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INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
NITERÓI
2022
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CAIO DIAS DE CASTRO
PEDRO ALEXSANDER PINHEIRO DA SILVA
SARA ANGELA DA SILVA RODRIGUES
TRABALHO DE LINGUÍSTICA II
NITERÓI
2022
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SUMÁRIO
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1. O QUE É PRECONCEITO LINGUÍSTICO?
Com o passar dos anos, a língua vai dispondo de modificações e, como sequência,
apresentando variações. Dentro do âmbito brasileiro, é possível mencionar que com os
avanços das sociedades, sendo esta composta por diferentes níveis sociais, a atuação de
discordâncias linguísticas foi crescendo e obtendo, como consequência, o que hoje
conhecemos como preconceito linguístico.
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Diante das numerosas conjunturas desenvolvidas e estudadas correlacionadas ao saber
de normas, o linguista Bagno acredita "que a norma- padrão não faz parte da língua, se por
língua entendermos a atividade linguística real dos falantes em suas interações". (BAGNO,
2021) Sendo assim, pode-se dizer que quando nos colocarmos diante de uma única norma,
estamos, de certo modo, excluindo as outras vigentes e, consequentemente, estipulando que
somente uma singular vertente se torne genuína. Já na visão do gramático Azeredo, a língua
correlacionada à norma-padrão é considerada como uma língua artificial, de fábrica.
(AZEREDO, 2018) Tal afirmação pode ser compreendida por meio do entendimento de que a
língua dispõe de normas, mas também apresenta variações em sua estrutura. Posto isto,
analisa-se que não se pode olhar uma língua diante de uma única perspectiva, mas sim
mediante a variadas.
2. A MARGINALIZAÇÃO DA LÍNGUA
"Esse contato entre línguas sempre existiu na história da humanidade, no entanto, com
grandes navegações, os contatos linguísticos tomaram uma enorme proporção.
Línguas com troncos linguísticos completamente distintos passaram a ter contato."
(GONÇALVES DA SILVA, 2014)
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A questão a ser formulada a partir dessa informação é: Como uma comunidade
linguística que, num primeiro momento, baseava sua comunicação em línguas indígenas e de
contato, gerou outras tão linguisticamente excludentes quanto a nossa?
As consequências desse histórico são notáveis até hoje. Essa parcela da população que
não tinha acesso amplo à educação formal ou aos textos que circulavam na época, acabou por
gerar variações lexicais, fonéticas, morfológicas e de outras espécies na língua com que
passaram a interagir. Esse desenvolvimento é o principal responsável pelas variações que se
figuram na língua hoje. Um processo perfeitamente natural, apesar de, aos olhos de muitos
gramáticos, filólogos e humanistas dos últimos dois séculos, ele se pareça com uma agressão
ao português brasileiro, a esse que idealizam a partir de manuais, dicionários e gramáticas. Na
realidade, nossa língua ‘inculta e bela’ é capaz de nutrir todos seus falantes, e todos seus
falares, sem que murche a sua flor.
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3. POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO LINGUÍSTICO
Fiorin aborda sobre uma certa imposição do bem falar que existe em nossa sociedade,
levando o aluno a sentir vergonha de sua língua a partir de julgamentos de valor entre certo x
errado. Esse julgamento de valor implica numa vergonha não apenas linguística mas também
da própria identidade do falante. Sendo assim, ela reforça o status-quo da língua elitizada,
retirando assim o contexto populacional, e permite a injustiça linguística (afinal nós falamos a
língua dos colonos). Deste modo, julgar a língua, fazer você sentir vergonha do seu falar, é
julgar sua identidade. Julgar a língua do falante é encurtar a vida do mesmo, pois identidade
também é um processo de manusear sua vida. Trazer a morte do falante, sendo ele parte do
povo, a maioria absoluta, faz com que a elite se mantenha confortável pois como diz Paulo
Romão: “Nessa verdadeira guerra, como em todas as demais, a morte do inimigo configura-se
da vitória de um dos lados. Sendo assim, a sobrevivência de uma manifestação linguística
acaba por fundamentar-se na destruição de suas variadas e estigmatizadas contrapartes”.
(2021)
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As políticas públicas podem vir a ser um modo de combater essa manutenção
governamental que promove uma minoria elitizada da população e nos fornece recursos para
ressignificar o meio linguístico. No presente trabalho pensamos em três principais pontos:
Ministério de preconceito linguístico (Afinal se tratarmos o preconceito linguístico como uma
parte do preconceito social, ele deve ser combatido de maneira institucional.)
Desburocratização de documentos (Muitos direitos não chegam a população pois são escritos
no processo burocrático de uma maneira que não atende ao povo) e pensar que livros chegam
para os indivíduos, pois isso modifica nossa perspectiva social, linguística e o processo de
letramento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Parábola,
2021.
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