel, fica claro que esta missão só seria possível de ser realizada, debaixo
de uma caminhada de oração diária e intimidade com Deus, que o daria coragem,
conforto e estratégias necessárias. São as orações diárias que também nos ajudam
a nos mantermos firmes diante de nossas dificuldades, enquanto aqui estivermos.

II. Deus fala com Moisés Face a Face

“O Senhor falava com Moisés face a face, como qualquer fala com seu amigo...”
(Êxodo 33:11 a).

1. Como a um amigo. O texto bíblico nos revela qual o nível de relacionamento


Deus tinha com Moisés. Saiba que é esse mesmo tipo de relacionamento que ELE
deseja ter conosco em nossos dias atuais, contudo é preciso que muitas vezes
deixemos de lado toda religiosidade e formalidade, com nossos corações contritos e
atentos a realidade da presença D’Ele, disposto a ouvir e a revelar que a sua
vontade em nossas vidas. A rotina de orações diárias não deve ser esquecida,
porém não pode e nem deve ser algo mecânico e automático, fazendo dela uma
obrigação, para que não sejamos semelhantes ao Fariseu descrito em (Lucas
18.11,12). Vale ressaltar que assim como no exemplo do fariseu, não são as
palavras cultas e bem colocadas que atrapalharão a intimidade para com Deus, mas
elas precisam expressar verdadeiramente o sentimento de nossas almas.

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2. “Conheço-te por teu nome (Êx. 33.12). Ao dialogar com Deus, Moisés usa a
expressão “conheço-te”, que neste momento tem o seu significado além do que o
próprio verbo CONHECER transmite, (ato de descobrir, perceber e ou identificar”
algo). Nesse caso temos a expressão relacionada ao ato de revelação total e
profunda acerca de alguém e seus sentidos, intensões, desejos e práticas. O texto
em (Jeremias 17.10): “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto
para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações”,
ilustra muito bem esse entendimento.

Fica claro que há uma necessidade urgente de os jovens, assim como os líderes da
atualidade almejarem, e buscarem intensamente a condição de conhecidos do
Senhor, para que possam desfrutar das bençãos que para os seus estão
reservadas.

3. Nos Inspira ou nos constrange? Quanto mais estudamos sobre a vida de


Moisés, e o grau de relacionamento que ele tinha com Deus, gerando uma
intimidade admirável! Assim como em qualquer bom relacionamento entre dois
amigos, essa intimidade não acontece por acaso, a condição de intimo de Deus
também não se dará de qualquer jeito.

Podemos ver através de vários personagens e episódios registrados na bíblia, que


Deus está disposto a se revelar, e a manter um relacionamento onde podemos ouvi-
lo, mas também nos expressarmos, tendo a certeza de que ELE também nos escuta,
contudo o que essa certeza provoca em nossas vidas, será que estamos motivados
o suficiente, a buscar diariamente, este relacionamento Íntimo com DEUS? Ou já
alcançamos a tão perigosa zona de conforto espiritual? Será que o exemplo de
Moisés tem sido inspirador, nos fazendo querer ser como ele, ou tem nos
constrangido por fazer pouco, ou quase nada?

III. Moisés roga a Deus a sua presença

Moisés já havia recebido a ordem de conduzir o povo, com a certeza de chegada à


terra que outrora havia sido prometida a Abraão, Isaque e Jacó (Êxodo 33.1),
contudo, ele havia chegado a condição de total dependente de Deus, e mesmo

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sabendo que a trajetória seria difícil, apenas uma situação a incomodava: Ter a
presença de Deus consigo!

1. Sede por Deus! Prioridade. Quando lemos o texto de Êxodo 33:15 “Então, disse-
lhe: Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui.”, identificamos
uma característica impressa e marcante na personalidade de Moisés, a persistência!
Ele já havia definido e assentado em seu coração a sua prioridade naquela jornada,
a sua oração persistente e incisiva revelava qual a sua prioridade e era inegociável.
Infelizmente nos dias atuais, muita outras coisas tem ofuscado e roubado a
prioridade da presença de Deus, na vida de muitos jovens cristãos, uma formação,
uma vida profissional de sucesso, uma boa casa, um bom carro, um relacionamento
amoroso saudável e feliz...na verdade nada disso é ruim, porém se qualquer um
deles está como prioridade acima de um relacionamento íntimo com Deus, está na
hora de rever a sua escala de valores. Qual a sua prioridade de escolha, a benção
ou o Deus abençoador?

2. “[...] me verás pelas costas [...]” (Êx. 33.23). O relacionamento íntimo entre o
Criador e sua criatura, diferente do que muitos pensam, é uma realidade possível.
Vejamos o exemplo de Gn. 3.8 “E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava
no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do
SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.”, é preciso estarmos atentos para ouvir e
conhecer a voz do Senhor! Porém à Moisés apenas ouvir já não lhe bastava apenas
ouvir a sua voz, e com seu caráter persistente e destemido, ele resolve fazer um
pedido incomum e ousado ao Deus de Israel. Contudo Deus conhecendo a estrutura
humana, e sabendo da impossibilidade de qualquer que seja o homem de poder
contemplar a totalidade de sua Glória (Êx. 33.20), porém movido pelo ousado desejo
de Moisés, cria uma oportunidade para que pudesse ser visto mesmo que de costas
por aquele homem.

CONCLUSÃO

Moisés nos ensina através da sua jornada de vida, que independente do ambiente
em que vivemos e daquilo que somos ensinados, podemos e devemos manter viva

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dentro de nossos corações a essência divina, buscando sempre manter uma rotina
saudável de oração e total dependência, para que possamos desfrutar de uma
intimidade com Deus, que nos leva a ter a certeza da vitória, por mais longa e difícil
que seja a caminhada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Pfeiffer, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro : CPAD, 2007

- Swindoll, Charles R. Série Hérois da fé – Moisés. São Paulo : Mundo Cristão,


2000

-Ryle, J. C. Moisés , um exemplo. Disponível em:


<http://trilhandonocaminhoestreito.blogspot.com/2012/10/do-que-moises-desistiu-e-
o-que-ele_3688.html

- Edejorge Fagner Barreto dos Santos

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Lição 04

Ana: A oração de uma mulher angustiada

Prof. José Eliezer Almeida da Silva

Texto do dia: “Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR e chorou
abundantemente.” (1Sm 1.10).

SÍNTESE

Através da oração, Ana teve sua angustia transformada em regozijo.

OBJETIVOS

Comentar as limitações impostas pelos sofrimentos;

Refletir acerca da essência da oração de Ana;

Reafirmar a importância de sermos gratos a Deus.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I – Crer, que na oração está a solução para as lutas dessa vida;


II – Destacar a fidelidade de Ana à Deus, entregando Samuel ao Sacerdote Eli;
III – Reconhecer que o Deus do impossível, pode mudar a situação, por pior que
pareça.

INTERAÇÃO

É de fundamental importância, a interação professor/aluno, de forma que a aula seja


bastante dinâmica, com sugestões, comentários, citações, fazendo com que o aluno
se envolva com o assunto estudado, entendo o contexto da época de Ana, os
desafios dos dias atuais, e o valor da oração.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

O professor tem a sua disposição inúmeras fontes de pesquisa, para enriquecer sua
aula, porém, a principal, e a de maior relevância, que seja a Bíblia Sagrada, e que
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todas as outras, sejam fundamentadas por ela, pois assim garantiremos um ensino
genuíno e capaz de alcançar as mentes e corações.

INTRODUÇÃO GERAL

Sentindo-me honrado e cônscio da responsabilidade, comento mais uma lição dos


jovens, dessa vez, tendo a oportunidade de falar sobre a história belíssima de Ana, a
mãe de Samuel, narrada nos capítulos 1e 2 de 1Sm. Um estudo que certamente
trará grandes lições para cada aluno da EBD.

INTRODUÇÃO

Encontramos na vida de Ana, dois grandes desafios, o primeiro, diz respeito á ser
casada com Elcana e por ser estéril, não poderia gerar filhos, o que já é difícil para
uma mulher que deseja ser mãe, e que na cultura e na época de Ana era ainda
pior, pois todos esperavam ter descendência para dar continuidade ao nome da
família, ser estéril era uma grande vergonha; O segundo desafio, era que Ana vivia
em um casamento polígamo (diferente do padrão monogâmico estabelecido por
Deus em Gn 2.24) atitude utilizada como forma de solução em relação à
esterilidade.(Abrão e Sarai Gn 16.2; Elcana e Ana 1Sm 1.1) e onde Ana era
constantemente afrontada pela outra esposa de Elcana, Penina.

Nessa lição, veremos a importância da confiança e insistência na oração, mesmo


em situações adversas, diante do Senhor, e a resposta de Deus á um coração
contrito, pois Ana, mesmo abatida com tudo que lhe acontecia, não deixou de ir
à casa do Senhor, encontrando ali, esperança e promessa em Deus.

I. Ana, sua condição de mulher estéril e sua rival

Como toda mulher de seu tempo, Ana desejava ter seu casamento e sua familia
formada, porém, ao descobrir que é estéril, sua vida se transforma em um grande
sofrimento, e já não bastando isso, vê no seu casamento surgir uma rival, que na
proporção que vai gerando filhos para seu marido, usa isso para afrontá-la e tornar
seu sofrimento maior.

Uma história de sofrimento. O texto bíblico nos revela, que não foram poucos os

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anos em que Ana passou por todo o sofrimento, quando diz que “Elcana ia sacrificar,
dava porções a Penina, a todos os seus filhos e a todas as suas filhas”.1Sm 1.4
(grifo nosso) tanto por sua condição de estéril, quanto pelas seguidas investidas de
Penina, que não se compadecia de Ana, e não conformada com tudo que ela já
passava, lhe trazia mais tristeza e vergonha, más sua disposição de adorar à Deus,
suplantava qualquer dificuldade, era uma mulher dotada de fé e confiança no
Altíssimo.

A água de fora do barco. Quando a água que cerca o barco passa a ocupar espaço
dentre dele, torna-se uma ameaça, vemos isso na relação entre Ana e Penina, o fato
de ser estéril já lhe causava sofrimento, más eram as abordagens de sua rival que
multiplicavam suas tristezas, e a fazia perder a vontade de coisas básicas da vida,
como alimentar-se. Não podemos deixar que essas “águas” subam no nosso barco,
que é a nossa vida, e tomem espaço, e nos façam submergir, assim como Ana,
precisamos resistir, lutar e principalmente estar em oração ao nosso Deus, e ele virá
em nosso socorro.

Os sofrimentos dos tempos atuais. Assim como nos tempos de Ana, vivemos em
tempos difíceis, em que a modernidade tem trazido consigo, enfermidades, no corpo,
na mente e na alma. Situações que geram filas nos consultórios, aumento no
consumo de medicamentos, distúrbios que tiram das pessoas a capacidade de
pensar racionalmente, e que em muitos casos, levam ao desespero, e ao extremo
ato de tirar a própria vida. Nesse contexto, vemos a atualidade das sagradas
escrituras: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e
buscar a minha face…perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7.14),
em meio a tantas situações, não podemos esquecer que é através da oração, que
vamos alcançar a misericórdia de Deus, assim como Ana orou “Ela, pois, com
amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente” (1Sm 1.10), note
que não foi uma oração “cronometrada”, muito comum nos dias atuais, quando orar
se tornou um “fardo” e que através de desculpas injustificadas, não se prioriza mais
buscar ao Senhor.

II. Ana roga a Deus que lhe dê um filho

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“E votou um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para


a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres,
mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua
vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.”(1Sm 1.11)

Nesse contexto, vemos um detalhe muito interessante, Ana propõe um pacto com
Deus e não o contrário, é quem sabe, o fruto de uma visão profética em relação ao
filho, pois dada a situação da liderança religiosa de Israel, que se encontrava em
profunda decadência espiritual, numa atitude altruista, a mãe já pede um filho,
oferecendo-o a Deus, para serví à ele e ao seu povo.

1. Deus ouve a oração dos seus. No contexto social e politico da época em


que Ana viveu, Segundo Wallace, não era nem um pouco favorável para que ela
tivesse esperança de que Deus iria responder a sua oração:

“ A fase em que a história de Ana se insere tem grande significado dentro da


narrativa bíblica. Até o instante em que ela tomou posição e fez votos e orações no
santuário de Siló, a história de Israel (como está escrita no livro de Juizes) tinha sido
de declínio moral e spiritual. Esse declínio prosseguira de geração em geração,
perdurando por mais de um século. Em sua época, Ana se defrontou com uma
situação para a qual historiadores e especialistas no estudo desse periodo dariam o
veredicto de “desesperança”.”

Porém, a fé em toda a Bíblia, contradiz a lógica, e dessa forma, Ana teve a sua
resposta, assim acontece nos dias atuais, mesmo quando tudo parece contrário à
aquilo que buscamos, Deus é fiel e poderoso para ouvir o nosso clamor e responder.

2. “[…] derramado a minha alma […]” (v.15). “Ela, pois, com amargura de
alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente” (1Sm 1.10), essa passagem
descreve com detalhes, a situação em que Ana se encontrava, numa atitude
particular e solitária, de uma mulher que “derramou a sua alma perante Deus.”

Enquanto orava, os lábios de Ana se moviam más não produziam som algum, não
audíveis aos ouvidos humanos, más que, como gemidos, chegaram á presença do

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Senhor, como diz o salmista “Senhor, diante de ti está todo o meu desejo, e o meu
gemido não te é oculto. (Sl 39.9).

3. “Vai em paz […]” (v.17). Nas palavras do Sacerdote, Ana percebe o “SIM”
de Deus, seu voto havia sido aceito, seu semblante já não é o mesmo, um refrigerio
invade seu ser, e seu coração agora sente paz.

III. Ana louva a Deus por sua resposta.

“[…]O choro pode durar uma noite, más a alegria vem pela manhã”(Sl 30.5) Não só
uma, mais durante muitas noites, Ana chorou, angustiada, humilhada, más no tempo
certo, Deus enviou sua resposta, o Senhor é o mesmo, não mudou.

1. A resposta de Deus. Após a palavra profética de Eli “[…] e o Deus de Israel


te conceda a petição que lhe fizeste” (1Sm 1.17) Ana está convicta que agora é uma
questão de tempo, e de atitude, para que venha a acontecer o milagre, o que
conforme a Bíblia, acontece logo após o retorno para casa, e depois de mais um
tempo, nasce Samuel, cujo nome significa:”do Senhor o pedi”. Deus tem autonomia
como Senhor de todas as coisas, de escolher como e quando vai responder, pois ele
é; onisciente, onipresente e onipotente, portanto, esperar em Deus e pelo tempo de
Deus é o melhor caminho.

2. A fidelidade de Ana. “Orarás a ele, e ele te ouvirá, e pagarás os teus


votos”.(Jó 22:27).

Após 3 anos com o pequeno Samuel, Ana demonstra sua fidelidade à Deus,
cumprindo o voto feito, entregando o menino no templo, ela não havia esquecido do
pacto, o Senhor também não, por conta da sua fidelidade, Ana é grandemente
abençoada “ Visitou, pois, o Senhor a Ana, que concebeu, e deu à luz três filhos e
duas filhas;[…]” (1Sm 2.21).

3. A canção de Ana. “Cantai ao Senhor um cântico novo, […]” (Sl 98.1). O


Cântico de Ana é um salmo de louvor à providência de Deus, similar a várias

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composições do livro de Salmos. Esse cântico celebra a reversão do dilema


humano, transformando-o em uma súbita e inesperada vitória.

CONCLUSÃO

Com a história de Ana, percebemos algumas características essenciais para o


cristão vencer nos dias difíceis em que vivemos; humildade, mansidão, respeito, fé,
perseverança, confiança, fidelidade e gratidão, assim, certamente alcançaremos a
bondade e a misericórdia do Senhor.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

- Champlin, Russell Norman, O Antigo Testamento interpretado, versículo por


versículo, Joel, volume 3, 2ª Edição, São Paulo : Hagnos, 2001.
- Wallace, Ronald S. A oração de Ana; um exemplo cativante de como Deus
responde à oração. São Paulo: Editora Vida, 2005.
- Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF), Editora Sociedade Bíblica Trinitariana do
Brasil, 2007.

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LIÇÃO 05

Neemias: A oração de um construtor

Professor Edson Ferreira Martins

OBJETIVO ESPECÍFICOS

I. MOSTRAR a tristeza de Neemias diante da miséria do seu povo;

II. DEMONSTRAR a importância do jejum e da oração;

III. ENFATIZAR os resultados da oração de Neemias.

I – INTRODUÇÃO

Neemias era o copeiro do rei da Pérsia. Quando Deus tem uma obra a realizar,
nunca lhe faltarão instrumentos para fazê-la. Neemias vivia confortavelmente e com
honras; porém, não se esquecia de que era israelita, e que os seus irmãos estavam
angustiados.1

I – A TRISTEZA DE NEEMIAS DIANTE DA MISÉRIA DO SEU POVO

1. Tempos de reconstrução.
Por causa de sua deliberada desobediência ao Senhor, o reino do norte,
composto por dez tribos, foi destruído pela Assíria que, para humilhar ainda mais os
filhos de Israel, levou-os cativos à Mesopotâmia. Isso aconteceu em 722 a.C. Em
586 a. C. foi a vez do reino do Sul. Veio Nabucodonosor contra Jerusalém, deitou
por terra o Santo Templo e derribou os muros da Cidade Santa. Em seguida, levou
os filhos de Judá cativos à Babilônia, onde permaneceriam durante setenta anos (Jr.
25.11).
Sob a proteção do Imperador Ciro, uma primeira leva de 42.360 judeus, sob a
liderança de Zorobabel, retorna a Jerusalém, para reconstruir a cidade e a Casa de
Deus (2 Cr 36.22,23; Jr 29.10). Apesar de todos os problemas encontrados, o
Templo foi reinaugurado em 516 a.C. Mas os muros continuavam destruídos.

1
HENRY, M. Comentário Bíblico de Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.p.685
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Aproximadamente no ano 430 a.C. temos a notícia chegando a Neemias, o


copeiro do rei, de que o povo de Jerusalém estava sendo humilhado, explorado
pelos inimigos. Era premente a necessidade da reconstrução do Muro para proteção
da cidade!

O que levaria Neemias a perguntar sobre um remanescente atribulado que vivia a


centenas de quilômetros? Afinal, ele era o copeiro do rei e tinha uma vida bem-
sucedida e segura. Por certo, não era culpa dele que seus antepassados houvessem
pecado contra o Senhor e trazido julgamento sobre a cidade de Jerusalém e sobre o
reino de Judá. Um século e meio antes, o profeta Jeremias transmitira a seguinte
palavra do Senhor: "Pois quem se compadeceria de ti, ó Jerusalém? Ou quem se
entristeceria por ti? Ou quem se desviaria a perguntar pelo teu bem-estar?" (Jr 15:5).
Neemias era o homem que Deus havia escolhido para fazer exatamente isso!

Algumas pessoas preferem não saber o que está acontecendo, pois essa informação
pode implicar certas responsabilidades. De acordo com o velho ditado: "Aquilo que
você não sabe não lhe pode fazer mal". Mas será que isso é verdade? Numa carta a
uma certa Sra. Foote, Mark Twain escreveu: "Tudo o que você precisa nesta vida é
de ignorância e de confiança; essas duas coisas são a garantia de sucesso". Porém,
aquilo que não sabemos pode nos prejudicar, e muito! Há pessoas no cemitério que
escolheram não saber a verdade. O slogan de uma campanha sobre Aids em 1987
diz ia: "Não morra de ignorância", palavras que se aplicam a vários aspectos da vida
além da saúde física.2

2. Sensibilidade e empatia.
Neemias sentiu a dor daqueles que estavam sofrendo em Jerusalém.
Pessoas que ele não conhecia pessoalmente, mas que precisavam de alguém que
trabalhasse em favor delas. A empatia é uma virtude que leva a pessoa a sentir o
que o outro está sentindo. Neemias demonstrou empatia ao lamentar e chorar pela
situação das pessoas que estavam sendo humilhadas em Jerusalém.
A obra de Deus precisa de pessoas empáticas. Gente capaz de sentir a dor
do outro. O envolvimento na obra de Deus depende da capacidade do crente em
perceber as necessidades que precisam ser atendidas. Muitas famílias estão em
crise. Os missionários precisam de auxílio. Os ministérios precisam de líderes. Há
muitas visitas por fazer. Almas estão perecendo sem Cristo. Em cada situação há
muita dor. Somente os cristãos empáticos dirão: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6.8).
3. Um mundo que agoniza
A televisão gasta longos minutos em notícias sobre o avanço da pandemia
em todo o mundo. Estatísticos e matemáticos se debruçam sobre as chances dos
candidatos nas eleições. Nos mercados financeiros as bolsas sobem e descem. O
mercado vira uma jogatina. O capitalismo neoliberal se assume como um cassino.

Ao mesmo tempo, milhões – literalmente centenas de milhões –, agonizam mundo


afora. A lista dos países em conflito ou no abismo da banca rota, esfrangalhados,
chega a ser longa demais. Enfada citá-los todos. Síria, Darfur, Iraque, Congo, Líbia e

2
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento Volume II - Histórico. Santo André: Geográfica,
2010.p.616
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Afeganistão encabeçam. Famílias inteiras se jogam no mar, andam léguas e léguas,


fogem da carnificina. Mas, sem terem para onde ir, escapam para morrer afogados
numa travessia suicida. Convivemos com uma catástrofe bíblica, épica. Mais uma
nódoa na novíssima, e já triste, história do século XXI.

II. NEEMIAS ORA E JEJUA EM FAVOR DO SEU POVO

1. “E chorei, e lamentei por alguns dias [...] (v.4).”


Na invocação apresentada em Neemias 1, supostamente proferida na
tranquilidade de seu aposento, porém rigorosamente registrada nos seus diários,
possuímos uma ideia da autenticidade e da piedade desse homem de Deus.
Ao longo dos três ou quatro meses que se passaram entre o surgimento das
notícias de Jerusalém e a confissão do seu sigilo ao imperador (1.1; 2.1), é simples
que em Neemias cresceu a confiança de que havia alguma coisa que ele
conseguiria realizar para contribuir na solução às suas orações pelos seus irmãos da
Judéia.
Sendo assim, vemos o significado da sua súplica especial de que Deus lhe
desse simpatia diante do rei (Neemias 1.11).
Como copeiro do imperador, a sua maior chance de auxiliar os seus irmãos
era por meio da ajuda de Artaxerxes, o dominante mais rico daquela época.

Nossas orações devem ser auxiliadas por esforços sérios ou, de outra maneira,
enganamo-nos a respeito de Deus. Não estamos limitados de tal maneira que só
tenhamos algumas audiências com o Rei dos reis; temos a liberdade de ir a Ele em
todos os momentos. Aproximarmo-nos do trono da graça é uma atitude sempre atual.
Porém, a sensação do desagrado de Deus e das aflições de seu povo são causa de
tristeza para seus filhos, e os prazeres deste mundo não os consolam.3

2. “[...] e estive jejuando e orando

Os judeus costumavam sentar-se quando pranteavam (Ed 9:1-4).


Inconscientemente, Neemias imitava a postura de tristeza profunda dos judeus
cativos que haviam sido exilados na Babilônia (Sl 137:1). Assim como Daniel,
Neemias tinha um aposento particular onde orava a Deus enquanto se voltava para
Jerusalém (Dn 6:10; 1 Rs 8:28-30). Os judeus tinham o dever de jejuar apenas uma
vez por ano, no Dia da Expiação (Lv 1 6 :2 9 ), mas Neemias passou vários dias
jejuando, chorando e orando. Sabia que alguém deveria fazer algo para salvar
Jerusalém e estava disposto a ir até lá.4

Alguns exemplos de jejum e oração no Antigo testamento:


1. O jejum de 40 dias ao pé do Monte Sinai, em preparação da Aliança
(Êxodo 34:28);

3
HENRY, M. Comentário Bíblico de Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.p.686
4
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento Volume II - Histórico. Santo André: Geográfica,
2010.p.615
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2. Ana, orou e jejuou implorando a Deus que sua madre pudesse gerar
uma criança. Deus ouviu sua oração e concedeu a ela o prazer de
tornar-se a mãe de Samuel (1º Samuel 1.7);
3. Davi chorou, orou e jejuou, por seu filho doente (2º Samuel 3.35; 12.16,
21-22).
4. Houve jejum no momento da reconstrução do Templo (Neemias 9.1);
5. Houve jejum durante o ministério do profeta Joel (Joel 1.14; 2.15);
6. E também, jejum de solidariedade no ministério do profeta Isaías
(Isaías 58.1-12
7. Ester pediu a Mordecai e aos judeus para jejuar por ela enquanto se
preparava para comparecer diante de seu marido, o rei (Ester 4.16).

3. Na presença do rei
O relato do momento em que Neemias apresenta o seu pedido para o rei
demonstra o resultado do seu período de jejum e oração.

O rei percebeu a expressão melancólica de Neemias e concluiu que esta era


causada pela tristeza de coração — e não por doença física. Temi muito em grande
maneira. Os monarcas persas acreditavam que sua presença era suficiente para
qualquer pessoa ficar feliz. Ainda assim, Neemias estava pronto para pedir que o
imperador permitisse sua ida a Jerusalém, sugerindo que preferia outro lugar a estar
na presença do rei. Além de tudo, foi o próprio Artaxerxes quem, anteriormente,
ordenou a paralisação dos trabalhos no muro (Ed 4.21-23). Neemias tinha motivos
para temer.

III. OS RESULTADOS DA ORAÇÃO DE NEEMIAS

1. A resposta ao copeiro do rei

Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás.’ Em resposta ao pedido de


Neemias (v. 5), Artaxerxes poderia ter mandado executá-lo imediatamente ou
despedido o copeiro achando engraçada tal situação. No entanto, suas perguntas
indicavam que o pedido já havia sido atendido. Apontando-lhe eu um certo tempo. O
fato de Neemias ter respondido rapidamente ao pedido com detalhes específicos
indica que ele estava planejando a viagem.

E aprouve ao rei enviar-me. O rei não só enviou Neemias a Jerusalém como fez dele
governador (Ne 5.14). Com a possibilidade de um tumulto no Egito e no Chipre, o rei
pode ter decidido que, afinal de contas, Jerusalém precisava de um muro (Ed 4.21).

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O rei animou Neemias a pedir o que desejava. Isto lhe deu confiança para falar;
muito mais pode nos animar o convite que Cristo nos tem feito para orar, e a
promessa que Ele nos tem dado de que tudo irá bem, para ir diretamente ao trono
da graça. Neemias orou ao Deus do céu, infinitamente superior a este poderoso
monarca. Elevou o seu coração ao Deus que entende a linguagem do coração.
Nunca devemos buscar nem esperar a direção, a assistência nem a direção divina,
quando empreendemos algo que não seja bom para nós. Houve uma resposta
imediata à sua oração, porque a semente de Jacó nunca buscou em vão o seu
Deus.5

2. Adversidades ao longo do caminho.

Sambalate, Tobias e Gesém, foram pessoas que se levantaram em oposição à obra


de reconstrução dos muros de Jerusalém no tempo de Neemias. Essa oposição
ocorreu durante um período em que o Império Persa dominava todo o antigo Oriente
Próximo. Nesse contexto, Sambalate, Tobias e Gesém ocupavam posições políticas
dentro desse império.

A oposição de Sambalate e Tobias contra Neemias e sua obra de reconstrução dos


muros de Jerusalém, teve um aspecto político. Porém, em suas raízes, essa
oposição era fundamentalmente religiosa.

3. “[...] o nosso Deus fizera esta obra” (Ne 6.16)

Soli Deo gloria (do Latim: Glória somente a Deus). Que essa, a exemplo da
expressão de Neemias, possa ser a nossa postura. Que em tudo o que fizermos
possamos dedicar toda a glória somente a Deus. Neemias teve todo o esforço e
dirigiu o povo na reconstrução do muro, mas a glória ele deu ao Senhor. Glórias a
Deus!

Referência Bibliográfica

HENRY, M. Comentário Bíblico de Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.


WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento
Volume II - Histórico. Santo André: Geográfica, 2010.

5
HENRY, M. Comentário Bíblico de Matthew Henry. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.p.686
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LIÇÃO 06

Jeremias: A oração e o lamento de um profeta

Prof. Francisco Maia Neto

Texto do dia: “E estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca, e disse-me o


SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.” (Jr 1.9).

SÍNTESE

Devemos buscar a vontade de Deus para nossas vidas diariamente, pois a vontade
do Senhor é boa, agradável e perfeita.

OBJETIVOS

Refletir acerca da vocação e a primeira visão de Jeremias;

Sintetizar como se deu o juízo do Senhor sobre Judá;

Mostrar que a oração de Jeremias em favor do povo foi em vão.

INTERAÇÃO

O Texto bíblico registra a saga de pessoas e suas vidas. Ações, realizações,


derrotas, vitórias, lágrimas de tristeza, ira, alegria, etc. Entraram para a História.
Paulo escreve aos romanos: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso
ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos
esperança.”.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Depois de escrito, o texto tem uma existência independente do autor. Entre a


produção do texto escrito e a sua leitura, pode passar muito tempo, as
circunstâncias da escrita (contexto de produção) podem ser absolutamente
diferentes das circunstâncias da leitura (contexto de uso), fato esse que interfere na
produção de sentido.

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INTRODUÇÃO

Jeremias passou pela terrível experiência que profeta algum havia passado. Por três
vezes consecutivas, teve suas preces rejeitadas em favor do povo pelo qual
intercedia. Já não bastasse a solidão do profeta, suas orações também não seriam
respondidas.

Fico imaginando o que Jeremias sentiu. Afinal, ele não estava pedindo somente por
ele, mas pelo povo. Ele poderia ter desistido na primeira negativa de Deus, mas
continuou insistindo. De todas as formas possíveis tentou colocar diante de Deus
tudo o que estava destruindo o povo, apelando por Suas misericórdias não por amor
do próprio povo, mas por amor do Seu nome que estava sendo profanado. Só que a
conexão de Jeremias com o SENHOR, não era a mesma dos habitantes de
Jerusalém.

As pessoas haviam se tornado completamente indiferentes aos apelos divinos e,


enquanto o profeta de Deus erguia suas súplicas, elas davam ouvidos às palavras
dos falsos profetas porque eles falavam exatamente o que elas desejavam ouvir.

I - A vocação e a primeira visão de Jeremias

A vocação de Jeremias (Jr 4-10). Deus assegurou ao profeta que ele estava
predestinado para sua tarefa, fator que foi a base da sua convicção inabalável de
que sua missão era indubitavelmente de origem divina. Apesar desta certeza
Jeremias precisou de constante apoio espiritual para poder proclamar a palavra de
Deus a uma nação teimosa e rebelde. À medida que a profecia avança ficará
evidente como Jeremias obteve suas forças da comunhão constante com Deus.
Quanto mais perto do exílio, mais sua timidez inicial é substituída por coragem e
franqueza para anunciar a palavra divina, o que mostra que ele cresceu em
sabedoria e entendimento, como pessoa.

1. Um jovem com uma vocação. O jovem Jeremias protesta, alegando timidez e


falta de experiência, mas sem resultado. Parece que seus conflitos emocionais se

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iniciam com sua vocação, e este versículo ilustra a tensão que surge entre a
relutância em aceitar a tarefa confiada a ele e a declaração divina de que ele já foi
equipado com as forças morais e espirituais necessárias. A palavra hebraica
traduzida criança pode significar também “menino” (IBB) ou “adolescente” (Êx 2: 6, 1
Sm 4: 21), e também “jovem” (Gn 14: 24, 34:19), ou “rapaz”. Obviamente é este o
sentido aqui.

2. Vejo uma vara de amendoeira. A primeira visão faz uma associação positiva.
Seu conteúdo é uma vara de amendoeira, a primeira árvore a florir na primavera. No
TM há um jogo de palavras (sãqêd, “aquele que acorda”, e sõqêd, eu velo sobre),
que ilustra a prontidão com que Deus cumpre suas promessas. Assim como os
primeiros botões da amendoeira anunciavam a primavera a palavra pronunciada
apontava para seu rápido cumprimento. Jeremias, como Amós, gostava muito da
natureza (veja 2: 10, 8: 7, 12: 8s, 14: 4-6, etc), e sabia que ela podia funcionar como
agente divino.

II - A rebelião do povo e a invasão estrangeira anunciada

Jeremias faz sua primeira afirmação profética do desastre iminente. Sua dura
advertência de que ele viria da direção norte deixa seus ouvintes imediatamente
apreensivos quanto à situação política da Assíria. As- surbanipal, o último grande rei
assírio, morreu por volta da data em que Jeremias foi vocacionado (veja introdução,
II) e, no espaço de uma década, o império que tinha aterrorizado o Oriente Próximo
estava à beira da dissolução. Para Judá, que era um estado-tampão entre o Egito e
os poderes do norte, o futuro não prometia nada de bom. Na profecia Deus afirmara
que estava reunindo as potestades do norte para usá-las em seu julgamento. Sem
contar as incursões egípcias os hebreus estavam acostumados com a idéia de que o
desastre lhes sobrevinha do norte; nesta vívida predição Jeremias estava afirmando
que cada um dos reis porá o seu trono à entrada das portas de Jerusalém e de
outras cidades fortificadas de Judá.

O Julgamento Por Meio da Seca - 14.1-15.21.


O povo judeu se encontrava de tal modo endurecido, inflexíveis, insensíveis em seu
pecado que Deus se recusou a responder até mesmo a súplica de Jeremias para
que o povo fosse livrado da seca. Deus responde à pergunta de Jeremias em 14.19
— Acaso Deus havia rejeitado Judá completamente? — dizendo que o julgamento

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vindouro era inevitável devido aos pecados de Judá, mas também garante a
Jeremias o livramento pessoal das mãos de seus inimigos.

Uma descrição da seca (14.1-6). Jeremias descreverá um período de seca.


Juntamente com outras maldições sobre a natureza, a seca era um dos castigos
ameaçados pela lei de Moisés (Lv 26.19-20; Dt 28.22-24). Catástrofes naturais
desse tipo também são associadas à guerra, como é o caso aqui.
A seca que Judá enfrentou não se tratava apenas de falta de água, ia muito, além
disso, a escassez era espiritual. Não havia quem buscasse o SENHOR. À
semelhança dos líderes judeus que dependurariam o Messias na cruz do Calvário,
aquela geração tornou-se totalmente seca e desprovida de qualquer chance de
mudança. “[Voltavam] com seus cântaros vazios e, decepcionados e confusos,
[cobriam] a cabeça” (v.4).
Choravam se curvavam e clamavam, mas não ao Deus do Céu. Não para um lavar
regenerador da Água da vida. Não estavam dispostos a se entregar a Deus em
detrimento do próprio “eu”. Era mais agradável ouvir as “doces” palavras dos falsos
profetas do que as “amargas” palavras de Jeremias.

A situação de Judá - Jerusalém. A descrição de Judá é terrível e ela está chorando


em busca de água, mas não a encontra de forma suficiente. Israel dependia da água
das chuvas que eram concedidas ou retidas pelo Senhor (Dt 11.10-15; 28.12). A falta
de água afetava toda a vida na região e até os animais, criações sofriam por causa
das consequências da escassez da água. Sem água, não havia o pasto e sem o
pasto, o gado morria.
Será que estamos diferentes daquela seca espiritual? Não é muito mais fácil dar
ouvidos àqueles que pregam palavras bonitas do que àqueles que pregam tão-
somente o ASSIM DIZ O SENHOR?
Não é confortável permanecer no lugar onde o nosso ego é amaciado e onde não
somos desafiados a passar por um doloroso processo de mudança?
Todos querem a Cristo como Salvador, mas quase todos O rejeitam como SENHOR.
É fácil ser um cristão de aparência. É muito fácil fingir ser o que não é. Difícil é ser o
que Deus pede que sejamos: “Sede santos, porque Eu sou santo” (1ªPe 1.16).

As Orações de Jeremias e as Respostas de Deus - 14.7-15.21.


Do vs. 7 até 15.21 veremos as orações e as respostas de Deus a Jeremias. Temos
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uma alternância entre as orações de Jeremias e as respostas de Deus.


- O profeta ora em favor do povo na esperança de encontrar perdão (14.7-9), mas
Deus responde com palavras de condenação (14.10-12).
- Jeremias ora novamente (14.13) e Deus responde com uma condenação dos
falsos profetas (14.14-18).
- O profeta ora pela terceira vez (14.19-22) e Deus lhe diz que a sua oração não
adiantará de nada (15.1-9).
- Jeremias ora novamente (15.10) e Deus responde com palavras para o próprio
Jeremias e para Judá (15.11-14).
- O profeta ora pela última vez (15.15-18) e Deus lhe responde com encorajamento e
uma advertência (15.19-21).

A primeira oração e a resposta negativa de Deus. A oração de Jeremias é


espetacular, pois logo reconhece que o que nos separa de Deus são nossas
iniquidades. No entanto, apesar disso, ele invoca a Deus na certeza de que Ele o
responderá. Opera, Senhor, opera por meio de nós e apesar de nós, seria a suma
de sua súplica.
Apesar de nós, age o Senhor com sua graça e misericórdia, pois o que haveria de
encontrar em nós se não os nossos pecados, nossas iniquidades? Ele invoca a
Deus e o lembra de seu nome e não de suas necessidades ou de suas ações. Se
Deus resolvesse agir, Ele o faria, por causa de seu nome que estava com eles, mas
não por causa de qualquer coisa que teriam feito.
Jeremias invoca a Deus, O Senhor, como a esperança de Israel e de fato, Ele, O
Senhor É mesmo essa esperança, mas o termo pode significa “reservatório de
água”, uma sugestão impressionante numa época de seca. O Senhor É a esperança
mesmo de Israel e ao mesmo tempo é a reserva de água que o povo necessitava.
Ele também era O Redentor, ou “Libertador”, um termo com conotações militares
que nos tempos de angústia seria aquele que os resgataria ou libertaria de seus
inimigos.

Jeremias esperava que Deus assim fosse para com eles e não como o estrangeiro
na terra ou como o viajante que logo estaria indo embora e ali estivesse apenas de
passagem. Não, O Senhor era aquele que habitava com eles e nele esperavam. Ele
lembra ao Senhor que eles eram chamados pelo seu nome. Isso explica a força da
motivação apresentada no v.7. A honra do Senhor estava em jogo no destino do seu
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povo. Ou Ele agiria em defesa dela, ou ela seria afetada. Por isso, ele também dizia
para o Senhor não ser como um homem surpreendido, como um valoroso que não
poderia salvar, mas antes como o Senhor dos Exércitos, O poderoso, forte e capaz
de livrá-los.
Dos versos de 10 a 12, Deus responde à oração de Jeremias, mas rejeitando o seu
pedido.
No verso 10, o Senhor é quem diz e o diz acerca desse povo. É bastante
significativo que Deus não tivesse dito “meu povo”. Se o povo tinha gostado de
andar errante pelo caminho, por que Ele, O Senhor os livraria agora? Por que não
detiveram os seus pés quando podiam, antes sem qualquer freio se entregaram à
iniquidade? Deus não poderia aceitá-los, pois não havia ali arrependimento algum,
antes somente queriam se livrar da seca e nada mais de compromissos com aquele
que poderia livrá-los.
Além de não responder favoravelmente a Jeremias, Ele ainda lhe diz para não rogar
por eles! Isso porque o Senhor estava ainda querendo abençoá-los, por isso que
falou aquilo a Jeremias para o bem deles - vs.11. Veja que aqui, a proibição vem
depois da intercessão feita nos vs.7-9. De nada adiantaria eles jejuarem ou
oferecerem sacrifícios, holocaustos e ofertas de manjares. Deus criticava os seus
rituais vazios (cf. Is 1.11-17; Mq 6.6-8). Além de não se agradar deles em suas
tentativas de mudar as consequências, Ele diz que haveria de consumi-los pela
espada, pela fome e pela peste. Essa expressão de que iria devorá-los “pela
espada, pela fome e pela peste” era a primeira das muitas ocasiões em que essa
combinação é falada em Jeremias (p. ex., 15.2). Ela é usada para resumir os
horrores que o julgamento de Deus pode provocar (Dt 32.24-25).

Novamente a oração de Jeremias é rejeitada. Jeremias intercede mais uma vez


pelo povo, afirmando que eles haviam sido iludidos, pelos falsos profetas, aqueles
que profetizavam falsamente a paz e a segurança de Judá (v.13; 6.1-4; 8.11).
Deus responde dos vs. 14 a 18 - à oração feita por Jeremias no v.13, afirmando que
os profetas eram falsos e deveriam ter sido reconhecidos como tal devido à sua
idolatria (Dt 13.1-5; 18.20). Era como entender que os falsos profetas profetizaram
falsamente por que o povo queria uma profecia falsa para eles e não buscavam ao
Senhor em sinceridade de coração e desejo de verdade e justiça. O povo tinha
exatamente o que desejava, os seus falsos profetas. Deus condena os falsos
profetas e fala com eles com rigor, mas não poupa os que ouviam as falsas profecias
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que ele não tinha ordenado nem falado. Com Deus não se brinca de forma alguma.
Se não levamos Ele a sério, ele não nos tem por inocente ou entende que foi uma
simples brincadeirinha.

A terceira intercessão de Jeremias. Dos versos 19 a 22, Jeremias ora


confessando os pecados de Judá e pedindo que Deus opere por amor à sua própria
glória. A resposta, porém, somente será dada no próximo capítulo. O entendimento
que havia em Jeremias da soberania de Deus é algo muito especial que se percebe
na sua forma particular de orar, de confessar os seus pecados, de rogar a Deus por
sua glória, por seu nome. De fato haveria uma cura final a qual seria moral e física a
se revelar somente em Cristo Jesus. No entanto, eles estavam esperando por uma
falsa paz, uma expectativa equivocada decorrente dos ensinamentos dos falsos
profetas (v.13).
Jeremias novamente confessa os seus pecados e os de seu povo e intercede por
eles. Ele os declara em sua confissão como se fosse ele também responsável. E faz
os seguintes pedidos a Deus - v. 21:
-·Ele Jeremias pede a Deus para não desprezá-los.
-·Ele apela para que Deus tenha amor do seu nome.
-·Ele faz referencia ao templo quando diz ao Senhor para não trazer opróbrio à sua
glória (2ºRs 19.15).
-·Ele lembra a aliança de Deus com Abraão, Isaque e Jacó (Gn 15.12-21; 26.3-5;
28.13-15; Lv 26.42-45).
Jeremias procura alcançar Deus pela adoração e exaltação dele acima de todos os
outros deuses. Haveria algum dos falsos deuses que fosse como o Senhor?
Controlariam os tempos, as estações, a natureza ou os homens de alguma forma?
A esperança deles não poderia estar em outro lugar, exceto em Deus e unicamente
nEle, portanto somente nEle haveria esperanças uma vez que Ele era o autor, o
sustentador e o mantenedor de todas as coisas.

Aplicação Para Nós Hoje

A jornada é difícil, mas é simples. É tão simples que muitos têm confundido o papel
da graça. Ora, o que é de graça é gratuito. Você e eu não precisamos fazer nada
para obtê-la. Ela nos é dada como um presente. Um presente que já foi pago por
Cristo na cruz. Basta aceitá-la! Mas, quando a aceitamos, consequentemente,

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vivemos por ela. E é esse viver que devemos buscar seguindo o nosso único
Exemplo: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo
sofreu em vosso lugar, deixando-vos EXEMPLO PARA SEGUIRDES OS SEUS
PASSOS” 1ªPe 2.21.
Muito em breve cessarão as intercessões. Como aquela geração de Judá, estamos
diante de uma geração que prefere ouvir mentiras a aceitar a verdade. E a situação
é tão agravante, que esta realidade tem sido vista inclusive no meio daqueles que se
chamam pelo nome de Deus. Como Cristo mesmo nos advertiu, muitos falsos
profetas têm se levantado para confundir e enganar, “se possível, os próprios
eleitos” (Mt 24.24). E o que nós temos feito?
Na verdade, creio que não foram as orações de Jeremias que foram rejeitadas, mas
o coração endurecido de um povo que não mais conhecia o seu Deus. Não permita
que isto aconteça com você!
Há uma batalha muito grande acontecendo e é a sua vida que está em jogo.
Permita, HOJE, que a Água da Vida opere um lavar regenerador em seu coração.
Não rejeite o chamado da salvação! Bom dia, encharcados pela Água da Vida!

Referência Bibliográfica

- Harrison, R K. Jeremias e Lamentações introdução e comentário. 2ª Edição. São


Paulo, SP, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1981.

- Champlin, Russell Norman, O Antigo Testamento interpretado, versículo por


versículo, Joel, volume 5, 2ª Edição, São Paulo : Hagnos, 2001.

- Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento HARRIS, Laird R.


Edições Vida Nova. 1998.

- Dicionário Bíblico Wycliffe, PFEIFFER, Charles F. Rio de Janeiro, CPAD, 2007.

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LIÇÃO 07

Daniel: Um Estadista que Orava

Professora Mirles Lino Alves

OBJETIVOS

I – COMPREENDER a relevância da educação de Daniel, de Hananias, de Misael e


de Azarias no Reino de Babilônia;
II – ENFATIZAR a importância de se ter uma vida de oração, de comunhão com
Deus, diariamente;
III – EVIDENCIAR que a oração, na vida de Daniel, teve um lugar de destaque, pois,
por meio da oração, Daniel desenvolveu intimidade com Deus, recebendo
revelações profundas do Pai Celestial, sendo vitorioso, em todas as dificuldades que
enfrentou, no Reino de Babilônia.

INTRODUÇÃO

No referido trimestre, a revista da Escola Bíblica tem tratado sobre um tema de


bastante relevância e de grande imprescindibilidade, que é oração. Infelizmente, em
tempos hodiernos, muitos cristãos deixam a oração em segundo plano, tomando,
muitas vezes, decisões impensadas e precipitadas, que, em muitos casos, geram
consequências terríveis e drásticas. Para tanto, na lição de hoje, estudaremos sobre
Daniel, que foi um profeta e um estadista, um homem de fé firme, inabalável e
constante, pois, mesmo em terra longínqua e estrangeira, Daniel decidiu permanecer
firme em Deus, tendo plena convicção do propósito do Pai Celestial.

Nota-se que, ao olharmos para a vida de Daniel, vemos um homem ocupado,


atarefado e de grande eminência para o Reino de Babilônia, mas que não deixava
de orar. Logo, por mais que Daniel tivesse muitos compromissos e deveres para
cumprir, a oração não era desprezada, pois a oração era algo intrínseco à vida de
Daniel, ou seja, fazia parte do cotidiano dele, fazia parte de seu ser, de seu respirar,
de seu existir.

Portanto, creio que, por meio de tal lição bíblica, o Senhor Deus falará às nossas
mentes e corações, fazendo-nos desejar ter mais comunhão com Ele. Assim, rogo a
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Deus que desperte, cada vez mais, a Sua igreja, o seu povo para viver uma vida de
oração, de santidade, de fé, de ousadia, de convicção, pois, apesar de sermos
pessoas comuns, temos um Deus extraordinário, que governa a História e que se
revela, maravilhosamente, para aqueles que o amam, que o obedecem, que o
buscam.

I – A EDUCAÇÃO DE DANIEL E DE SEUS AMIGOS NA CORTE BABILÔNICA


(DN 1)

1. “E o Senhor entregou […]” (Dn 1:2): Ao estudarmos sobre o profeta Jeremias,


vemos que o povo de Deus se afastou bastante dos propósitos designados por Ele.
Lamentavelmente, o povo de Israel passou a trilhar o caminho da idolatria, da
prostituição, da corrupção, da maldade, da iniquidade. Assim, a nação israelita
passou a viver em grande desobediência, desagradando a Deus.

Como consequência disso, no ano terceiro do reinado de Jeoaquim (Dn 1:1, 2), o rei
Nabucodonosor sitiou Jerusalém, marchando sobre tal cidade, que, antes, era
bastante temida, admirada e respeitada. Assim, iniciava-se o exílio do Reino de
Judá, juntando-se aos exilados do Reino do Norte, que haviam sido levados cativos
há muitos anos. Para tanto, é imprescindível salientar que Daniel, que era do Reino
de Judá, foi contemporâneo do profeta Jeremias e do profeta Ezequiel (A Bíblia da
Mulher: Leitura, Devocional, Estudo).

Assim, em Daniel 1:3-6, tem-se que: “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus
eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos
príncipes, jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e
instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento,
e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem
as letras e a língua dos caldeus. E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias
do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para
que, no fim destes, pudessem estar diante do rei. E, entre eles, achavam-se, dos
filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.”. Conforme o supracitado texto,
depreende-se que os jovens de origem nobre deveriam ser levados para a Babilônia,
a fim de contribuírem para o crescimento daquele imponente reino. Destaca-se que
o mais interessante é que diversos jovens de Judá foram levados para o exílio, mas

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o texto enfatiza o nome de apenas quatro rapazes, pois estes decidiram fazer a
diferença em meio ao paganismo.

2. Em mundo de ilusões e tentações: É relevante evidenciar que os jovens nobres,


que foram levados ao cativeiro babilônico, não foram escravizados, não foram
oprimidos, não foram forçados a trabalhar, mas receberam todo o conforto do
palácio, com o direito de usufruir das benesses do reino, tendo posição privilegiada
na corte do rei. Assim, de forma aparente, isso parecia ser extraordinário, belo,
triunfante, equânime, pois a corte babilônica estava dando tratamento nobre para os
nobres. Porém, por trás disso tudo, havia um sutil perigo. Que perigo seria esse,
então? Seria o fato de entregar-se aos prazeres pagãos, o fato de imiscuir-se na
idolatria, de mergulhar, totalmente, em terríveis tentações, pois tudo que foi ofertado,
para aqueles jovens nobres, na Babilônia, era atraente, e é assim que o pecado se
apresenta: belo, “vantajoso” e muito atraente.

Segundo o escritor puritano John Bunyan (autor de “O Peregrino”), do século XVII,


em seu livro “A Guerra Santa”, especificamente, na página 193, o diabo tem três
formas letais de destruir a vida de um cristão, a saber: primeiro, por meio da vaidade
e da libertinagem; segundo, por meio da dúvida e do desespero; terceiro, por meio
do orgulho e da soberba. Sem dúvidas, muitos cristãos acabam se deixando levar
pelos prazeres carnais, pelo ateísmo, pelo ceticismo e pela soberba da vida,
apostatando da própria fé e da convicção em Deus. Entretanto, mesmo diante de
severas tentações, Daniel, Hananias, Misael e Azarias permaneceram firmes e
constantes na fé, pois eles sabiam a quem pertenciam.

Logo, não se pode pensar que “Deus quer apenas o coração”, que “Deus não se
importa com o que você faz de errado”, que “Deus é só amor, que não é ira”. Na
realidade, Deus quer o ser humano por inteiro, ou seja, a mente, o coração, o corpo;
Deus, realmente, importa-se com a conduta, pois, como está escrito em Tito 2:7-8, o
cristão deve ser exemplo de boas obras, deve estar firmado na verdadeira e sã
doutrina, falando o que convém, o que edifica, a fim de que o adversário seja
envergonhado.

3. Uma identidade firmada na rocha: Ao chegar no Reino de Babilônia, destaca-se


que diversas medidas foram tomadas, como a realização da mudança de nomes.
Para tanto, vale citar Daniel 1:7, a saber: “E o chefe dos eunucos lhes pôs outros
nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a

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Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abede-Nego.” Logo, vê-se, nitidamente, que


a referida mudança de nomes consistia em uma tentativa de apagar, de certa forma,
as origens daqueles jovens, a fim de tentar familiarizá-los com a cultura babilônica.

Porém, conforme está escrito em Daniel 1:8-21, Daniel e seus amigos decidiram,
firmemente, não se contaminar com as finas iguarias do rei, pois aqueles alimentos
eram todos consagrados a deuses pagãos. Assim, se eles comessem tais iguarias,
eles estariam compactuando com a idolatria daquela terra estranha. Por isso,
aqueles jovens preferiram comer apenas legumes e beber água, e Deus lhes
concedeu vigor e formosura física, dando-lhes dez vezes mais inteligência e
sabedoria, diante dos magos e encantadores de todo o reino babilônico.

Ademais, ressalta-se que o fato de os quatro jovens não se contaminarem com as


iguarias oferecidas, pelo Reino de Babilônia, comendo, somente, legumes não era
vegetarianismo, mas era apenas uma forma de evitar a comida do rei, que era
oferecida aos deuses pagãos (Bíblia Shedd: Antigo e Novo Testamentos).

Além disso, Daniel e seus amigos sabiam a quem pertenciam, sabiam de suas
origens, pois conheciam o propósito genuíno de Deus para as suas vidas, estando
firmados na Rocha da Salvação, vislumbrando a glória futura, vencendo as
tentações, prosseguindo para a Cidade Celestial, pois visavam algo maior: o
galardão.

II – A ORAÇÃO EM TEMPOS DIFÍCEIS

1. Caos, tormentas: Na atualidade, muitos cristãos só buscam a Deus quando tudo


vai bem; e muitos cristãos, principalmente, só buscam a Deus em momentos de dor,
de tribulação, de caos, de dificuldade. Porém, o verdadeiro e autêntico cristão não
deve buscar a Deus somente na bonança ou apenas na tribulação, mas, sim, em
todos momentos, ou seja, se tudo estiver bem ou se tudo estiver mal, pois Deus é
digno de louvor e adoração, e todas as coisas estão sujeitas a Ele.

Para tanto, deve-se evidenciar que a comunhão com Deus é algo que deve ser
cultivado diariamente, pois o cristão que ora é vitorioso sobre o pecado, sobre a dor,
sobre as tentações. Aqueles que oram vencem as dificuldades da vida, superam, em
Cristo, as provações. Logo, o cristão que não ora está sujeito a cair, facilmente, em
tentação; está vulnerável a agir impulsivamente, não discernindo o que vem de
Deus, e o que não vem de Deus.

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Ademais, o Apóstolo Paulo nos orienta, em Efésios 6:18, que devemos perseverar
em oração, a saber: “Orai no Espírito em todas as circunstâncias, com toda petição e
humilde insistência. Tendo isso em mente, vigiai com toda a perseverança na oração
por todos os santos.”. Assim, é necessário orar e vigiar, a fim de que possamos
permanecer firmes no propósito de Deus para as nossas vidas.

Vale ressaltar que Daniel foi vítima de um decreto que impunha que todo homem
que, por espaço de trinta dias, fizesse petição a qualquer deus ou a qualquer
homem, que não fosse o rei Dario, fosse lançado na cova dos leões (Dn 6:7). Assim,
todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores
concordaram com tal decreto, e fizeram o rei assinar a escritura e o interdito.
Evidencia-se que tal decreto não podia ser revogado. É de extrema importância dizer
que os presidentes e os sátrapas fizeram isso para acusar Daniel, pois tinham inveja
da sabedoria do homem de Deus, não encontrado mal nenhum em Daniel (Daniel
6:3, 4).

Mesmo diante disso, Daniel não deixou de orar, pois sabia que Deus era seu fiel
amigo, crendo que Deus jamais o desampararia. Assim, Daniel foi pego, por seus
acusadores, orando; e foi levado para ser lançado na cova dos leões. Quando
Daniel estava naquele lugar, rodeado por feras, Deus o livrou, pois Daniel confiava
em Deus, e o rei Dario ficou maravilhado com a fé do homem de Deus (Dn 6:22-28).
Então, aquele malicioso decreto, que tinha a finalidade de prejudicar Daniel, voltou-
se contra aqueles que o planejaram. Basta ler Daniel 6:24, a saber: “E ordenou o rei,
e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na
cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao
fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os
ossos.”. Diante disso, vê-se como é triste o fim daqueles que tentam destruir os
filhos de Deus; muitíssimo pior é o castigo final dos falsos acusadores dos filhos de
Deus (Bíblia Shedd: Antigo e Novo Testamentos).

Segundo a escritora cristã Elisabeth Elliot, a aflição nos aproxima de Deus, fazendo-
nos mais fortes, pois o sofrimento tem um propósito de Deus. Em seu livro “O
Sofrimento Nunca É Em Vão”, especificamente, na página 61, a missionária e
escritora Elisabeth Elliot afirma que não estamos à deriva, no caos, mas que
estamos seguros nos braços eternos. Portanto, podemos dizer: “Sim, Senhor, eu o
recebo.”. De acordo com Elisabeth, a faculdade pela qual Deus é compreendido é a
faculdade da fé. E a fé me capacita a dizer: “Sim, Senhor. Eu não entendo o que Tu
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estás fazendo. […] Mas, Deus, Tu estás no comando.”. Eu conheço Aquele que está
no comando do universo. Onde Ele tem o mundo inteiro? Em Suas mãos, e, nelas,
eu estou. Assim, que possamos ter a convicção de que Deus é Aquele que nos
fortalece nos momentos bons e ruins da vida.

2. Vidas que oram em todo o tempo: É maravilhoso saber que Daniel não desistiu
de sua fé, quando enfrentou tenebrosas dificuldades, mas buscou, ainda mais,
aproximar-se de Deus, orando incessantemente. Logo, precisamos ter firmeza
quando estivermos atribulados, quando formos perseguidos, quando formos
injuriados, pois Jesus afirma, em Mateus 5:1-12, que bem-aventurados são aqueles
que sofrem por amor a Cristo, por amor a Sua infalível Palavra da Verdade.

No livro “Mulheres Fiéis e Seu Deus Maravilhoso”, da escritora cristã Noël Piper,
esposa do pastor e escritor John Piper, há no capítulo quatro da referida obra, um
belo testemunho de uma missionária, que se chamava Ahn Ei Sook, uma cristã
norte-coreana, que, assim como Daniel, decidiu não se contaminar com a idolatria
imposta, no caso, pelo Japão, quando este dominava a Coreia. Ahn Ei Sook ou
Esther Ahn Kim foi presa por não se prostrar diante dos relicários de Xinto (imagem
da deusa do sol mais a imagem do imperador japonês). Na prisão, Ahn Ei Sook
pregou para os soldados japoneses e para os seus companheiros de cela, e muitos
deles se converteram ao Cristianismo.

No cárcere, Ahn Ei Sook orava para que Deus ajudasse os cristãos perseguidos e
para que a Palavra de Deus penetrasse nas mentes e nos corações daqueles que
estavam cegos pelo pecado e pela idolatria. Assim, depois de quase seis anos de
aprisionamento, Ahn Ei Sook foi solta, e, no dia de sua libertação da prisão, ela e
outros quatorze irmãos saíram da prisão. No referido dia, o carcereiro gritou para a
multidão que os esperavam do lado de fora: “[…] Estes venceram, sem curvar suas
frontes ao ídolo do Japão. Hoje, eles são campeões da fé!”.

A multidão que esperava os irmãos, que saíam do cárcere, começou a cantar o


seguinte hino (que, na Harpa Cristã, é o hino de número 42): “Saudai o nome de
Jesus! Arcanjos vos prostrai! Arcanjos vos prostrai! O Filho do glorioso Deus, com
glória, glória, glória, glória, com glória, coroai!”. Sem dúvidas, testemunhos de fé e
de fidelidade fortalecem a nossa vida e a nossa comunhão com Deus, pois é
gratificante servi-lo, honrá-lo.

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3. A disciplina da oração: Não se pode esquecer, também, que a nossa vida e o


nosso tempo pertencem a Deus, e Ele nos deu 24 (vinte e quatro) horas para fazer
tudo que é necessário, e a oração é algo imprescindível em nossas vidas.
Infelizmente, muitas pessoas, que se dizem cristãs, utilizam desculpas bobas para
justificar o fato de orar pouco ou de não orar, como “não oro, não leio a Bíblia porque
não tenho tempo” ou “não faço a obra de Deus porque não tenho tempo”. Se o
cristão for esperar por tempo e por condições favoráveis, nunca haverá, pois a vida é
uma batalha constante, e a rotina tende a se tornar, cada vez mais, cheia de
afazeres. Portanto, devemos buscar viver uma vida de oração, mesmo que
estejamos cansados da correria diária, não podemos nem devemos deixar de orar.

Assim, basta observar a vida de Daniel, que era um homem, extremamente,


ocupado, pois era encarregado de muitos assuntos do reino babilônico, afinal, ele
era um estadista, e, mesmo assim, não deixava de orar, pois, na vida de Daniel, a
oração era prioridade. Logo, a oração não deve ser vista como perda de tempo, mas
como essencial para a vida de um servo de Deus, pois o cristão não sobrevive sem
oração.

III – A ORAÇÃO DE DANIEL E AS REVELAÇÕES DO SENHOR

1. Um homem de oração: Mais uma vez, ressalta-se que o profeta Daniel era um
homem fiel a Deus, pois orava três vezes ao dia (Dn 6:10), isto é, a oração fazia
parte da vida dele. Na atualidade, muitos cristãos passam muito tempo em redes
sociais, em bate-papos na internet, em visualização de vídeos que não edificam.
Lamentavelmente, esse tempo gasto, em excesso, acaba sacrificando o tempo de
oração, de leitura da Bíblia, de bons livros de Teologia. Como cristãos, precisamos
administrar, com sabedoria, o tempo que Deus nos deu, pois a Palavra de Deus diz
que há tempo para todas as coisas debaixo do céu (Eclesiastes 3:1).

Para tanto, apesar da juventude, é preciso aprender a viver uma vida de oração,
pois esta tem muito poder e eficácia, e, conforme está escrito em Tiago 5:16, a
oração do justo pode muito em seus efeitos. Logo, devemos orar constantemente.
Devemos orar para que Deus nos oriente em nossas decisões, em nossa vida diária,
pois o Cristianismo deve perpassar por todas as áreas da vida de um cristão. Afinal,
não se pode separar a vida espiritual da vida secular, pois estão, intrinsecamente,
ligadas.

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2. O estadista que orava: Algo, realmente, belo é ver que Deus fez Daniel chegar a
posições de alto escalão na Corte da Babilônia. Basta ler o que está escrito em
Daniel 2:47-49, a saber: “Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso
Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois pudeste
revelar este mistério. Então, o rei engrandeceu a Daniel, e deu-lhe muitas e grandes
dádivas, e o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também o
fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia. E pediu Daniel, ao
rei, e constituiu ele, sobre os negócios da província de Babilônia, a Sadraque,
Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na corte do rei.”. Isso ocorreu em
virtude de Daniel ter interpretado o sonho do rei Nabucodonosor, que muito se
admirou com o Deus de Daniel.

Depois, no reinado de Belsazar, Daniel foi nomeado o terceiro no comando do


império, de acordo com Daniel 5:29; e foi nomeado, também, um dos príncipes no
comando do reinado de Dario, estando abaixo apenas do imperador (Dn 6:1-3). Isso
ocorreu porque Daniel decidiu permanecer fiel a Deus, afinal, não era fácil servir a
Deus, no Império Babilônico, mas Daniel não negociou seus princípios, pois seu
coração amava o Senhor. Naquele lugar de paganismo e de prostituição, o Senhor
Deus foi glorificado por meio da vida de Daniel, um grande profeta e um notório
estadista.

Como cristãos, devemos tomar a vida de Daniel como exemplo, pois ele depositou a
sua confiança no Senhor, entendendo que obedecer a Deus é um princípio divino, e
não uma obrigação. Ademais, Daniel entendeu que a oração não é, meramente,
uma obrigação ou um cumprimento de tabela, mas uma forma maravilhosa e
graciosa de se ter intimidade com o Altíssimo. Afinal, é como disse o apologista
(defensor da fé cristã) C. S. Lewis, em seu livro “Cartas a Malcolm: sobretudo a
respeito da oração”, especificamente, na página 161, a oração não deve ser uma
mera obrigação, mas um verdadeiro deleite.

3. As orações que Deus ouve: Quando lemos o livro de Daniel, vemos que Deus
ouvia e respondia as orações que Daniel fazia, pois ele orava com sinceridade, com
devoção, com fé, com quebrantamento. Assim, Deus ouve as orações que são feitas
pelos humildes, pelos generosos; Deus ouve as orações que o adoram, que o
louvam, verdadeiramente; Deus ouve as orações que são feitas com fé e paciência;
Deus ouve as orações daqueles que o amam; Deus ouve as orações sinceras.

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Logo, como cristãos, é preciso buscarmos, diariamente, viver uma vida de santidade,
por meio de um Cristianismo autêntico, genuíno. Como cristãos, é necessário que
vivamos um Cristianismo que mude a nossa vida, que mude as pessoas que vivem e
que convivem conosco, que mude a sociedade, em que estamos inseridos. Não
devemos, simplesmente, viver uma vida cristã rasa, superficial e sem profundidade,
mas uma vida de convicção em Deus, de fé real e de certeza da salvação.

Como servos de Deus, não podemos servir a dois senhores (Mateus 6:24), mas
apenas a um Senhor, que é o Deus Vivo. Portanto, por mais difícil que seja a
jornada rumo à Cidade Celestial, necessitamos, todos os dias, fazer como Daniel,
que decidiu não se contaminar com as finas iguarias do rei. Se fizermos como
Daniel, seremos vitoriosos em Deus, que nos ama e que nos dirige em todas as
searas de nossa vida.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a vida de Daniel, desde a mais tenra idade, foi dedicada ao Senhor
Deus de Israel, pois Daniel sabia que pertencia a Ele, que sua vida era Dele e que a
fidelidade a Deus o conduziria a uma vida de plenitude na presença de Deus. Assim,
o jovem Daniel (chamado de Beltessazar) e seus amigos Hananias, Misael e Azarias
(chamados de Sadraque, de Mesaque e de Abede-Nego, na respectiva ordem)
foram firmes diante das tentações, pois sabiam que tudo aquilo, no Reino de
Babilônia, seria passageiro. Sem dúvidas, estes quatro jovens já vislumbravam obter
a glória futura do galardão celestial.
Ademais, não se pode esquecer que Daniel foi um profeta escatológico, pois Deus
revelou a Daniel a respeito de eventos futuros, isto é, sobre acontecimentos
relacionados ao fim dos tempos, de forma profunda e gloriosa.
Para tanto, desde a infância, desde a adolescência, desde a juventude, é de
extrema relevância ensinar que a oração é primordial na vida daqueles que servem
ao Pai Celestial, pois, de acordo com as Escrituras Sagradas, os homens e as
mulheres, que oravam, tinham vitória em Deus, não sendo desamparados nem
abandonados. Com isso, aprendemos, em consonância com a Palavra de Deus, que
a oração nos sustenta nos momentos bons e difíceis, tornando-nos mais fortes,
fazendo-nos vencedores, por meio de Cristo, sobre o pecado e sobre as lutas.

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Afinal, é como está escrito em 2 Coríntios 10:3-4, a saber: “Porque, andando na


carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são
carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas, anulando nós
sofismas.”. Então, as nossas armas são a oração e a leitura da Palavra de Deus,
pois não lutamos com armas carnais, mas com armas celestiais. Sem dúvidas,
Daniel lutou com as armas celestiais, sendo vitorioso, em todos os momentos de sua
vida, porque sempre orava.

Referência Bibliográfica

A Bíblia da Mulher: Leitura, Devocional, Estudo.


Bíblia Shedd: Antigo e Novo Testamentos.
BUNYAN, John. A Guerra Santa. [tradução: Deborah Stafussi]. Barueri, SP: Ágape,
2017.
ELLIOT, Elisabeth. O Sofrimento Nunca É Em Vão. [tradução: Vinicius Silva
Pimentel]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2020.
LEWIS, C. S.. Cartas a Malcolm: sobretudo a respeito da oração. [tradução:
Francisco Nunes]. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2019.
PIPER, Noël. Mulheres Fiéis e Seu Deus Maravilhoso. [tradução: Laura Makal
Lopes]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2016.

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LIÇÃO 08

Habacuque: a intercessão de um homem cheio de esperança

Prof. Saulo

Texto: “Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio
dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da
misericórdia.”. (Habacuque 3:2).

SÍNTESE

A intercessão é a prática preciosa aos filhos de Deus. Aprenderemos com


Habacuque o valor do ato de interceder pelos justos e como ele descobriu o valor da
fé e o segredo da esperança.

OBJETIVOS

Comparar a iniquidade em Judá e na contemporaneidade;

Contemplar o cuidado de Deus para com os justos;

Conhecer o que é intercessão.

INTERAÇÃO

A técnica de perguntas é uma das mais eficazes no processo educacional. Esse


método serve tanto para desenvolver o assunto abordado como para interagir com o
aluno. As perguntas podem ser abertas ou fechadas. São abertas quando as
respostas podem ser exploradas. São fechadas quando se espera uma resposta
categórica como sim ou não.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Conforme (Walsh & Sattes, 2011), um dos objetivos do questionamento de qualidade


é envolver os alunos para que todos e não apenas alguns, pensem, respondam às
questões e avaliem as respostas dadas. Atingir este objetivo requer uma verdadeira
mudança nas perspectivas dos professores e alunos relativamente a esta estratégia.
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Essa mudança implica que os professores abandonem um posicionamento de


controlo exclusivo da aprendizagem dos alunos para uma abordagem de parceria e
que reconheçam a cada aluno a responsabilidade de gerir a sua própria
aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O livro de Habacuque dá um relato de uma jornada espiritual, contando sobre a


trajetória de um homem da dúvida à adoração. A diferença entre o início do livro e o
final do livro é impressionante.

I - A INIQUIDADE DE JUDÁ

1. Caos e sofrimento
Habacuque viveu durante um dos períodos mais críticos de Judá. Seu país havia
caído do auge das reformas de Josias para as profundezas do tratamento violento
de seus cidadãos, medidas opressoras contra o necessitado e a ruína do sistema
legal. O mundo localizado ao redor de Judá estava em guerra, com a Babilônia
levantando-se em ascensão sobre a Assíria e o Egito. A ameaça da invasão do
Norte foi adicionada à desordem interna de Judá. Habacuque, provavelmente, tenha
escrito durante o intervalo entre a queda de Nínive, em 612 a.C., e a queda de
Jerusalém, em 586 a.C.
2. Vivendo em tempos de iniquidades
Nos primeiros quatro versículos, Habacuque é oprimido por circunstâncias existentes
ao redor dele. Ele não consegue pensar em nada além da iniquidade e da violência
que ele vê entre seu povo. Embora Habacuque se dirija a Deus, ele crê que Deus se
retirou do cenário da terra: as palavras de Deus foram esquecidas; suas mãos não
se manifestam; Deus não pode ser encontrado em lugar nenhum. Os homens vis
estão na direção. Eles agem como esperado que agissem os homens sem o controle
de Deus.
Até quando? O profeta clama, mas Deus não ouve. Então, questiona o Senhor. Por
que é que Deus nada faz? Trata-se do problema clássico: “A verdade está sempre
no patíbulo. O mal sempre no trono.”. A situação excruciante surge da vasta
discrepância entre fé e fato. Se Deus é justo e soberano, por que o justo sofre
enquanto o ímpio prospera? Esta é a pergunta feita por milhares de pessoas em
todas as épocas. O problema que Habacuque trata em nível nacional é o mesmo
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que o livro de Jó menciona na esfera pessoal. Só quem possui fé em um Deus bom


tem problema com relação ao governo do mundo.
É importante observar o paralelo do contexto de Judá do tempo de Habacuque com
o mundo atual. Iniquidade, violência, lei frouxa, sentença que nunca sai, juízo
pervertido são termos que sintetizam esses dois contextos em tempos distintos. São
prenúncios dos tempos apontando possivelmente para o princípio das dores, ainda
não seria o fim.
3. É chegada a hora!
O nome Habacuque significa “abraço” ou significando que ele foi “abraçado por
Deus” e, desse modo, fortalecido por ele para sua difícil tarefa, ou “abraçando
outros”, dessa maneira encorajando-os nos tempos de crise nacional. O profeta está
imbuído de um senso de justiça, o qual não o deixará ignorar a violenta injustiça
existente em volta dele. Ele também aprendeu a necessidade de levar as questões
mais importantes sobre a vida para aquele que criou e redime a vida.

II - O CASTIGO DE JUDÁ

1. Bênção ou maldição
Uma referência a um dos discursos de Moisés no Pentateuco alinhado ao princípio
da semeadura, aquilo que semearmos também colheremos. Há um tempo
determinado para o juízo sobre nossas atitudes e escolhas.
2. O sofrimento dos justos
O Senhor responde às perguntas do profeta oferecendo levar invasores estrangeiros
para cercar o poder dos israelitas maus. Os caldeus, com seus soldados da
Babilônia, são uma nação amarga, agindo impetuosamente à medida que eles se
movem violentamente através da terra. A solução de Deus para o problema inicial do
profeta somente suscita mais questionamentos. Como Deus pode usar um exército
invasor cruel para resolver um problema interno do seu povo? Os caldeus serão
castigados a seu turno.
3. Pela fé
O Talmude judaico diz: “Moisés entregou 613 mandamentos. Davi reduziu-os a 10;
Isaías, a 2; mas Habacuque a um: “O justo, pela sua fé, viverá.”.”.
Se o centro do evangelho é a mudança e a transformação, o livro de Habacuque
demonstra essa renovação evangélica. No centro da mudança e no centro do livro,

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está este nítido credo da fé: “O justo, pela sua fé, viverá”. Para o profeta, a promessa
é para proteção física em tempo de grande sublevação.
A palavra traduzida por fé é o hebraico emunah, derivado de um verbo que,
originalmente, significa “ser firme”, usado no Antigo Testamento no sentido físico de
firmeza, imobilidade, imperturbabilidade, constância. Portanto, a melhor tradução é
“fidelidade” (cf. NVI). Fé é uma palavra para qual, no sentido ativo do Novo
Testamento, o hebraico não tem equivalente – embora o termo “crer” seja derivado
do mesmo radical que emunah. Emunah é a palavra usada para descrever as mãos
levantadas de Moisés que estavam firmes (Êx.17.12). Sobre o justo, pela sua fé,
viverá, Lehrman comenta: “Os israelitas justos, que permanecem inabalavelmente
leais aos preceitos morais, resistirão, ainda que tenham de sofrer por seus
princípios; ao passo que os ímpios, que desfrutam uma supremacia temporária por
violarem o direito, no fim serão derrotados e humilhados.”.
Para os escritores do Novo Testamento, tais como Paulo e o autor de Hebreus, essa
afirmação de fé confiante se torna uma demonstração do poder do evangelho para
dar a segurança da salvação eterna. Para Martinho Lutero, o tema de Habacuque se
torna o tema da Reforma

III - A ORAÇÃO DE HABACUQUE

1. O homem que questionou Deus


Habacuque nos lembra que a pergunta “Por quê?” pode, deve ser feita. Suas
situações mandam que ele pergunte a Deus acerca do reino aparente da injustiça
existente ao redor dele. Ele cria em Deus, ele cria que Deus tinha uma resposta para
o seu problema. Suas perguntas demonstravam a presença da fé, não a falta dela.
Para um ateu, a pergunta “Por quê?” não tem sentido; mas, para um crente, a
pergunta “Por quê?” encontra a sua resposta definitiva em Deus.
2. O poder da intercessão
A intercessão é o ato de mediar em favor de alguém. Ela aprofunda a nossa
intimidade com Deus, amplia a visão espiritual, intensifica a unidade e promove a
bênção.
Etimologicamente, podemos considerar a palavra no hebraico, grego e português. É
interessante estudarmos o significado das palavras nas línguas originais, porque em
assim fazendo temos um entendimento melhor do que elas significam.

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Paga (hebraico) - Vem da raiz de uma palavra que significa "colidir pela
violência". Paga segundo a Concordância de Strong, quer dizer: "colidir, encontrar,
por acidente ou violência, ou (figuradamente) pela importunação. Vir (entre),
suplicar, cair (sobre), fazer intercessão, interceder, pleitear, prostrar, encontrar com
(juntos), suplicar, orar, alcançar, correr". É esta a palavra usada em Is. 55:12; Jr.
7:16; 27:18; 36:25.
O Léxico Hebraico-Caldeu do Velho Testamento, de H.W.F. Gesenius, ressalta
vários significados existentes na raiz da palavra. Destacamos: "Vir sobre ou contra,
quer de propósito ou acidentalmente, quer violenta ou levemente; num bom sentido,
assaltar alguém com petições, orações; instá-lo; encontrar-se com; alcançar alguém;
fazer uma aliança com alguém..."
Interessantes são também as expressões: "colocar-se na brecha", para defender
alguém (Ez. 13:5; 22:30; SI. 106:23) e "erguer um muro em torno de alguém" (Ez.
13:6; 22:30).
Ënteuxis (grego) - (substantivo) De acordo com W. E. Vine, em seu Expository
Dictionary of the New Testament Words, "primariamente denota encontrar-se com;
então, uma conversação; uma petição; é um termo técnico de aproximação de um
rei, bem como para a aproximação de Deus em intercessão; é traduzido para oração
em I Tm. 4:5 e no plural em I Tm. 2:1 (isto é, procurando a presença e ouvindo de
Deus a favor de outros).
Entugchano (grego) - (verbo) Segundo W. E. Vine, "primariamente harmonizar-se
com, encontrar-se com o fim de conversar; então, fazer petição, especialmente
intercessão, pleitear com uma pessoa, tanto a favor quanto contra outros;
(a) contra: At. 25:24; Rm. 11:2;
(b) a favor: Rm. 8:27,34; Hb. 7:25.
Huperentugcha no grego) - Interceder a favor de; fazer intercessão por.
Interceder, segundo o Dicionário de Aurélio, é "pedir, rogar, suplicar (por outrem);
intervir (a favor de alguém ou de algo)"
O Dicionário da Bíblia, de Nelson, declara: "O ato de peticionar a Deus ou orar a
favor de outra pessoa ou grupo."
Habacuque fala em nome do povo. O pano de fundo é a tua palavra, o relatório da
fama de Jeová por ter libertado Israel do Egito (Nm.14.15; Dt.2.25). Não se trata de
mera visão estática e imediata que o profeta recebe, mas tem claras raízes
históricas. Entendemos que a história total do Antigo Testamento é um registro da
heilsgeschichte (história de salvação), que mantém e interpreta os atos poderosos
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de Deus. Por conseguinte, as proclamações proféticas são feitas à luz dos


acontecimentos, sobretudo do Êxodo. Habacuque está na corrente principal do
pensamento do Antigo Testamento, ao contemplar a libertação do Egito como
padrão de uma liberdade presente ou futura. A oração do profeta é que Deus venha
renovar a sua obra do Êxodo. Aviva...a tua obra. Como parafraseia Lehrman: “Que
Deus reproduza o seu poder redentor nos de dificuldade em que se encontram.”.
3. Um coração cheio de esperança
Quão diferente é a cena nos três últimos versículos do livro. Tudo mudou. O profeta
não é mais controlado, nem ansioso por causa das circunstâncias, pois sua visão foi
elevada. Questões temporais não mais ocupam seus pensamentos, mas seus
pensamentos estão nas coisas do alto. Ao invés de estar sendo regido por
considerações mundanas, Habacuque fixou sua esperança em Deus, pois ele
percebe que Deus tem interesse em suas criaturas. Ele é a fonte da alegria e força
do profeta. Habacuque descobriu que ele foi feito para algo acima: “E me fará andar
sobre as minhas alturas” (3.19). As palavras do último parágrafo contrastam
vividamente aquelas no primeiro: “...me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da
minha salvação. Jeová, o Senhor, é a minha força...pés como os das cervas...andar
sobre as minhas alturas” (3.18-19). Assim, Habacuque foi da queixa à confiança, da
dúvida à confiança, do homem a Deus, dos vales aos montes altos.

CONCUSÃO

Os versículos finais desta profecia ensinam que é possível se levantar acima das
circunstâncias e até mesmo se alegrar nelas, através da visão direcionada para
Deus, que está sobre todas as coisas. Habacuque não nega seus problemas, nem
os trata brandamente, ao invés disso, ele acha Deus capaz no meio dos seus
problemas por meio da intercessão mediante a fé.

Referência Bibliografia

Walsh, J., & Sattes, B. (2011). Thinking through quality questioning. Deepening
student engagement. Thousands Oaks, CA: Corwin.

Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1744 p.

Ross Price. C. Paul Gray. J. Kenneth Grider. Roy Swin. Comentário Bíblico
Beacon. Vol. 5. Oséias a Malaquias. CPAD.
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Artigo sobre intercessão. Disponível em:


http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/intercessao.htm

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Lição 09

A oração do fariseu e do publicano

Prof. Gleidson Costa de Oliveira


Texto: “...Qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si
mesmo se humilha será exaltado.” (Lucas 18:14)

SÍNTESE

Em nossa disposição para orar, devemos no lembrar que a humildade é o requisito


necessário para sermos aceitos por Deus.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Mostrar o perigo da soberba na vida de oração.


Explicar porque Deus ama os humildes.

INTERAÇÃO

Professor(a), os objetivos propostos na revista são uma proposta para você


desenvolver outros objetivos que se adaptem a realidade de classe. Procure
objetivos claros, distintos e atingíveis. Todos os recursos didáticos devem ser
preparados com antecedência e devemos ter em mente que os alunos percebem o
improviso e isso leva desmotivação.

INTRODUÇÃO

Os objetivos da Parábola das Orações do Fariseu e do Coletor de Impostos


eram mostrar que ninguém pode confiar em si mesmo para justiça e não deve
ver os outros com desprezo (Lucas 18:9). A oração do fariseu estava
preocupada em dizer a Deus que homem bom ele era, pois não apenas
guardava a Lei com jejum e dízimo (Lc 18:12), mas também se considerava
melhor do que as outras pessoas (Lc 18:11). Ele estava usando outras
pessoas como padrão para medir a justiça. Por outro lado, o cobrador de
impostos usou Deus como seu padrão para medir a justiça. Ele percebeu que
tinha que se entregar à misericórdia de Deus para obter perdão. A aplicação
da parábola por Jesus ecoou Seu ensino em Lc 13:30. É necessário que as

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pessoas se humilhem diante de Deus para obter o perdão, e aqueles que são
orgulhosos (todo aquele que se exalta) serão humilhados por Deus.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Escreve no quadro ao lado direito a palavra ORAÇÃO e no esquerdo HUMILDADE e


SOBERBA. Ao ligar Oração e humildade pergunte se eles têm exemplos na bíblia e
vida real sobre essa ligação e como cultivar isso. Faça o mesmo com oração e
soberba e pergunte como podemos evitar essa combinação.

I – A ORAÇÃO DO FARISEU

Ponto de contato: O fariseu foi um personagem ou membro de grupo religioso


judaico, surgido no século II a.C., que vivia na estrita observância das escrituras
religiosas e da tradição oral; o grupo foi acusado de formalista e hipócrita pelos
Evangelhos. Em mais umadenúncia por Jesus, seu espirito de oração marcado por
soberba é condenada.

1. A aparência da santidade. Uma parábola cujo endereço original eram os


fariseus, que o evangelista Lucas registrou para exemplo junto a igreja da
necessidade de enfrentar a soberba. Contextualizando nos dias de hoje,
devemos tomar cuidado para não entender errado o conceito de santidade
nas escrituras e passar a confiar em nós mesmo e desprezar o próximo. Os
fariseus eram os que tinham, 1. Um grande conceito de si mesmos e de sua
própria bondade; eles se consideravam tão santos quanto precisavam ser, e
mais santos do que todos os seus vizinhos, e que poderiam servir de exemplo
para todos eles. Mas isso não era tudo; 2. Eles tinham confiança em si
mesmos diante de Deus. Eles confiaram em si mesmos como sendo justos;
pensaram que haviam feito de Deus seu devedor e poderiam exigir qualquer
coisa dele; e 3. Eles desprezaram os outros e os olharam com desprezo,
como não dignos de serem comparados com eles. Ora, Cristo, por meio
dessa parábola, mostraria essa loucura e, assim, eles se excluíram da
aceitação de Deus.
2. A glorificação do eu. Orgulho ou Soberba é a rainha dos pecados. Ela é um
exagerado senso de superioridade pessoal, uma alta-estima desordenada,
arrogância e altivez de espirito. Orgulho é pecado e expressão de justiça
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própria e vem de um conhecimento não santificado (I Co 8:1). Na bíblia


encontramos notáveis exemplos de espíritos orgulhosos como: Aitofel (II Sm
17:23) Ezequias (II Cr 32:25) Satanás (Is 14:12) Hamã (Et 3:5)
Nabucodonozor (Dn 4:30) Belsazar (Dn 5:22-23) os escribas nos dias de
Jesus (Mc 12:38-39) os crentes de Laodiceia (Ap 3:17). O orgulho com
certeza é o pecado mais perigoso que existe, ele é sutil, podemos enxergar
em nosso próximo, mas sermos incapazes de ver em nós. Podemos ter
orgulho de sermos mais espirituais que outras pessoas, orgulho de nossa
humildade ou bondade. Ele é tão maligno que pode pôr a perder exercícios
espirituais bons como oração, jejum, esmolas ou coisas semelhantes, foi o
caso do fariseu que era extremamente zeloso em sua vida religiosa que
acabou colocando tudo a perder.
Será humilhado. O fariseu não foi aceito, porque se exaltava. Ele foi humilhado
porque em vão confiava que era justo e dependia do que fora capacitado a fazer, e
não buscava uma mudança de coração, nem a reconciliação com Deus. É uma
estranha perversão da mente humana tentar fazer de Deus nosso devedor pelas
próprias bênçãos que sua mera misericórdia nos conferiu! Era uma máxima entre os
judeus, que quem trazia um sacrifício ao templo voltava justificado. Mas nosso
Senhor mostra que isso dependia do estado de espírito - se eles não foram
humilhados sob o senso de pecado, eles não foram justificados, embora tenham até
oferecido um sacrifício.

II. A ORAÇÃO DO PUBLICANO

Ponto de contato: Publicano era um cobrador de impostos que trabalhava a serviço


de Roma e por isso era considerado um traidor por seu povo e o pior dos pecadores
ao lado das meretrizes. Mateus, o apóstolo, era um publicano. Jesus usa sua figura
nessa parabola para mostrar que qualquer pecador arrependido pode encontrar
misericórdia diante de Deus e por isso devemos procurar acolher a todos que se
encontram nessa situação, idenpendente do tamanho de seu pecado.

1. Sou um pecador. O publicano, de pé ao longe - Não porque ele era um


pagão, e não ousava se aproximar do lugar sagrado; (pois é provável que ele
fosse um judeu); mas porque ele era um verdadeiro penitente, e se sentia

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totalmente indigno de aparecer diante de Deus. Não levantaria - seus olhos -


Segurando a cabeça, com os olhos fixos na terra, era,

a) Um sinal de profunda angústia.

b) De uma consciência e confissão de culpa. e,

c)Era a mesma postura que os rabinos judeus exigiam daqueles que oravam a Deus.

Não levantaria tanto quanto seus olhos ao céu, - Aquele trono do Altíssimo, - como
se mesmo um olhar de seus olhos profanos pudesse contaminar aquele lugar
sagrado. Ele baixou os olhos, como se fosse ler na terra o registro de seu pecado;
ele não se atreveu a olhar para cima. Mas golpeou em seu peito, - Seu coração o
feriu, e ele feriu seu coração.

2. Justificados por Deus. Justificar significa declarar ou pronunciar alguém


como justo, correto ou como deveria ser. Deus espera que nossa atitude na
oração e na vida como um todo seja de humildade que nada mais é que a
verdade. Quando reconhecemos que somo pó e cinza, que não temos
controle de nada de nossas vidas, que aquilo que possuímos não foi por
nossa autossuficiência, mas um dom de Deus e que dependemos totalmente
Dele nessa vida e no porvir, não estamos exagerando. Essa atitude abre
nosso coração para buscar ajuda no único que pode resolver nossos dilemas
e estender sua mão de misericórdia.

Será exaltado. Um grande contraste bíblico, Deus faz o homem ser elevado à
honra, como resultado da autohumilhação (Mt 23,12: "aquele que se exalta", etc.; Lc
14,11; Lc18,14, são passagens paralelas); de sublevação e avivamento espiritual
(Tiago 4:10; 1Pe 5: 6: "ele te exaltará"; 1Pe_5: 6: "ele te exaltará"); introduzir as
bênçãos da salvação por meio do evangelho (2Co_11: 7: "fostes exaltados").

III – VIGILANTES CONTRA A FRIEZA ESPIRITUAL

O apostolo apresenta três características de como identificar alguém cheio do


Espirito Santo: O testemunho transbordante, a vida de gratidão e de submissão.

1. Testemunho transbordante (v.19)

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Os cânticos são expressões de alegria e de louvor a Deus, além da função de


instruir a igreja expressões de seus anseios, suas esperanças. ( Fl.2.5-11).

2. Dar graça em tudo (v.20)

Uma vida alegre dando graças a Deus por tudo. O Espirito Santo nos capacita a
sermos gratos a Deus e levarmos uma vida de gratidão.

3. Sujeição (v.21)

O quebrantamento e a humildade expressam bem a plenitude do Espirito Santo.

CONCLUSÃO

Ao estudarmos essa parábola do publicano e do fariseu podemos ter esperança que


Deus pode restaurar, justificar e salvar o mais vil pecador e que todos que abrirem
seu coração para o Senhor receberão misericórdia. Porém vimos que podemos
entrar em uma armadilha de autojustificação e orgulho, quando passamos a atribuir
a nós mesmos a fonte de alguma bondade, e pior, isso pode nos levar a perdição
eterna.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

The Bible Knowledger Commentary


Encicoplédia de Teologia e filosofia. Russel Normam Champlin
Adam Clarke’s commentary on de biblie.
C. H. Spurgeon Expositions
This Strong module combines the following works
Multiléxigo con las definiciones de Strong. Cha

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LIÇÃO 10

Jesus e a oração do Pai Nosso

Prof. Clesio Lima

Texto do dia: “Mas, quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu
Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensar. ” (Mt.
6.6).

SÍNTESE

Devemos aprender com o Senhor Jesus a orar a Deus por nossas petições.

OBJETIVOS

Refletir sobre o ensino do Senhor a respeito da necessidade de estarmos sempre


em oração a Deus, tanto na bonança quanto na dificuldade, precisamos está sempre
em Oração.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I – Aprender com Jesus onde, quando e porque orar


II – Saber que devemos exaltar o nome do Senhor em nossas orações.
III – Entender que devemos apresentar as nossas necessidades ao Senhor.

INTERAÇÃO

Aula dos Jovens. Estamos vivendo em tempos onde o mundo tem feito tudo para
“tragar” nossos jovens e precisamos constantemente está trazendo algo novo para
motivar a juventude está aprendendo a palavra de Deus. Busque sempre uma aula
interativa onde o jovem perceba que é ouvido, onde possa expressar sua opinião e
tirar suas dúvidas. Do mesmo modo é importante que na aula a mensagem seja
introduzida de forma a chamar a atenção para mensagem, instigando a curiosidade
do Jovem. Além da oração e estudo da palavra de Deus. Fazendo assim essa e
todas as outras aulas serão uma benção.

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ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Na aula de hoje estaremos falando de oração, que é o combustível principal para


vida do cristão sem oração o crente não sobrevive, para essa aula proponho uma
dinâmica para que os alunos tenham a real noção de quão importante é a oração.

Dinâmica da vela e do copo: Tenham em mãos uma vela, fósforos e um copo de


vidro transparente:
1. Colocar uma vela sobre a mesa e acende-la cuidadosamente. Deixar que se
queime por alguns segundos.
2. Em seguida, pegar um como transparente e, cuidadosamente e lentamente,
colocar sobre a vela. Aos poucos, ela se apagará.
3. Deixá-la assim e pedir que as pessoas falem o que sentiram ou observaram,
quando viram a experiência.

Fale que a vida do crente é como uma vela e o combustível que deixa a chama
acessa é a oração e sem oração o crente se apaga, abrindo caminho para o mal.

INTRODUÇÃO

Em Lucas 11.1 um discípulo chega para Jesus pede que lhes ensine a orar, Jesus
prontamente começa a ensinar e para tanto se utiliza da oração do Pai-Nosso para
mostrar como se deve fazer uma oração.
Nesta lição aprenderemos com Jesus a orar ao Deus Pai, conforme as instruções de
Jesus, que trouxe uma nova perspectiva de como devemos orar, para tanto trouxe a
luz o Pai-Nosso, nossa oração modelo que nos ensina a maneira correta de oramos
a Deus.
Jesus explica que orar não é apenas um ato de religiosidade, mas uma forma de
estarmos mais perto de Deus, confidenciando a ele nossas necessidades, alegrias,
tristeza, deixando claro que Deus escuta quando você entrar na presença dele em
oração, atende suas necessidades e o conforta quando você não tem a petição
atendida (2Co. 12.9).

I. Jesus nos ensina a orar

1. Onde orar
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O Senhor nos ensinou que o melhor lugar para orar a Deus é no “nosso quarto com
a porta fechada ” (Mt. 6.6), mas onde é o nosso quarto? Lembro de um filme que
assisti que o título era quarto de guerra, onde uma senhora tinha um local reservado
para fazer suas orações, este era seu quarto trancado, Daniel orava a Deus de sua
janela que era virada para Jerusalém (Dn. 6.10), esse era o seu quarto trancado.
Precisamos ter um momento de intimidade com Deus e não podemos fazer isso em
qualquer lugar, para tanto sempre temos um local especial para oramos a Deus.
Pense sobre isso, um lugar especial é aquele que você se sente bem e pode falar
com Deus com liberdade.

2. Quando orar
O ser humano é um ser é muito complicado, pois o senhor através de Paulo nos
ensinou a “orar sem cessar” (I Ts.5.17) ou seja orar com persistência e constância,
sempre buscando a Deus enquanto se pode achar (Is.55.6), no entanto as pessoas
esquecem de buscar a Deus em oração, muitas vezes só o buscam nos momentos
de dificuldades e pior ainda tem aqueles que são tão orgulhosos que quando chega
a dificuldade pensa “não busquei antes não vai me atender agora”.
Isaias diz que “busquem o Senhor enquanto ele pode ser encontrado; invoquem-no
enquanto ele está perto. ” (Is. 55.6), com isso ele quer dizer, não sei o que você fez
até agora, mas ore, pois todo tempo é tempo de falar com Deus, seja para pedir ou
para agradecer.

3. Porque orar
Em Tiago no capitulo 5 a partir do versículo 13 ele começa a discorrer sobre a
oração “Alguém de vocês está sofrendo? Faça oração” (Tg. 5.13) ali Tiago discorre
sobre alguns motivos de oração, nos incentivando a ser bons cristãos.
Jesus diz que “tudo que pedirem em meu nome isso farei” (Jo. 14.13), então o
Senhor deixa claro que devemos orar por tudo que necessitamos.
Normalmente não se orava por pequenas coisas, mas o Senhor nos ensinou que
devemos orar por todas as nossas necessidades, por menor que seja.
Devemos orar por todas as nossas necessidades, bem como para agradecer a Deus
por todas as dádivas que Ele nos concede independentemente do tamanho da
bênção ou problema, se grande ou pequeno devemos orar.

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II. A oração precisa Exaltar a Deus

1. Pai Nosso que estás nos Céus (Is.63.16)


Aqueles que receberam o Evangelho do Reino, receberam também o privilégio de
dizer “Pai-Nosso que estás no céu” mas vale salientar que este privilegio ainda está
disponível para todos aqueles que nele crer. A escolha é nossa.
O senhor nos ensina que devemos sempre iniciar nossas orações exaltando o nome
do Senhor, demostrando assim o relacionamento de intimidade que temos com
Deus, Ele é nosso Pai e vai ouvir nossas petições, é verdade que nem sempre todas
as petições serão atendidas, mas sabemos que como um pai supre as necessidades
do seu filho, o Pai que está nos céus também suprirá todas as nossas necessidades.

2. Santificado seja o Teu nome (Is. 29.23)


Nessa parte da oração ensinada por Jesus devemos louvar o nome do Senhor,
santificar o nome do Senhor significa prestar reverencia, colocar o nome do Senhor
no lugar que ele merece está, ou seja acima de todo nome, pois ele é dono de tudo
e tudo se fez por ele. Assim nossas orações devem começar não com as nossas
preocupações, mas com honra ao nome do Senhor.
Santifiquemos sempre o nome do Senhor, pois ele é digno de honra e glória.

3. Venha o Teu reino (Sl. 145.13)


O senhor nos ensinou que quando orarmos devemos pedir a vinda do reino de Deus
a Terra, em Mateus 24 e 14 o Senhor disse: “E será pregado este evangelho do
Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim”, isso
nos faz refletir que precisamos que o reino de Deus seja manifesto aqui na terra para
que chegue o grande dia da vinda do Senhor.
Que possamos sempre pedir em oração que o reino de Deus venha a terra para nos
encontrarmos com nosso Deus.

4. Seja feita a tua Vontade (Mt. 26.42)


Quando oramos ao Senhor, mesmo que para agradecer algo que recebemos, nós
também aproveitamos para pedir algo ao Senhor, pedir é um mandamento do
Senhor em Mateus 7.7-8 ele diz “Peçam e será dado para vocês; pois todo o que

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pede recebe”, mas precisamos sempre nos lembrar que a vontade de Deus é
soberana e deve sobrepor a nossa. Em 2Corintios Paulo diz que orou três vezes por
um “espinho na carne”, porém não era a vontade do Senhor, remover aquele
espinho, então o Senhor respondeu “a minha graça te basta”.
Então sempre que estivermos em oração precisamos dizer que a vontade do Senhor
deve ser feita, mesmo e principalmente se não for igual a nossa.

III. A oração deve falar de nossas necessidades

1. O pão nosso de cada dia (Pv. 30.8)


Coma a expressão o pão nosso de cada dia, Jesus muda totalmente o rumo do
ensino na oração, enquanto ele vinha exaltando as coisas referentes a Deus, agora
vem falar de nossas necessidades, iniciando por uma necessidade básica o alimento
diário. Veja que o Senhor não falou peça para o mês ou para o ano ele falou para
cada dia, disse mais: “não fiquem ansiosos pelo que comer ou vestir”, o Senhor
prover tudo que você precisa.
Mas o Senhor também diz que devemos apresentar a Deus nossas petições para
que elas possam ser atendidas por nosso Pai. Peça sempre a Deus a porção diária
que ele providencia, mas lembre-se faça sua parte, pois o Senhor só vai fazer aquilo
que você não pode fazer.
A nossa oração deve conter petições concernente as nossas necessidades diárias.

2. Perdoa-nos as nossas dividas assim como perdoamos (Sl. 32.1)


Quando aceitamos a Jesus temos todas os nossos pecados perdoados
independente do que fizemos, o Senhor perdoa e não se lembra do pecado
perdoado Hb. 10.17.
Porem quando recebemos o perdão de Deus precisamos aprender com o Senhor
que é nosso exemplo, e Ele nos ensina que precisamos perdoar o nosso próximo
como somos perdoados pelo Senhor.
Perdão é algo fácil dizer, mas difícil de fazer, porem o Senhor assevera que
devemos perdoar.
Colocando essa expressão na primeira pessoa fica: perdoa o meu pecado como eu
perdoo o que pecou contra mim.

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Em nossas orações devemos pedir a Deus perdão por nossos pecados, mas
também precisamos estar dispostos a também perdoar.

3. Não nos deixes cair em tentação (Mc. 14.38)


Dentro de cada pessoa temos duas naturezas a carnal e a espiritual, quando
aceitamos a Jesus passamos a alimentar o espirito com coisas espirituais, tudo que
provem de Deus, porém ainda temos nossa natureza carnal e estamos na terra com
todas as suas paixões, se por acaso demos brechas com certeza o inimigo de
nossas vidas virá com toda fúria para nos tentar naquilo onde mais nos afeta, sendo
muitas vezes difícil de resistir, causando em muitos casos quedas desastrosas.
Mas quando pedimos ao Senhor em oração não nos dixes cair em tentação.
Teremos um grande aliado para quando a tentação chegar, pois o espirito santo nos
fará lembrar de tudo quanto aprendemos de Deus.
Lembre-se que Jesus foi tentado, mas não cedeu a tentação usando a palavra de
Deus para refutar toda oferta feita pelo nosso inimigo.

4. Livra-nos do Mal (Jo. 17.15)


Finalmente o Senhor nos ensina que devemos pedir a Deus que nos livre do mal,
embora muitos achem que o inimigo não pode lhe tocar por ser um ungido do
Senhor, o inimigo usa de artimanha para lhe atingir.
Lembro de uma canção onde diz: “Quem estava em guerra era eu Saqueando o
inferno com o meu louvor a Deus Enquanto eu adorava, o inimigo, covardemente
Acertou um dos meus”.
Por isso precisamos estar constantemente em nossas orações pedindo não só para
nos livrar do mal, mas também para livrar os nossos parentes, amigos, bens e tudo
mais que pode nos atingir.

CONCLUSÃO

Jesus deixou a lição de como devemos orar, nos ensinou que devemos buscar a
Deus, exaltando e adorando seu santo nome, ensinou ainda que precisamos pedir a
Deus por nossas necessidades, desde o pão de cada dia até o livramento do mal.

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Esse modelo de oração nos foi dado para que aprendamos a compartilhar com o
Senhor nossas necessidades, alegrias e tristezas, mas sempre nos lembrando que
temos um Pai no Céu.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

- Earnhart, Paul. O Sermão da Montanha Extraindo os Tesouros das Escrituras:


Exposições Práticas. Publicada em 1997 por Dennis Allan
- Cury, Augusto Jorge. Os segredos do Pai-Nosso, A solidão de Deus, Rio de
janeiro: Sextante, 2006.
- Stamps, Donald Carrel. Notas e Estudos Bíblia de Estudo Pentecostal, 4ª Edição
CPAD 1997

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LIÇÃO 11

A oração sacerdotal de Jesus


Profª Dorcas Souza Gomes

Texto do dia: “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram
teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra”. (Jo 17:6)

SÍNTESE

A vida de oração de Jesus é um exemplo para todo crente que deseja cultivar um
relacionamento íntimo com o Pai.

OBJETIVOS

Demonstrar o contexto em que foi proferida a Oração Sacerdotal.

Dimensionar a importância da santificação para o cristão.

Enfatizar a continuidade da missão da igreja.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar os elementos que evidenciam uma vida de comunhão com Deus.

Explicar as razões que levaram Jesus a orar por perseverança, livramento e união.

Compreender que por meio da oração o crente é santificado.

INTERAÇÃO

Baseado em João 17:8 onde vemos uma interessante relação entre conhecer (
ginosko), que nesse contexto significa “conhecimento com base na experiência
pessoal” e crer ( pisoteio), que nesse caso significa “depositar a confiança em”.
Pergunte aos seus alunos se é possível desenvolvermos uma crença comprometida
com o Senhor sem conhecê-Lo por meio de um relacionamento profundo e diário.

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ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Dívida a turma em três grupos. Peça que os grupos leiam as seguintes referências:
João 17.1-5 / João 17.6-19 / João 17.20-23, depois pergunte: “Por quem Jesus
orou?” Explique que ao orar por si próprio, Jesus estava orando por nós. Ele orou
pelos seus discípulos e por todos crentes. Ele espera que sua igreja siga o seu
exemplo.

INTRODUÇÃO

Estudaremos nessa lição a oração sacerdotal de Jesus. Em João 17, Ele expressa
os sentimentos, pensamentos vontades mais íntimas do Mestre no que diz respeito
aos discípulos. Ele fez uso da oração intercessora pela designação da Sua alta
oração sacerdotal. O estudo deste capítulo é de suma relevância, porquanto não
somente revela o que nosso Senhor espera de sua igreja, mas também evidência a
importância da intercessão de um líder em favor de seus liderados.

I. É chegada a hora

1. Em fervente oração.

Uma vida de comunhão com o Pai requer um íntimo relacionamento com Deus.

(João 17.2,3). Jesus nos seus últimos momentos demonstra em suas palavras
dirigidas ao Pai o seu anseio para que os discípulos aprofundassem o conhecimento
deles referente a Deus. Assim como o profeta Oséias recomenda: “Conheçamos e
prossigamos em conhecer o Senhor” (6.3) só conseguimos nos relacionar
intimamente com alguém a quem conhecemos de modo profundo. É fundamental
que aquele que suplica conheça profundamente a quem Ele dirige suas orações, a
fim de que possa ser atendido. A Bíblia nos revela que Deus é amor, misericórdia,
longanimidade, bondade, fidelidade e justiça. Portanto, o conhecimento de tais
atributos divinos é imprescindível para orarmos a Deus com entendimento e sermos
respondidos em nossas súplicas. Quanto mais conhecemos a Deus, melhor
compreenderemos, aceitaremos e identificaremos a sua vontade. Observamos que a
oração sempre foi uma constante no ministério de Jesus. A oração sacerdotal nos
mostra o cuidado do mestre para com a igreja e o anseio para que conheçam
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profundamente a Jesus Cristo e sua palavra.

2. A mensagem da cruz.

“É chegada a hora” (João 17.1) a hora de Cristo da a sua vida na cruz pela
humanidade garantindo assim o acesso à vida eterna. Esse ato é loucura para o
mundo. A mensagem da cruz é de fato loucura para o mundo porque ela não se
baseia em nenhuma obra, conceito ou mérito humano. A mensagem da cruz é
sabedoria de Deus, mas insensatez para os incrédulos. Esse ato cheio de amor (
João 3.16) ninguém jamais poderá imaginar.

3. Para a glória de Deus.

Uma vida que glorifica a Deus ( João 17.4). O homem foi criado para glorificar a
Deus (Isaías 43.7,21; I Co 6.20). Jesus enquanto esteve na terra, viveu para
glorificar a Deus, em todos os seus atos (João 17.4). De igual modo, o crente deve
viver neste mundo para a glória do Senhor. À medida que nos relacionamos
intimamente com o Senhor por meio da oração e da meditação em seus
mandamentos, o seu caráter vai sendo moldado em nós e, por conseguinte,
externamos uma vida que glorifica ao Senhor. Que a igreja de Cristo busque
ardentemente agradá-lo e o glorifica-lo em todo tempo (I Co 10.31)

II. Santifica-os na verdade

1. A tua Palavra é a verdade.

Enquanto Jesus esteve com os discípulos, ensinava-os a verdade é conduzia-os


para que não se desviassem desta. Entretanto, sabia que, na sua ausência, a fé
desses homens poderia enfraquecer. Por isso, intercede ao Pai para que
continuassem crendo nEle e guardando a Sua Palavra, a fim de conseguirem
perseverar no caminho, na fé, na verdade e na comunhão.

2. Que os livre do mal.

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Por conhecer o mundo em que viveriam seus discípulos, um mundo que jaz no
maligno, Jesus revela uma preocupação muito grande com eles. Sendo assim, roga
a Deus, como um bom Pai, que livre seus filhos do mal, ou seja, das tentações, dos
perigos e investidas do Diabo. Podemos descansar na proteção divina, uma vez que
estamos refugiados no esconderijo do altíssimo (Salmos 91.1). Contudo, é nosso
dever vigiar e orar, “em todo o tempo “ (Efésios 6.18) a fim de não entrarmos em
tentação (Lucas 22.40).

3. Para que todos sejam um.

Jesus em sua oração ressalta a unidade existente entre Ele e o Pai. O Pai, o Filho e
o Espírito Santo são pessoas divinas e distintas, mas são um em essência e vivem
em perfeita unidade. Cristo anseia que seu corpo viva de igual modo, unido. Essa
virtude é conquistada e conservada por meio de um andar em Espírito ( Gl 5.16.26 ).

III – Para que o mundo conheça que me enviaste

1. Odiados pelo mundo.

O mundo odeia a Cristo e consequente odeia os seus discípulos. Somos odiados


e perseguidos porque estamos ligados e unidos a Cristo e a medida que mais e
mais crescemos em amor, obediência e frutificação teremos o mesmo o efeito do
ódio para conosco. Esse sentimento do mundo deve nos motivar a chamá-los ao
arrependimento, à mudança de vida. Fomos chamados para fazermos a
diferença.

2. E conheceram o teu nome.

Temos que vigiar, perante aquilo que falamos e fazemos, pois se somos de Deus
temos que produzir frutos e os benefícios que eles nos oferecem, como por
exemplo, o perdão e a misericórdia, devemos imitar a Deus. “Pelos seus frutos o
conhecereis”. ( Mt 7.20 )

3. A obra continua.

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Assim como Deus enviara o seu amado Filho ao mundo, Jesus enviaria seus
discípulos, a fim de que produzissem frutos permanentes. Aquele que está em
Cristo, a videira verdade, naturalmente produz frutos da mesma espécie (Jo15.5). É
impossível estar ligado ao Senhor e, por conseguinte, desfrutar de comunhão íntima
com Ele e não frutificar (Jo 15.4)

CONCLUSÃO

A oração intercessora de Jesus no capítulo 17 de João revela, sobretudo, seu


anseio poruma Igreja que desfrute de um relacionamento profundo com Deus, reflita
o seu caráter e busque única e exclusivamente a sua glória.

“Se tivermos toda a Bíblia e nenhuma oração, teremos um grande monte de


verdade, mas nenhum poder. Seria como ‘luz sem calor’. Por outro lado, se tivermos
toda a oração, porém nenhum ensino bíblico, estaremos em perigo de nos tornarmos
fanáticos, ‘calor sem luz’”. Warren W. Wiersbe.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BRANDT, Robert L.; BICKET, Zenas J. Teologia Bíblica da Oração. 4. Ed. Rio de
Janeiro, CPAD, 2006.

GEORGE, Jim. Orações Notáveis da Bíblia. I. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2007.

WIERSE, Warren W. A oração intercessória de Jesus. I. ed. Rio de Janeiro: CPAD.

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Lição 12

A oração de Paulo pelos efésios

Prof. Evalda R. S. Oliveira

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I – Apresentar a ousada oração de Paulo aos cristãos em Éfeso;


II – Perceber o poder do amor de Cristo para a Igreja.

INTRODUÇÃO

Essa oração é geralmente considerada a mais sublime, a de mais longo alcance e a


mais nobre de todas as orações das epístolas paulinas e, possivelmente, de toda a
Bíblia. Paulo pede a Deus bênçãos espirituais para os seus amigos. Toda a
passagem de Efésios 3 é uma exploração da igreja como um mistério, no qual os
crentes judeus e gentios são unidos como iguais. Como membros de uma pátria
agora, nós precisamos desenvolver relacionamentos arraigados e fundados no
amor. Somente assim teremos poder “com todos os santos” para sentir o amor
que Cristo tem por nós. É vital que compreendamos este ponto! O amor de Cristo é
muito largo, longo, alto e profundo para que o compreendamos. Apesar disso, pode
ser conhecido experimentalmente! Paulo, cheio do Espírito de Deus, não orou
somente pelos efésios, mas também por mim e por você!

I. UMA ORAÇÃO OUSADA

Na introdução da oração de Paulo, podemos aprender três coisas importantes: a) A


postura de Paulo mostra reverência; b) A motivação de Paulo revela exultação pela
obra de Deus na igreja; c) A audácia de Paulo revela sua confiança.

“Por essa razão…” (Ef 3.14) se refere ao versículo anterior “não desanimem” frente
ao mistério revelado anteriormente (judeus e gentios remidos em Cristo formando
um só corpo, o povo de Deus!). Em Efésios 3.1,14, Paulo fala da gloriosa
reconciliação dos gentios com Deus e dos gentios com os judeus, formando uma
única igreja, o corpo de Cristo.

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Mesmo preso, Paulo mostra uma reverência que brota do seu interior ao se colocar
de joelhos diante do Pai, único Pai de toda família nos céus e na terra. Paulo fala da
igreja militante na terra e da igreja triunfante no céu como uma única igreja.

Ele suplica segundo “a riqueza da sua glória” (Ef 3.16). É dever de todo salvo em
Cristo orar! Fomos constituídos “reis e sacerdotes” (Ap 1.6) para oferecermos
sacrifícios espirituais a Deus e orarmos/intercedermos uns pelos outros.

II – O PEDIDO DE PAULO

1. É uma súplica por poder interior

O apóstolo suplica que sejamos fortalecidos com o poder do Espírito Santo, é uma
capacitação para a vida cristã, um revestimento de poder para testemunhar de
Cristo, para cumprir o propósito de Deus. Em Lucas 4 vemos que Jesus dependia do
Espírito Santo. E por que precisamos desse poder? Simples… Porque somos fracos,
dependemos Dele para tudo, haja vista nossa natureza pecaminosa, porque nosso
inimigo é astucioso e precisamos dos dons do Espírito, e porque precisamos
desesperadamente Dele para termos uma vida vitoriosa.

Mediante esse poder, Cristo habitará verdadeiramente no coração do crente,


transformando os homens à Sua própria imagem. Produzirá iluminação espiritual
concernente ao amar a Cristo, bem como a compreensão necessária sobre a
natureza do mistério (Ef 1.10 e 3.3), o que transformará a vida do crente. Trará a
plenitude de Deus, colocando o “infinito no que é finito” (Ef 3.19). E é mediante o
Seu Espírito que Cristo faz de um crente templo de Deus (Ef 2.21,22).

Paulo pede força espiritual para a obra à qual foram chamados e à qual se
dedicavam. Ser corroborado com poder no homem interior é ser investido com um
alto grau de graça e habilidades espirituais para cumprir o dever, resistir tentações,
suportar perseguições etc. E isso pelo Espírito, cuja força no homem interior é a
melhor e mais desejosa força, força para servir a Deus e testemunhar de Cristo com
vigor e alegria.

“… que Cristo habite no coração de vocês” (Ef 3.17) é uma declaração


importantíssima decorrente desse poder interior. Habitar aqui (katoikein) significa
tomar residência permanente, estabelecer moradia. Denota a residência em
contraste com o alojamento, a habitação do dono da casa em seu próprio lar em
contraste com o viajante. Ainda significa tomar conta de toda a casa, tendo
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autorização completa de forma a fazer o que quiser, ou seja, é o dono da casa. Isso
significa que devemos entregar todas as chaves da nossa “casa” (vida) a Jesus!
Cristo habitar implica em Ele ter todo o acesso a todas as áreas da nossa vida
(Jo 14.23; Cl 1.27)! E as perguntas que ficam são: “Jesus reina em todas as áreas
da minha vida?” e “Jesus tem prazer habitando em mim?”.

Se a lei de Cristo está escrita no coração, e o amor de Cristo é derramado nele,


então Cristo habita nele. Onde Seu Espírito habita, lá Ele também habita. E Ele
habita no coração pela fé, por meio do exercício contínuo da fé nele. A fé aceita
Cristo e se submete a Ele. O crente torna-se o próprio templo de Deus, gozando de
perfeito acesso à sua glória e ao seu poder, bem como a todo o bem-estar espiritual.

O Seu Espírito em nós reside e nos conduzirá de glória em glória até participarmos
plenamente de Sua natureza, de Sua santidade e de Seus atributos perfeitos (2Co
3.18; Rm 8.29). Esse é o grande tema e alvo do Evangelho! Cristo veio habitar em
nossos corações a fim de sermos o que Ele é, e a fim de que todas as graças
divinas tenham realização em nós! Em certo sentido, portanto, “somos Cristo”, isto é,
estamos sendo feitos naquilo que Ele é – Somos Cristo “em formação”. E assim
participamos em tudo quanto Ele realizou e experimentou, em sua morte, em sua
ressurreição, em sua ascensão e em sua glorificação (Ef 1.19). Cristo se encontra
em nossos corações para que recebamos o que Ele possui, a sua herança (Rm
8.17) e para que participemos de sua glorificação (Rm 8.30).

2. É uma súplica por aprofundamento no amor fraternal

Então… Para que suplicar por fortalecimento no poder do Espírito e para que Cristo
habite no coração? Qual a finalidade disso? Para AMAR, para nos ensinar a amar!
Não adianta poder sem amor. O amor é a base de tudo! (1Co 13). É o resumo da
Lei e dos Profetas. É o sinal dos discípulos de Jesus (1Jo 4.19).

Paulo usa duas metáforas para expressar a profundidade do amor: uma procedente
da botânica e outra, da arquitetura. Devemos estar tão firmes como uma árvore e
tão sólidos como um edifício. Uma árvore precisa ter suas raízes profundas no solo
se ela quiser encontrar provisão e estabilidade. Se o edifício não cresce com solidez
para baixo, ele não pode crescer com segurança para cima. As tempestades da vida
provam se as nossas raízes e a fundação da nossa vida são profundas (Mt 7.24-27).

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O lançamento das raízes e o fundamento firmado vêm através dessa presença


habitadora de Cristo. O amor passa a ser a influência e a condição que a tudo
permeia. Na metáfora da árvore pode-se perceber que: 1) A “árvore” fala da vida - A
vida cristã em sua totalidade e em sua expressão; 2) O “solo” é a pessoa de Cristo, e
o “amor” é a atmosfera circundante e o elemento em Cristo de quem está arraigado
Nele; 3) As “raízes” são o nosso homem interior em comunhão com Ele. Antes de
podermos “crescer para o alto”, antes de nos “desenvolvermos espiritualmente”,
deve haver o “aprofundamento”, o que indica uma comunhão crescente com Cristo.

Já acerca da metáfora do edifício: 1) O seu alicerce é Cristo e o Seu amor; 2) Esse


alicerce já foi lançado, isto é, desfrutamos de comunhão com Ele, e o Seu amor nos
inspira e transforma; 3) O solo no qual esse alicerce é lançado é o amor. Aquele que
edifica sobre o amor torna-se parte do edifício espiritual e resiste aos ataques; 4)
Com um alicerce profundamente cavado, é possível a ereção de um edifício bem
alto; Neste caso, um Templo. Isso fala de abundante desenvolvimento espiritual, em
comunhão com o Espírito que em nós habita; 5) O alvo consiste de atingirmos as
perfeições de Cristo (Ef 4.16); 6) O amor é prova mesma da espiritualidade, e por si
mesmo é produto da regeneração (1Jo 4.7). É o alicerce de tudo quanto somos e
fazemos.

3. É uma súplica pela compreensão do amor de Cristo

A referência às dimensões tem o propósito de falar da imensurabilidade desse amor.


O amor de Cristo é suficientemente largo para abranger a totalidade da humanidade
(Ap 5.9,11; 7.9; Cl 3.11), todos os povos, línguas e nações; suficientemente
comprido para durar por toda a eternidade (Jr 31.3; Ap 13.8; Jo 13.1);
suficientemente profundo para alcançar o pecador mais degradado (Is 53.6,7), Jesus
se fez pecado por nós, sorveu até a última gota da ira de Deus; e suficientemente
alto para levá-lo ao céu (Jo 17.24), para fazê-lo assentar nos lugares celestiais com
Cristo.

Ao enumerar as dimensões do amor redentor (comprimento, largura, altura e


profundidade) o apóstolo intenta indicar a grandeza extraordinária do amor de
Cristo, as riquezas insondáveis da sua sabedoria, que é “… mais elevada do que
os céus; o que você poderá fazer? Ela é mais profunda do que o abismo; o que você
poderá saber? A sua medida é mais longa do que a terra e mais larga do que o mar”
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(Jó 11.8,9). Devemos desejar compreender cada vez mais desse amor. Esse amor
de Cristo excede todo entendimento, como podemos conhecê-lo? Devemos orar e
nos esforçar em conhecer cada vez mais, embora, depois do melhor esforço,
ninguém realmente possa compreender plenamente esse amor: na sua extensão
plena ele excede todo o entendimento.

“… com todos os santos” (Ef 3.18) é uma expressão que enfatiza a importância
primária da “edificação mútua” (nada de desigrejados!), pois a falta de crescimento
no corpo inteiro entrava o avanço de cada um de seus membros.

4. É uma súplica pela plenitude de Deus

“Para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” – Essa expressão é


semelhante a outras como ser “participantes da natureza divina” e ser “perfeito,
como é perfeito o vosso Pai”. Não devemos entender isso da sua plenitude como
Deus em si mesmo, mas da plenitude como Deus em concerto conosco, como um
Deus para o seu povo: esse tipo de plenitude Deus está pronto a conceder. Ele
está disposto a encher-nos até a plenitude com todos esses dons e graças de que
necessitamos. Pode-se dizer daqueles que recebem graça por graça da plenitude de
Cristo, que estão cheios de toda a plenitude de Deus, de acordo com a sua
capacidade, para que cheguem a um grau mais elevado de entendimento e gozo
de Deus e à completa submissão a Ele.

A igreja é a esfera em que a glória de Deus se manifesta. A Deus seja a glória no


corpo e na cabeça; na comunidade da paz e no Pacificador, por todas as gerações
(na História) e para todo o sempre (na eternidade).

III – A CONCLUSÃO DA ORAÇÃO

Deus é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que
pedimos ou pensamos. Existe uma plenitude inesgotável de graça e misericórdia
em Deus que as orações de todos os santos nunca podem esgotar. O apóstolo tinha
consciência da extrema ousadia da oração que acabara de proferir. Mas ele
protestou que, ao invés de haver ultrapassado os propósitos de Deus, ficava ainda
aquém dos mesmos! Nem a estreiteza de nossos conhecimentos e nem a
debilidade de nossas orações poderão limitar as riquezas dos dons divinos.
Certamente, isso é motivo de louvores!
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“… a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus” (Ef 3.21) aqui vemos a glória
“na igreja”, a igreja de Cristo é o principal instrumento de louvor e de glória nas mãos
do Senhor Deus, e isso porque os remidos, de conformidade com a mensagem do
“mistério da igreja”, compartilham da “plenitude de Deus”, sendo eles a “plenitude
de Cristo” (Ef 1.23). O que acontece com o corpo, necessariamente acontece com a
cabeça, pois a identificação entre eles é total e absoluta! Essa associação é
eterna de tal modo que a glorificação de um é a glorificação do outro!

A base dos louvores de Deus está na igreja. Cada membro em particular, judeu ou
gentio, coopera nessa obra de louvor a Deus. O Mediador desses louvores é Jesus
Cristo. Todos os dons de Deus vêm Dele por meio da mão de Cristo; e todos os
nossos louvores passam de nós para Deus por meio da mesma mão. E Deus deve
ser louvado e será louvado dessa forma “… em todas as gerações, para todo o
sempre”. Porque Ele sempre terá uma igreja que o louvará e sempre terá Seu
tributo de louvor da sua igreja. “Amém”. Que assim seja, e assim certamente será.

CONCLUSÃO

Há uma sabedoria divina, profundíssima, a qual Paulo desejava que TODOS os


crentes conhecessem, e a qual se encontra na pessoa de Jesus Cristo. Tal
sabedoria jamais pode vir separadamente do amor, e de um amor tal que
“ultrapassa o entendimento”. Os judeus se jactavam de serem descendentes de
Abraão e desprezavam àqueles que dele não descendiam. Mas, agora, judeus e
gentios são nomeados de acordo com Cristo, reconhecendo sua dependência de
Cristo e ligação com Ele. Paulo mostrou haver uma PATERNIDADE SUPERIOR
àquela a qual pertence universalmente a todos os seres inteligentes; e isso está de
conformidade com o grande tema da UNIDADE e da RESTAURAÇÃO de todas as
coisas em torno de CRISTO, o Filho de Deus.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

A BÍBLIA Sagrada. Revista e Atualizada no Brasil. 3ª ed. (Nova Almeida

Atualizada). Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por


Versículo – I Coríntios, II Coríntios, Gálatas e Efésios – Volume IV. São Paulo:
Candeia, 1995.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento – Atos a Apocalipse.


Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

LOPES, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São

Paulo: Hagnos, 2009.

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LIÇÃO 13

A oração de Paulo a favor do espinho

Prof. Marcos Rogério

SÍNTESE

Paulo a orar para se ver livre do seu espinho, recebe de Deus uma resposta
diferente, porém mais excelsa do que imaginava.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Dimensionar o valor da experiência na vida cristã;


Compreender o contexto da oração de Paulo pelo seu “espinho”.

INTERAÇÃO

A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os


conhecimentos do leitor.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código


linguístico, uma vez que o texto não é simples produtoo da codificação de um
emissor a ser decodificado por receptor passivo.

INTRODUÇÃO

Esta seção é o ponto culminante da defesa de Paulo de seu apostolado e de seu


amor pelos cristãos de Corinto. A princípio, havia se mostrado relutante em falar de
suas experiências pessoais, mas era o único modo de resolver o problema. Na
verdade, para evitar exaltar a si mesmo, Paulo usa a terceira pessoa do singular em
vez da primeira. Compartilha com seus leitores três experiências com Deus.

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I. GLORIA: DEUS O HONROU (2 CO 12:1-6)

Ao longo de seu ministério, recebeu visões de Deus que o guiaram e encorajaram,


como no caso de seu chamado para ir à Macedônia (At 16:9). Em meio às
dificuldades do ministério em Corinto, Deus também encorajou Paulo com uma visão
(At 18:9, 10). Depois de ser preso em Jerusalém, o apóstolo voltou a ser encorajado
por uma visão de Deus (At 23:11). Outra ocasião, um anjo lhe apareceram no meio
da tempestade e garantiu que todos os passageiros do navio onde ele se encontrava
seriam salvos (At 27:23).
Além dessas visões específicas relacionadas a seu chamado e ministério, o apóstolo
também recebeu do Senhor certas verdades divinas (ver Ef 3:1-6). Deus lhe deu
uma compreensão profunda de seu plano para esta era, e, sem dúvida, Paulo
entendeu os mistérios de Deus. O Senhor também honrou Paulo levando-o para o
céu e, depois, enviando-o de volta à Terra. Essa experiência maravilhosa ocorreu
quatorze anos antes de ele escrever esta carta, ou seja, por volta do ano 43 d.C. e
corresponde ao período entre sua partida de Tarso (At 9:30) e a visita que recebeu
de Barnabé (At 11:25,26). Não há registro algum dos detalhes desse acontecimento,
e de nada adianta especular.
O mais interessante é que Paulo guardou essa experiência para si durante catorze
anos! Ao longo desses anos, havia sido esbofeteado por seu “espinho na carne” e,
talvez, levado as pessoas a se perguntarem por que sofria tamanha aflição. É
possível que os judaizantes tenham adotado a mesma posição que os amigos de Jó
e dito: “Essa aflição é castigo de Deus” (na verdade, era uma dádiva de Deus).
Talvez alguns dos amigos mais chegados de Paulo tenham procurado animá-lo
dizendo: “Coragem, Paulo, um dia você estará no céu!”. Ao que Paulo teria
respondido: “Na verdade, já estive no céu e, por isso, tenho esse espinho!”
Deus honrou Paulo concedendo-lhe visões e revelações e levando-o ao céu; no
entanto, honrou seu servo ainda mais permitindo que ele ouvisse “palavras
inefáveis” enquanto estava no céu. Paulo ouviu segredos divinos compartilhados no
céu; coisas proferidas por Deus e pelos seres celestiais, mas impronunciáveis pelos
seres humanos.

II. BONDADE: DEUS O HUMILHOU (2 Co 12:7, 8)

Paulo aceitou a aflição mandada pelo céu com a mesma humildade com que
recebera a visão do Senhor. Nas suas palavras: “Para que não me ensoberbecesse
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com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de


Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte”. Ele não só compreendeu
a natureza do espinho, como também a razão dele – assegurar um espírito humilde.

A palavra traduzida por “espinho” vem do termo grego skolops, significando “uma
estaca aguçada”. Paulo escreveu, então, especificamente: “Foi-me posta uma
estaca na carne”.

O que seria, então, esse espinho? As sugestões são muitas. Alguns dizem que era
uma série de tentações espirituais. Outros apontam para as tentações carnais.
Outros ainda sugerem oposição e perseguição impiedosas. Deformidade física.
Epilepsia. Enxaquecas. Problemas visuais crônicos. Corcunda. Surtos de malária e a
dor de cabeça latejante que a acompanha. A verdade é que não sabemos.

Você lê um erudito bíblico e ele identificará esse espinho como sendo


definitivamente uma determinada coisa. Outro teólogo talvez diga: “Não pode ser
isso, tem de ser aquilo”. Ao ler outra autoridade confiável do Novo Testamento, ela
dirá: “Nem aquilo nem isso, mas creio que significa aquilo outro”. Depois de ouvir
suas opiniões e teorias, você fica tentado a jogá-las todas fora. Ninguém sabe ao
certo. E você, sabe o que significa? Não importa. O homem que suportou o mal, dá-
lhe o nome de “mensageiro de Satanás”. O inimigo esperava usá-lo para fazer com
que o apóstolo desertasse ou desistisse do seu chamado. Deus usou-o para manter
de joelhos o servo a quem confiara tantos dons.

Como é útil para nós ver tudo isso como o plano de Deus para manter-nos humildes.
É algo que não pode ser ensinado nas faculdades nem em seminários bíblicos.
Essas lições são aprendidas nas duras realidades da vida. Que homens e mulheres
de oração nos tornaríamos! Com que frequência nos voltaríamos para ele! Quão
plenamente nos apoiaríamos nele. E que discernimento teríamos! Foi exatamente
isso que aconteceu quando Paulo passou a voltar-se cada vez mais para o Senhor.
Deus deu uma resposta que ele não esperava.

Qual foi essa resposta? Deus respondeu: “Não”, mas ofereceu algo muito melhor do
que alívio. Graça suficiente. “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa
na fraqueza” (2 Co 12.9). Foi assim que esse homem de graça e coragem obteve
sua notável perspectiva sobre a fraqueza humana. Suponho que chamaríamos isso

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de teologia do espinho-na-carne. Paulo não inventou isso enquanto fazia jogos de


palavras inteligentes produzindo expressões criativas. Ele viveu o episódio. Recebeu
essa mensagem do Senhor. “Não” foi a “resposta final” de Deus à sua oração para
livrar-se do sofrimento.

Paulo recebeu o espinho na carne para guardá-lo de pecar. Experiências espirituais


emocionantes – como ir para o céu e voltar – costumam inflar o ego humano, e o
orgulho conduz a inúmeras tentações. Se o orgulho tivesse tomado conta do
coração de Paulo, aqueles catorze anos teriam sido repletos de fracassos em vez de
sucessos. Não sabemos o que era o espinho na carne do apóstolo. O termo
traduzido por “espinho” significa “uma estaca afiada usada para tortura ou
empalação”. Era uma aflição física de algum tipo que causava dor e agonia ao
apóstolo. Alguns estudiosos da Bíblia acreditam que Paulo sofria de um problema de
visão (ver GI 6:11), mas não é possível determinar com certeza. É melhor não saber
exatamente a natureza desse “espinho”, pois, quaisquer que sejam os nossos
sofrimentos, podemos aplicar as lições que Paulo aprendeu e, assim, também ser
encorajados.

Satanás recebeu permissão de “esbofetear” Paulo. O termo significa “bater, acertar


com o punho”. O tempo do verbo indica que essa dor era constante ou repetitiva.
Quando paramos para pensar que Paulo tinha cartas a escrever, viagens a fazer,
sermões a pregar, igrejas a visitar, perigos a enfrentar enquanto ministrava,
podemos entender como se tratava de um problema sério. Não é de admirar que o
apóstolo orasse três vezes (como Jesus havia feito no jardim [Mc 14:32-41]) pedindo
que a aflição fosse removida (2 Co 12:8).

Quando Deus permite o sofrimento em nossa vida, há várias maneiras de lidar com
ele. Alguns ficam amargurados e colocam a culpa em Deus por privá-los de sua
liberdade e prazer. Outros simplesmente “desistem” e não recebem bênção alguma
por meio dessa experiência, pois não a enfrentam com coragem. Outros rangem os
dentes, colocam uma máscara de valentia, determinados a “suportar até o fim”.
Apesar de ser uma reação corajosa, normalmente ela esgota todas as forças
necessárias para a vida diária, e, depois de um tempo, não é raro ocorrer um
colapso.

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III. GRAÇA: DEUS O AJUDOU (2 Co 12:9,10)

Essa experiência dolorosa contém duas mensagens. O espinho na carne era a


mensagem de Satanás a Paulo, mas Deus tinha outra mensagem para seu servo,
uma mensagem acerca da graça. O tempo do verbo em 2 Coríntios 12:9 é
importante: “Então ele [Deus] me disse de uma vez por todas”, Deus deu a Paulo
uma mensagem que ficou com ele. Não lhe foi permitido compartilhar as palavras
que ouviu no céu; mas pôde compartilhar as palavras que Deus lhe deu na Terra –
palavras de grande estímulo para nós hoje.
Foi uma mensagem de graça suficiente. A graça nunca está em falta. Deus é
suficiente para nosso ministério espiritual (2 Co 3:4-6), para nossas necessidades
materiais (2 Co 9:8) e para nossas necessidades físicas (2 Co 12:9). Se a graça de
Deus é suficiente para nos salvar, sem dúvida é suficiente para nos guardar e
fortalecer em nossos momentos de sofrimento.
Foi uma mensagem de graça fortalecedora. Deus nos permite enfraquecer, para que
possamos receber sua força. Trata-se de um processo contínuo: “Porque o [meu]
poder se aperfeiçoa [está se aperfeiçoando] na [sua] fraqueza” (2 Co 12:9). A força
que sabe que é forte, na verdade é fraqueza, mas a fraqueza que sabe que é fraca,
na verdade é força.
Na vida cristã, muitas das bênçãos que recebemos vêm por meio da transformação,
não da substituição. Ao orar três vezes rogando que sua dor fosse removida, Paulo
pediu uma substituição: “dá-me saúde em vez de enfermidade; livramento, em vez
de dor e fraqueza”. Por vezes, Deus supre a necessidade pela substituição; em
outras ocasiões, supre pela transformação. Ele não remove a aflição, mas nos dá
sua graça, de modo que a aflição trabalhe em nosso favor, não contra nós.
Enquanto Paulo orava sobre seu problema, Deus lhe deu uma compreensão mais
profunda daquilo que fazia em sua vida. Paulo descobriu que o espinho na carne era
uma dádiva de Deus. Que presente mais estranho! Havia apenas uma coisa a fazer:
Paulo devia aceitar esse presente e permitir que Deus cumprisse seus propósitos.
Deus desejava guardar Paulo de se exaltar, e esse foi o meio que lhe aprouve usar
para cumprir esse propósito.
Quando Paulo aceitou sua aflição como uma dádiva de Deus, permitiu, com isso,
que a graça de Deus operasse em sua vida. Deus não ofereceu nenhuma
explicação a Paulo; em vez disso, lhe deu uma promessa: “A minha graça te basta”.
Não vivemos de explicações; vivemos de promessas. Nossos sentimentos mudam,

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mas as promessas de Deus são sempre as mesmas. As promessas geram fé, e a fé


fortalece a esperança.
Paulo poderia perfeitamente ter escrito as linhas seguintes:

As gloriosas revelações que concedeste,


manifestações inefáveis de luz sagrada,
evocam meu feliz louvor em pura alegria,
antegozo da minha morada celestial.
Então, por que esse incessante espinho; aguilhão ardente
de Satanás? Por que não me poupas da desgraça
da perseguição, da malícia e do terror do perigo?
De que estranhos vapores de amor emanaram as urtigas?
A minha graça te basta; sim,
meu poder se aperfeiçoa quando estás fraco.
Suplicarás, em tua débil intrepidez,
Quando tua fraqueza em ruínas trouxer a força por que buscas?
Ora, injúrias, dificuldades, fraquezas são o meu cântico,
Minha alegria; pois quando sou fraco, então sou forte.'
– D. A. Carson, Sonnets from Scripture

Paulo apropriou-se da promessa de Deus e se valeu da graça que lhe foi oferecida;
esse passo transformou em triunfo o que, antes, havia parecido uma tragédia. Deus
não mudou a situação removendo a aflição; mudou-a acrescentando um ingrediente
novo: a graça. Nosso Deus é “o Deus de toda graça” (1 Pe 5:10) e está assentado
no “trono da graça” (Hb 4:16). A Palavra de Deus é a “palavra da sua graça” (At
20:32) e, de acordo com sua promessa, ele “dá maior graça” (Tg 4:6). Sob qualquer
ponto de vista, a graça de Deus é suficiente para todas as nossas necessidades.
No entanto, Deus não nos concede sua graça simplesmente para que possamos
“suportar” os sofrimentos. Até mesmo os não convertidos podem demonstrar enorme
capacidade de suportar a dor. A graça de Deus deve permitir que nos elevemos
acima de todas as circunstâncias e sentimentos e fazer com que nossas aflições
trabalhem em nosso favor, para nosso bem. Deus deseja construir nosso caráter de
modo a nos tornar mais semelhantes ao nosso Salvador.
Que benefícios Paulo colheu desse sofrimento? Em primeiro lugar, experimentou o
poder de Cristo em sua vida. Deus transformou a fraqueza de Paulo em força. O
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termo traduzido por repousar significa “abrir uma tenda sobre algo”. Paulo
considerava seu corpo uma tenda frágil (2 Co 5:1 ss), mas a glória de Deus havia
entrado nessa tenda e a transformara num santo tabernáculo.
Além disso, o apóstolo foi capaz de se gloriar em suas enfermidades. Isso não
significa que preferia a dor à saúde, mas que aprendeu a se beneficiar das
enfermidades. O que determinou essa diferença? Ele "[sentiu] prazer nas fraquezas"
e problemas, não porque era emocionalmente desequilibrado e gostava da dor, mas
porque sofria por amor a Jesus Cristo. Glorificava a Deus com seu modo de aceitar e
de lidar com as experiências difíceis da vida.
Tudo depende da expressão: “por amor de Cristo”; acerca da qual Tasker comenta:
“Só mesmo um fanático mórbido pode sentir prazer no sofrimento que inflige a si
mesmo; só mesmo um tolo insensível pode sentir prazer nos sofrimentos
decorrentes de sua própria tolice; e só mesmo um cristão convicto pode sentir prazer
no sofrimento suportado por amor de Cristo, pois só esse cristão foi iniciado no
segredo divino, o de que somente quando ele é fraco…. é que ele é forte”. Os
visionários superespirituais que afligiam a igreja nada sabiam desse cristianismo. A
reação de Paulo, o seu gloriar-se nas fraquezas, praticamente não fazia sentido para
eles, mas homens e mulheres que conhecem e amam a Jesus discernirão
prontamente por que Paulo chega a essas conclusões revolucionárias, pois
começaram a compreender o que significa servir e sofrer “por amor de Cristo” (2 Co
12.10). E, à medida que servem, podem confiar na perfeita combinação de
soberania e graça que há em Cristo, a qual os capacita a cantarem:

Tenho um protetor soberano, invisível, mas sempre perto,


imutavelmente fiel para salvar, onipotente para governar e ordenar.
Ele sorri, e em mim transborda consolação;
sua graça descerá como o orvalho,
e as muralhas da salvação estarão ao redor
da alma que ele se apraz em defender.

Aquele que inspira e ouve orações,


teu pastor e guardião teu,
Tudo que é meu ao zelo da tua aliança
rendo, meu dormir e meu caminhar.
Se és meu escudo e meu sol,
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a noite não me será escura;


e, por mais velozes que passem meus momentos,
eles apenas me trazem para mais perto de ti.
– August Montague Toplady (1740-1779)

A partir da experiência de Paulo, podemos aprender várias lições práticas.


1. Para o cristão devoto, o espiritual é mais importante que o físico. Não se trata
de uma sugestão de que devemos ignorar o aspecto físico, pois nosso corpo é
templo do Espírito de Deus. Significa, porém, que não devemos procurar fazer de
nosso corpo um fim em si. Ele é um instrumento de Deus Para realizar sua obra aqui
na Terra. O que Deus faz para desenvolver nosso caráter cristão é muito mais
importante do que a cura física sem caráter
2. Deus sabe equilibrar em nossa vida as bênçãos e os fardos, o sofrimento e a
glória. A vida é parecida com a fórmula de um remédio: se os ingredientes são
tomados separadamente, podem causar a morte, mas, quando misturados da
maneira correta e na devida proporção, podem nos ajudar.
3. Nem toda enfermidade é causada peio pecado. De acordo com a
argumentação dos amigos de Jó, ele havia pecado, por isso estava sofrendo. No
entanto, essa linha de raciocínio estava errada no caso de Jó e também não se
aplica a Paulo. Há ocasiões em que Deus permite aflições de Satanás, a fim de
realizar, por meios delas, seus propósitos maravilhosos em nossa vida.
4. O pecado é pior que a enfermidade; e o pior pecado de todos é o orgulho. A
pessoa saudável que se rebela contra Deus está em piores condições do que a
pessoa aflita que se submete a Deus e que desfruta sua graça. É um paradoxo –
uma evidência da soberania divina – Deus ter usado Satanás, o mais orgulhoso de
todos os seres, para conservar a humildade de Paulo.
5. A aflição física não deve ser um impedimento para o serviço cristão eficaz. Os
cristãos de hoje têm a tendência de ser cheios de caprichos e de usar qualquer
pequeno desconforto ou dor como desculpa para não ir à igreja ou para recusar
alguma oportunidade de servir ao Senhor. Paulo não permitiu que seu espinho na
carne fosse uma pedra de tropeço. Antes, deixou que Deus transformasse esse
espinho em uma pedra de apoio.
6. Podemos sempre descansar na Palavra de Deus. Ele sempre tem uma
mensagem de encorajamento para nós em tempos de tribulação e de sofrimento.

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Madame Guyon, a grande mística francesa, escreveu certa vez a uma amiga aflita:
“Ah! se você soubesse do poder inerente à agonia que é aceita!” Paulo conhecia
esse poder, pois confiava na vontade de Deus e dependia da graça de Deus, e esse
mesmo poder nos é oferecido hoje

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Baxter, J. Sidlow, Examinais as Escrituras, São Paulo, Vida Nova, vol. 5. 356 p.
Bruce, F. F., Merece Confiança o Novo Testamento, São Paulo, Vida Nova, 155 p.
Champlin, R. N. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo,
Editora Condeia, Vol. 1 e 2
Pfeiffer, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro : CPAD, 2007.

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