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INTERPRETAÇÃO DE POEMAS Prof.

Edir
"risco", explorada primeiro como um perigo, um
problema e depois como algo fascinante.
d) A "leitura fluviante, flutual" deve ser preservada através
"um poema
das pedras no ato de escrever, embora elas devam ser
que não se entende afastadas do feijão.
é digno de nota e) O "grão imastigável" no feijão é um elemento tão
a dignidade suprema positivo quanto a pedra na frase; comprovam-no os
de um navio termos "fluviante" e "flutual", que destacam o caráter de
leitura fluente proporcionada pela presença da pedra.
perdendo a rota"
2. (Ufpr) Leia, atentamente, o seguinte poema:
- Paulo Leminski
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
1. (Uel) Leia o poema abaixo:
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
Catar feijão sempre, e até de olhos vidrados, amar?

1 Que pode, pergunto, o ser amoroso,


sozinho, em rotação universal, senão
Catar feijão se limita como escrever:
rodar também, e amar?
jogam-se os grãos na água do alguidar amar o que o mar traz à praia,
e as palavras na da folha de papel; e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
e depois, joga-se fora o que boiar. é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Certo, toda palavra boiará no papel,
Amar solenemente as palmas do deserto,
água congelada, por chumbo seu verbo:
o que é entrega ou adoração expectante,
pois para catar esse feijão, soprar nele, e amar o inóspito, o áspero,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de
rapina.
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Este o nosso destino: amor sem conta,
Ora, nesse catar feijão entra um risco: distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
o de que entre os grãos pesados entre doação ilimitada a uma completa ingratidão,
um grão qualquer, pedra ou indigesto, e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras: Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
a pedra dá à frase seu grão mais vivo: amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco. O poema “Amar” integra a segunda parte, “Notícias
Amorosas”, do livro Claro enigma, de Carlos Drummond de
Andrade. Sobre esse poema, assinale a alternativa correta.
(MELO NETO, João Cabral de. "Os melhores a) As indagações repetitivas, nas duas primeiras estrofes,
poemas de João Cabral de Melo Neto". São Paulo: Global, reiteram a inviabilidade do amor diante de um mundo
1985. p.190.) em que tudo é perecível.
b) O poeta estabelece uma intensidade da manifestação do
Sobre o poema, é correto afirmar: amor com relação ao belo diferente da intensidade do
amor dispensado ao grotesco.
a) Sua referência ao feijão é um exemplo do registro
c) Para acentuar a condição inexorável de amar, o poema
coloquial do autor, identificando-o com as práticas
enumera coisas que, por sua concretude e delicadeza
modernistas de Mário de Andrade e Oswald de Andrade
naturais, justificam o amor que já recebem.
e seus poemas-piadas.
d) O poema postula uma condição universal, na qual se
b) Há um exercício metalinguístico incomum nos poemas
fundem o sujeito, a ação praticada e os objetos a que
do autor, que prefere valorizar temáticas regionalistas
essa ação se dirige.
em que sobressai o sertão pernambucano.
e) A última estrofe é a chave explicativa desse soneto e
c) Retoma a palavra "pedra", frequentemente utilizada na
reitera a ineficácia do amor diante de um mundo caótico
obra poética do autor, associando-a com a palavra
e insensível.

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INTERPRETAÇÃO DE POEMAS Prof. Edir
coerência com o texto e com seus conhecimentos de
3. (Enem) Soneto VII literatura.
a) A estrutura oracional do poema, em que o objeto de um
Onde estou? Este sítio desconheço: verbo está representado no sujeito do verbo seguinte,
Quem fez tão diferente aquele prado? remete-nos à dança em que há uma constante troca de
Tudo outra natureza tem tomado; pares. Essa ideia é reforçada pelo título.
E em contemplá-lo tímido esmoreço. b) O ponto final, no terceiro verso, indica a "quebra", o
limite entre o mundo das lembranças, dos sonhos (antes
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço do sinal de pontuação) e o da realidade (depois dele).
De estar a ela um dia reclinado: c) Lili, a única na trama que não amava ninguém, casou-se
Ali em vale um monte está mudado: por interesse, uma vez que o seu par é indicado pelo
Quanto pode dos anos o progresso! sobrenome.
d) As personagens que antes apareciam com suas vidas
Árvores aqui vi tão florescentes, entrelaçadas, ao final dispersam-se, o que conota a ideia
Que faziam perpétua a primavera: de desencontro, tema bastante presente na poética do
Nem troncos vejo agora decadentes. autor.
e) O eu-lírico do poema aparece com o nome de J. Pinto
Eu me engano: a região esta não era; Fernandes, daí o conteúdo do último verso, já que o eu-
Mas que venho a estranhar, se estão presentes lírico é uma entidade externa ao poema.
Meus males, com que tudo degenera!
Gabarito:
COSTA, C. M. Poemas. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.
Resposta da questão 1:
[C]
No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da
paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que Resposta da questão 2:
transparece uma [D]
a) angústia provocada pela sensação de solidão.
b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. O poema postula uma condição universal: amar. Nela se
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. fundem o sujeito, a ação praticada – “Amar a nossa falta
d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem. mesma de amor” – e os objetos a que essa ação se dirige –
e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra. amar as palmas do deserto, o inóspito, o áspero, um vaso
sem flor, um chão de ferro, o peito inerte, a rua vista em
4. (Ufpel 2000) Ao preparar-se para a prova de literatura, sonho, uma ave de rapina...
você deve ter lido o seguinte poema de Carlos Drummond
de Andrade: Resposta da questão 3:
[E]

Quadrilha Ao longo do soneto, o eu lírico manifesta estranheza pelas


mudanças que observa na natureza: “Quem fez tão
João amava Teresa que amava Raimundo diferente aquele prado?”, “ Uma fonte aqui houve; eu não
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili me esqueço”, “Ali em vale um monte está mudado”, “Nem
troncos vejo agora decadentes”. No último terceto,
que não amava ninguém.
reconhece que também nele aconteceu a mesma
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, deterioração que encontra na natureza: “Mas que venho a
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, estranhar, se estão presentes/Meus males, com que tudo
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto degenera!”. Nesse sentido, deduz-se que existe empatia
Fernandes entre os sofrimentos do eu lírico e a deterioração da terra,
como se afirma em [E].

A interpretação que você faz de uma obra literária Resposta da questão 4:


baseia-se no seu grau de leitura, de conhecimento, de [E]
amadurecimento pessoal e nas experiências que você já
teve ou sobre as quais já pensou, desde que ela mantenha
coerência com o texto.

Nas alternativas abaixo, apresentamos algumas


interpretações possíveis para "Quadrilha". Cabe a você,
refletindo sobre elas, assinalar aquela que NÃO apresenta

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