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Narrativa épica que faz uma leitura mítica da História de Portugal. Em estilo elevado, canta uma ação heróica
passada e analisa os acontecimentos futuros, cuja visão os deuses são capazes de antecipar.
Herói coletivo - o povo português, os seus feitos gloriosos e acontecimentos históricos mais
significativos;
Epopeia do início do Império (séculos XVI, 1572) - narrativa em verso, com características clássicas a
nível da estrutura e do estilo, que narra os feitos grandiosos de um herói com interesse para toda a
Humanidade;
1) Proposição: poeta propõe-se a exaltar os feitos dos portugueses;
2) Invocação: poeta pede ajuda às ninfas;
3) Dedicatória: poeta dedica a sua obra a D. Sebastião;
4) Narração: poeta relata a descoberta do caminho marítimo para a Índia pelos navegadores
portugueses liderados por Vasco da Gama
Fontes literárias: “Odisseia” de Homero e “Eneida” de Virgílio
Sebastianismo inicial - exaltação de D. Sebastião, para quem se anuncia um destino glorioso;
A recompensa - os heróis têm acesso à Ilha dos Amores, prémio simbólico da heroicidade
conquistada;
o tom didático do poema presente nas reflexões do Poeta:
1) a efemeridade da vida e os limites da condição humana
2) a crítica ao menosprezo das Artes e das Letras
3) o valor da virtude e da honra conseguidas por mérito próprio
4) a ingratidão da Pátria que, não reconhecendo o mérito do Poeta, inviabiliza o aparecimento de
futuros escritores
5) a denúncia do efeito corruptor do dinheiro
6) a confiança nas capacidades humanas para atingir a verdadeira virtude
O poeta pretende conceder, através desta obra, o direito à imortalidade dos nautas portugueses pel os seus
feitos históricos.
Estrutura externa:
Estrutura interna
Introdução
Proposição
Invocação às Tágides, a Calíope, às ninfas do Tejo e do Mondego e de novo a Calíope
Dedicatória a D. Sebastião
Desenvolvimento
A viagem; Os deuses/O mitológico - ação central (narrada pelo poeta em alternância)
O destino profético:
Profecias de Júpiter (cantos I e II)
Profecias no Consílio dos Deuses marítimos (c. VI)
Profecias na Ilha dos Amores (c. X)
A História de Portugal - ação secundária (encaixada na Viagem e narrada por Vasco da Gama/Paulo
Gama) - Discursos que relatam episódios passados relativamente ao curso da viagem
Género lírico:
a fragilidade da vida humana (c. I)
as lamentações do poeta - face aos que desprezam a poesia (c. V)
o valor da glória (c. VI) e o poder do ouro (c. VIII)
a exortação aos que aspiram à imortalidade (c. IX), ao rei e às futuras glórias (c. X)
a crítica à sociedade do seu tempo - materialismo, corrupção, injustiça...
Plano da viagem: constitui a ação central relacionada com a descoberta do caminho marítimo para a Índia,
chefiada por Vasco da Gama.
Plano mitológico: intervenções dos deuses do Olimpo na viagem, em alternância com a ação principal.
Plano da História de Portugal: encaixado no plano da viagem.
Plano das reflexões do poeta: considerações de Camões, normalmente no final de cada canto, fazendo
várias críticas (nomeadamente à ignorância, desprezo pela cultura, ambição desmensurada, poder tirânico,
hipocrisia, exploração dos pobres, poder corrupto do ouro), e defendendo um modelo de homem ideal que
ganhará o direito a ser recebido na Ilha de Vénus.
Episódios
Episódio - é uma pequena narrativa, com introdução, desenvolvimento e conclusão, que se relaciona
diretamente com a trama principal, contribuindo para enriquecê-la ou até mesmo explicá-la.
Surgem inseridos na narrativa central como forma de embelezar o te xto, quebrar a monotonia, dar
dinamismo e enriquecer a obra.
1) Episódios Mitológicos
Consílio dos Deuses no Olimpo – os deuses reúnem-se no Olimpo para decidir o destino dos
portugueses.
Pedido de Vénus a Júpiter – Vénus intercede junto de Júpiter, a favor dos portugueses.
Consílio dos Deuses marinhos – Baco consegue convencer os deuses marinhos a provocarem uma
tempestade para afundar a armada portuguesa.
Várias intervenções de Vénus e Baco
2) Episódios Bélicos
Batalha de Ourique – relato histórico da Batalha de Ourique, travada contra os mouros, durante o
reinado de D. Afonso Henriques.
Batalha do Salado – D. Afonso IV intercede a favor de Castela, que havia sido invadida pelos Mouros.
Batalha de Aljubarrota – Batalha travada contra o Rei de Castela, que pretendia tomar o reino
português. Portugal sai vencedor graças à bravura de D. João, Mestre de Avis e de D. Nuno Álvares
Pereira.
3) Episódios Líricos
Formosíssima Maria – filha de D. Afonso IV e rainha de Castela, apela a seu pai que auxilie Castela,
na luta contra os Mouros.
Inês de Castro – relato da morte de D. Inês de Castro, amante de D. Pedro, que é condenada à morte
por D. Afonso IV.
As personagens:
Fernando Pessoa, no poema épico-lírico, canta, de forma fragmentária e numa atitude introspetiva, o
império territorial, mas retrata o Portugal que "falta cumprir-se", que se encontra em declínio a necessitar
de uma força anímica. Projeta-nos numa dimensão cíclica centrada na esperança de um novo recomeço.
Características:
Nas duas primeiras partes da Mensagem é possível um diálogo com Os Lusíadas; em O Encoberto,
Pessoa situa-se no momento em que o Império Português parece desmoronar-se por completo e,
assume, então, o cargo de anunciador de um novo ciclo que se anuncia, o Quinto Império, que não
precisa de ser material, mas civilizacional.
Procura anunciar um novo império civilizacional. O “intenso sofrimento patriótico” leva-o a antever
um império que se encontra para além do material.
2ª Parte – Mar Português (o sonho marítimo e a obra das descobertas) - Surge a realização e a vida; refere
personalidades e acontecimentos dos Descobrimentos que exigiram uma luta contra o desconhecido e os
elementos naturais. Expansão de Portugal no mundo, passando pelos Descobrimentos e terminando com o
declínio.