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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO


A.O.S. DIOCESE DE ABAETETUBA
EEEFM SÃO FRANCISCO XAVIER

COMPONENTE CURRICULAR: LITERATURA ANO: 3ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO


PROFESSOR: FRANCIVALDO

MODERNISMO: GERAÇÃO DE 1930 – NA POESIA

CECÍLIA MEIRELES

BIOGRAFIA

Cecília Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Não conheceu


seu pai, que morreu antes de a filha nascer. Além disso, ficou órfã de mãe quando tinha
dois anos de idade. Assim, foi criada pela avó materna. Em 1917, formou-se na Escola
Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, quando iniciou o magistério como
professora primária, além de estudar canto e violino no Conservatório Nacional de
Música.
Seu primeiro livro — Espectros — foi escrito quando a poetisa tinha 16 anos de idade e
publicado em 1919. Três anos depois, ela se casou com o artista plástico Fernando
Correia Dias (1892-1935), com quem teve três filhas. Porém, o casal acabou passando
por muitas dificuldades financeiras. Assim, além de seu trabalho como professora, a
escritora escreveu artigos sobre educação para o Diário de Notícias, de 1930 a 1933.
A aproximação da autora com o movimento modernista ocorreu em 1927, por meio da
revista católica e neossimbolista Festa. Já em 1934, Cecília criou a primeira biblioteca
infantil do país, no Rio de Janeiro. Nesse ano, viajou com o marido para Portugal para dar
palestras em universidades. No ano seguinte, como resultado da depressão, seu marido
se suicidou. A partir daí, as dificuldades financeiras aumentaram. De 1936 a 1938, a
escritora trabalhou como professora de Literatura Luso-Brasileira e também de Técnica e
Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal.
Em 1940, a poetisa casou-se com o médico Heitor Grilo, ano em que o casal viajou para
os Estados Unidos, onde Cecília Meireles deu um curso de Literatura e Cultura Brasileira
na Universidade do Texas, em Austin. Em seguida, participou de conferências sobre
literatura, folclore e educação no México. No ano seguinte, além de escrever para A
Manhã, dirigiu a revista Travel in Brazil, do Departamento de Imprensa e Propaganda
(DIP). Mais tarde, em 1944, escreveu para a Folha Carioca e o Correio Paulistano.
A escritora aposentou-se como diretora de escola em 1951. Dois anos depois, foi
convidada por Nehru (1889-1964), o primeiro-ministro da Índia, para fazer parte de um
simpósio sobre a obra de Gandhi (1869-1948). Nesse mesmo ano, Cecília Meireles
também escreveu para O Estado de S. Paulo. Já em 1958, foi convidada para participar
de conferências em Israel. Em 1961, escreveu crônicas para o programa Quadrante, da
Rádio Ministério da Educação e Cultura, e também para o programa Vozes da Cidade, da
Rádio Roquette-Pinto, em 1963, um ano antes de morrer, em 9 de novembro de 1964.
A escritora Cecília Meireles recebeu os seguintes prêmios e homenagens:
 Medalha de ouro (1913) — das mãos de Olavo Bilac (1865-1918), poeta e inspetor
escolar do Distrito Federal, pela conclusão, com distinção, do curso médio na
Escola Estácio de Sá;
 Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (1938);
 Grau de Oficial da Ordem do Mérito (1952) — Chile;
 Título de doutora honoris causa pela Universidade de Delhi (1954) — Índia;
 Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (1965) — póstumo.

(Brasil Escola)

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS DE CECÍLIA MEIRELES

Cecília Meireles é uma poetisa da segunda fase do modernismo brasileiro. Suas obras,
portanto, apresentam as seguintes características:

 crise existencial;

 conflito espiritual;

 temática sociopolítica;

 reflexão sobre o mundo contemporâneo;

 resgate da poesia clássica;

 liberdade formal, com o uso de versos:


- regulares: com métrica e rima;

- brancos: com métrica e sem rima; e

- livres: sem rima e sem métrica.

Além disso, é recorrente nas obras da autora a melancolia, a fuga no sonho, o uso de
sinestesia, a consciência da efemeridade da vida, da fugacidade do tempo, além de
temáticas como o amor, a solidão, o tempo, a eternidade, a saudade, o sofrimento, a
religião e a morte."

(SOUZA, Warley. Cecília Meireles)

POEMAS
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,


não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.


Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Canção

Pus o meu sonho num navio


e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas


do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,


a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,


para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;


praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
VINICIUS DE MORAES

BIOGRAFIA

Vinicius de Moraes nasceu em 19 de outubro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro.


Quatro anos depois, iniciou seus estudos primários na escola Afrânio Peixoto, no bairro
de Botafogo, onde morava. Já em 1920, por vontade de seu avô materno, o poeta foi
batizado na maçonaria.
Após residir em vários endereços do bairro de Botafogo, a família do escritor se mudou
para a Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 1922. Mas, dois anos
depois, o poeta começou o curso secundário no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, onde
passou a morar com os avós paternos.
Em 1929, Vinicius terminou o curso secundário e voltou a viver novamente com os pais,
agora no Jardim Botânico. No ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito e concluiu
o curso em 1933, ano em que publicou seu primeiro livro de poesias — O caminho para a
distância.
Dois anos depois, em 1935, recebeu o prêmio Felipe d’Oliveira pela publicação de seu
segundo livro — Forma e exegese. Já em 1938, o autor ganhou uma bolsa para estudar
literatura inglesa na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Porém, em 1939, por causa
da Segunda Guerra Mundial, ele e sua esposa, Tati de Moraes (1911-1995), tiveram que
voltar para o Brasil.
No ano de 1941, o escritor passou a fazer crítica de cinema para o jornal A Manhã. No
ano seguinte, viajou ao Nordeste, onde presenciou a realidade miserável da região e, a
partir de então, se tornou um artista de esquerda. Já em 1943, começou sua carreira
diplomática ao ser aprovado em concurso do Itamaraty, o que não o impediu de dirigir o
suplemento literário do periódico O Jornal, em 1944.
Quando viajava, em 1945, para Buenos Aires, em companhia de alguns amigos, sofreu
um acidente de avião, mas sobreviveu. Em 1946, ocupou o cargo de vice-cônsul em Los
Angeles, nos Estados Unidos. Voltou ao Brasil cinco anos depois, em 1951, e foi morar
com sua nova esposa — Lila Bôscoli —, no Rio de Janeiro, onde Vinicius escrevia
crônicas para o jornal Última Hora.
No final de 1953, foi nomeado para trabalhar na embaixada do Brasil em Paris. Quatro
anos depois, em 1957, foi transferido para a embaixada do Brasil no Uruguai. Então,
mudou-se para Montevidéu, no ano seguinte, ao lado de Maria Lúcia Proença, seu novo
relacionamento. Já em 1963, retornou a Paris, ao lado de sua nova companheira, Nelita
de Abreu Rocha, para trabalhar na delegação do Brasil na Unesco.
No ano seguinte, após o golpe militar, retornou ao seu país natal. Em 1969, foi exonerado
do seu cargo no Itamaraty pelo governo militar. Nesse mesmo ano, estava em um novo
relacionamento e, portanto, passou a morar com Christina Gurjão. Já em 1970, Gesse
Gessy, sua nova companheira, apresentou o cantor ao candomblé.
Durante esse período, Vinicius de Morais passou a fazer mais e mais shows, até que
morreu, em 9 de julho de 1980, no Rio de Janeiro, quando vivia com Gilda Mattoso, sua
última esposa. Ele entrou para a história da música brasileira como um dos inventores
da bossa-nova.
Vale dizer que a maioria de suas canções foi composta em parceria com outros artistas.
[...]

CARACTERÍSTICAS DA OBRA DE VINICIUS DE MORAES


Vinicius de Moraes é um autor da segunda geração do modernismo brasileiro, e suas
obras apresentam as seguintes características:
 angústia existencial;
 conflito espiritual;
 crítica sociopolítica;
 liberdade formal;
 reflexão sobre a contemporaneidade.
No entanto, as obras do poeta apresentam peculiaridades como:
 traços simbolistas;
 temas religiosos;
 elementos do cotidiano;
 temática amorosa;
 uso de antíteses;
 estrutura de soneto.

(SOUZA, Warley. Vinicius de Moraes)


Vinícius de Moraes e Tom Jobim

BOSSA NOVA
As parcerias com João Gilberto e Tom Jobim se revelam promissoras em 1959 com o
movimento denominado “Bossa Nova”.
As composições de Vinicius e Tom são interpretadas por João Gilberto no disco “Chega
de Saudade”. O intérprete inova e marca um dos movimentos mais importantes da história
da cultura brasileira.
Em 1964, depois do golpe militar, após um longo período atuando nos trabalhos
administrativos do Itamaraty no Uruguai, retorna ao Brasil. Passa, então, a colaborar com
a revista Fatos e Fotos do jornal Diário Carioca.
Sua canção “Arrastão” é interpretada por Elis Regina no Festival Nacional da Música
Popular Brasileira da TV Excelsior.
Os festivais dividiram a produção musical brasileira e a canção de Vinicius foi eleita a
melhor música da edição de 1965.
No mesmo ano, com a música “Valsa do Amor que não Vem”, leva o segundo lugar. A
canção foi interpretada por Elizeth Cardoso.
Em momento de intensa produção cultural, permanece no Brasil, sendo transferido pelo
Itamaraty para Ouro Preto em 1967, onde organiza um festival de arte.
No ano seguinte, por conta da instauração do Ato Institucional n.º 5, lê o poema “Pátria
Minha”, na ocasião de shows em Portugal. O protesto resultou na exoneração de Vinicius
de Moraes por ordem do presidente Arthur da Costa Silva.
(DIANA, Daniela. Vida e Obra de Vinicius de Moraes)

POEMAS
Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto


Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente


Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante


Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

A Rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida.
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

ALGUNS POEMAS DE VINICIUS DE MORAES QUE SE TORNARAM CANÇÕES:

1 – Eu sei que vou te amar


https://www.youtube.com/watch?v=yHLJQfQUJUQ

2 – Rosa de Hiroshima
https://www.youtube.com/watch?v=7Y1GTadiCyY

3 – Garota de Ipanema
https://www.youtube.com/watch?v=yC2jWjGg90g

4 – Soneto de Fidelidade
https://www.youtube.com/watch?v=eHgU4ERc7Nc

5 – Onde anda você


https://www.youtube.com/watch?v=Gb5sbORA62w

6 – Arrastão
https://www.youtube.com/watch?v=O80tshw68yM

REFERÊNCIAS

DIANA, Daniela. Vida e Obra de Vinicius de Moraes. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/vinicius-de-moraes/>. Acesso em: 06 out. 2022.
SOUZA, Warley. Cecília Meireles. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/literatura/cecilia-meireles.htm>. Acesso em: 27 set. 2022.
_____________. Vinicius de Moraes. Disponível em:
<https://www.portugues.com.br/literatura/vinicius-de-moraes.html>. Acesso em: 06 out.
2022.
ATIVIDADE

Leia o texto a seguir.

Reinvenção

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas


e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas ...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo ... - mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida


a vida só é possível
reinventada.
[…]

(Cecília Meireles)

01. Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles, encontramos
traços de seu estilo
(A) sempre marcado pelo momento histórico.
(B) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
(C) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
(D) vinculado à estética simbolista.
(E) de caráter épico, com inspiração camoniana.

Leia o poema abaixo:

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio tão amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas,
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


tão simples, tão certa e fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?"

(Cecília Meireles)
02. Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com o poema:

(A) A expressão "mãos sem força", que aparece no primeiro verso da segunda estrofe,
indica um lado fragilizado e impotente do "eu" poético diante de sua postura existencial.
(B) As palavras mais sugerem do que escrevem, resultando, daí, a força das impressões
sensoriais. Imagens visuais e auditivas, em outros poemas, sucedem-se a todo momento.
(C) O tema revela uma busca da percepção de si mesmo. Antes de um simples retrato, o
que se mostra é um autorretrato, por meio do qual o "eu" poético olha-se no presente,
comparando-se com aquilo que foi no passado.
(D) Não há no poema o registro de estados de ânimo vagos e quase incorpóreos, nem a
noção de perda amorosa, abandono e solidão.
(E) n.d.a (nenhuma das alternativas)

Leia o texto abaixo:

Canção

Pus o meu sonho num navio


e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas


do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,


a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,


para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;


praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

(Cecília Meireles)

03. A partir da leitura do poema “Canção”, de Cecília Meireles, podemos notar a presença
dos seguintes elementos nos versos da poeta:

(A) inclinação para a estética neossimbolista perceptível através da utilização de


elementos como mar, sonho, ondas, areias, águas, conferindo ao poema um caráter fluido
e etéreo.
(B) Presença do monólogo interior, digressão e fragmentação dos versos que contribuem
para a temática da existência.
(C) Preocupação com a reflexão filosófica, com os modelos clássicos, além de uma
temática notadamente pessimista.
(D) Proximidade com o mundo material, temas relacionados com o cotidiano, sobretudo
com as questões sociais.
(E) n.d.a (nenhuma das alternativas)

Leia o texto abaixo para responder às questões 04 e 05:

Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinicius de Moraes)

04. Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de
que o poeta

(A) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.
(B) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e
trocar de amor.
(C) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.
(D) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria
quanto na tristeza.
(E) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se
entregarem ao amor.

05. O eu lírico imagina a possibilidade de futuramente ocorrerem duas situações adversas


com ele. Marque a alternativa que apresenta essas situações:

(A) “Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama”

(B) “De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto”
(C) “Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento”

(D) “Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto”

(E) “Quem sabe a morte, angústia de quem vive


Quem sabe a solidão, fim de quem ama”

Leia o poema abaixo:

Soneto de devoção

Essa mulher que se arremessa, fria


E lúbrica em meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia


Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama


A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! - uma cadela


Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

(Vinicius de Moraes)

06. Sobre o poema de Vinicius de Moraes é correto afirmar:

(A) Predominância de elementos místicos e religiosos, características da primeira fase da


poesia de Vinicius de Moraes.
(B) Presença do erotismo, recriado a partir de uma forma clássica e de uma linguagem
crua e direta.
(C) Emprego de uma linguagem direta e quase didática para manifestar solidariedade às
classes oprimidas e também à mulher.
(D) Apresenta elementos que revelam grande preocupação com a condição humana e o
desejo de superar, através da transcendência mística, as sensações de culpa do pecado
do amor carnal.
(E) n.d.a (nenhuma das alternativas)

07. Estão, entre as principais características da linguagem poética de Cecília Meireles:

(A) Sua linguagem é marcada pelo experimentalismo e bastante influenciada pela


linguagem popular. Buscou a recriação da linguagem a partir do contato com os falares
regionais, defendendo os “erros” gramaticais como expressão maior de nossa brasilidade.
(B) Sua escrita é direta e simples, quase prosaica, muito embora tenha tido grande
conhecimento das formas clássicas de estruturação de poemas, elementos que também
podem ser encontrados em sua obra.

(C) O cuidado com a seleção vocabular e a inclinação para a musicalidade, para o verso
curto e para os paralelismos estão entre as principais características da poesia de Cecília
Meireles.

(D) Por meio de uma linguagem debochada, irônica e crítica, Cecília Meireles satirizava
os meios acadêmicos e também a burguesia, estabelecendo uma profunda ruptura em
relação à cultura do passado.

(E) n.d.a (nenhuma das alternativas

Leia os versos, abaixo, de autoria de Vinicius de Moraes:

Pensem nas crianças


Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

08. Nesse poema, o autor

(A) condena a ação de países poderosos, convocando a humanidade a um protesto


coletivo.
(B) critica as armas nucleares, denunciando os efeitos devastadores da bomba atômica.
(C) denuncia a ação criminosa dos guerrilheiros, desaprovando suas ações de extermínio.
(D) protesta contra os crimes de guerra, denunciando a impunidade dos governantes.
(E) n.d.a (nenhuma das alternativas)

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