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Prova do Livro Mensagem, de Fernando Pessoa.

O livro faz parte da lista de livros para leitura


prévia e integral dos exames vestibulares da FUVEST – 2022 e 2023.

01. (FUVEST) A leitura de Mensagem (1934), de Fernando Pessoa (1888/1935), permite a


identificação de certas linhas de força que guiam e, até certo ponto, singularizam o espírito do
homem português, dando-lhe marca muito especial.
Dentre as alternativas a seguir, em qual se enquadraria melhor essa ideia?

a) Preocupação com os destinos de Portugal do século vinte.


b) Preocupação com a história político-social de Portugal.
c) Recorrência de certas constantes culturais portuguesas, como o messianismo.
d) Reordenação da história portuguesa desde Dom Sebastião.
e) A marca da religião católica na alma portuguesa como força determinante.

Atente ao poema: “O Infante”


Deus quere, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

E a orla branca foi de ilha em continente,


Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou creou-te portuguez.


Do mar e nós em ti nos deu signal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
(grafia original)

02. (UNESP) Mensagem (1934) foi o único livro que o poeta português Fernando Pessoa
publicou em vida, em língua portuguesa (o autor era perfeitamente bilíngue e já havia
publicado em língua inglesa). Ele pensou, a princípio, dar-lhe o título de “Portugal”,
considerando que os poemas tratavam da história do esplendor e da decadência do antigo
reino lusitano. O poema transcrito exprime com lirismo e boa dose de tristeza

a) o orgulho do poeta em ser descendente de ilustres navegadores e a consciência portuguesa


de ter criado o mundo moderno.
b) os motivos da decadência abrupta de Portugal, devido aos gastos com a fabricação de
caravelas e à perda de homens nos naufrágios.
c) a resignação cristã que caracterizou a expansão marítima portuguesa, carente de qualquer
interesse comercial ou político.
d) as dificuldades inerentes às navegações marítimas da Idade Moderna e as suas
consequências para a população portuguesa.
e) a perda do domínio dos mares pelo governo português e a redução do número de
habitantes do reino com as conquistas no além-mar.
03. (UNICAMP) Referindo-se à expansão marítima dos séculos XV e XVI, o poeta português
Fernando Pessoa escreveu, em 1922, no poema “Padrão”, depois acoplado ao livro Mensagem
(1934):

E ao imenso e possível oceano


Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.

(Fernando Pessoa, Mensagem – poemas esotéricos. Madri: ALLCA XX, 1997, p. 49.)

Nestes versos identificamos uma comparação entre dois processos históricos. É válido afirmar
que o poema compara

a) o sistema de colonização da Idade Moderna aos sistemas de colonização da Antiguidade


Clássica: a navegação oceânica tornou possível aos portugueses o tráfico de escravos para suas
colônias, enquanto gregos e romanos utilizavam servos presos à terra.
b) o alcance da expansão marítima portuguesa da Idade Moderna aos processos de
colonização da Antiguidade Clássica: enquanto o domínio grego e romano se limitava ao mar
Mediterrâneo, o domínio português expandiu-se pelos oceanos Atlântico e Índico.
c) a localização geográfica das possessões coloniais dos impérios antigos e modernos:
as cidades-estado gregas e depois o Império Romano se limitaram a expandir seus domínios
pela Europa, ao passo que Portugal fundou colônias na costa do norte da África.
d) a duração dos impérios antigos e modernos: enquanto o domínio de gregos e romanos
sobre os mares teve um fim com as guerras do Peloponeso e Púnicas, respectivamente,
Portugal figurou como a maior potência marítima até a independência de suas colônias.

Nota do professor: a palavra “padrão” .


designa um monumento de pedra, um
monólito, fixado nos sítios descobertos pelos
portugueses para demarcar posse e domínio
e espalhado por todas as possessões ao
Observe o mapa e leia o texto:
longo do mundo na época das Grandes
Navegações. Veja ao lado um padrão fincado
na cidade de Porto Seguro – BA, tomado até
hoje como marco do descobrimento do
Brasil, em 1500.
04. (UEL) A construção das caravelas pelos portugueses no século XV impulsionou
consideravelmente as grandes viagens marítimas para além do Cabo Bojador, localizado na
costa da África e considerado durante muitos anos o limite extremo para as navegações. Essas
embarcações estiveram presentes em quase todas as grandes expedições empreendidas,
como as realizadas por Bartolomeu Dias, que dobrou o Cabo das Tormentas, Vasco da Gama e
Pedro Álvares Cabral. O processo histórico das Grandes Navegações foi sustentado pelo
Mercantilismo, regime econômico que buscava novos e promissores mercados de produtos
nativos e exóticos, como por exemplo: ervas aromáticas, tinturas, especiarias e condimentos,
remédios e bálsamos, peles e escravos, frutos e flores, além de ouro, prata e pedras preciosas.
Dessa forma, a formação de navegadores, empreendida pelo infante D. Henrique de Avis na
Escola de Sagres, e a construção das grandes e potentes embarcações, para transportar
homens, armas e produtos, bem como enfrentar os desafios tormentosos do mar
desconhecido, contribuíram para o êxito marítimo dos portugueses durante os séculos XV e
XVI. No cotidiano das viagens da época, os navegadores portugueses puderam contar com
inovações técnicas e científicas, tais como:

a) bússola, o astrolábio e a cartografia.


b) máquina a vapor, o quadrante e o telégrafo.
c) vela triangular, as cartas de navegação e o termômetro de mercúrio.
d) luneta, o cilindro a ar e a geladeira.
e) artefatos de concreto armado, eletricidade e resinas químicas.

05. (FUVEST) I - Louco, sim porque quis grandeza


Qual a sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

II - Sperai! Caí no areal e na hora adversa


Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma
imersa
Em sonhos que são Deus.

III - Mestre de Paz, ergue teu gládio ungido;


Excalibur do Fim em jeito tal
Que sua luz ao mundo dividido
Revele o Santo Gral

05. As três citações de Fernando Pessoa pertencem à mesma obra, apesar de serem de
poemas distintos, e referem-se à mesma personagem histórica de Portugal cujo mito, como se
vê, o poeta associa à figura lendária do rei Artur. Assinalar a alternativa em que, ao título da
obra, segue-se o da personagem histórica que virou mito e alimentou o sonho do chamado
“Quinto Império”:
a) “Cancioneiro” – D. Dinis;
b) “Mensagem” – D. Sebastião;
c) “O guardador de rebanhos” – Pe. Vieira;
d) “Cancioneiro” – D. João I, o mestre de Avis;
e) “Mensagem” – D. Dinis

Leia os textos e observe o mapa (questões 06 e 07):


Texto I:
Eis aqui se descobre a nobre Espanha,
Como cabeça ali de Europa toda.

Texto II:
Eis aqui quase cume da cabeça
De Europa toda, o reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa.

Texto III:
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado,


O direito é em ângulo disposto
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra, onde afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita com olhar sphyngico e fatal.


O Ocidente futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.

(observação: a grafia é original)

Os textos I e II iniciam respectivamente as estâncias 17 e 20 do canto III d’ Os lusíadas (1572),


de Luís de Camões (1524?/1580), e o texto III é um poema do livro Mensagem (1934), de
Fernando Pessoa (1888/1935).

06. (FUVEST) A que movimento literário pertence cada um dos autores?

R: Camões ___________________________________________________________________.

Pessoa ___________________________________________________________________.

07. (FUVEST) De que recurso estético ou figura de linguagem comum aos textos se valem os
autores para elaborar a descrição da Europa?

R: ________________________________________________________________________ .

Leia os textos seguintes para responder Texto II: “O Mostrengo”


O mostrengo que está no fim do mar
Texto I: “Canto V” Na noite de breu ergueu-se a voar;
39.[...] Não acabava, quando ua figura À roda da nau voou três vezes,
Se nos mostra no ar, robusta e válida, Voou três vezes a chiar,
De disforme e grandíssima estatura; E disse: «Quem é que ousou entrar
O rosto carregado, a barba esquálida, Nas minhas cavernas que não desvendo,
Os olhos encovados, e a postura Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?


De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

40. Tão grande era de membros que bem posso


Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

41.E disse: - «Ó gente ousada, mais que quantas


No mundo cometeram grandes cousas,
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d'estranho ou próprio lenho.»
[...]
(Os lusíadas - Camões)

08. (UNESP) A leitura atenta dos dois textos promove uma intertextualidade d’ Os lusíadas
com o Mensagem, livros do Classicismo e do Modernismo português, respectivamente. As
estrofes acima transcritas descrevem um ente mítico que representa os perigos do mar
desconhecido. De que ente se trata?

R: _______________________________________________________________________ .

Atente aos poemas do livro Mensagem, de Fernando Pessoa (questões 09 e 10):

“Mar português” “Nevoeiro”

Ó mar salgado, quanto do teu sal Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
São lágrimas de Portugal! Define com perfil e ser
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Este fulgor baço da terra
Quantos filhos em vão rezaram! Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Quantas noivas ficaram por casar Como o que o fogo-fátuo encerra.
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena Ninguém sabe que coisa quer.
Se a alma não é pequena. Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Quem quer passar além do Bojador (Que ânsia distante perto chora?)
Tem que passar além da dor. Tudo é incerto e derradeiro.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Tudo é disperso, nada é inteiro.
Mas nele é que espelhou o céu. Ó Portugal, hoje és nevoeiro…
É a Hora!
09. (UNIFESP) Qual a relação semântica (de sentido) entre os dois primeiros versos do poema
“Mar português”, isto é, qual a ligação lógica que existe entre “mar” e “lágrimas”?

R: __________________________________________________________________________ .

10. (UNIFESP) O livro de Fernando Pessoa apresenta um “nacionalismo místico”, contando não
a história ocorrida, mas a que talvez poderia acontecer – daí o título escolhido pelo poeta, uma
“mensagem” aos portugueses: “É a hora!”. É a força e a esperança da realização do “Quinto
Império”. Quem é o rei cultuado nessa crença tipicamente portuguesa?

R: _______________________________________________________________________ .

Boas leituras e boa prova!

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