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PARNASIANISMO E SIMBOLISMO

1- (CEFET-PA) Leia os versos:


Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhantes copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia.
Então e, ora repleta ora esvaziada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Todas de roxas pétalas colmada.
(Alberto de Oliveira)

Assinale a alternativa que contém características parnasianas presentes no poema:


a) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e subjetivismo;
b) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com sentimentalismo amoroso;
c) revalorização das ideias iluministas e descrição do passado.
d) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema ligado à Grécia antiga.
e) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual.

2- (ENEM)
Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espirito que chora,


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: Alhambra, 1995.)

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de
Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção
do eu lírico, esse julgamento revela que:
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento intimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artificio nocivo ao convívio social.

3- (Acafe 2017) “Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se voltavam para o exame e para a crítica da
realidade, o Parnasianismo representou na poesia um retorno ao clássico, com todos os seus ingredientes: o princípio
do belo na arte, a busca do equilíbrio e da perfeição formal. Os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte
reside nela mesma, em sua perfeição, e não na sua relação com o mundo exterior.”
CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 334.

Sobre o Parnasianismo, assinale a alternativa correta.


a) Os maiores expoentes do Parnasianismo, na poesia e na prosa, ocuparam-se da literatura indianista, na qual exaltavam a
dignidade do nativo e a beleza superior da paisagem tropical.
b) Um exemplo de poesia parnasiana é a obra Suspiros poéticos e saudade, de Gonçalves de Magalhães, na qual o poeta anuncia
a revolução literária, libertando-se dos modelos românticos, considerados ultrapassados.
c) Os parnasianos consideravam que certos princípios românticos, como a simplicidade da linguagem, valorização da paisagem
nacional, emprego de sintaxe e vocabulário mais brasileiros, sentimentalismo, tudo isso ocultava as verdadeiras qualidades
da poesia.
d) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa exemplificam a tendência de uma poesia pura, indiferente às
contingências históricas, com sátira à mestiçagem e elogio à nobreza local.

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi‐las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto


A via‐láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê‐las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

(BILAC, Olavo. Poesia. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1957.)

4- O poema “Ora (direis) ouvir estrelas” de Olavo Bilac é um dos mais famosos do período literário no Brasil
referente ao Parnasianismo. Acerca do poema transcrito, assinale a alternativa correta.
a) É possível observar um lirismo passional no soneto de Olavo Bilac.
b) Em seu poema, Olavo Bilac representa os ideais tipicamente parnasianos.
c) Tal poema demonstra rigor formal e objetividade através da forma fixa do soneto.
d) Em “Ora (direis) ouvir estrelas”, Bilac demonstra o lema parnasiano da “arte pela arte”.

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,


Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
(Alphonsus de Guimaraens)

5- Considere as afirmações abaixo sobre o poema “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens.

I. Todo o poema é construído com base em antíteses. As antíteses articulam-se em torno dos desejos contraditórios
de Ismália, que se dividem entre a realidade espiritual e a realidade concreta.
II. A partir da análise deste poema podemos afirmar que, para os simbolistas, sonho e loucura levam à libertação,
pois a razão e a lógica aprisionam o homem. Dar vazão ao mundo interior; explorar zonas ocultas da mente humana
é o mesmo que transcender os limites do mundo real.
III. De acordo com o desfecho do poema, o céu recebe a alma; logo, liga-se ao aspecto espiritual. O mar recebe o
corpo; logo, representa o universo material.

Quais estão corretas?


a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) I, II e III

Vida obscura

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro


ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro


a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sofrimento inquieto,


magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos


sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
(SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961)

6- Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo uma
sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

PRÉ-MODERNISMO

7- Assinale a alternativa INCORRETA sobre o Pré-Modernismo:

A) Não se caracterizou como uma escola literária com princípios estéticos bem delimitados, mas como um período de
prefiguração das inovações temáticas e linguísticas do Modernismo.
B) Algumas correntes de vanguarda do início do século XX, como o Futurismo e o Cubismo, exerceram grande influência sobre
nossos escritores pré-modernistas, sobretudo em Monteiro Lobato, entusiasta da arte não-acadêmica.
C) Tanto Lima Barreto quanto Monteiro Lobato são nomes significativos da literatura pré-modernista produzida nos primeiros
anos do século XX, pois problematizam a realidade cultural e social do Brasil.
D) Euclides da Cunha, com a obra “Os Sertões”, ultrapassa o relato meramente documental da batalha de Canudos para fixar-se
em problemas humanos e revelar a face trágica da nação brasileira.
E) Nos romances de Lima Barreto observa-se, além da crítica social, a crítica ao academicismo e à linguagem empolada e vazia
dos parnasianos, traço que revela a postura antecipadora da literatura moderna no escritor.

Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
 
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
 
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
 
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

8- A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-
modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas
dessa literatura de transição, como

a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado, além do


ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.
b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de
escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da
infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem.
d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo,
dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto existencial.
e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora
valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
TEXTO PARA A QUESTÃO 9

Trata-se de uma obra híbrida que transita entre a literatura, a história e a ciência, ao unir a perspectiva científica, de
base naturalista e evolucionista, à construção literária, marcada pelo fatalismo trágico e por uma visão romântica da
natureza. Seu autor recorreu a formas de ficção, como a tragédia e a epopeia, para compreender o horror da guerra
e inserir os fatos em um enredo capaz de ultrapassar a sua significação particular.
  (Roberto Ventura. “Introdução”. In: Silviano Santiago (org.). Intérpretes do Brasil, vol. 1, 2000. Adaptado.)
  
9- Tal comentário crítico aplica-se à obra
a) Capitães da Areia, de Jorge Amado.
b) Vidas secas, de Graciliano Ramos.
c) Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto.
d) Os sertões, de Euclides da Cunha.
e) Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

GABARITO

1- D
2- A
3- C
4- A
5- E
6- A
7- B
8- D
9- D

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