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Os Lusíadas e Rimas
Teste de avaliação
Avaliação
escrita 2
E. Educação Professor
Os Lusíadas e Rimas
Lê o texto seguinte, constituído pelas estâncias 152 a 156 do Canto X de Os Lusíadas, bem como a
contextualização apresentada. Se necessário, consulta as notas.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Depois da chegada à pátria, e concluída a narração da viagem de Vasco da Gama, Camões termina a sua obra com
uma última intervenção dirigida ao Rei D. Sebastião.
152 155
Fazei, Senhor, que nunca os admirados Pera servir-vos, braço às armas feito,
Alemães, Galos1, Ítalos e Ingleses, Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Possam dizer que são pera mandados2, Só me falece7 ser a vós aceito,
Mais que pera mandar, os Portugueses. De quem virtude deve ser prezada.
Tomai conselho só de d’exprimentados, Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Que viram largos anos, largos meses, Digna empresa tomar de ser cantada,
Que, posto que em cientes3 muito cabe, Como a pres[s]aga mente vaticina
Mais em particular o experto sabe. Olhando a vossa inclinação divina,
153 156
De Formião4, filósofo elegante, Ou fazendo que, mais que a de Medusa 8,
Vereis como Aníbal5 escarmecia, A vista vossa tema o monte Atlante9,
Quando das artes bélicas, diante Ou rompendo nos campos de Ampelusa10
Dele, com larga voz tratava e lia. Os muros de Marrocos e Trudante11,
A disciplina militar prestante A minha já estimada e leda Musa
Não se aprende, Senhor, na fantasia, Fico12 que em todo o mundo de vós cante,
Sonhando, imaginando ou estudando, De sorte que Alexandro13 em vós se veja,
Senão vendo, tratando e pelejando. Sem à dita de Aquiles14 ter enveja.
2. Identifica dois aspetos do autorretrato de Camões, nas estâncias 154 e 155, que permitem
enquadrar o poeta no ideal de homem renascentista. Apresenta, para cada um desses aspetos,
uma transcrição pertinente.
a) b) c)
1. «Fazei, Senhor, que nunca os admirados /
1. «engenho» (verso 23) 1. 1 a 4 da estância 153
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,» (versos 1-2)
2. «Sonhando, imaginando ou estudando, / Senão
2. «empresa» (verso 30) 2. 1 a 4 da estância 155
vendo, tratando e pelejando.» (versos 15-16)
3. «Pera servir-vos, braço às armas feito, / Pera
3. «enveja» (verso 40) 3. 1 a 4 da estância 156
cantar-vos, mente às Musas dada,» (versos 25-26)
1
estio: verão; 3
regimento: governo;
2
fementidos: desleais, falsos; 4
desvario: loucura; 5 uso: costumes.
4. Relaciona o conteúdo do primeiro terceto com o modo como o sujeito poético perceciona a
passagem do tempo na natureza e no «mundo».
a) b) c)
1. o tema da mudança e o tema do
1. tradicional 1. emparelhada e interpolada
desconcerto
2. o tema do desconcerto e a representação
2. clássica 2. interpolada e cruzada
da natureza
3. o tema da mudança e a reflexão sobre
3. medieval 3. cruzada, interpolada e emparelhada
a vida pessoal
7. Em Os Lusíadas, de Luís de Camões, são vários os aspetos que conferem o estatuto de herói ao
povo português, nomeadamente a forma como supera a sua condição de «bicho da terra tão
pequeno».
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua experiên-
cia de leitura da epopeia camoniana.
A tua exposição deve respeitar as orientações seguintes:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual refiras dois aspetos que, na obra, evidenciem a heroicidade do
povo português;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
Grupo II
Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.
As palavras são de tal forma utilitárias, quotidianas e cada vez mais fúteis, que nos esquecemos
de que todas elas têm uma história, de que cada letra, cada som foi engendrado num tempo e numa
circunstância política, social específica e a ela está para sempre ligado. Muitas palavras nasceram
de sensações corporais ou psicológicas concretas, outras de necessidades comezinhas da
5 comunicação que vai desde a esfera familiar à esfera das leis, dos enamoramentos ou da poesia.
Por isso, a história de uma língua começa sempre por ser oral e pode demorar dezenas de anos,
séculos até aparecer pela primeira vez na sua forma escrita. Cada fenómeno linguístico tem origens
antiquíssimas e é um pequeno tesouro patrimonial que herdamos das muitas gerações pretéritas. Um
tesouro frágil que todos os dias esmagamos usando sempre um número restrito de palavras, ou que é
10 esmagado por decisões mais ou menos arbitrárias do poder que acredita poder torcer as palavras até
elas deixarem de ser rebeldes e se tornarem submissas a um regime artificial como é a ortografia, por
exemplo.
Assim, a história de uma língua está indelevelmente ligada à história de um povo, de uma nação,
e vice-versa. E, da mesma forma que Portugal e os portugueses não caíram do céu ali por volta de
15 1143, também a língua começou a sua odisseia particular muito, muito tempo antes, talvez ali por
volta do ano 600, quando nem o Condado Portucalense era sonhado. É, pois, uma viagem longa,
cheia de peripécias, aventuras, amores e desamores, roubos, inimigos, tempestades e terramotos
aquela que tem feito a Língua Portuguesa até chegar a esta nossa conversa num jornal digital.
Quem a conta é o linguista Fernando Venâncio, num livro fascinante, culto, complexo, mas, ao
20 mesmo tempo, didático, acessível a qualquer falante do português. A obra, cheia de exemplos e
curiosidades, não teme polémicas nem humor, tem a chancela da Guerra & Paz, chama-se Assim
Nasceu Uma Língua/Assi Naceu ˜ua Lingua e mostra que aquilo a que hoje chamamos «minha
pátria», a Língua Portuguesa, é uma derivação do galego, a sua origem matricial 1. O Observador
falou com Fernando Venâncio sobre as suas aventuras no português.
25 Neste livro, dá-nos a ver a história da Língua Portuguesa como uma odisseia. Já não é a
heroicidade de um povo, como fez Camões, nem de um homem, como fez Homero. Podemos
comparar o caminho de uma língua a uma odisseia sem fim cheia de aventuras, perdas e
conquistas?
Acho essa imagem, a da história de uma língua como uma odisseia, extremamente sugestiva.
30 Digamos que, no seu percurso, cada idioma passa por muitas. Ao ponto de, como é infelizmente
caso comum, ele soçobrar2. A tal ideia de que, sempre que morre o último falante de uma língua,
o Mundo perdeu uma enciclopédia. O nosso idioma não soçobrou, e está hoje vivíssimo. Mas
288 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 10.o ano
poderia não ter sido nunca nosso. Bastaria, para isso, que Portugal nunca tivesse surgido. Hoje
existiria um idioma extremamente parecido ao nosso, mas sem nós. É, concedo, um cenário ousado.
35 Mas historicamente realista. O nosso idioma surgiu, e fez-se grande e sólido, quando Portugal ainda
não existia. Nós herdámo-lo e fizemo-lo ainda maior.
Diz-se que somos um país de poetas, mas, praticamente até Camões, não podemos registar
nenhuma poesia escrita em português. Havia poetas, sim, mas escreviam… em galego.
Bom, isso poderia valer até, digamos, 1400. Mas aí inicia-se um século de pouca poesia, e
40 alguma dela escrita já em castelhano. Quando chegamos a 1500, o português está grandemente
formado, e um Sá de Miranda é nele que escreve.
Joana Emídio Marques, Observador, 08.02.2020
(texto com supressões, consultado em 14.12.2020).
1
matricial: principal; 2 soçobrar: perder-se.
2. Ao recorrer às expressões «Um tesouro frágil» (linhas 8-9) e «torcer as palavras até elas deixarem
de ser rebeldes e se tornarem submissas a um regime artificial» (linhas 10-11), a autora utiliza
A. a metáfora para evidenciar o valor e a efemeridade das palavras, no primeiro
caso, e a personificação para enfatizar a subordinação de palavras a regras e
artifícios, no segundo caso.
B. a personificação para evidenciar o valor e a efemeridade das palavras, no
primeiro caso, e a metáfora para enfatizar a subordinação das palavras a regras e
artifícios, no segundo caso.
C. a metáfora para evidenciar a resistência das palavras, apesar da sua fragilidade,
no primeiro caso, e a sua desobediência a regras e artifícios, no segundo caso.
D. a personificação para evidenciar a resistência das palavras, apesar da sua fragili-
dade, no primeiro caso, e a sua desobediência a regras e artifícios, no segundo
caso.
3. No contexto em que ocorre, a associação da «história de uma língua» (linha 28) a uma
«odisseia» (linha 28) enfatiza, entre outras qualidades de uma língua, a sua
A. constância.
B. previsibilidade.
C. adaptabilidade.
D. persistência.
Do étimo latino OPERAM derivaram as palavras portuguesas ópera e «obra» (linha 20). Por terem
origem no mesmo étimo, classificam-se como palavras a) __________. Semanticamente, estão
associadas à ideia de b) __________. Na evolução de OPERAM para obra, ocorreu, entre outros
processos fonológicos, a c) __________.
a) b) c)
Grupo III
Será que, na atualidade, a mudança é encarada com desconfiança e apreensão, ou está o ser
humano disponível para a aceitar, adaptando-se sem reservas a ela?
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 350 palavras,
defende uma perspetiva pessoal sobre a questão apresentada.
No texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argu -
mentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2021/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.