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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITAITUBA – LTDA

FACULDADE DE ITAITUBA – FAI


LICENCIATURA PLENA EM LETRAS III

Disciplina: Metodologia e Prática do Estudo da Língua Portuguesa.


Docente: Railane Esmeralda Figueira.
Discente: Reris Adacioni de Campos dos Santos.

BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por acaso: Por uma Pedagogia da Variação
Linguística. Editora Parábola. São Paulo, 2007.

COMENTÁRIO SOBRE A OBRA

Marcos Bagno em sua obra trata das variações existentes na língua e enfatiza
o preconceito que existe em relação a essas peculiaridades da língua Portuguesa.
Além disso, aborda as diversas concepções de erro criadas pela sociedade a respeito
de valores e costumes. Além disso, apresenta uma solução para o preconceito e a
discriminação linguística: a reeducação linguística.
No capítulo intitulado “Por uma Reeducação Sociolinguística” Marcos aponta
duas visões da língua: o discurso científico – embasado nas teorias da linguística
moderna que trabalha com as noções de variação e mudança; o discurso do senso
comum – impregnado de concepções ultrapassadas sobre a linguagem e de
preconceitos sociais fortemente arraigados, e que opera com a noção de erro.
De acordo com Marcos Bagno, nas perspectivas das ciências da linguagem
não existe erro na língua, ou seja, a língua entendida como um sistema de sons e
significados sintaticamente organizados que permitem a comunicação e interação
humana. Então, toda e qualquer manifestação linguística cumpre sua função.
Bagno afirma que a noção de erro está relacionada ao modo de ver a língua e
se prende a fenômenos sociais e culturais, os tais não são campo de estudo da
linguística propriamente dita. E para analisar a língua, relacionando-a com esses
fenômenos, deve-se recorrer a outro campo de estudo “A Sociolinguística” (que
estuda a língua no contexto cultural e social).
O autor considera “erro” uma invenção do ser humano e se baseia em
concepções de “certo” e “errado” que circularam na sociedade por anos e atualmente
já quase não existem mais para confirmar sua ideia. Um exemplo simples citado pelo
mesmo, o fato de que antigamente era “errado” a mulher se casar sem ser virgem, e
hoje em dia quase não se acredita mais nisso, mesmo que em algumas culturas
prevaleça não é mais considerado “erro” para a maioria das pessoas. E assim como
as concepções de costumes sociais mudam e até deixam de existir, como o caso da
escravidão de negros que era considerada “certa”, atualmente não se pode mais
seguir esse costume, as concepções sobre a língua também mudam, pois a língua
está em constante transformação.
Segundo Marcos o “erro linguístico” surgiu a partir da necessidade de
normatizar a língua grega, criando um padrão uniforme e homogêneo que se erguesse
acima das diferenças regionais e sociais para se transformar num instrumento de
unificação política e cultural, essa tarefa foi realizada pelos sábios que trabalhavam
na Biblioteca de Alexandria, os filólogos. No entanto, pode-se concluir quem se
adaptou à noção desse “padrão uniforme” linguístico passou a considerar “erradas”
todas as formas linguísticas oralizadas ou escrita que fogem das regras estabelecidas
para a língua citada acima.
Como a educação linguística se dá logo no inicio da vida, no convívio social,
familiar, comunitário e na escola ao passar dos anos transforma-se em saber
formalizado e sistematizado, delimitado em áreas especificas de conhecimento.
Marcos propõe um reeducação, uma reorganização dos saberes linguísticos que não
estão relacionados a “correção” e nem substituição de uma forma de falar por outra,
ao contrário disso, a reeducação sociolinguística tem que partir do conhecimento já
adquirido sobre a língua materna.
Essa reeducação tem como base fazer o aluno ter o reconhecimento de suas
capacidades de expressão e comunicação; torná-lo consciente dos valores existentes
na sociedade com relação aos usos da língua; garantir acessibilidade a outras formas
de falar e escrever, permitindo que aprendam e apreendam variantes linguísticas
diferentes das que dominam. Conscientizar o alunado de que a língua é usada como
elemento de promoção social e também de repressão e discriminação;
Trabalhar para a inserção plena dos alunos e alunas na cultura letrada, por
meio das praticas ininterruptas da escrita e da leitura; promover o reconhecimento da
diversidade linguística como uma riqueza de nossa cultura, da nossa sociedade, ao
lado de outras diversidades culturais.
A efetivação da reeducação sociolinguística nos alunos depende dos
professores, sendo que o profissional da educação em língua materna não pode
compartilhar das mesmas ideologias arcaicas e preconceituosas sobre a língua que
circula no senso comum.
Portanto, não podemos ser ignorantes ao ponto de acreditar ou dizer que uma
pessoa que fala diferente, do que estamos acostumados a ouvir, fala “errado”, sendo
que essa concepção de erro, completamente falha, deveria não existir, porque
devemos respeitar as diferenças, não ter preconceito com o modo de falar peculiar de
cada pessoa e sim respeitar e valorizar essa diversidade linguistica. Justamente pelo
fato de que ninguém fala conforme as regras impostas pela gramatica normativa. Além
disso, a língua que falamos é o Vernáculo e não o Português que ensinam nas aulas
de gramática, aquele derivado do português de Portugal e com regras baseadas nas
quais pertencem a essa língua.

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