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Teste de avaliação por domínios – 12.

o Ano
Teste dee Os
Mensagem Lusíadas – 12.o Ano
avaliação
Versão 1
Versão 1

Nome _____________________________________________ Ano ________ Turma _________ N.o _______

Educação Literária
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A
Lê o poema, a contextualização e as notas.

Contextualização
Fernão de Magalhães é um navegador português que, em 1519, iniciou a viagem de circum-navegação,
ao serviço do rei de Espanha. Foi assassinado no decurso da viagem por nativos no arquipélago das Filipinas.

VIII – Fernão de Magalhães


No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
5 Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.

De quem é a dança que a noite aterra1?


São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
10 Que quis cingir2 o materno vulto —
Cingi-lo, dos homens, o primeiro —,
Na praia ao longe por fim sepulto3.

Dançam, nem sabem que a alma ousada


Do morto ainda comanda a armada,
15 Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.

Violou a Terra. Mas eles não


20 O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas, ____________________________________________

1 aterra: aterroriza.
Indo perder-se nos horizontes, 2 cingir:ligar, abraçar.
Galgam do vale pelas encostas 3 sepulto: sepultado.

Dos mudos montes.

Fernando Pessoa, Poemas publicados em vida. II. Mensagem,


edição de Luiz Fagundes Duarte (ed. digital gratuita), Lisboa,
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2020, p. 27.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 1


1. Explicita o sentido da metáfora presente na segunda estrofe (vv. 10-11).

2. Evidencia a presença do herói histórico e a presença do herói mítico nas segunda e terceira estrofes
do poema, fundamentando a resposta com a referência a um elemento textual para cada um dos
tipos de herói.

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.

Na quarta estrofe, o uso da expressão «mudos montes» (v. 24) destaca a


A. insurreição da natureza perante a audácia revelada por Fernão de Magalhães.
B. revolta dos «Titãs» que não desejavam que o seu mundo fosse revelado.
C. compaixão da «Terra» ao constatar a morte injusta de Fernão de Magalhães.
D. ignorância evidenciada nos festejos dos «Titãs», aquando da morte do navegador.

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PARTE B

Lê as estâncias 66, 70 e 71 do Canto V de Os Lusíadas, a contextualização e as notas.

Contextualização
Após o confronto com o Adamastor e dobrado o Cabo das Tormentas, os nautas lusos navegam no oceano
Índico, junto à costa oriental africana, nomeadamente ao largo de Sofala, uma província de Moçambique.

Est. 66 «Daqui fomos cortando muitos dias


Entre tormentas tristes e bonanças,
No largo mar fazendo novas vias,
Só conduzidos de árduas esperanças.
Co mar um tempo andamos em porfias1,
Que, como tudo nele são mudanças.
Corrente nele achamos tão possante,
Que passar não deixava por diante:
[…]

Est. 70 «Ora imagina agora quão coitados


Andaríamos todos, quão perdidos
De fomes, de tormentas quebrantados2,
Por climas e por mares não sabidos,
E do esperar comprido tão cansados
Quanto a desesperar já compelidos3,
Por céus não naturais, de qualidade
Inimiga de nossa humanidade!

Est. 71 «Corrupto já e danado4 o mantimento,


Danoso e mau ao fraco corpo humano;
E, além disso, nenhum contentamento,
Que sequer da esperança fosse engano.
Crês tu que, se este nosso ajuntamento
De soldados não fora Lusitano,
Que durara ele tanto obediente,
Porventura, a seu Rei e a seu regente5?

Luís de Camões, Os Lusíadas, Leitura, prefácio e notas de A. J. Costa Pimpão,


apresentação de Aníbal Pinto de Castro, Lisboa, MNE-IC, 2000, pp. 229-230.
__________________________________________________

1 porfias: disputas, lutas.


2 quebrantados: debilitados, exaustos.
3 compelidos: forçados, obrigados.

4 danado: deteriorado.

5 regente: Vasco da Gama.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 3


4. Explicita o modo como a viagem dos nautas portugueses é descrita na estância 66.

5. Relaciona as enumerações presentes na estância 70 com o sentido dos versos 5 a 8 da estância 71.

6. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.

Nestas estâncias do Canto V são narradas as contrariedades que os navegadores portugueses


tiveram de enfrentar ao longo da viagem até à Índia. Na estância 66, para salientar a resiliência e a
capacidade bélica dos marinheiros, o narrador recorre à personificação no ________. Por outro lado,
a ________ presente na estância 70 evidencia a perspetiva subjetiva do narrador, que revela a sua
comiseração perante o seu estado e o dos restantes nautas.

A. verso 2 … anáfora
B. verso 5 … repetição
C. verso 2 … repetição
D. verso 5 … anáfora

PARTE C

7. O desencanto em relação ao estado da sociedade é uma atitude de Pessoa, em Mensagem, e de


Camões, em Os Lusíadas.

Escreve uma breve exposição na qual comproves a afirmação anterior, baseando-te na tua
experiência de leitura dos dois poetas.

A tua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites, para cada um dos poetas, um aspeto que comprove
a reflexão sobre o estado da sociedade, fundamentando cada um desses aspetos em, pelo
menos, um exemplo pertinente;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

4 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano


Leitura
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Lê o texto e as notas.

Um jovem Fernando Pessoa panfletário1 e antimonárquico


Richard Zenith e Fernando Cabral Martins, que encontraram e fixaram [os] textos [de Fernando
Pessoa], incluíram cinco inéditos (quatro poemas completos e o início de um poema inacabado) em
Mensagem e outros poemas sobre Portugal.
[…] [E]stes poemas também nos revelam, no seu tom indignado e panfletário, que esse
5 adolescente criado na cultura inglesa, e que por muito tempo ambicionou ser um poeta inglês,
mantinha ligações sentimentais suficientemente fortes ao seu país natal para não ter perdoado à
monarquia portuguesa a aceitação humilhante do Ultimato britânico de 1890. O mesmo Pessoa que
mais tarde criticará muitos aspetos da Primeira República, e que rejubilará com a deposição de
Afonso Costa pelo ditador Sidónio Pais, mostrava ser, aos 17 anos, um republicano de veia jacobina2,
10 inimigo jurado da coroa e da Igreja. «Abaixo a guerra, a tirania; / Abaixo os reis, morra a Igreja. / Não
haja coração que seja / Inimigo da luz do dia!», grita o poeta no referido poema inacabado. E noutro
dos inéditos agora divulgado, lamenta-se: «[…] Com o governo que temos e o nosso rei / Somos um
carro já sem rodas.».
Pelo seu conteúdo, mas também por diversos outros indícios, Zenith e Cabral Martins estão
15 convencidos de que estes poemas datarão de 1906 e provavelmente do início desse ano.
[…] Os organizadores de Mensagem e outros poemas sobre Portugal optaram por organizar os
poemas por ordem (tanto quanto possível) cronológica, o que permite acompanhar a evolução das
posições políticas e ideológicas de Pessoa e o modo como este foi reagindo aos regimes e aos
governos que se sucederam no país. Republicano ferrenho nos anos finais da monarquia
20 constitucional, crítico, depois, dos sucessivos governos da Primeira República, excetuada a ditadura
do «presidente-rei» Sidónio Pais, Pessoa não terá visto com maus olhos a instauração do Estado Novo,
embora viesse a tornar-se, no final da vida, um opositor feroz de Salazar, a quem trata por «chatazar»
num poema de 1935.
Para se situar estes poemas antimonárquicos, convém lembrar que Pessoa começou a
25 frequentar o Curso Superior de Letras na Universidade de Lisboa logo em outubro de 1905, duas
semanas após o seu regresso a Lisboa. Zenith está convencido de que o contacto com o meio
estudantil universitário pode ajudar a explicar a súbita emergência desse Pessoa militantemente
antimonárquico, que se mostra empenhado em acordar os seus conterrâneos com poemas
panfletários, ao mesmo tempo que, como lembra o prefácio deste livro, continua e continuará por
30 alguns anos «a escrever poesia quase unicamente em inglês, em consonância com a sua ambição
literária de ombrear3 com Shakespeare, Milton, Shelley e Keats». […]
Mensagem e outros poemas sobre Portugal apresenta ainda textos que, não sendo literalmente
inéditos, são muito pouco conhecidos, e cuja leitura foi, em alguns casos, bastante melhorada, como
acontece com o segundo poema que aqui transcrevemos, que termina com este significativo dístico
35 final: «Sou todo Fogo, Multiplicidade, / Na névoa da minha unidade.». Dubitativamente datado de
1913, é um poema francamente relevante, a demonstrar que, apesar de tudo, vale a pena esgaravatar
no espólio pessoano e regressar aos manuscritos para aperfeiçoar leituras.

Luís Miguel Queirós, in https://www.publico.pt/


(consultado em julho de 2022, adaptado e com supressões).
___________________________________________

1 panfletário: que tem caráter satírico ou polémico. 2 jacobina: revolucionária. 3 ombrear: rivalizar, competir.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 5


1. Os poemas recolhidos por Richard Zenith e Fernando Cabral Martins apresentam Pessoa como
A. um defensor acérrimo de todos os movimentos revoltosos nacionais.
B. uma figura paradoxal que defende um país cuja língua não usa.
C. um poeta que participou também em vários movimentos estudantis.
D. uma personagem dotada de interesses políticos divergentes.

2. Ao apresentar Pessoa como «um republicano de veia jacobina» (l. 9), destaca-se
A. a sua intolerância. C. a sua insubmissão.
B. o seu acatamento. D. a sua austeridade.

3. O adjetivo «jurado», usado na linha 10, pode ser substituído por


A. solene. C. velado.
B. manifesto. D. prometido.

4. A organização cronológica dos poemas de Mensagem e outros poemas sobre Portugal permite ver
Pessoa como
A. uma figura volátil no seu desenvolvimento político.
B. alguém que permaneceu fiel às suas ideias iniciais.
C. um homem subtil no caminho político que assumiu.
D. alguém determinado a lutar contra o regime instituído.

5. A postura antimonárquica de Pessoa


A. advém do contacto com a literatura de caráter republicano.
B. associa-se à sua visão do mundo que se expandiu na universidade.
C. relaciona-se com os princípios que a sua família lhe incutiu na infância.
D. leva-o a insurgir-se literariamente contra a apatia do povo português.

6. De acordo com o sexto parágrafo, a seleção feita por Zenith e Cabral Martins
A. trouxe a público algo totalmente desconhecido sobre Pessoa.
B. encontrou um novo caminho do percurso cívico do poeta.
C. permitiu um aperfeiçoamento da análise da poética pessoana.
D. levou à reformulação de diferentes análises dos poemas de Pessoa.

7. A transcrição do dístico na linha 35


A. confirma a fiabilidade da investigação poética de Zenith e de Cabral Martins.
B. demonstra a centralidade da poesia antimonárquica no universo pessoano.
C. evidencia a presença da análise da realidade envolvente na poesia de Pessoa.
D. reforça a relevância de uma atitude contestatária da obra poética de Pessoa.

8. No contexto em que ocorre, a expressão «esgaravatar no espólio pessoano» (ll. 36-37) constitui uma
A. metonímia associada à ideia de árdua pesquisa.
B. metáfora associada à ideia de árdua pesquisa.
C. comparação que evidencia a importância dos manuscritos.
D. hipérbole que evidencia a importância dos manuscritos.

6 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano


Gramática
Os itens que se seguem têm por base o texto do domínio da Leitura.

1. Através das expressões «rejubilará» (l. 8) e «pode ajudar» (l. 27), transmite-se uma ideia de
A. certeza, no primeiro caso, e possibilidade, no segundo caso.
B. possibilidade, no primeiro caso, e certeza, no segundo caso.
C. certeza, em ambos os casos.
D. possibilidade, em ambos os casos.

2. Na expressão «deposição de Afonso Costa» (ll. 8-9), o segmento «de Afonso Costa» desempenha a
mesma função sintática que
A. «da luz do dia» (l. 11).
B. «desse Pessoa militantemente antimonárquico» (ll. 27-28).
C. «de 1913» (ll. 35-36).
D. «de tudo» (l. 36).

3. No contexto em que ocorrem, os vocábulos «este», na linha 18, e «embora», na linha 22, contribuem
para a coesão
A. lexical e gramatical frásica, respetivamente.
B. gramatical interfrásica e gramatical referencial, respetivamente.
C. gramatical referencial, em ambos os casos.
D. gramatical interfrásica, em ambos os casos.

4. A oração «que estes poemas datarão de 1906» (l. 15) é


A. subordinada substantiva relativa, com função de complemento direto.
B. subordinada substantiva relativa, com função de complemento do nome.
C. subordinada substantiva completiva, com função de complemento do adjetivo.
D. subordinada substantiva completiva, com função de complemento oblíquo.

5. A oração «embora viesse a tornar-se, no final da vida, um opositor feroz de Salazar» (l. 22) é
subordinada adverbial
A. condicional. C. causal.
B. consecutiva. D. concessiva.

6. No contexto em que ocorre, «quem» (l. 22) retoma «Salazar» (l. 22) por
A. substituição (sinonímia). C. substituição (meronímia).
B. substituição (pronome). D. substituição (advérbio).

7. Identifica as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões:


a) «a aceitação humilhante do Ultimato britânico de 1890» (l. 7);
b) «com o meio estudantil universitário» (ll. 26-27).

8. Indica o antecedente de «que», presente na linha 28.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano 7


Escrita
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, faz a apreciação crítica da pintura Maternidade, da autoria do artista português José de
Almada Negreiros.

Almada Negreiros,
Maternidade, 1935.

O teu texto deve incluir:


• a descrição do objeto apresentado, destacando elementos significativos da composição da
imagem;
• um comentário crítico, fundamentando a tua apreciação em, pelo menos, três aspetos
relevantes e utilizando um discurso valorativo;
• uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre
elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de
algarismos que o constituam (ex.: /2022/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

FIM

COTAÇÕES

Grupo Item / Cotação (em pontos)

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Educação
Literária 30 30 30 30 30 20 30 200

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
Leitura
25 25 25 25 25 25 25 25 200

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
Gramática
25 25 25 25 25 25 30 20 200
Escrita Item único 200

8 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens 12.o ano

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