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Data: 12/07/2023
Euclides Neto
Euclides José Teixeira Neto (Ubaíra, 11 de novembro de 1925 — Salvador, 5 de abril de 2000)
foi advogado, criador de cabras, político e escritor brasileiro, notabilizando-se na luta pela
Reforma Agrária e oposição ao Regime Militar de 1964.
Euclides José Teixeira Neto, advogado e agricultor, nascido e criado na região cacaueira da
Bahia, conhecia como poucos os dois ecossistemas importantes, complexos e, ao mesmo
tempo, frágeis: a Caatinga e a Mata Atlântica, além de contar com uma vasta experiência sobre
a vida, a natureza, as relações sociais e afetivas dos seus habitantes - o seu povo. A Bahia é um
dos estados onde se concentram os maiores e mais graves problemas sociais, particularmente
rurais, do Brasil.
Autor de mais de uma dezena de livros, foi romancista e articulista conceituado, tendo ainda
sido Secretário de Reforma Agrária e Cooperativismo do governo da Bahia, quando teve a
oportunidade de demonstrar o seu apego à terra e ao homem do campo, tema de seus livros.
Em 1986, quando nomeado pelo governador da Bahia para a pasta de Assuntos Fundiários e
Reforma Agrária, Euclides Neto, comunista moderado, combateu o nepotismo.
Sobre sua carreira jurídica, Euclides Neto, em entrevista ao jornal A Tarde (18.02.1990),
comentou: “advoguei por 40 anos e nunca para firmas ou exportadores de cacau. Sempre
defendi trabalhadores rurais”.
Na produção literária, Euclides Neto, ao longo de sua vida publicou catorze obras, entre
romances e crônicas, predominantemente, tratando das desigualdades nas condições de vida
entre os “senhores do cacau” e os trabalhadores rurais.
Política
Desde sua emancipação em 1933, a política em Rio Novo (atual Ipiaú) foi monopolizada por
grupos políticos de caráter conservador. Entre eles, estava o Partido Social Democrático (PSD),
fundado na Bahia em 1933 por Juracy Magalhães que, como tática, passou a cooptar prefeitos
para sua legenda, com o objetivo de ampliar sua influência política no interior do estado.
Em Rio Novo, Antônio Augusto de Sá fundou o Diretório Municipal do PSD em 1934; havia
também a Ação Integralista Brasileira (AIB), com núcleo em Rio Novo, fundado em 1934 e
presidido pelo engenheiro civil Antônio de Almeida Souza Filho.
O município de Rio Novo, hoje Ipiaú, registrava cerca de três mil integralistas. Na campanha
para as eleições de janeiro de 1936, as disciplinadas falanges integralistas mostravam ser fortes
concorrentes do PSD governista, e das velhas oligarquias que controlavam os currais eleitorais.
Vereadores integralistas foram eleitos através do Estado, inclusive na capital e nos municípios
de Jequié, Poções, Ipiaú, Mundo Novo, Itabuna, Maragogipe, etc.
Eleito prefeito de Ipiaú, realiza ali, no início dos anos 60, a primeira experiência socialista de
distribuição da terra e do trabalho. Na “Fazenda do Povo” foram assentadas dezenas de
famílias de indigentes, desempregados, desiludidos, abandonados, perdidos, doentes em uma
área de 167 hectares. Esses homens, mulheres e crianças passaram a produzir sua subsistência
e, sobretudo, sua dignidade.
Sobre a fazenda, Euclides dizia que "nasceu da vontade de fazer uma experiência socialista,
sem ficar somente na proveta do laboratório de sociologia e política". No local eram
produzidos gêneros para a merenda escolar e comercialização em feiras livres. A feira
dominical da cidade, surgiu dos produtos trazidos da Fazenda do Povo.
Ainda hoje, muitas dessas famílias sobrevivem dignamente, em função daquela bem sucedida
experiência. A “fazenda do Euclides” continua gerando emprego para os netos dos primeiros
agricultores que ali trabalham há mais de três décadas. Até hoje, estão ali assentadas, cerca de
75 famílias.
Em 1964, ano do golpe militar, Euclides Neto foi processado e punido por ter desenvolvido
aquela experiência. O inquérito Policial Militar que o investigou, durou de abril de 1964 a
dezembro de 1965. O último depoimento que prestou aos militares ocorreu em Salvador. A
cassação do mandato do prefeito não foi efetivada. Entretanto, até ao fim do seu mandato, em
abril de 1967, continuou sendo patrulhado pelo governo militar.
Euclides Neto, porém, mesmo sob investigação, continuou buscando alternativas para instalar
em Ipiaú uma estrutura que fizesse do município um polo de influência em relação a outras
localidades do estado, a partir dos aspectos geográficos e econômicos que dispunha: eixo
rodoviário relevante, um número significativo de bancos, casas exportadoras de cacau, campo
de pouso, bem como sua grande vocação agrícola.
Principais obras
Autor de ensaios, crônicas e romances, Euclides Neto iniciou-se nas artesanias da escrita com a
geração emblemática de 1945, marcada pela fusão do veio telúrico dos anos 30 com os
tumultos de um mundo novo que se refazia. Ao longo dos vários livros publicados em vida, o
escritor desenha a cartografia de um percurso e as perdas e ganhos de um percalço, para
deixar como herança da sua obra de escritor multiface, polígrafo, um livro póstumo que é uma
espiral parabólica no panorama da nossa literatura. Euclides se inseria na tradição do romance
social, e trazia na sua obra elementos do realismo socialista.
Retratando a mesma região de Jorge Amado e Adonias Filho, dele disse José Saramago: "se sei
o que é escrever, Euclides Neto é bom escritor." Dono de peculiar estilo regionalista, sua
literatura vem sendo objeto de estudos acadêmicos; apesar de sua erudição, o estilo faz-se
simples e, por vezes, coloquial.
Era imortal da Academia de Letras de Jequié, ocupando a Cadeira 11, que tem por Patrono José
Antônio Ribeiro Jr., da qual foi fundador.
Livros
Porque o homem não veio do macaco;
Berimbau (1946);
Os Magros (1961);
O Patrão (1978);
Os Genros (1981);
Machombongo (1986);
A Enxada (1996);
- Euclides Neto
Adonias Filho
Adonias Aguiar Filho (Itajuípe, 27 de novembro de 1915 — Ilhéus, 2 de agosto de 1990) foi um
integralista, jornalista, crítico literário, ensaísta e romancista brasileiro da terceira fase do
Modernismo, membro da Academia Brasileira de Letras.
Era considerado o principal crítico literário do Brasil em sua época. Cyro de Mattos considerou
seu legado romancístico como “uma das perpendiculares de nossa literatura”, e Almeida
Fischer incluiu seus romances entre os maiores da língua portuguesa de todos os tempos. É
usualmente considerado o “Dostoiévski brasileiro”.
Seus romances foram traduzidos para o inglês, o alemão, o espanhol, o francês, o japonês e o
eslovaco. Teve uma novela e três romances adaptados para o cinema.
Estreia como romancista em 1946, publicando Os Servos da Morte, pela Editora José Olympio.
Em 1950, candidata-se a deputado federal pela União Democrática Nacional. Sobre isso, Carlos
Antônio de Azeredo Filho escreveu, no Diário da Manhã: “Quanto ao romancista Adonias Filho,
não abandonou o Integralismo. [...] Há anos fora da Bahia, voltado mais para as coisas do
espírito, aceitou um lugar que a UDN lhe ofereceu em sua chapa à deputação federal pelo seu
Estado natal, sem prejuízo dos seus velhos compromissos com o movimento integralista, ao
qual ficou ligado para sempre desde a adolescência”. Não sendo eleito, aproveitou a estada na
Bahia para concluir seu romance Memórias de Lázaro, segundo da trilogia iniciada por Os
Servos da Morte, e publicado em 1952 pelas Edições O Cruzeiro.
Apoiou o golpe militar de 1964, no qual teve grande influência e importância. Ajudou a libertar
muitos intelectuais perseguidos pela repressão nos anos de chumbo, inclusive Jorge Amado.
Amigo de Golbery do Couto e Silva, foi cogitado por este para assumir um cargo no seu
governo, caso ele fosse nomeado interventor na Guanabara, em 1965, o que não aconteceu.
Em 14 de janeiro de 1965, foi eleito para a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras. No
mesmo ano, publica o romance O Forte. Foi agraciado com a Ordem do Mérito Militar, no grau
de Comendador, no Corpo de Graduados Especiais.
Estilo
Pela concisão, ritmo sincopado, metáforas e transfiguração poética, Adonias Filho é
considerado um dos escritores mais originais da literatura brasileira.[8] A realidade da zona
cacaueira da Bahia, onde nasceu e cresceu, serviu-lhe para recriar um mundo carregado de
simbolismo, quase mítico, nos episódios e nos personagens, recorrendo a imagens e alegorias,
apesar de um fundo de realismo no aproveitamento das conquistas da técnica literária
moderna.[5][17] Suas obras revelam influência de William Faulkner, assim como de Fiódor
Dostoiévski, James Joyce, Honoré de Balzac, Julien Green, Charles Dickens, Jakob Wassermann,
Georges Bernanos e Albert Camus.[7] Teve uma curva ascensional na atividade como
ficcionista, aprimorando seu estilo com a experiência de cada publicação.
É o quinto ocupante da cadeira 21, que tem por patrono Joaquim Serra.
Obras
Renascimento do homem - ensaio (1937)
Prêmios
Adonias Filho conquistou os seguintes prêmios:
Prêmio Paula Brito de crítica literária (Guanabara, 1968), com o livro "Léguas da promissão";
Jorge foi superado, em número de vendas, apenas por Paulo Coelho. Mas em seu estilo - o
romance ficcional -, não há paralelo no Brasil. Em 1994, a sua obra foi reconhecida com o
Prémio Camões.
Nascido em uma fazenda que ficava em Ferradas, um antigo distrito da recém emancipada
Itabuna, Jorge Amado logo migraria para viver na cidade de Ilhéus por causa de uma forte
enchente do Rio Cachoeira e por causa do surto de varíola e de gripe espanhola que sucedeu
naquela parte do chão grapiúna, mas, foi registrado no cartório do povoado de Ferradas, como
filho mais velho do Coronel João Amado de Faria e sua esposa de Eulália Leal. Teve outros três
irmãos: Jofre, Joelson e James, único nascido em Ilhéus.
Foi justamente na sede da antiga capitania de São Jorge dos Ilhéus que Jorge passou parte de
sua infância, por isso, muitos atribuem seu local de nascimento a cidade que serviu de cenário
para os romances e novelas da temática do cacau.
Era primo do advogado, escritor, jornalista e diplomata Gilberto Amado, de Gilson Amado,
fundador da TV Educativa e da atriz Véra Clouzot. Foi casado com a também escritora Zélia
Gattai, a qual o sucedeu em 2002 na cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras.
Em sua atuação literária apresentou duas fases distintas: primeiramente de claro cunho social e
político, que podem ser vistas em obras como O País do Carnaval, Cacau, Suor, Jubiabá,
Capitães de areia e Os subterrâneos da liberdade, entre outras. Já em obras como Gabriela,
cravo e canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tenda dos milagres, Tereza Batista cansada de
guerra e Tieta do Agreste, pode-se ver um aspecto mais regionalista, segundo opinião do
professor, crítico e historiador de literatura brasileira Alfredo Bosi:
Cacau - 1933
Jubiabá - 1935
- Jorge Amado