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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Desconstrução da ideia da homogeneidade da Língua Portuguesa

Kevelyn Cristina A. S. Pereira


Prof. Daniela Vecchia Costa
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Letras (PED3582) – Prática do Módulo I - 05/11/2019

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo caracterizar as relações entre a língua e a sociedade,
demonstrando sua importância como patrimônio cultural e social. O objetivo é fomentar a
desconstrução da ideia de homogeneidade da Língua Portuguesa, preconizando a diminuição
do preconceito linguístico presente em nossa sociedade, pois se examinarmos a diversidade
cultural encontrada em nosso país, devemos também considerar a diversidade linguística.
Sabendo da importância em refletir sobre a temática, buscou-se fundamentar a pesquisa em
contructos teóricos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, e dos pressupostos dos autores:
Bagno (2007, 2008), Scherre (2005), Marcuschi (2007), Antunes (2009), Bourdieu (2008) e
Cagliari (1999). A metodologia adotada teve natureza aplicada, com abordagem qualitativa,
levando em consideração o procedimento técnico bibliográfico. Obteve-se como resultado a
conclusão de que nenhuma conjectura abordada é superior a outra, uma vez que todas
apresentam sua valorização em nosso realidade.

Palavras-chave: Variação linguística. Preconceito Linguístico.

1. INTRODUÇÃO

É inerente ao ser humano possuir inúmeras singularidades, e na linguagem não é diferente.


Essa singularidade pode ser apontada como uma identidade cultural e pessoal adotada por cada
indivíduo, tendo relação direta com o sociocultural. Mas, afinal, a Língua Portuguesa é uma unidade
homogênea? Devido a esta problemática, teremos embasamento em nossos estudo a desconstrução
da ideia de homogeneidade da Língua Portuguesa, já que nossa língua deve ser considerada
diversificada e instável, isto é, passa por constantes transformações.

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É comum observamos, que por onde passamos, encontramos indivíduos com diferentes
características em sua fala, sejam elas por regionalismo, cultural, classe social etc., e isso,
geralmente, nos causa curiosidade de entender a causa desse fenômeno recorrente em nossa língua.
No entanto, notamos que a sociedade impõe uma linguagem padrão, advindo de uma classe social
mais privilegiada, e infelizmente, isso tem causado exclusões devido a diferenciação linguística
apresentada.
Tendo em vista a variação linguística exposta, propomos um trabalho que discute as
variáveis de acordo com o contexto geográfico e sociocultural presente em nosso cotidiano. Será
preconizado a ampliação de nossa competência comunicativa, a fim de entender que não se deve
taxar a linguagem como certa ou errada, mas sim sua aplicação a diferentes situações. Este estudo
esteve pautado nos seguintes objetivos: reconhecer e identificar a língua como heterogênea; definir
as variáveis linguísticas que nos deparamos e entender o preconceito linguístico e tentar reduzi-lo.
Este trabalho traz consigo a função de entender essa característica da língua falada, tal como
sua ocorrência, podendo contribuir para a sociedade de modo que reduza o preconceito linguístico,
reconhecendo e respeitando as diferenças, e, fomentando a desconstrução da ideia de
homogeneidade na língua. Demonstrando como se estrutura e funciona o sistema linguístico, é
possível afastar prejulgamentos.
A intenção deste artigo é de apresentar um levantamento de trabalhos feitos nessa temática,
estudados por diversos grupos de pesquisa e autores reconhecidos, coletando dados de expressões
gramaticais distintas usadas na mesma língua, diferença de pronúncias e de situações reais de
comunicação, direcionando o foco para os condicionamentos externos. Será observado a variedade
linguística que cada indivíduo possui, não esquecendo de nossa inserção numa sociedade em que
diversas culturas se encontram e se integram a todo tempo. É nesse encontro que devemos enfocar a
pluralidade psicolinguística e cultural, objetivando a preservação da identidade pessoal e cultural já
citada, pois faz parte da essência de nossa sociedade.
Na primeira parte do trabalho, será apresentado respaldos bibliográficos que trarão
definições para os termos de língua, linguagem, variação linguística e preconceito linguístico. Na

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sequência, traremos algumas classificações e exemplos de variáveis, que nos ressalta a estrutura
sociolinguística. Será feito o apontamento dos materiais e metodologias aplicada, tendo
detalhamento de todo o processo da pesquisa. Logo em seguida, será apresentado os resultados
obtidos ao longo da fundamentação teórica. E por fim, apresentamos as considerações finais e lista
de referência bibliográfica utilizada para realização de nosso trabalho.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Língua Portuguesa tem como característica a heterogeneidade, diversidade e pode ser


considerada como um organismo vivo, ou seja, vive em constante transformação. Segundo Bagno
(2008, p.27) “[...] não existe nenhuma língua no mundo que seja uniforme e homogênea”, isso é
possível, pois a linguagem está diretamente relacionada ao contexto sociocultural em que cada
indivíduo está inserido.
Quando falamos em língua, automaticamente, nossa mente nos remete a linguagem, no
entanto, os termos têm diferentes significados, mesmo sendo indissociáveis. De acordo com
Saussure (2006, p.17).:

Para nós, ela [língua] não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada,
essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de
linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para
permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.

Dessa forma, podemos concluir que língua é algo que se constrói para se utilizar uma
faculdade maior, que é a linguagem. De forma sintetizada, a linguagem é um domínio que nos
possibilita a comunicação e a língua uma ferramenta para este domínio. Segundo Antunes (2009, p.
21), “[...]todas as questões que envolvem o uso da língua não são apenas questões linguísticas, são
também questões políticas, históricas, sociais e culturais”.
De acordo com Marcuschi (2007, p.43):

[...] toda vez que emprego a palavra língua não me refiro a um sistema de regras
determinado, abstrato, regular e homogêneo, nem a relação linguísticas imanentes. Ao
contrário, minha concepção da língua pressupõe um fenômeno heterogêneo (com múltiplas

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formas de manifestação), variável (dinâmico, suscetível à mudança), histórico e social
(fruto de práticas sociais e históricas), indeterminada sob o ponto de vista semântico e
sintático (submetido às condições de produção) e que se manifesta em situação de uso
concretas, com texto e discurso.

Conseguimos observar que nossa língua está suscetível a inúmeras variáveis e no sistema
linguístico não se deve considerar algo como certo ou errado, tudo depende da inserção social,
histórica, geográfica, e, em que situação de uso está sendo empregado. É possível denominar esse
fenômeno como variação linguística.
Segundo Baronas (2014, p.43-14):
A linguagem é, por natureza, um objeto sujeito a alterações, por ser uma parte constitutiva
do ser humano e da cultura na qual este se insere. Ora, se o homem está sempre evoluindo,
mudando sua aparência, suas ideias, seus valores, bem como a sociedade na qual este se
inscreve, é perfeitamente normal haver variações e mudanças linguísticas.

A variação linguística é um aspecto da Língua Portuguesa que passa por influências


históricas, culturais, sociais e regionais. Em um mesmo país, que possui uma única língua, é
possível observar alterações na linguagem utilizada por seus falantes. Isso porque, a linguagem é
constantemente adaptada por seus ouvintes/falantes, de modo que esta se ajuste de acordo com a
realidade vivida.
É quase impossível citar uma variável social que ao surgir não produza um efeito
sistemático sobre o comportamento linguístico: idade, sexo, classe, casta, país de origem,
geração, região, escolaridade; pressuposições cognitivo-culturais; bilinguismo, e assim por
diante. A cada ano, novos determinantes sociais do comportamento linguístico são
apresentados (GOFFMAN, 2002, p. 13-14).

Diante dessa exposição, é inegável que muita das vezes a variável linguística é ponderada
como um erro mediante as normas cultas da Língua Portuguesa, mas ao inferirmos isso, estamos
praticando, erroneamente, o preconceito linguístico. Erroneamente, pois esse fenômeno é um
patrimônio cultural de nossa língua. É de grande relevância ressaltar, que na linguagem escrita, deve
procurar mantê-la sem grandes alterações.
Mas afinal, o que é preconceito linguístico?
De acordo com Marta Scherre (2008, p. 12), pode ser definido como “julgamento
depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro”. Conforme
observou Boutet (1989, p.113), “a diferenciação social pela linguagem opera ao mesmo tempo no

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plano da produção dos enunciados e no de seu reconhecimento ou identificação”. E isso pode ser
observado também, de acordo com a visão de Bourdieu (2008), que retrata a normalidade em se dar
mais valor à variedades utilizadas por classes sociais mais privilegiadas.
É indubitável observar “[...]a estreita relação entre as práticas linguísticas e a posição social
que os sujeitos ocupam nas sociedades, os falantes que empregam as variedades socialmente
estigmatizadas muitas vezes se tornam vítimas de preconceito linguístico.” (SILVA, 2015, p.32).
Como caracteriza Pagnoncelli (2015, p.65) “a variação linguística é uma característica
natural das línguas e, como vimos, a língua varia de acordo com o grau de instrução, contexto
(formal/informal), localidade (urbana/ rural), status social, dentre outros fatores”.
Podemos observar distintas variações na estrutura linguística relacionados à origem
geográfica, idade, gênero, classe social, etc.

Nas variáveis sociais, podemos encontrar as seguintes classificações:

● Variação Geográfica ou Diatópica: são as características regionais presentes na fala do


indivíduo, onde se consegue distinguir a localidade do falante, ou seja, são variáveis
regionais. Geralmente, é diferenciado nessa classificação a linguagem urbana e rural.

Segundo Leite (2005), enquadra-se também nessa classificação, as variações fonéticas que
dão origem aos sotaques brasileiros, por exemplo, o /S/ chiado dos cariocas e o /r/ fechado dos
paulistas e alguns sulistas.

● Variação Social ou Diastrática: está vinculado à relações sociais em que o falante está
inserido, como escolaridade, classe social, gênero, etc. Está vinculada com o uso da
linguagem culta e popular.

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● Variação Estilística ou Diafásica: aplicada em diferentes situações de comunicação, como
local de interação, assunto a ser tratado, tipo de texto, etc. Isto é, o uso da linguagem formal
ou informal.

● Variação Diacrônica: variação linguística caracterizada com o contexto histórico


linguístico, as modificações que nossa língua passa ao longo dos anos.

Sob o panorama sociolinguístico, “todas as variedades, do ponto de vista estrutural


linguístico, são perfeitas e completas entre si. O que as diferencia são os valores sociais que seus
membros têm na sociedade” (CAGLIARI, 1999). Diante do exposto, é factível afirmar que
nenhuma conjectura é superior a outra, todas apresentam seus valores diante da sociedade.

Diante dos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa, é proposto que:


A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre
existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando
se fala em “Língua Portuguesa” está se falando de uma unidade que se constitui de muitas
variedades. Embora no Brasil haja relativa unidade lingüística e apenas uma língua
nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de
construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de comunidades
lingüísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade
de fala. Não existem, portanto, variedades fixas [...]. (BRASIL, SEF, 1998, p. 24).

Dessa forma, é possível a observação de que os PCNs partem em defesa do direito


linguístico. Pois o documento afirma, ainda, que a língua pode tornar-se um marco na distinção
social, acarretando discriminações e mesmo fracasso escolar (cf. SOARES, 2000, p. 17). E também,
reforça essa visão diante do ambiente escolar, tendo a perspectiva social e política, “frente aos
fenômenos da variação, não basta somente uma mudança de atitudes; a escola precisa cuidar para
que não se reproduza em seu espaço a discriminação linguística”. (BRASIL, SEF, 1998, p. 81).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

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O desenvolvimento deste trabalho buscou se embasar em dados que tratassem o assunto
referente a variação da utilização da Língua Portuguesa, tais como o preconceito linguístico perante
a mesma.
A pesquisa foi desenvolvida através da metodologia bibliográfica. Onde foi feito um
levantamento de informações que abordassem a temática proposta em estudos de materiais já
publicados, tais como livros e artigos periódicos, acessados pela internet, com o objetivo de que
estes servissem como base para a construção de conhecimento.
A metodologia aplicada entrou no critério de se obter maiores informações quanto a
questões levantadas, no intuito de atingir ações posteriores à pesquisa que favoreçam a sociedade,
mesmo que minimamente, a reduzir o preconceito linguístico que está exposto em nosso cotidiano.
A realização dos objetivos foi orientada por dados descritivos.
Inicialmente, foi escolhido um tema, que apresentasse uma problemática relevante à
sociedade. Com o tema escolhido, foram levantados diferentes tipos de respaldos bibliográficos
para que pudesse dar base ao conhecimento científico através da pesquisa. Após o levantamento dos
dados bibliográficos, demos início à análise do objeto, trazendo para a pesquisa um objetivo
concreto. Ao ter contato direto com o objeto de estudo, através de conteúdos bibliográficos, tivemos
suporte para sermos levados à conclusão da pesquisa.
Desde o projeto de pesquisa até a conclusão da mesma, levou-se cerca de três meses,
iniciando em agosto de 2019, e tendo seu término previsto em novembro de 2019. Parte dela
ocorreu por meio físico, na utilização de livros, e parte, por meio eletrônico, por intermédio de
artigos científicos e periódicos. Em grande maioria, a pesquisa foi realizada com dados embasados
na fundamentação teórica.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o levantamento de dados aos longo da pesquisa, foi possível observar que cada
indivíduo carrega consigo sua identidade pessoal e social, e encontra-se características desta
identidade presente na linguagem, que nada mais é do que a possibilidade de nos comunicarmos. A
conformidade humana apresentada é formada por diversos aspectos, sendo eles: geográficos,

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culturais, sociais, idade, gênero, etc. Estes podem trazer variedades na estrutura linguística, podendo
ser classificadas das seguintes formas:

● Diatópica: no dicionário Michaelis (2019), encontra-se a definição de diatópica como


“Diz-se de uma característica linguística que se distribui em um dado espaço geográfico,
como, por exemplo, as variantes regionais; geográfico, regional, espacial.” Ou seja, essa
variação tem como característica o regionalismo, onde em cada região de nosso país
encontramos uma Língua Portuguesa com diferentes traços. Por exemplo:

- Calçada - Passeio;
- Lombada - Quebra-molas;
- Lanche - Merenda;
- Macaxeira - Mandioca - Aipim;
- Lousa - Quadro;
- Estojo - Penal - Bolsinha;
- Bolacha - Biscoito;
- Guri - Menino;
- Pr’ocê - Para você;
- Grafite - Lapiseira;
- Pão francês - Pão de sal.
- Expressões como: Oxê, uai, bah, tchê, vixe, nuh, sô, etc.
- Sotaques brasileiros, por exemplo, o /S/ chiado dos cariocas e o /r/ fechado dos paulistas e
alguns sulistas: ca/r/ne - ca/R/ne, ago/S/to - ago/s/to.

● Diastrática: segundo o dicionário online Priberam (2019) é o “Que se distribui ou se


diferencia segundo estratos ou escalas da estrutura social”, isto é, essa variável apresenta traços na

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estrutura linguística de acordo com a inserção social de cada indivíduo, tal como: escolaridade,
classe social, gênero, etc. Por exemplo:

- Zóio - Olhos;
- Vrido - Vidro;
- Drento - Dentro
- Nóis vai - nós vamos;
- Nóis cantemos - nós cantamos;
- Dinferencia - Diferença;
- Indiota - Idiota;
- Ingreja - Igreja;
- Trabisseiro - Travesseiro;
- Bassoura - Vassoura;
- A gente somos - a gente é;
- Truxe - Trouxe;
- Figo - Fígado;
- Incelência - Excelência.

● Diafásica: definido por Priberam (2019) é aquilo que “Que se distribui ou se


diferencia segundo um estilo de expressão ou uma situação de comunicação”. Conseguimos
concluir que essa variação linguística tem a ver com a diferença da utilização da linguagem em
determinadas situações, ou seja, em determinados momentos é necessário fazermos uso da
linguagem de formas variadas. Por exemplo:

- Tem dois meninos - Há dois meninos;


- A gente vai - Nós vamos;
- Carta pessoal - Requerimento;

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- Sentaram na mesa - Sentaram-se à mesa;
- Os menino vai bem - Os meninos vão bem;
- Da onde ele vem? - De onde ele vem?

● Variação Diacrônica: de acordo com o dicionário Michaelis (2019), é o “Que diz


respeito ao desenvolvimento histórico dos fenômenos ou dos fatos de uma língua”, Ou seja, são as
características apresentadas na linguagem ao longo da histórica da língua. Por exemplo:
- Vosmecê - Você;
- Dar-lhe-ei - Te darei;
- Far-se-á - Fará.

Com essas informações, é possível observar que o objetivo desta pesquisa pode ser levado
em consideração, tendo em vista que, se este conhecimento for transferido a um maior número da
população, conseguiremos alcançar uma redução do preconceito linguístico presente em nossa
sociedade, onde claramente, pessoas com linguagens mais simplórias, ou até mesmo com
identidades comunicativas diferentes das impostas por classes privilegiadas, passam por exclusão
e/ou segregação. É exequível que toda essa variável apresentada, tanto em nossa Língua Portuguesa,
como em qualquer outra, é essência da linguagem, torna-se patrimônio linguístico. É justamente
essa característica que transforma a língua e a linguagem elementos riquíssimos de uma cultura.

5. CONCLUSÃO

Tivemos como objetivo caracterizar as relações entre a língua e a sociedade, fomentando a


desconstrução da ideia de homogeneidade da Língua Portuguesa, tendo como consequência a
redução do preconceito linguístico presente em nosso cotidiano. Este trabalho nos trouxe a
possibilidade de ampliação de nosso conhecimento perante nossa língua materna, trazendo para a
nossa realidade as causas para as variáveis na estrutura linguística apresentada na sociedade.

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Conseguimos observar que as características da linguagem humana está totalmente ligada às
condições socioculturais, econômicas, políticas, gênero, idade, etc. Desta forma, é correto afirmar
que a linguagem tem em sua essência inúmeras qualidades, que deveriam ser respeitadas e
valorizadas, já que esta representa claramente a diversidade presente no território brasileiro. A
identidade comunicativa é um patrimônio brasileiro a ser considerado, afastando de nossas mente o
preconceito linguístico.
Conforme vimos ao longo da pesquisa, a Língua Portuguesa é uma unidade, no entanto, está
carregada de características variadas. A mesma é qualificada como um organismo vivo, pois passa
por constantes transformações, até mesmo tratando sobre variedades, não podemos fixá-las, pois
essas também passam por alterações. Isto é, devemos, de modo geral, enxergarmos que o diferente e
o variável devem ser observado como riqueza e próprio do ser humano.
Dado o exposto, é possível a sugestão de novas pesquisas, no intuito de se buscar uma
variedade de formas a aniquilar o preconceito linguístico, seja ele na sociedade de forma geral ou
até mesmo no âmbito escolar. Afinal, precisamos compreender que cada indivíduo é único em sua
totalidade, incluindo a linguagem, e isso não faz uma variável ser superior a outra, pois conforme
citado ao longo da pesquisa, todas são perfeitas e se completam entre si.

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REFERÊNCIAS

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2009.

BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso – Por uma pedagogia da variação linguística. São
Paulo: Parábola, 2007. 240p.

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BARONAS, Joyce Elaine. Variação Linguística na Escola: resultados de um projeto. Paraná:
Revista Abralin, 2014. p.39-62.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas. São Paulo: Edusp, 2008.
BOUTET, Josiane. A diversidade social do francês. In: Boutet, J.; Vermes, G (org.).
Multilinguismo. Campinas : Editora da Unicamp, 1989.

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quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: MEC/SEF, 1998. 106 p.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1999
GOFFMAN, Erving. A situação negligenciada. In RIBEIRO, Branca Telles & GARCEZ, Pedro
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LEITE, M. Q. Variação linguística: dialetos, registros e norma linguística (pp ). In: SILVA, L. A.
da. A língua que falamos. Português: história, variação e discurso. São Paulo: Globo, 2005.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da Fala para a Escrita: atividades de retextualização. São Paulo:
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SAUSSURE, F. Curso de lingüística geral. 26.ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
SCHERRE, Maria Marta Pereira. Doa-se lindos filhotes de poodle - Variação lingüística, mídia e
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2000.

REFERÊNCIAS ONLINE

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<http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=diat%C3%B3pico>. Acesso em 05
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DIASTRÁTICO. Dicionário onlien Priberam. 2019. . Disponível na Internet em
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